Desembargador Antônio Izaías da Costa Abreu |
Ao aceitar a missão que me fizera o saudoso e sempre estimado amigo Dr. Luciano Augusto Bastos para elucidar o mistério do desaparecimento e morte do alferes Silva Pinto, o intrépido mineiro de boa cepa, que no primeiro quartel do século XIX, deixou a histórica Ouro Preto para desmatar, plantar e colonizar as terras à margem direita do Rio Preto, atual Itabapoana, tive a oportunidade de elucidar fatos que, até então, eram desconhecidos.
Apesar de não ser neófito no assunto, já havia enveredado, anteriormente, em alguns casos de pesquisas penais retrospectivas, porém esta foi além, muito além da investigação de um desaparecido, envolvendo, também um universo de matérias agregadas tais como posse, domínio, doação, sesmaria, enfiteuse, leis de terras e outras merecedoras de definições.
Pelo que se apurou, desde que o alferes Silva Pinto e sua esposa, D. Francisca de Paula Figueiredo, deixaram Ouro Preto, Minas Gerais, jamais saíram da terra que adotaram para viver e constituir sua família. Igualmente, os inúmeros cargos que o alferes desempenhou nos anos em que viveu nas terras do Vale do Itabapoana comprovam sua não-participação no Movimento Liberal de 1842, em Minas Gerais. O nascimento de todos os seus filhos nas terras de Bom Jesus, à exceção do Comendador Carlos Pinto de Figueiredo, assim como a doação de seus bens aos seus descendentes, bem como os concernentes à herança deixada por sua esposa, outrossim, demonstram a sua inarredável presença no Vale do Itabapoana.
A tarefa foi efetivamente árdua, mas o resultado alcançado mostrou-se compensador com o último mistério desvendado: o alferes repousa juntamente com sua esposa, D. Francisca de Paula Figueiredo, no mesmo jazigo, no Campo Santo do Arraial de Santo Antônio do Rio Preto, atual Calheiros.
Para chegar a esse paradeiro, a colaboração da pesquisadora Katia Maria Nunes Campos foi de muita valia. Como os pontos desconhecidos da vida do alferes já estavam aclarados, restava a dúvida sobre a data e o local de seu sepultamento, que ocorreu em 9 de janeiro de 1882, no 2º Distrito de Bom Jesus, e lá foi sepultado, onde já encontrava-se a sua esposa. Tudo indica que, ou o tempo destruiu a placa anunciativa do jazigo, ou não chegaram a confeccioná-la. Daí a dificuldade em desvendar este mistério, mas enfim foi possível complementar o glorioso trabalho desenvolvido pelos historiadores de Bom Jesus.
O fim colimado pelo alferes Silva Pinto foi alcançado, qual seja, desbravar e colonizar e o fez com amor, perseverança e dignidade, mais honroso patrimônio legado a seus descendentes. Francisco Silva Pinto e sua mulher, D. Francisca, tiveram uma vida gloriosa e de constante união, Deus também os concedeu a graça, após a morte, de juntos permanecerem.
Assim, os três elementos apresentados no presente trabalho encontram-se perfeitamente ajustados e sincronizados com a temporalidade dos fatos e têm realce suficiente para projetar induvidosas as conclusões então alcançadas.
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