segunda-feira, 1 de agosto de 2016


ENTREVISTA HISTÓRICA COM A VIÚVA DO EX-GOVERNADOR ROBERTO SILVEIRA

Ismélia Saad Silveira e a foto com Roberto Silveira na residência em Bom Jesus do Itabapoana



O NORTE FLUMINENSE realizou, no dia 19 de abril, em pleno sábado de Páscoa, entrevista filmada com Ismélia Saad Silveira, a viúva do ex-governador Roberto Silveira. O vídeo histórico, com mais de uma hora de duração, integrará o acervo do Memorial Governadores Roberto e Badger Silveira.

O local da entrevista foi a bela residência construída pelo médico niteroiense Emmanuel Pereira das Neves e que, depois, foi reformada pelo libanês Merhige Hanna Saad, pai de Ismélia, na década de 1950. Este prédio foi sede do governo do Estado nos anos de 1959 e 1960, pelo período de uma semana, por ocasião da Festa de Agosto, quando o governador Roberto Silveira vinha a Bom Jesus do Itabapoana trazendo toda a sua comitiva.

Acompanharam a entrevista  as irmãs Marian Saad Sauma e  Maria Cristina Saad Gomes, além de Olga Borges Saad, viúva de José Antônio Saad.

A entrevista para o nosso jornal foi realizada, posteriormente, via e-mail e telefone.


Ismélia Saad Silveira teve 3 filhos com o Governador Roberto Silveira: Jorge Roberto, quatro vezes Prefeito de Niterói; Dôra, museóloga e historiadora; e Márcia, socióloga. Jorge é casado com Cristina Ramalho Silveira com quem tem um filho, já formado em Administração de empresas, "chamado Roberto, é claro". E Márcia, casada com o médico Alberto Domingues Viana, radiologista e professor da UFF. Eles têm um casal de filhos, João Alberto, médico como o pai, e Maria Roberta, administradora de empresa.



O NORTE FLUMINENSE:  Onde nasceu Roberto Silveira?

ISMÉLIA SAAD SILVEIRA:  No Sítio Rio Preto, em Calheiros, como todos os irmãos: Badger, Dinah e Zequinha.

O NORTE FLUMINENSE: No livro ROBERTO SILVEIRA, A PEDRA E O FOGO, de José Sérgio Rocha, há uma passagem em que Roberto Silveira, quando  criança, e já morando na Fazenda São Tomé, próxima ao Sítio Rio Preto, perguntou a Boanerges Borges Silveira, seu pai, como teria nascido. A resposta foi que ele teria sido encontrado em uma pedra. Qual o motivo desta resposta?

 ISMÉLIA SAAD SILVEIRA: Em qualquer época, as crianças sempre fizeram perguntas de onde vieram. Hoje, a maior parte dos pais tenta explicar com outras metáforas ou falando a realidade de um modo simples. Mas, naquela época, numa fazenda, as explicações eram “você foi achado na porteira da fazenda, seu irmão num bananal”, etc. Como o Roberto era o caçula, o único lugar que sobrou para ele foi uma grande pedra próxima à casa. Daí, “Roberto, você foi achado ali, naquela pedra”. Essa pedra ainda existe intacta na Fazenda São Tomé.

 O NORTE FLUMINENSE: O referido livro diz, ainda, que Roberto costumava sair da Fazenda São Tomé, passar pelo Sítio Rio Preto para pegar o amigo Neneco, e irem estudar na Escola na Barra do Pirapetinga. Sabe informar se eles iam a pé?

ISMÉLIA SAAD SILVEIRA:  Não. O que eu sei é que eles iam a cavalo para a escola e, quando batia a fome, eles raspavam um pão no suor do cavalo e comiam. Uma coisa horrorosa.


 O NORTE FLUMINENSE: O filho de Roberto, Jorge Roberto Silveira esteve, há mais de 10 anos na Fazenda São Tomé. Sabe como foi esta visita?

ISMÉLIA SAAD SILVEIRA:  O Jorge esteve duas vezes na Fazenda São Tomé, em Calheiros, e sempre lembra como foi bem recebido pelos proprietários, com aquele carinho típico e tradicional dos bonjesuenses. 
 
A primeira vez, ele foi com o Badger, que lhe mostrou a tal “Pedra” onde o Roberto teria sido “achado”. Essa história acabou inspirando o título da biografia de Roberto escrita por um jornalista muito talentoso chamado José Sérgio. A primeira fase da vida de Roberto se chamou “A Pedra” e, a segunda, quando ele entrou na vida política difícil, dura e cheia de obstáculos até a sua morte, “o Fogo”. “A Pedra e o Fogo” é um título que resume bem a história dele.


O NORTE FLUMINENSE: Como foi seu encontro com Roberto Silveira?
 

