terça-feira, 13 de outubro de 2020

JN. ÉLCIO XAVIER

OS 100 ANOS DE UM DOS GIGANTES DA POESIA DO PAÍS: ÉLCIO XAVIER



 No dia 3 de maio, um dos grandes Poetas do país, o bonjesuense Élcio Xavier, nascido na Av.  Padre Mello, completou 100 anos, que são como um farol em nossas vidas.

Sua fina poesia, banhada nas águas da profundeza do ser humano, transparece não apenas em suas principais obras, O Véu da Manhã e Rosaquarium, mas na própria vida que sempre levou e leva, principalmente no seio familiar. Élcio Xavier é, em si mesmo, uma grande poesia, que encanta e faz fortalecer a esperança no futuro da vida e promover a honra de um passado glorioso.

A grandeza de Élcio Xavier é exalada em cada gesto e em cada palavra! Não há como ficar indiferente, depois do encontro literário, virtual ou pessoal com o virtuoso poeta.



Carlos Drummond de Andrade, em dedicatória, desejou que os versos de Élcio Xavier sejam sempre "de ouro"


Foi o poeta, restaurador  e artista plástico bonjesuense Adilson Figueiredo quem descobriu a obra de seu amigo,  Eucanaã Ferraz, de 2019, intitulada            "Versos de Circunstâncias", contendo versos de dedicatórias de seus livros, entre 1951 e 1953, uma das quais se refere ao vate bonjesuense.

Segundo Carlos Drummond de Andrade, nesta dedicatória, ele deseja que os versos de Elcio Xavier sejam sempre "de ouro".

Veja a dedicatória feita ao ilustre bonjesuense:

"A Élcio Xavier

Élcio, obrigado, e que, no ano vindouro,
Teus versos sejam sempre versos de ouro"

Tal dedicatória foi acompanhada de votos de "Boas Festas".
Tal importante descoberta revela que Élcio Xavier foi lido por Carlos Drummond de Andrade, com este mantinha contato, e que este reconhecia a preciosa qualidade literária do grande poeta bonjesuense.

(Continua)
ELCIO XAVIER "PRECISA SER LIDO", DIZ MEMBRO DA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS

Adonias Filho


A respeito de Elcio Xavier, o membro da Academia Brasileira de Letras, Adonias Filho, que recebeu o título de imortal pelas mãos de Jorge Amado, escreveu o artigo "Poetas em Primavera": 
Dedicatória a Élcio Xavier foi feita em um caderno



Simples o ritmo e a linguagem , marinhista e com o olhar submerso em todas as cores, a poesia desse estreante - sem afetação, sem saltos imprevistos, sem paredes turvas - é, antes de tudo, uma afirmação pessoal. Nâo dcompõe em alicerces de cimento, não quer ser um entendido, mas, de imagem a imagem, robustece a arquitetura da poesia de tal modo que impossível se torna duvidar da sua legitimidade. No conjunto, é uma conifssão. Repercutem, em verdade, numa ternura humana cada vez mais ausente, as palavras que traduzem aspectos claros e refletem as manhãs sem violentá-las nas suas dimensões. Fiel ao panorama, incapaz de mutilar os sentidos para 'pensar a poesia', sua emoção criadora por isso mesmo se irradia, como diria Charles De Bos, e exprime o 'qui est proche de notre âme'.

Nos poemas de 'Velas na Bruma', abertos sobre o mar, o poeta Elcio Xavier, que não se impacienta e não se precipita, consegue quase sempre uma intensidade que, inutilmente, procuro nos seus companheiros de geração. A acuidade vibra acima da contemplação, erguendo os quadros numa gradação admirável. Mas o que verdadeiramente constitui na sua grande poesia o território constante, é a integração de si mesmo em um universo que a todos pertence. Esclarece muito, neste particular, o poema 'Auto-retrato'. E essa integração não se desfaz nem quando se realiza o 'Aparecimento de Ege' - o instante em que o tema eterno, a mulher, se incorpora à poesia.

