Uma das obras preciosas que compõem o acervo da Biblioteca do Centro Cultural Maria Beatriz (CCMB), de Laje do Muriaé (RJ), se intitula "Malina", edição de 1954, de autoria do lajense Manoel Ligiéro, que dá nome à Casa da Cultura do município, inaugurada no dia 05 de julho de 2013.
Nascido em 26 de junho de 1906, Manoel Ligiéro formou-se pela Faculdade Nacional de Medicina, do Rio de Janeiro, em 1930. Em 1966, fixou residência em Laje até o ano de 1975, quando retornou ao Rio de Janeiro para fins de tratamento de saúde, falecendo no dia 31 de março de 1977.
Segundo Maria Beatriz, diretora do CCMB, Manoel Ligiéro escreveu duas obras que foram publicadas: Malina e Vide-Verso, além de quatro outras que estão inéditas: Folhas Amarelas, Menino Grande, Poeiras das Estradas e O Homem, a Terra e o Rio.
Maria Beatriz e a Biblioteca do CCMB |
Afrânio Peixoto, membro da Academia Brasileira de Letras, prefaciou Malina, assentando, em 1937:
"...gosto também da poesia bem versejada, à antiga: não jazz, música de câmara... A sua tem, além desse mérito – cadência e medida, pés e rima – tem o que devia ter: poesia. E uma nota “humourística”, na habitual, que agrada. Graças a Deus, Você não é engomado, ou solene. Li-o, li-o todo, até os versos modernos, que mostrou, sabe fazer, como todo o mundo. E gostei. Gostei de tudo..."
Malina pode significar "malária", e "criança levada".
Maria Beatriz ressalta, contudo, que, no último capítulo do livro, o poeta faz referência explícita, em seus versos, a malina como doença.
No capítulo 4º da obra, intitulado "Grito De Desengano", há a poesia "COMO EU ERA FELIZ, ANTIGAMENTE", que reproduzimos a seguir:
-Como eu era feliz, antigamente,
no meu ilusionismo de criança...
O meu olhar, a tudo indiferente,
cantando leve como um sonho,
avança
em tudo que vislumbra ou mal alcança...
E qualquer cousa que, sonhando, eu via,
largamente enchia
os meus pequenos olhos de criança...
O mundo inteiro se desenrolava,
resplandecente,
em frente o meu olhar inexperiente,
como a pureza celestial que lava
as bandas do nascente,
quando a aurora amorável, luminosa e bela,
seus cabelos de luz, no céu, desenovela...
Ironia sangrenta do destino,
essa que ao peito meu vence e devora...
todo o universo se apresenta, agora,
ao meu olhar de triste peregrino,
cheio de angústia, como a voz de um sino...
Tudo mudara dolorosamente...
- Como eu era feliz, antigamente,
no meu ilusionismo de menino...
Manoel Ligiéro: um dos nomes de destaque de nossa literatura |
Abri o Blog, meio curiosa, mas a medida que fui lendo, o interesse foi aumentando...
ResponderExcluirAdorei, muito boa matéria.
Continuem....
Beijos.
Interessante... conhecer o Brasil... conhecer 'os cantos' do Brasil a partir da net
ResponderExcluirMuito bom aprender com quem sabe. Adorei ler a matéria. Muito interessante, principalmente para mim, que ainda sou neófita no universo da poesia. Muito grata pela partilha.
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