 ISMÉLIA SAAD SILVEIRA:  Na minha adolescência, a casa de meus pais era onde hoje fica a residência da Alda, esposa do Joaquim Relojoeiro. A da família do Roberto ficava exatamente ao lado, onde agora está o escritório da AMPLA. Naquela época, era muito comum as famílias colocarem cadeiras na calçada para se relacionarem com os vizinhos. Frequentemente, meu pai e minha mãe conversavam com seu Boanerges e dona Biluca, pais do Roberto. Isso fazia parte da rotina deles.
 
Nesse tempo, Roberto tinha 23 anos, já era Deputado e morava em Niterói. Sempre que podia, vinha a Bom Jesus. Mas nunca coincidia de nos conhecermos porque eu estudava num internato de freiras em Campos e as minhas férias, que eram curtas, nunca coincidiam com as vindas dele. Mais tarde, porém, fui saber que dona Biluca ficava no ouvido dele dizendo para me namorar: “Nossa vizinha é gente boa”. Há até um ditado que eu não sei se é libanês ou brasileiro mas que talvez ilustre bem o pensamento tanto de meus pais quanto dos pais de Roberto: “Case sua filha com o filho do vizinho”. Acabou acontecendo isso.

 
Fui conhecer Roberto num baile da Rainha da Festa de Agosto, no antigo Colégio Pereira Passos, que hoje leva o nome dele. Lá pelo meio do baile, Roberto me tirou para dançar. Eu aceitei, claro. Enquanto dançávamos ele me perguntou: “Quantos anos você tem?”. Eu disse: “Dezoito”. “Você tem namorado?”. “Não”. “Então eu vou pedir a seu pai para te namorar”. “Pelo amor de Deus, não. Papai jamais vai deixar”. 

 
Pouco tempo depois, Roberto encontrou-se comigo na Praça e, sem eu perceber, fomos conversando até minha casa. Meu pai estava na porta. Morri de medo. Mas ele falou: ”Dr. Roberto, vamos conversar”. Claro que papai notou que havia algo entre nós.

 
Começamos a namorar e Roberto queria casar logo porque, naquela época, levava-se um dia inteiro de viagem de Niterói a Bom Jesus. Namorar muito tempo era uma dificuldade. Mas a minha família estava construindo a casa na Praça Governador Portela e eu achava que deveríamos esperar o término da obra para nos casarmos. 

 
Roberto costumava mandar cartas para mim, através da Déia Tavares, que era agente dos Correios. Ela recebia as cartas e as repassava para mim. Quando chegou a primeira, pedi à tia Alvina, irmã de mamãe, que a respondesse. Alguns dias depois de enviar a carta, recebi a resposta de Roberto que escreveu: “Gostei muito da sua carta, mas gostaria que, da próxima vez, você mesma escrevesse”. Também para falarmos ao telefone, tínhamos de utilizar os serviços do posto telefônico da Inah Borges, com hora marcada. Por exemplo: “a ligação será dentro de dois dias às 7h”.
Antes de Roberto pedir minha mão, seu Boanerges foi lá em casa conversar com papai. No dia em que ficamos noivos, mamãe serviu para todos uma taça de guaraná e um bombom “Sonho de Valsa”, que era o favorito de seu Boanerges.

 
Quando nos casamos, em 1951, a recepção foi no edifício Monte Líbano, recém construído. Chovia tanto que não foi possível o fotógrafo do Rio de Janeiro chegar a tempo. Este é o motivo porque não temos fotos da cerimônia e da festa. Restou apenas um pequeno filme feito pelo Badger. De qualquer maneira, o dia foi muito especial, apesar da chuva. E eu até hoje não sei como dona Alzira e o comandante Amaral Peixoto, que eram nossos padrinhos, conseguiram chegar a tempo.


Ismélia Silveira e Roberto Silveira (do livro ROBERTO SILVEIRA, A PEDRA E O FOGO, de José Sérgio Rocha)



O NORTE FLUMINENSE: O irmão de Roberto, Zequinha, teve atuação política relevante no Paraná. Poderia falar-nos sobre isso?

 
ISMÉLIA SAAD SILVEIRA:  O Zequinha se formou em Medicina na época em que era uma façanha alguém do interior entrar numa faculdade. Depois de formado, ele veio de trem para Bom Jesus e foi recebido pelo Prefeito, pelos Vereadores e por metade da cidade, tamanha a importância de um médico diplomado. Ao sair da faculdade, ele trabalhou em Ubá (MG), depois foi para o Paraná onde se estabeleceu. Acabou sendo Prefeito de Nova Viçosa, Deputado Federal e era candidato a Governador do Paraná quando Roberto morreu. Aí, ele desistiu porque, para ele, só valia a pena ser Governador daquele Estado se fosse para ajudar Roberto caso ele se candidatasse à Presidência da República.


