Nivaldo e o forno construído em 1937 |
Inicialmente, a Fábrica foi instalada na conhecida rua dos Mineiros, época em que se utilizavam os pés para modelar os vasos. Posteriormente, o endereço passou a ser o da Avenida Padre Mello para, em seguida, fixar-se definitivamente no atual endereço, na Rua Tenente José Teixeira, no. 783.
No ano de 1951, o irmão de Floriano, Pompeu Soares Guimarães, que morava em Campos dos Goytacazes, veio para Bom Jesus, juntamente com sua esposa, Neide Bragança Guimarães. Desde então, assumiu com o irmão a administração da empresa, registrada como Guimarães & Cia.
Atualmente, Pompeu, conhecido como o "Pelé do Barro", nascido em 04/06/1925, comanda a Fábrica, juntamente com seu filho Nivaldo Braga Guimarães, nascido em 02/08/1954.
Mas, se no tempo de juventude, Pompeu trabalhava com cerca de "dezoito funcionários", hoje só trabalham no ofício ele e Nivaldo, explica o mestre.
Nivaldo salienta que com o surgimento do plástico, a cerâmica ficou praticamente abandonada: "Tivemos que dar baixa na firma e nos transformarmos em artesãos".
Todas as peças são fabricadas individualmente, do mesmo modo que ocorria há cerca de 50 anos atrás: "Não utilizamos formas industriais", assinala Nivaldo.
Na Fábrica de Cerâmica há três verdadeiras relíquias. O forno construído em 1937 continua intacto e ainda é utilizado para cozinhar a argila. De 1937 também é um Torno cujo movimento giratório é feito por um dos pés. Outro Torno arremata a história das antigas máquinas da Fábrica: "Nos idos de 1960 meu pai improvisou um motor em outro Torno, fazendo com que passássemos a contar também com um Torno movido a eletricidade", explica Nivaldo.
Nivlado e o torno movimentado mecanicamente com o pé |
Eucaliptos são utilizados para fazer o Forno funcionar: "Levam-se cerca de dois dias para cozinhar todas as peças de barro colocadas no interior do Forno", esclarece o mestre. Por outro lado, o barro utilizado para peças é obtido em Campos dos Goytacazes "o melhor barro da região". Anteriormente, o barro era obtido nas imediações do antigo Campo do Fluminense, em Bom Jesus do Itabapoana.
Diz Nivaldo que, com ele, são 4 as gerações de famílias que viveram da Cerâmica em Bom Jesus do Itabapoana. "Mas eu sou a última geração, uma vez que nenhum dos meus filhos se interessou pela Cerâmica, e nem eu os estimulei a isso". Prossegue ele: "Hoje, fazemos Cerâmica praticamente como hobby. Antigamente, cozinhávamos barro praticamente toda semana, produzindo inúmeras peças. Atualmente, só cozinhamos barro cerca de 3 vezes durante o ano".
O mestre Pompeu, contudo, se orgulha de suas peças: "Quero que você tire fotos ao menos dos porquinhos, das galinhas e das casinhas". E completa, jocoso: " Não sou fazendeiro, mas vendo porcos e galinhas". Ao final indagou: " Vou receber um cachê pela entrevista?". Seu Pompeu mereceria muitos cachês. Em vida pagou ao INSS valores correspondentes a cerca de 10 salários-mínimos, mas hoje só recebe o equivalente a cerca de um salário-mínimo da Previdência Social, segundo revela.
"seu" Pompeu e as peças produzidas por ele: orgulho |
O sistema de vendas de artigos de Cerâmica continua o mesmo de 74 anos atrás, quando a Fábrica foi fundada: as pessoas vão até a mesma e fazem suas compras. A propaganda é feita exclusivamente de boca a boca pelos clientes, que durante décadas têm apreciado os artefatos de Cerâmica. Tudo isso está, porém, com seus dias contados.
(Matéria publicada na edição de 13/01/2012)
Parabéns ao Sr. Pompeu que preserva a história de sua família. Lindo trabalho o dele, que pode ser repassado adiante.
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