domingo, 28 de julho de 2019

Bonjesuense é registrada no Museu da Pessoa



A arte do encontro na educação


SINOPSE

A sensação que Nandyara Rezende tem do tempo em que trabalhou com o Telecurso é a de que foi a experiência mais próxima da missão que teria a cumprir na Educação: trabalhar de forma amorosa, apoiando seus estudantes para que eles alcançassem os seus projetos de vida, tivessem um emprego, uma casa melhor e fortalecessem a sua consciência cidadã. Inclui ainda nesta missão contribuir para que seus estudantes fossem capazes de ousar e de persistir. Assim como fez em sua caminhada, conseguiu superar o desencontro que teve com o modelo educacional que lhe era apresentado e aprender a enfrentar os desafios.

HISTÓRIA COMPLETA


Meu nome é Nandyara de Almeida Rezende, natural de Bom Jesus de Itabapoana, município localizado entre o Rio de Janeiro e o Espírito Santo. Nascida em 17 de novembro de 1964. Em casa, éramos seis crianças, seis irmãos. Nossos pais eram enfermeiros - minha mãe era também professora - ambos muito ausentes. Mas a gente conseguia entender essa ausência, fosse pelas necessidades materiais da família, fosse pela natureza de seu trabalho.

Desde pequena, livros foram o meu refúgio. Com eles eu conseguia me deslocar para lugares e situações e ficava sempre com a sensação de que o mundo era bom, porque os livros me traziam só coisas boas. Houve uma época em que eu, decididamente, não me encontrava com a escola: Matemática para mim era um horror, e ter que decorar me fazia profundamente infeliz, porque o que eu queria era entender. Entender o porquê das coisas, como funcionavam, e assim por diante. Cheguei ao extremo de pedir à minha mãe para sair da escola. Com notas baixas e totalmente desmotivada, fui reprovada. No ano seguinte, voltei. Concluí o ensino médio e, na hora de prestar o vestibular, resolvi escolher justamente a Matemática, talvez para provar que a rejeição a uma disciplina não podia ser mais forte do que eu. Não sei se por influência da profissão dos meus pais, o fato é que acabei fazendo, simultaneamente, Matemática e Ciências. Matemática como desafio e Ciências porque era assunto que fazia parte do cotidiano de nossa casa, os acontecimentos do dia a dia. Hoje sou professora de Ciências e, curiosamente, na mesma escola em que estudei. Lá eu me vejo como estudante; olho e me vejo sentada na minha sala de aula.

(...) é uma escola lindinha, da época de plantio de café (...) cheia de história bonita.

Formada em Matemática e Ciências, ambas da área de Exatas, decidi ampliar meu horizonte por ocasião da pós-graduação: fui fazer planejamento educacional. E, com isso, me dedicar a Educação, conhecer e compreender o pensamento dos educadores, aprender um pouco de cada um deles e tentar, desta forma, contribuir para a melhoria e fortalecimento da Educação, tão negligenciada em nosso país. Sempre pensei na Educação como única possibilidade de uma sociedade, e de um país dar certo. Com este pensar não só aprendi a valorizar, como também, no projeto Autonomia, como o Telecurso é chamado no estado do Rio de Janeiro, procurei me comprometer com os chamados eixos temáticos - quem eu sou? onde estou? para onde vou? qual a minha missão no mundo?

Assim acumulei alguma experiência, corri diversas escolas, em diferentes cidades, vivenciei variadas práticas educacionais, na educação infantil, nos ensinos fundamental e médio, como professora de Ciências, Biologia, Matemática, Química. Mas eu buscava um modelo que me satisfizesse, que se ajustasse minimamente ao que eu concebia como educação de qualidade, uma realidade sempre reclamada e raramente encontrada. Acabei me encontrando com o Telecurso, ou melhor, encontrando sentido numa educação contextualizada, voltada para a construção de conhecimento e para as práticas sociais.

Identifiquei como a melhor alternativa quando se trata de compreender que todo mundo traz um saber. De início, achei-me incapaz de encarar a unidocência no processo de mediação pedagógica, mas ao participar da formação para o trabalho com a Metodologia Telessala pude perceber uma nova dinâmica, uma maneira sensível e integrada de ensinar aprendendo, onde todos trazemos e fazemos uso de saberes. Educadores e estudantes.

A primeira coisa que me encantou no Telecurso foi verificar trabalhar o conteúdo tem a importância que lhe é intrínseca, mas também se faz necessário o desenvolvimento de competências, habilidades, saberes e fazeres. Os conteúdos do Telecurso estão interligados, os livros que lhes são correspondentes trazem para os estudantes um tipo de aprendizagem que permite aprender e, simultaneamente, adquirir competências. O que é diferente de decorar conteúdos. E é, afinal, o que lhe permite se inserir no mundo do trabalho, se desenvolver de forma produtiva e cidadã e na sociedade.

O estudante aprende a não desistir. Uma competência que ele adquire.

Eu costumo dizer que tenho comigo as características de uma professora do Telecurso e que, nele, a minha essência ficou - ou seja, o sentimento de ter contribuído. E foi, sem dúvida, a maior - e melhor - experiência educacional que eu vivi. Eu descobri que, naquela vivência em sala de aula, à medida que você ensina você aprende. Aprende a observar, aprende a compreender as transformações que o Telecurso promove nos estudantes. Por exemplo: ser uma pessoa crítica, e em condições de reivindicar seus direitos e exercer sua cidadania. E no Telecurso, por meio dos projetos complementares, falo com emoção, porque os vivi; desenvolvi junto com os estudantes a construção do conhecimento com estreita conexão com as suas realidades.

Fonte: Museu da Pessoa

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