domingo, 30 de agosto de 2015

"Figueiredo que não gosta de música, não é Figueiredo"





Júlia Maria Figueiredo


Esta frase costumava ser dita pelo maestro José Carlos Figueiredo, de Muniz Freire (ES). 
Quem nos conta a respeito é sua filha Júlia Maria Figueiredo (Paulucio). Deixemos que ela relate um pouco dessa história:  "Meu avô Antônio Carlos de Figueiredo veio de Portugal no início do século XX e acabou fixando-se em Divino Carangola (MG), onde casou-se com minha avó Maria. Foi ali que nasceu meu pai. Quando este tinha dois anos de idade, meus avós se mudaram para  uma área de terra que tinham recebido do Governo, localizada na Fazenda Menino Jesus, em Muniz Freire. Vieram em tropa, levando meu pai na cabeça do arreio. Foi nesta fazenda que nasceram meus tios Pedro, Antônio Carlos, Rosa e Francisca", salienta.

Júlia e um móvel da antiga residência dos pais

Continua Júlia: "Meu pai cresceu na roça e casou-se com Maria Lina Ribeiro Soares, tendo, além de mim, os filhos: Cecília, Hercília (freira), Maria da Penha, Inês e Mário. Certa vez, apareceu um homem na fazenda e ensinou meu pai, quando este era criança, a tocar as primeiras notas musicais. Meu pai, quando cresceu, comprou vários livros de música. A partir daí, passou a tocar instrumentos musicais. O seu preferido era o bombardino. Formou, então, uma banda de música composta só de familiares.  Meu irmão Mário também se tornou músico e chegou a tocar na Sala Cecília Meireles, no Rio de Janeiro. Meu pai passou a exercer a função de carcereiro e, depois, foi convidado a mudar-se para a cidade para ser maestro da Lira Muniz-Freirense. Hoje, o nome da Lira de Muniz Freire é uma homenagem a meu pai: Lira Muniz-Freirense Maestro José Carlos Figueiredo".



Casa da Cultura de Muniz Freire possui importante acervo do município



João Bosco Figueiredo Côgo, neto do maestro José Carlos, e residente em Guaçuí (ES), fundou, neste município, em 2013, o Museu da Saudade, que conta, entre várias relíquias, com os instrumentos musicais e partituras de seu avô.
  
João Bôsco Figueiredo Côgo, neto do maestro José Carlos Figueiredo, estabeleceu o Museu da Saudade, em Guaçuí (ES), onde reside


Bosco diz: “Meu avô materno aprendeu a tocar flauta e clarinete aos 8 anos de idade, quando vivia no distrito de Menino Jesus, em Muniz Freire. Mais tarde, ele formou a Banda de Música Euterpe Figueiredo, com integrantes da família e agregados. Ele era seleiro e carcereiro. Quando mudou-se para a sede do distrito, em 1934, passou a ser maestro da Lira Muniz-Freirense”.

Banda Eutepe Figueiredo (1921). José Carlos Figueiredo é o segundo da primeira fila, da esquerda para a direita

Mário Figueiredo mudou-se para Guaçuí (ES) em 1963, a convite da prefeitura, para ser maestro a Lira Santa Cecilia. Ele  é o musico de óculos que está à frente, ao lado do menino. José Carlos Figueiredo, seu pai, está com a tuba próximo ao numero 5. Foto de 1972.
 

 Mário Figueiredo e o bisneto Gabriel Moreira Côgo, com 8 anos de idade, prosseguindo a tradição da família, em encontro de bandas em Alegre/ES (2011).





Uma das últimas fotos de Carlos Figueiredo, chamado de "Padrinho", por seus netos




Partituras e clarinete do Maestro José Carlos Figueiredo se encontram no Museu da Saudade



Segundo Júlia, "sei que os Figueiredo, ao chegarem de Portugal, se fixaram, inicialmente, em Minas Gerais e no Espírito Santo. Sempre me emociono quando encontro alguém que assina Figueiredo, pois somos todos uma família só", finaliza.

As irmãs Maria da Penha e Júlia Figueiredo: dedicação à família e às tradições

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