 Este poeta que, insisto,  precisa ser lido no livro marcante que é 'O Véu da Manhã', não se projeta apenas no lirismo simples, na espontaneidade que denuncia em seus poemas como atos inevitáveis. É também um poeta que penetra na análise, sempre simples e humano, mas investiga aquele subsolo que caracteriza a poesia como uma descoberta. Extraordinário sem a menor dúvida, como se revela e se advinha, e se perdoa. No fundo de sua própria natureza, irmanado ao mundo, em seus poemas que do modernismo só utilizam o instrumental formal. Elcio Xavier é um poeta à margem das escolas e dos grupos. Isolado, porém sua personalidade flagrantemente poderosa nesse livro de estreia, é um poeta que exige atenção".



 O VÉU DA MANHÃ "É UM DOS ACONTECIMENTOS LITERÁRIOS DOS ÚLTIMOS ANOS", DIZ CRÍTICO MINEIRO


Lucio Cardoso
O  mineiro Lúcio Cardoso, outro festejado crítico, debruçou-se sobre o livro de Elcio Xavier:


"Tenho em mãos o livro de estreia de um Poeta. Este grande mistério da Poesia, sobre que já se inclinaram tantos sábios e estudiosos, que tantos aproximam do fenômeno místico e que muitas vezes os próprios poetas não compreendem, tão estranho e profundo é ele, este mistério é sem dúvida o sinal de uma predestinação que neste mundo conta como uma das coisas mais altas. e que seria de nós se os poetas não surgissem de vez em quando, com sua incrível capacidade de sofrer por si e pelos outros, que seria do mundo, se do seu caos confuso e atormentado não surgissem intérpretes que lhe emprestassem uma fórmula única e real, magos que fazem brotar com o simples toque da sua varinha um oceano de espessas e maravilhosas ressonâncias?

Não sei como surgem os poetas, mas sei que quase sempre sua primeira manifestação é um grito de afirmação, um brado de presença através da paisagem e do destino, através do sangue e do sofrimento, olhos pela primeira vez abertos, como o primeiro homem ao sair das mãos de Deus.
 
O livro desse novo poeta, que é o Sr. Elcio Xavier, chama-se "O Véu da Manhã" - título que me parece extraordinariamente feliz, por sintetizar toda a força de véus que se descerram ante o ímpeto da descoberta e a aparição da luz. Logo no poema que dá início ao livro, vêmo-lo afrontar a legenda do próprio destino, dizendo:
 
Azul da minha alma como a lagoa viva
canta a música do sol e as folhas novas
banha-te na amplidão de um pensamento
ou no curto espaço do raio desviado.

Penetra, azul, no infinito deste céu macio,
aproxima-te da terra bafejada pelos ventos
ou vela a pedra que o frio embalsamou.
Desce ao abismo alegre das águas
e descansa sobre as transparentes algas da fantasia.

Cobre teus olhos de aroma ou cálices de flor,
nos teus braços estende as lianas frescas,
no teu corpo sadio desprende o véu da manhã
ah! - e não calces nunca teus pés antes da primeira dor.

Mas se te detiveres ante a onda tumultuosa
ou percorreres o deserto do descontentamento,
não voltes nunca um olhar para o passado,
não sintas nunca a vida que findou.

Toma o teu roteiro claro e definido,
tua estrela jovem como botão de rosa
e espalha nos lábios um franco sorriso,
no coração a eterna e pura juventude
e caminha assim sem jamais duvidar.

Tua estrada é áspera como a da folha agreste,
teus dias enevoados como as horas de agonia,
mas tua sina é mais bela do que a violeta
no desabrochar feliz da manhã de primavera!

Nasceste, azul, para festejar a natureza,
para vibrar na paisagem desfalecida,
para vagar ébrio como os perfumes no ar.

Tua sina é cantar!


