... o primeiro filho de escravos a se formar pintor
Estevão Silva no Palácio Imperial de Petrópolis
Entre os pintores da Academia Imperial que receberam ajuda financeira do Imperador Pedro II se destaca a biografia de Estevão Roberto da Silva. Nascido no ano de 1844 em niterói era filho de negros alforriados, Vítor Roberto da Silva e Ana Rita da Silva.
Os textos de época ratificam a penúria financeira de Estevão. Tanto Gonzaga Duque quanto Antônio Parreiras comentaram lhe a situação extremamente precária de sua família. Apesar das dificuldades, o jovem Estevão tinha uma educação básica e ingressou como aluno na Academia Imperial de Belas Artes, sendo o primeiro filho de escravos a se formar pintor na Capital do Império em 1867 .
Estevão era conhecido pelo seus colegas por ser extremamente competitivo e por sua personalidade descontraída, também não gostava de formalidades.
O Historiador Fernando Jorge relata que em 1885 Estevão deixou a direção do Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, (onde era professor), constrangida, pois ao receber a visita do Imperador Dom Pedro II à escola, "conversava com o soberano como se estivesse com um amigo comum no bar, de fato Pedro II gostava da atitude do professor preto, pois também não gostava de formalidades"
As principais fontes de renda de Estevão eram suas aulas particulares e as vendas de suas telas, a maioria com a temática de natureza morta, sabe-se que Dom Pedro II era um comprador ávido de suas pinturas, sendo que algumas delas ainda se encontram no acervo do Museu Imperial de Petrópolis, incluindo um retrato seu pintado pelo próprio Estevão na década de 1880.
Estevão era conhecido como um dos artistas "Protegidos" do Imperador. Segundo o escritor Wilson Pinto, o Imperador via o pintor como um exemplo da capacidade intelectual dos negros, uma prova contra as teorias racistas que vigoravam na sua época.
No último ano do Império em 1889, o Imperador convidou Estevão da Silva para visitar o Palácio Imperial em Petrópolis, onde foi lhe prometido uma bolsa de estudos na Europa por D. Pedro II, o que não se concretizou pela queda do império meses depois.
Fonte: Vidas de grandes pintores do Brasil de Fernando Jorge, 1954/Estevão Silva e a pintura de naturezas mortas no Brasil do século XIX.
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Enviado por Antonio Soares Borges
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