Isabel Menezes é Historiadora e Escritora em Varre-Sai/RJ |
Já cantou Beto Guedes:
“Quando entrar setembro
E a boa nova andar nos campos
Quero ver brotar o perdão
Onde a gente plantou juntos outra vez.”
Setembro da primavera
Setembro da esperança
Mês da pátria brasileira
De céu risonho e límpido.
De bosques com mais vida
E vida cheia de amores.
Onde está teu céu azul?
As noites estreladas,
A vida verde dos bosques?
A primavera com seu carro de flores?
Onde se escondeu?
Em que estação parou o trem da alegria?
Será que não plantamos o perdão?
Ou não brotou por falta de cultivo?
Fuligem cobre o céu de anil
E as borboletas fogem espantadas
Procurando quintais floridos onde pousar.
Os quintais estão empedrados
Os corações sapecados de desesperança,
Não se abrem mais ao diálogo.
A Pátria amada geme em berço escuro
E os filhos desse solo encabulados, nada podem fazer.
Não há cerca, não há muro
O fogaréu arde sapecando as matas
Os animais, cinzas de desesperança
As árvores, esqueletos de sombras frondosas.
Os homens pedem:
Chorem nuvens celestiais!
Chorem pelo calor das queimadas,
Pelo vapor que te entorpecem.
Chorem ao menos de tristeza
Pela terra sapecada com as queimadas
Pela visão turva e degenerada
Que agora tens aí do alto céu.
Chorem nuvens celestiais!
E apaguem com seus rios de lágrimas
O fogo que arde o Brasil e o mundo inteiro!
Mas não cai uma lágrima!
O céu enrustido não consegue chorar.
Está aborrecido, amolado, aperreado
E abandona entediado
A Terra, encoberta pelo véu negro do efeito estufa.
👏👏❤️
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