Entre versos e prosas da primavera, na Biblioteca Comunitária
Esperança do CCMB (Centro Cultural Maria Beatriz) um grande encontro virtual acontece com o escritor e
jornalista paranaense, Domingos Pellegrini. Uma curiosidade era saber como ele veio
a conhecer Laje do Muriaé, local em que se inspirou para criar "Felicidade", a
cidadezinha de "A Árvore que Dava Dinheiro". Em uma prosa virtual, Domingos
Pellegrini explica: “Visitei Laje do Muriaé em janeiro de 1972, com meu amigo
Apolo Mário de Sousa Theodoro, que é natural daí. Ficamos durante uma semana tomando
banho de rio, tomando pinga com caju, conversando com tanta gente boa. A
primeira edição do livro saiu em 1981, era para ser inicialmente uma peça de
teatro, depois era para ser um romance de realismo fantástico, até que,
escrevendo, saiu um romancete juvenil, que tanta gente leu e muito me orgulha.”
Para a nossa alegria, com muito carinho recebemos preciosa doação
de vários livros do escritor jornalista, entre eles o livro que até hoje encanta
leitores do Brasil inteiro: "A Árvore Que Dava Dinheiro."
Sinceros agradecimentos ao
escritor pelo precioso acervo que já se encontra em uso na nossa Biblioteca.
ÁRVORE DE INFLAÇÃO
Como será
que Pellegrini teve a idéia de escrever sobre uma árvore de dinheiro que vira de
cabeça para baixo a vida dos moradores de uma cidadezinha?
O escritor estava em Laje do Muriaé, quando teve a inspiração. Lá, uns moços contaram uma história que
ficou na cabeça do escritor: "Eles diziam estar à espera de emprego nas
futuras fábricas de arredondar tijolo, engarrafar fumaça e desentortar banana.
E completavam que talvez nem fosse preciso esperar as fábricas, se crescessem
depressa as árvores de dinheiro plantadas pelo prefeito..." Claro que uma
conversa dessas não ia passar em branco para um contador de histórias como
Pellegrini! Logo virou livro.
A obra tem um ingrediente curioso. Por trás da história
envolvente e divertida, “A árvore que dava dinheiro” trata de temas que costumam
nos aborrecer quando aparecem no noticiário: economia, inflação... Embora não
tenha intenção didática, o livro estimula a reflexão sobre a relação do homem
com essa sua invenção tão genial quanto perigosa: o dinheiro. Pellegrini diz
que o livro retrata, com uma visão crítica, "os principais sistemas econômicos
usados pela Humanidade". Vale a pena reproduzir suas palavras: "Os
simplórios habitantes de Felicidade, que vivem numa pacata pobreza, tornam-se
espertos capitalistas quando as árvores começam a dar dinheiro. Como o dinheiro
é tanto que gera tremenda inflação, a economia da cidadezinha (já que as notas
se esfarelam ao sair de lá) regride para o mercado de troca. Daí evolui para o
mercado de turismo e serviços, sempre cometendo, porém, os erros éticos que
emperram essas atividades, como a ganância. Afinal, quando os
moradores percebem que aquelas árvores só trazem infelicidade,
voltam a viver sem pensar apenas em dinheiro.
Apesar de toda essa estrutura, Pellegrini sabe que o livro não
teria decolado sem uma bela história. Afinal, diz ele, "o jovem detesta
moralismo e gosta é de aventura e ação". Mesmo assim, o autor desconfia
que a discussão de fundo ético estimulada pelo livro seja um dos segredos do
sucesso de “A árvore que dava dinheiro”. Escrita em 1981, a obra até hoje
continua a encantar os jovens.
Se isso for mesmo verdade, Pellegrini acertou também na mosca ao
escolher o título. Ele chegou a pensar em outro, "mais sintético, mais
cinematográfico até: “A árvore de dinheiro”. Mas “A árvore que dava
dinheiro” tem, segundo ele, mais cara de fábula, de história "com moral".
Algo que, para ele, ainda é "a maior carência da civilização
brasileira".
Notas:
- O próximo evento do CCMB será a IV Primavera
de Arte, Educação e Cultura, e está previsto para iniciar no dia 10 de novembro, com
término no dia 10 de dezembro. O evento contará com a Exposição Portinari e
Meio Ambiente, entre outras programações.
- O livro "A Árvore Que Dava
Dinheiro", será trabalhado a partir de março de 2017 dentro do projeto de
leitura e haverá culminância em agosto dentro da programação do 8º Circuito
Cultural Arte Entre Povos.
(Informações do CCMB)
A síntese do livro do Pellegrini inspira certa curiosidade, coloca na nossa mente problemas éticos e existenciais. Assim que tiver uma oportunidade vou lê-lo com a atenção que merece e aberta às expectativas que o comentário da Beatriz sugere.
ResponderExcluirParabéns a vocês, escritor, comentarista e feliz cidade que tem gente que se preocupa com a cultura!