terça-feira, 17 de novembro de 2015

ISAAC DE SOUZA, um dos heróis da 2ª Guerra Mundial (II)

Da Série Entrevistas de O Norte Fluminense



Isaac de Souza (direita) foi fotografado, na Itália, para a revista Cruzeiro, disparando morteiro contra as forças alemãs



Na Itália, Isaac de Souza permaneceu por cerca de um ano, participando, contudo, dos enfrentamentos por cerca de 11 meses.
 
De acordo com Eulina, "meu pai não tinha vício. Como os cigarros norte-americanos eram distribuídos para a tropa, ele acabava vendendo os cigarros que eram destinados a ele e mandava o dinheiro para meu avô, que acabou comprando, com esse dinheiro, uma junta de boi". 

Isaac de Souza (direita) e amigo

Vários foram os episódios de guerra contados por Iná e seus filhos.


Um deles é relatado por  Oduvaldo: "Meu pai, certa vez, estava em um jeep dirigido por um amigo. Quando viram o avanço das tropas inimigas, resolveram entrar numa grande casa abandonada. Ocorre que houve, repentinamente, uma explosão de granada, que fez com que a parede caísse sobre o amigo, matando-o. Passado o perigo, meu pai puxou o corpo pela mão do amigo morto, colocou-o nas costas e levou-o para enterrá-lo em local adiante".

 
Cantil de Isaac de Souza


Outro fato lembrado por Oduvaldo ocorreu por ocasião de uma trégua. "Hermógenes Monteiro, um negro, que era de Carabuçu, e cujo nome não se encontra na placa em frente à Prefeitura Municipal, acabou sendo ferido no peito". Segundo os familiares, "os pracinhas brasileiros não tinham muita técnica, mas possuía inteligência. Para que eles tivessem assistência de remédios e alimentos, durante os combates, e considerando que havia muita neve na região, eles vestiram um burrinho de branco para levar tudo o que eles necessitavam para o acampamento, sem que pudesse chamar a atenção dos alemães".

Iná, viúva do herói bonjesuense


Conta Iná que "em Roma, Isaac e seus companheiros visitaram o papa Pio XII, sendo todos abençoados por ele. Isaac era 2º Tenente. Em Roma, ele  costumava subir nas torres das Igrejas, onde estavam protegidos. Ele contou que, certa vez, ao olhar para o rio, observou que as águas ficaram vermelhas do sangue dos alemães."

Isaac e outros pracinhas em uma das operações de Guerra



Eulina conta um fato ocorrido próximo ao Monte Castelo, onde estavam entrincheirados os alemães. "Quando papai e os demais soldados brasileiros chegaram próximo ao local, era noite e não tinham noção exata de onde se encontravam. Resolveram, então, deitar-se para dormir. Repentinamente, passaram a sentir objetos arredondados encostarem nos seus corpos. Todos os pracinhas ficaram apavorados, porque supunham serem granadas lançadas pelos alemães, que poderiam explodir a qualquer movimento dos brasileiros. Ninguém dormiu a noite inteira, permanecendo imobilizados. Quando acordaram é que observaram que estavam embaixo de uma árvore de maçãs, que caiam e encostavam-se nos corpos dos soldados."

A Tomada do Monte Castelo levou cerca de três meses, a partir do dia 24 de novembro de 1944. Quatro dos ataques realizados pela Força Expedicionária Brasileira (FEB) foram rechaçados pelas forças alemãs, causando grande número de perdas de soldados brasileiros. Apenas no dia 21 de fevereiro de 1945 a FEB conseguiu conquistar o Monte Castelo, sua mais importante vitória.


Isaac e companheiros aguardando o início do ataque ao Monte Castelo







(continua)







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