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| Dama do Barro Entra na História |
A Dama do Barro e a respiração antiga da terra que molda
A Dama do Barro chegou de Rio das Ostras como quem atravessa a manhã carregando mais do que peças: trazia nas mãos um início. “Dama do Barro” é uma antonomásia para a conceituada artesã Andreia Campos. Era sua primeira feira, sua primeira travessia pública entre o que cria e o olhar do outro. A exposição “Entre Barros e História”, montada por Vera do Sítio das Artes, abriu-lhe espaço como quem abre uma porta antiga para a luz entrar.
Ela observava cada visitante que se aproximava de suas peças, atentos ao gesto simples de quem toca com os olhos antes de tocar com as mãos. E, enquanto via essa curiosidade quieta se repetir, percebia dentro de si algo desabrochando devagar. A surpresa com a procura, os elogios inesperados, a sensação quase tímida de orgulho, tudo parecia confirmar que o barro, quando moldado com verdade, responde.
O que ela disse depois soou como confissão e como poesia: que se sentiu realizada, que o barro transcende. E talvez fosse exatamente isso que se via ali, entre mesas, olhares e vozes: o barro ultrapassando o objeto que é, alcançando aquilo que palpita por trás das mãos que o modelam.
A expressão da Dama do Barro revelava mais do que sua experiência pessoal. Era uma espécie de espelho onde se refletia a própria condição humana: a busca por reconhecimento, por pertencimento, por existir diante do mundo com alguma clareza. Na alegria dela, havia a alegria de todos os que lutam para afirmar quem são; no orgulho dela, um pouco do orgulho que cada pessoa procura sentir de si mesma.









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