Ana Maria Silveira |
Sempre ouvi dos seus irmãos,Badger, Penha e Zequinha,
que Roberto era uma pessoa especial, diferente.
Desde criança as desigualdades sociais o incomodavam. Fazia questão,
mesmo pequenino, de que todos participassem de qualquer evento, sem discriminar
ninguém. Acolhia os mais afastados das brincadeiras e com um simples olhar
conseguia que o grupo fizesse o mesmo. A prima Arlete, sua colega no curso
primário, nos disse que quando Roberto chegava à escola uma satisfação imensa
tomava conta de todos.
-Roberto
era pura alegria! O dia em que ele faltava era longo e sem graça!
Como adolescente também se destacava pelo bom humor,
pelo seu caráter forte, pela generosidade, pela curiosidade insaciável que o
fazia devorar os livros, pela sua rara inteligência.
Quando completou 17 anos, com o entusiasmo de sempre,
comentou:
-
Mamãe, quando eu fizer 24 anos, serei eleito deputado. Aos 28 vou me reeleger.
Com 31 anos, vou me eleger vice-governador e em 1958, governador. Se não me
matarem, serei um grande presidente da república!
-
Mas por que o matariam, meu filho?
-Por
causa das reformas que vamos fazer! O Brasil será melhor para se viver! E, se
não me impedirem,vamos unir a América do Sul. Nela temos tudo: minérios,
petróleo, imensas áreas agrícolas, pecuária e grandes líderes também. Poderemos
ser independentes, autossuficientes!
-Muito
bem! Mas como vai conseguir tudo isso? Perguntou Biluca
sorrindo, incrédula...
De fato, Roberto e seus irmãos, primos e colegas foram
se organizando ao longo do curso secundário e consolidando suas várias
carreiras políticas durante os cursos nas faculdades de Direito e Medicina.
Zequinha foi para o Sul, no Paraná, abrir caminho para
o Roberto no futuro, quando viesse candidato à presidência. Foi prefeito de
Nova Esperança, deputado estadual, deputado federal. Jorge Loretti estrategicamente
entrou para a UDN. Lá na frente alcançou sua meta: na hora exata, apoiou Roberto
na sua candidatura ao governo do Estado do Rio. Palmir Silva, Edésio da Cruz
Nunes, o primo Moacyr do Carmo estiveram sempre com ele. Badger seguiu pelo
Estado do Rio. João de Seixas Dória foi abrir caminho no Nordeste. Chegou a
Governador de Sergipe, deposto pelo golpe militar. O amigo Sigmaringa Seixas
rumou para Goiás, radicando-se no DF. Tantos outros como Herval Basílio, Michel
Saad e Raul de Oliveira Rodrigues foram engrossando o grupo de jovens políticos
dos mais íntegros, combativos, éticos, e sempre bem-humorados quecompartilhavam
os mesmos ideais.
Foi uma
passagem meteórica a de Roberto, mas deixou marcas profundas e o exemplo de
como governar com lisura, honestidade nas ações, competência
e amor à causa pública.
07/06/2016
07/06/2016
Ana Maria Silveira é filha do ex-governador Badger Silveira
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