Mas o Sr. Elcio Xavier, que possui esta coisa perigosa que é uma grande riqueza verbal, aliada a uma prodigiosa capacidade de inventar imagens, não canta apenas o azul da sua inspiração, mas todas as cores do Universo, desde as verdes colinas, até a pompa rósea e refulgente, bem como as campinas roxas, os céus em fogo, a poeira azul, a chaga escura e o negro sol.
 
Neste mundo tão intensamente colorido, tudo se abre para a natureza e os seus segredos - e este poeta lírico, que tão bem sabe falar do vento e das trevas, consegue uma nota pessoal e estranha, tocada de não sei que ingenuidade, que dá a sua poesia um aspecto inédito entre nós. Algumas vezes, e de longe, lembra o Sr. Augusto Frederico Schmidt: - é que a compreensão da Poesia que o Sr. Elcio Xavier tem, assemelha-se à revelada pelo cantor da "Estrela Solitária". Para ambos, o poeta, destinado a uma missão superior, possui um caráter excepcional e divino.


Não sei qual a experiência que este jovem poeta tem da vida e nem qual o seu exato conhecimento das coisas. Mas julgo que, possivelmente, não ignora ele que o verdadeiro quinhão do poeta neste mundo, qualquer que seja sua maneira de pensar, é o sofrimento. Renegá-lo seria trair o que de mais íntimo e belo existe dentro de si. Renegá-lo seria mutilar uma personalidade que nunca poderia vicejar amplamente noutros terrenos da vida. Gostaria, no momento de fechar este artigo, saudar no poeta que acaba de estrear, um autêntico valor da moderna Poesia Brasileira. É que "O Véu da Manhã" parece-me conter realmente algo destinado a marcar o seu aparecimento como um dos acontecimentos literários dos últimos anos
".

Élcio não se sobressai apenas na literatura, mas sua dedicação à história, especialmente de sua terra natal, o envereda também para o resgate da própria epopéia da família Xavier que aqui chegou, no fim do século XIX.



O prédio histórico construído no final do século XIX, e que foi residência de Waldemar Sigismundo Xavier e Elvira Cerqueira Xavier, pais de Elcio Xavier


Tela da consagrada artista plástica mineira Fânia Ramos registra o momento em que bonjesuenses, liderados por Carlos Xavier de Aquino (sentado), proclamaram, onde está situado o prédio do Big Hotel, no dia 20 de junho de 1892, a autonomia de Bom Jesus do Itabapoana, desafiando o governador Thomaz Porciúncula, que cassara nossa emancipação no dia 8 de maio do mesmo ano (acervo do ECLB)
 Élcio Xavier é filho de Waldemar Sigismundo Xavier, também bonjesuense, e Elvira Cerqueira Xavier, mineira de Muriaé, e neto de Samuel e Baldina, tradicionais membros da Família Xavier. É bisneto de Carlos de Aquino Xavier, uma das lideranças do processo da tentativa de manutenção de nossa primeira emancipação, em 1892.


Waldemar Sigismundo Xavier, pai de Élcio Xavier



Samuel de Aquino Xavier e Baldina, avós de Elcio Xavier, em 1935, vendo-se, ao fundo, parte da serraria


Madeira para a construção da primeira ponte, em 1885, foi doada por Carlos de Aquino Xavier. Esta foi destruída em 1906, por uma grande enchente. Na foto, a segunda ponte de madeira (acervo: Ricardo Teixeira)
Élcio Xavier e a saudosa Gedália, na Praça Governador Portela, em Bom Jesus do Itabapoana
Júlio de Aquino Xavier, pai de Samuel Xavier, e Carlos de Aquino Xavier, pai de Baldina: dois dos três irmãos que vieram para a região do Vale do Itabapoana, ajudando a desbravar as matas, no final do século XIX
Carlos de Aquino Xavier de Aquino, bisavô de Élcio Xavier, liderou um movimento de rebeldia em Bom Jesus do Itabapoana, no dia 20 de junho de 1892, quando o então governador Thomaz Porciúncula cassou nossa emancipação e nos tornou distrito de Itaperuna. Foram nomeados prefeito e vereadores pelos insurgentes, assim como realizados atos administrativos. A rebelião durou um período de cerca de dois anos.