O NORTE FLUMINENSE: Como foi sua vida e da família, após a morte de Roberto?
 
ISMÉLIA SAAD SILVEIRA:  Quando Roberto faleceu , meu filho Jorge tinha 8 anos, a Dôra tinha 5 e a Márcia, 3. Foi um momento de muita dor, que nunca tem fim. Badger era o irmão mais velho do meu marido e foi um segundo pai para meus filhos quando Roberto morreu. Ele morava com a Renee e seus oito filhos no mesmo prédio em que eu criei meus 3 filhos. Hoje, minha satisfação é saber que todos os meus filhos e netos são bem sucedidos, com suas vidas organizadas. 


O NORTE FLUMINENSE: Que conselho você daria para as novas gerações?

ISMÉLIA SAAD SILVEIRA:  Cada um deve lutar para ter sua profissão, fazer valer a sua cidadania e ajudar a construir um mundo melhor.
 
O NORTE FLUMINENSE: A filha de Badger Silveira, Ana Maria Silveira, afirmou a nosso jornal,  que "não tem dúvida de que Roberto Silveira sofreu um atentado". O que você acha desta afirmação?
 
ISMÉLIA SAAD SILVEIRA:  É a opinião dela... Minha vida com Roberto Silveira foi maravilhosa. Ele era um ótimo pai, um excelente marido.  Nós éramos tão jovens, com as crianças pequenas... Sinto uma imensa saudade dele... Foi uma grande perda.. Se não fosse meu pai e minha mãe me dando apoio, não sei como eu teria forças para enfrentar tudo isso... Relembrar os fatos é muito doloroso para mim...





 



A AFILHADA DE BOANERGES BORGES SILVEIRA E MARIA DO CARMO SILVEIRA, A BILUCA

Biluca e Luiza Abreu dos Santos, esposa de Manoel Araújo dos Santos, o Neneco,  amigo de infância de Roberto Silveira



                           
Leonídia Abreu dos Santos Silva, 61 anos, filha de Manoel Araújo dos Santos, o Neneco e Luíza Abreu dos Santos, é afilhada de Boanerges Borges Silveira e Maria do Carmo Silveira, a Biluca. Segue seu depoimento:


 "Lembro-me sempre do Padrinho Boanerges e da Madrinha Biluca

Recordo-me que mamãe me trazia para vê-los, na casa localizada na Praça Governador Portela. Eles tinham um funcionário chamado Zezinho. Ele era baixinho. Quando chegávamos, padrinho Boanerges mandava o Zezinho comprar balas para mim. Eu tinha cerca de 8 anos. As balas vinham em sacola de papel. Eles sempre tinham um presente para mim. Biluca sempre dava um tecido para que minha mãe fizesse uma roupa para mim,. Minha mãe era costureira.

A primeira boneca que recebi foi dada por Biluca. O corpo dela era de pano. A cabeça, as pernas e os braços eram de louça. Foi uma imensa alegria quando, em uma dessas visitas, eu ganhei a boneca.



Leonídia e a boneca de pano que ganhou da madrinha Biluca

            

No Sítio Rio Preto havia uma bica de água, com um poço, nos fundos. Ao redor, havia plantação de inhame rosa. Recordo-me que Roberto Silveira chegava, pegava uma folha do inhame, dobrava e fazia um copo. Em seguida, bebia a água neste copo de folha de inhame. Eu sempre achava isso interessante.

Minha madrinha gostava muito de minha mãe. Minha mãe fazia café, comida e atendia todas as pessoas. Tinha muito paciência. Foi o braço direito de Neneco. Se minha mãe soubesse que havia uma pessoa doente, ela atuava insistentemente junto com Neneco para resolver o problema da pessoa. Ela faleceu de leucemia com 46 anos de idade.

Lá em casa fazia-se título de eleitor. Havia uma máquina grande para fazer as fotos das pessoas e, em seguida, confeccionavam os títulos. A máquina ficava no terreiro, na frente da casa. As pessoas faziam fila. Vinha gente do Cachoeirão e de Calheiros. Meu pai organizava tudo.
Eu achava muito curioso isso. A música da campanha eleitoral de Roberto Silveira tinha o seguinte refrão:
Tá tá tá tá na cabeceira
Neneco, Tito
E Roberto da Silveira



Todo ano, na época do Dia das Crianças, Roberto Silveira mandava, para meu pai, brinquedos que cabiam em um caminhão. Os brinquedos eram depositados num quarto de nossa casa e, depois, distribuídos para as crianças da região.

Tudo era só coisa boa. Corte de tecido para dar às mulheres e muito brinquedo, bonecas, carrinhos e brinquedos de soprar para fazer bolha.  Na época, na roça, só havia carrinho de sabugo e boneca de espiga de milho, cujas roupas eram feitas por nós. Quando os brinquedos de Roberto Silveira chegavam, todos ficavam malucos.


