- a narrar -
É manhã primaveril!
Suavemente afasto o velho e rendilhado cortinado.
Fulgurante, o raio solar atravessa o quarto aconchegado,
ainda friorento. Bem
antes da minha faina, da janela, aprecio o tão belo panorama que desfruto: A colina,
a extensa planície plantada, produtiva, e abençoada por Deus, é um céu aberto! Como
bailado, a evolução das cândidas aves no espaço sideral, não só a mim, tanto empolga.
O vento vagarosamente avança e balanceia o trigal, as papoulas, os girassóis, o
alecrim... Vindo das faldas da serra, o rio extenso, curvilíneo, de água
límpida, desliza. O caudal não muito sussurrante vai beijar o largo estuário,
onde se misturam a água doce e salgada, esta, do fantástico mar imenso,
traiçoeiro...
À distância, se
descortina o casario do minúsculo lugarejo, como assim, o fumo negro, ou esbranquiçado,
saído das rústicas chaminés. Bem madrugadores
os trabalhadores rurais vão para a labuta, seja ao sol, à chuva intermitente, à
ventania, na certeza da vitória. Da enxada, do arado, da moderna maquinaria, o
solo é remexido e a semente penetrada. Não
muito tardará do astro-rei, do Todo
Poderoso, a colheita será feita, será sustento, e o pão nosso de cada dia,
não faltará! A boiada esfomeada trilha o habitual caminho, e à mercê, o verde
pasto é devorado. O potro já relincha, sacoleja, e se lança à natureza. Longe,
bem longe, a montanha imponente, enigmática! Os cumes, temporariamente cobertos
de lençóis gélidos da densa nevasca, e, por encantamento no baixio do grande
monte, o borbulhar de água cristalina, e o riacho, - pequeno rio - se forma, e atravessa
a terra produtiva.
Perto do casarão o
pintassilgo alegremente saltita, e logo encanta do soante gorjear. De fronte, o roseiral esplendoroso,
é atração! A varanda feita de rija
madeira é adornada por toscos assentos talhados para um repouso confortante. O
serpenteio da florida trepadeira atua tal qual terapia, e o suave aroma que
inala, é consolador! No farto quintal,
verduras, e no pomar, algumas frutas quase maduras, não tardarão a ser
colhidas. Bem recostado no cadeirão, da
labuta, do cansaço, minhas mãos calejadas, se bem que, carinhosas, afagam o
“lorde”, o vigoroso cão de guarda. Não
só do cenário que desfrutei da janela do quarto, no percurso que fiz em pleno
dia, e nesta tarde, quase noitinha, tudo o que vi e vejo extraordinário,
extasiante... Meus olhos
lacrimejam. Com o lenço, enxugo a minha face.
Louvado seja: NOSSO
CRIADOR!
Agosto/2014
José Pais de Moura
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