  A partir de 1950, Élcio Xavier passou a integrar o grupo de intelectuais que colaborava com a Revista Branca, que contava, entre seus apoiadores, com escritores de relevância da literatura brasileira como Augusto Frederico Schmidt, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, José Lins do Rego, João Cabral de Melo Neto, entre outros. É "um dos poetas mais puros e refinados que este país já produziu", no dizer do consagrado intelectual Delton de Mattos.



Casado com a professora Gedália, filha de Mário Loureiro, coletor estadual em Bom Jesus do Norte (ES) e de Maria da Conceição Loureiro, constituiu uma bela família com 5 filhos: Regina - psicóloga, Rogério - funcionário da Petrobrás, saudosa Raquel - jornalista, Rosete - arquiteta e Rita de Cássia - médica, 
Elcio Xavier e os filhos Rogério Loureiro Xavier, Rita de Cássia Loureiro Xavier Kisukuri, Regina Loureiro Xavier e Rosete Loureiro Xavier Nascimento, no Espaço Cultural Luciano Bastos
12 netos e 3 bisnetos.


Em 2018, Élcio Xavier publicou em O Norte Fluminense um texto histórico sobre as liras bonjesuenses da nossa cidade, desde o ano de 1880, que a seguir transcrevemos.


LIRAS BONJESUENSES



            Era uma leve e tranquila tarde de agosto de 1950. Eu gozava merecidas férias em Bom Jesus.
            Em casual encontro de meu avô, Samuel (músico na juventude), meu tio Levy (extraordinário trompetista, maestro e compositor) e o neto autor destas linhas, discutíamos banalidades, quando o som longínquo de uma Banda deslizou sobre as águas do velho Itabapoana. Foi o estopim para se falar entusiasticamente sobre Liras Musicais.
            O avô, emocionado, lembrou da primeira Banda do Arraial e se fixou na segunda, de 1890, onde atuara com seu bombardino. E falou também sobre outras corporações musicais que surgiram ao longo dos anos. Levy, com o entusiasmo de um jovem, descreveu sobre as Bandas que encheram de alegria e desilusões sua vida de músico.
            Falou-se também das Bandas de cidades e vilas que circundam Bom Jesus, e das bandinhas de curta vida, montadas para abrilhantar as festas da Aldeia.
   Dessa reunião, programada pelo acaso, saiu a relação abaixo que estava gravada na lembrança de cada um deles com detalhes que enriqueceram a grandeza dessas citações tão valiosas para a memória de nossa terra.
   Eis, a seguir, de forma sucinta, a relação das Bandas que despertavam a Vila em suas alvoradas, alegravam a Praça da Matriz e enchiam de orgulho o ordeiro povo bonjesuense.

1ª BANDA - criada em 1880, porém de curta duração.
Maestro: Feliz (Felix Joaquim de Souza Machado, um excepcional  
músico de grandes virtudes)
Componentes:
Candoca (Carlos de Aquino Xavier Júnior) grande pistonista. Tocava qualquer instrumento; Quincas Bastos(Joaquim Sérgio Bastos);Nhonho Fragoso (José Candido Fragoso);João Fragoso;João Reduzino; Eusébio Sales – Grande pistonista e outros nomes não lembrados.
           
2ª BANDA - organizada em 1889(1889 - 1895) - BANDA DOS GAROTOS
Maestro: Feliz (Felix Joaquim de Souza Machado)
Componentes:
Samuel Xavier; Júlio Xavier; Adílio de Aquino;Aniz de Aquino;José Xavier Leite; Virgílio Xavier Bastos; Amado dos Santos;Roldão dos Santos; Aristides Reduzino; Francisco Bifano e outros nomes que a memória não reteve.
           
