Gino Martins Borges Bastos
No dia 27 de abril de 2016, foram comemorados os 153 anos de
nascimento do Padre Antônio Francisco de Mello, o nosso Padre Mello. O escritor
bonjesuense Delton de Mattos, Doutor em Letras, ex-professor da USP
(Universidade de São Paulo), da Universidade de Heidelberg (Alemanha) e da
Universidade de Brasília, assinalou no livro "Padre Mello, Prosa e
Verso", que o pároco foi "um gênio da civilização e da cultura".
Conhecer a vida e a obra de Padre Mello é conhecer um pouco
de nós mesmos, pois ele marcou profundamente nossa cultura.
Nasceu no dia 27 de abril de 1863, na localidade de Achada
Grande, ilha de São Miguel, Arquipélago de Açores, Portugal. Estudou no seminário
da ilha Terceira, sendo ordenado no dia 24 de agosto de 1888. Na ilha de São
Miguel, publicou livros e escrevia para jornal. Veio para o Brasil em 1895, onde
foi vigário em Sapucaia (RJ). No dia 18 de junho de 1899, veio para Bom Jesus do
Itabapoana, juntamente com sua irmã, Margarida Mello, e uma amiga da família,
dona Cândida, mulher de posses, que o ajudou em seus estudos. Viveu aqui por quase
meio século, falecendo às 13h 30min do dia 13 de agosto de 1947.
Padre Mello foi escritor, poeta, redator dos jornais, "A Paróquia", "O Norte" e "Meu
Campinho", além de ser o responsável pelos registros de propriedades em nossa região.
Foi também músico e compositor, sendo o autor do hino do antigo Colégio Rio Branco, do qual foi
professor. Além disso, era conhecedor de técnicas de engenharia, tendo construído a parte externa da majestosa Igreja Matriz da Paróquia Senhor Bom Jesus, fixando em nossa praça principal todo o esplendor arquitetônico português, além de orientar na construção de
prédios e estradas. Possuía conhecimento dos métodos de plantação de café,
razão pela qual promoveu a orientação no cultivo do mesmo. Foi, ainda, ativista
político na luta pela segunda emancipação de nosso município, ocorrida em 1º/01/1939.
Ruth Fragoso de
Azevedo Silveira, batizada por Padre Mello, afirmou sobre o vigário: "era apaixonado pela Festa de Agosto,
ocasião em que a Igreja distribuía alimentos aos pobres. Era frequentador do
lar de meus avós, Antônio de Azevedo Malta, português, e dona Terezinha.
Padre Mello fez voto de pobreza. Seus pertences eram doadas por amigos. Sua
irmã, conhecida como Mariquinha e dona Cândida costumavam fazer um delicioso
pão caseiro que era muito apreciado por ele. Além disso, todas os dias, por
volta das 15h, elas também vendiam o pão para ajudar na construção da Igreja e manter os serviços da
mesma. Por este motivo, o alimento passou a ser chamado de Pão do Padre. A
partir de certa época, ele foi morar em um pequeno quarto localizado ao lado da
Igreja Matriz. Foi ali que ele faleceu, na mais absoluta pobreza".
O poeta bonjesuense Elcio Xavier, que foi
coroinha da Igreja na época de Padre Mello, testemunhou em seu livro de
memórias, que o pároco era "pleno de saber e amor".
O escritor
bonjesuense Octacílio de Aquino escreveu, em 1942, que, certa vez, uma criança dissera a seus
pais "- O que eu quero é estudar
para Padre Mello", o que indica a grande influência que o pároco
português exercia sobre as novas gerações de então. Conhecer a vida e a obra de
Padre Mello constitui, também, um estímulo sempre atual para imitá-lo.
A
Editora O Norte Fluminense, fundada por Luciano Bastos, editou o livro
"OBRAS SELECIONADAS DE PADRE MELLO", no dia 7 de agosto de 2015, contribuindo para o resgate da vida e obra de Padre
Mello.
Por outro lado, o advogado Sebastião Freire Rodrigues lançou, no dia 3 de outubro do mesmo ano, dentro da coleção "Páginas Memoráveis de Bom Jesus do Itabapoana", o livro "PADRE MELLO, PROSA E VERSOS", editado por Delton de Mattos, outra obra que permite aos bonjesuenses terem uma noção da grandeza do pároco português, assim como sua importância para Bom Jesus do Itabapoana.
Segue um dos famosos sonetos de Padre Mello.
CARROS DE BOIS
Por caminhos da roça tortuosos
estreitos e cavados, vão passando
velhos carros de bois, estes cantando
aqueles em gemidos lamentosos.
Mas sendo iguais e todos preciosos
os frutos da terra vão levando,
e se o destino igual os vai guiando,
por que vão cantando e outros chorosos?
Que diga o coração da humana raça
quão variadamente ele palpita
se é varia a onda que por ele passa.
De dores e de alegrias no transporte,
tal como carro, canta, chora, grita,
conforme o aperto dos cocões da sorte.
Por outro lado, o advogado Sebastião Freire Rodrigues lançou, no dia 3 de outubro do mesmo ano, dentro da coleção "Páginas Memoráveis de Bom Jesus do Itabapoana", o livro "PADRE MELLO, PROSA E VERSOS", editado por Delton de Mattos, outra obra que permite aos bonjesuenses terem uma noção da grandeza do pároco português, assim como sua importância para Bom Jesus do Itabapoana.
CARROS DE BOIS
Por caminhos da roça tortuosos
estreitos e cavados, vão passando
velhos carros de bois, estes cantando
aqueles em gemidos lamentosos.
Mas sendo iguais e todos preciosos
os frutos da terra vão levando,
e se o destino igual os vai guiando,
por que vão cantando e outros chorosos?
Que diga o coração da humana raça
quão variadamente ele palpita
se é varia a onda que por ele passa.
De dores e de alegrias no transporte,
tal como carro, canta, chora, grita,
conforme o aperto dos cocões da sorte.
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