Nenhum brinquedo era dado aos filhos antes de serem distribuídos às crianças da região.

Recordo que, certa vez, sobrou para mim um palhacinho lindo, vermelhinho com bolinhas brancas. Depois, meu pai descobriu uma criança que não tinha recebido nenhum brinquedo. Meu pai pegou o palhacinho e deu para a menina. Chorei muito".




Leonídia Abreu dos Santos, afilhada de Boanerges Borges Silveira e Maria do Carmo Silveira, a Biluca


DIRETORIA DA ASSOCIAÇÃO DOS AMIGOS DO MEMORIAL GOVERNADORES ROBERTO E BADGER SILVEIRA

Foi fundada, no dia 28 de junho passado, no Sítio Rio Preto, a Associação dos Amigos do Memorial Governadores Roberto e Badger Silveira. Em ambiente de euforia, pela consciência do momento histórico do qual participam, os participantes aclamaram a diretoria da entidade, que ficou assim constituída:


1.GEORGINA DE OLIVEIRA SANTOS (Presidenta)
2.GISELIA FERREIRA RIBEIRO TENÓRIO (1a. Vice-presidenta)

3. ERALDO SALUTTO REZENDE (2o. Vice-presidente)
4. CILÉIA ABREU DOS SANTOS  (1o. Secretário)
5. SANDRA REZENDE NUNES  (2o. Secretária)
6.ALESSANDRO SANTOS NUNES (1o.Tesoureiro)


7. JOSÉ ALVES MOREIRA (2o. Tesoureiro)
8  EDESIO MACHADO DE SOUZA (Conselho Fiscal)
9. ANDRÉ LUIZ DE OLIVEIRA (Conselho Fiscal)
10. SÔNIA DOS SANTOS BARTTHOLAZZI (Conselho Fiscal)
11. LUIZ DIAS RIDOLPHI (Suplente do Conselho Fiscal)
12. SILVANA TOLEDO (Suplente do Conselho Fiscal)
13. JOÃO LUÍS CARREIRO (Suplente do Conselho Fiscal


Da Série Depoimentos sobre os Governadores Roberto e Badger Silveira (II)




LUÍS ANTÔNIO DA SILVA


Luís Antônio da Silva: "Roberto poderia estar vivo, hoje, no meio da gente"


Luis Antônio da Silva, com 82 anos de idade, é outro que se recorda de Roberto Silveira: "Ele  só trabalhava para o povo, ajudando todo mundo. Ele construiu a Usina Franco Amaral. Todos gostavam muito de Roberto. Quando ele faleceu, eu fui ao enterro em Niterói. Ele podia estar vivo, hoje, no meio da gente".




FRANCISCO ALVES PEREIRA

Francisco Alves Pereira: "Boanerges, Roberto e  Badger se foram, mas deixaram saudades"

Francisco Alves Pereira, com 76 anos de idade, aposentado da Usina Santa Isabel, se recorda que seu pai, André Alves Pereira, contava que "Boanerges Borges Silveira era um homem honesto e lutador. Meu pai dizia que ele saiu da lavoura e criou a família com muito sacrifício e dignidade, construindo, com sua esposa Biluca, uma família que deixou exemplo para todos".

Em relação a Roberto Silveira, ele se recorda quando ele inaugurou a primeira barragem na Usina Franco Amaral: " Eu estive lá, juntamente com uma multidão. Foi um momento muito importante para Bom Jesus", assinala.

Chiquinho conta mais: "certa vez, Roberto chegou a Bom Jesus do Itabapoana acompanhado de Badger, de Antonio Carlos Pereira Pinto e de José Carlos Pereira Pinto. Eles desceram de carro na altura do atual Colégio Estadual Padre Mello e nós fomos recebê-los e acompanhá-los até à Praça Governador Portela".

Em relação a Badger, ele se recorda perfeitamente do jingle que levou o bonjesuense à vitória nas urnas em 1962:


O PAPAI VAI VOTAR
NO SENHOR
BADGER, BADGER!

ROBERTO É BOM
O PAPAI DO CÉU LEVOU
FICOU O BADGER
PARA SER O GOVERNADOR!


"Na hora de Roberto Silveira fazer tudo para Bom Jesus, aconteceu aquele estranho acidente com helicóptero. Depois, Badger veio para cumprir todas as promessas de Roberto, mas infelizmente foi cassado pela ditadura militar. Eles se foram mas deixaram saudade", lamenta.






(NA PRÓXIMA EDIÇÃO,  AS FOTOS DA RESIDÊNCIA DE BOM JESUS DO ITABAPOANA QUE FUNCIONOU COMO SEDE DO GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, POR OCASIÃO DA FESTA DE AGOSTO, EM BOM JESUS DO ITABAPOANA, NOS ANOS DE 1959 E 1960)

 


 



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