3ª BANDA -(junho de 1911 até 1915 ou 1916)- LIRA DA MOCIDADE
Fundador:Padre Mello
Maestro:Alfredo Brasil (grande requintista)
Componentes:
Lauro Paranhos;Antenor Benigno;Roldão dos Santos;Amado dos Santos;Juvencio José Teixeira;Aristides da Silva;Euclides Xavier Bastos, Juvenal Xavier Bastos e José Xavier Bastos (filhos do Candoca);Lauro Pimentel;Mertídio Ginger e outros nomes que a memória não reteve.

4ª BANDA -(fim de 1911 / início de 1912 até 1914) - LIRA DEMOCRATA
Maestro: Júlio de Aquino Xavier (grande clarinetista - tocava
qualquer instrumento)
Componentes:
Eustáquio da Silva (Taco);Nominato da Silva;Amado dos Santos;Euclides Xavier (filho do Candoca);Homero Xavier (filho de Samuel A. Xavier); Antenor de Oliveira; Aristides da Silva; Carolino Hanman; Horácio Elias de Moraes;Mertídio Ginger e outros nomes que a memória não reteve.

5ª BANDA - (1918 a 1919) - LIRA DO COMÉRCIO
            Esta Banda foi incorporada à BANDA DO TIRO 307.
Maestro:Peixoto
Componentes:
Amado dos Santos;Roldão dos Santos;José Bastos Xavier (Juca do Candoca);Homero Xavier (irmão de Levy);Lauro Paranhos;Florestan Alves de Freitas;Antenor de Oliveira;Nilo Constantino da Silva;Cornélio Teixeira;Pedro Borges eoutros nomes que a memória não reteve.

6ª BANDA - (1920 a 1921)- BANDA DO TIRO 307
Talvez a melhor já fundada em Bom Jesus.
Maestros: Peixoto - melhor músico aparecido em Bom Jesus; tocava qualquer instrumento com perfeição; Benedito Marques e Leopoldo Muylart
Componentes:
Grupo de 28 músicos, entre os quais:
Homero Xavier; Gil Xavier; Levy Xavier; José Bastos Xavier; Oswaldo Santos; José Elias de Moraes; Roldão dos Santos; Amado dos Santos; Nilo Constantino da Silva; Lauro Paranhos; Cornélio Teixeira; Florestan Alves de Freitas; Antônio Oliveira; Manduca.

7ª BANDA - (1921 a 1922) - LIRA DOS OPERÁRIOS
Maestro:Leopoldo Muylaert - que organizou em 1922, a primeira
orquestra que tocava no Cinema Bom Jesus durante as 
sessões.
Componentes:
Esta Banda foi criada pelo Centro Operário, incorporando todos os
músicos da 307.

8ª BANDA -(1926 - 1931)- LIRA FUTURISTA
            Foi a melhor Banda, depois da BANDA DO TIRO 307.
Maestros:     Leopoldo Muylart  - de 1925 a1926;Baêta Filho;Clóvis Brandão eNilo Constantino da Silva.
Componentes:
José Bastos Xavier (Juca);Levy Xavier; Homero Xavier (irmão de Levy);Adalto Xavier (irmão de Levy);Walter Rosa;Hermogenio Rosa;João Soares Lucas;José Malaquias;Ludgero Costa;Manoel Sérvulo;Júlio Barreto; Roldão dos Santos;Nilo Constantino da Silva;Lauro Pimentel;Nelson Medina;Raymundo Gomes;Cornélio Teixeira e outros nomes que a memória não reteve.
           
9ª BANDA LIRA OPERÁRIA BONJESUENSE
            Fundada em 02/05/1940, com o nome de Sociedade Musical União Operária.
            Em agosto de 1941 passou a se chamar LIRA OPERