domingo, 25 de agosto de 2019

Campeonato Estadual de Xadrez homenageia os 20 anos da Biblioteca Romeu Couto



Três enxadristas do Clube de Xadrez de Bom Jesus do Norte (ES) disputam o título da terceira etapa do Campeonato Estadual Capixaba de Xadrez, que termina hoje: Fábio de Souza Vargas, Ângelo Emanoel e Cezarete Quintal Lucas.

A competição ocorre na Biblioteca Municipal Romeu Couto, onde está sediado o clube de xadrez, em comemoração aos 20 anos de fundação da biblioteca, e conta com o apoio da Secretaria Municipal de Educação e da Prefeitura Munivipal, além da iniciativa privada.

O professor de xadrez, Fábio de Souza Vargas, é o organizador do evento, que conta com o apoio de Claúdio Ferreira, da empresa Gente Pensando, de Guarapari, que tem divulgado o xadrez de modo eficiente no solo capixaba. 

Cláudio Ferreira tem sido parceiro de Bom Jesus, há anos. Realizou atividades encadrísticas e culturais em Bom Jesus do Itabapoana, desde 2009, e chegou a criar um dos primeiros sites culturais de nosso município: bomjesusarteeculrura.blogspot.com.

Pablyto Robert Baioco Ribeiro, grande nome do xadrez nacional, presidente da federação capixaba por três mandatos, e único capixaba que ocupou a presidência da CBX (Confederação Brasileira de Xadrez), entidade máxima do xadrez nacional, está presente em Bom Jesus como enxadrista.

No dia 20/12/2003, Pablyto esteve em Bom Jesus do Norte, junto com uma comitiva de Vitória, participando e apoiando uma simultânea de xadrez com o cubano Grande Mestre Internacional de Xadrez, Reynaldo Vera.

Pablyto ressalta a importância do administrador: é aquele que também apoia e estimula. Foi assim que incentivou o professor Charles Moura, de Santa Maria de Jetibá, a levar em frente o seu projeto de implantar o xadrez na rede pública municipal. "Charles Moura implantou também o Laboratório de Xadrez Pedagógico em uma faculdade local. A matéria objetivava descobrir como o xadrez pode ser utilizado na aprendizagem da matemática, filosofia, história, geografia e português, entre outros".

Por fim, Pablyto ressalta que "o torneio de Bom Jesus do Norte está excelente. É difícil encontrar no Brasil, patrocinadores privados, como vemos aqui".






A seguir, O Norte Fluminense publica texto  de Romeu Couto, um dos grandes escritores de Bom Jesus do Itabapoana, assim como dados sobre Delton de Mattos, outro de nossos grandes escritores, responsável pela doação do acervo de Romeu Couto para a fundação da biblioteca municipal.

HISTÓRIA DA RUA FORMOSA

Romeu Couto

                                                                                    
  Aquela rua era muito feia. Nem merecia o nome de rua. Se a chamassem simplesmente de caminho, ela ficaria muito satisfeita. Mas o povo deu-lhe o título injusto de Rua Formosa. E pegou. Uma casa aqui, outra acolá, cada uma procurando fugir da vizinha mais próxima. Quando se ouviam os passos lépidos de um animal, ninguém ligava, era o seu Joaquim que chegava na mula "Baiana".

 Mas quando passava um carro de bois, gemendo sob o peso da carga imensa, todo o mundo acorria à janela. E a garotada pulava para a rua, trepando na tora puxada pelo enorme cordão de bois, ou corria para o carreiro, pedindo-lhe uma cana daquelas que lotavam o carro: "Me dá uma, me dá uma!" 

À noite, a Rua Formosa ficava mais feia ainda. E triste, também. Muito triste. Nem um violãozinho para perturbar o sono daquela gente. Só as lâmpadas acesas, bem no alto dos postes escassos, davam sinal de vida. Até mesmo o coaxar dos sapos, lá nos pastos distantes, era quase imperceptível. 

Uma tarde, uma tardinha só, aquela rua ficou mais colorida e movimentada. Toda a gente da Rua Formosa se reuniu. E os meninos limpinhos, empunhando coloridos feixes de flores, desfilavam compassadamente, ao som lerdo do sino distante. Lá bem atrás, onde tantas mamães choravam tanto, vinha um caixãozinho azul, feito às pressas, carregado pelo seu Joaquim e mais três companheiros. E aí, deitado no ataúde minúsculo, era transportado o Julinho, que tantas vezes gritara para o dono do carro, implorando-lhe uma cana: "Me dá uma, Me dá uma!" Também quem mandou o peralta ser assim tão tolo? Tomando banho no riacho escuro, onde sua mãezinha lavava roupa e limpava panelas, dera um mergulho bonito e se esquecera de voltar. Mas, amanhã, a Rua Formosa ficará triste, muito triste, outra vez. 

O seu Joaquim voltará para casa cavalgando a "Baiana". Quando, porém, passar um carro de bois, abarrotado de canas, a garotada não pulará mais para a rua. Ficará em casa, caladinha, em homenagem ao companheiro desaparecido. E os sapos continuarão a coaxar, lá nos brejos longínquos, quase imperceptivelmente.

Delton de Mattos

Filho de Mário Nunes da Silva e Pautilha Nunes de Mattos, nasceu na Serra do Tardin, no dia 20 de abril de 1925. Seus avós paternos foram Elias Nunes da Silva e Maria da Silveira Nunes. Os avós maternos, por sua vez, foram Porphirio Franca de Mattos e Etelvina de Mattos Picança.


Aos 12 anos, ingressou no Colégio Rio Branco, onde cursou o exame de Admissão.


Foi colaborador do jornal O Norte Fluminense, fundado por Ésio Bastos, no dia 25 de dezembro de 1946, desde o início das atividades deste.


Foi um dos grandes intelectuais do Brasil, tendo sido o pioneiro nos estudos da Tradutologia.


Autor de vários livros, editou ainda obras preciosas de autores bonjesuenses e bonjesuístas, como Padre Mello, Octacílio de Aquino, Romeu Couto e Athos Fernandes. 


Dennys Silva-Reis, de Brasília, salientou bem sua importância para as letras do país, como se segue.



Delton de Mattos - um pioneiro dos Estudos de Tradução


Atuou na universidade de Brasília como o pioneiro na formação do curso de Letras-Tradução. Todavia, ele é memorável por ter sido sua a iniciativa da publicação de 3 livros sobre tradutologia (talvez, a época da publicação, conceito ainda inexistente no Brasil):
  • Delton de Mattos (org.), A formação do tradutor em nível universitário.Horizonte, 1980.
  • Delton de Mattos (org..), Cultura e tradutologia. Thesaurus, 1983.
  • Delton de Mattos (org.), Estudos de tradutologia. Kontakt, 1981.

Somente pelos títulos do livros organizados podemos imaginar o quanto à época eles eram inovadores para a área de Letras e para os Estudos de Tradução.
Provavelmente, devem existir outros artigos e textos sobre o assunto de autoria de Delton Mattos. Uma pesquisa mais profunda sobre sua contribuição para os Estudos de Tradução no Brasil seria bem vinda.

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