A AFILHADA DE BOANERGES BORGES DA SILVEIRA E MARIA DO CARMO SILVEIRA, A BILUCA
Biluca e Luiza Abreu dos Santos, esposa de Manoel Araújo dos Santos, o Neneco, o amigo de infância de Roberto e Badger Silveira |
Leonídia Abreu dos Santos Silva, 61 anos, filha de Manoel Araújo dos Santos, o Neneco e Luíza Abreu dos Santos, é afilhada de Boanerges Borges da Silveira e Maria do Carmo Silveira, a Biluca. Segue seu depoimento:
"Lembro-me sempre do Padrinho Boanerges e da Madrinha Biluca.
Boanerges Borges da Silveira. Foto de 1933, de A Voz do Povo |
Recordo-me que mamãe me trazia para vê-los, na casa localizada na Praça Governador Portela. Eles tinham um funcionário chamado Zezinho. Ele era baixinho. Quando chegávamos, padrinho Boanerges mandava o Zezinho comprar balas para mim. Eu tinha cerca de 8 anos. As balas vinham em sacola de papel. Eles sempre tinham um presente para mim. Biluca sempre dava um tecido para que minha mãe fizesse uma roupa para mim,. Minha mãe era costureira.
A primeira boneca que recebi foi dada por Biluca. O corpo dela era de pano. A cabeça, as pernas e os braços eram de louça. Foi uma imensa alegria quando, em uma dessas visitas, eu ganhei a boneca.
Leonídia e a boneca de pano que ganhou da madrinha Biluca |
No Sítio Rio Preto havia uma bica de água, com um poço, nos fundos. Ao redor, havia plantação de inhame rosa. Recordo-me que Roberto Silveira chegava, pegava uma folha do inhame, dobrava e fazia um copo. Em seguida, bebia a água neste copo de folha de inhame. Eu sempre achava isso interessante.
Minha madrinha gostava muito de minha mãe. Minha mãe fazia café, comida e atendia todas as pessoas. Tinha muito paciência. Foi o braço direito de Neneco. Se minha mãe soubesse que havia uma pessoa doente, ela atuava insistentemente junto com Neneco para resolver o problema da pessoa. Ela faleceu de leucemia com 46 anos de idade.
Lá em casa fazia-se título de eleitor. Havia uma máquina grande para fazer as fotos das pessoas e, em seguida, confeccionavam os títulos. A máquina ficava no terreiro, na frente da casa. As pessoas faziam fila. Vinha gente do Cachoeirão e de Calheiros. Meu pai organizava tudo. Eu achava muito curioso isso. A música da campanha eleitoral de Roberto Silveira tinha o seguinte refrão:
Tá tá tá tá na cabeceira
Neneco, Tito
E Roberto da Silveira
Todo ano, na época do Dia das Crianças, Roberto Silveira mandava, para meu pai, brinquedos que cabiam em um caminhão. Os brinquedos eram depositados num quarto de nossa casa e, depois, distribuídos para as crianças da região.
Tudo era só coisa boa. Corte de tecido para dar às mulheres e muito brinquedo, bonecas, carrinhos e brinquedos de soprar para fazer bolha. Na época, na roça, só havia carrinho de sabugo e boneca de espiga de milho, cujas roupas eram feitas por nós. Quando os brinquedos de Roberto Silveira chegavam, todos ficavam malucos.
Nenhum brinquedo era dado aos filhos antes de serem distribuídos às crianças da região.
Recordo que, certa vez, sobrou para mim um palhacinho lindo, vermelhinho com bolinhas brancas. Depois, meu pai descobriu uma criança que não tinha recebido nenhum brinquedo. Meu pai pegou o palhacinho e deu para a menina. Chorei muito".
Leonídia Abreu dos Santos Silva |
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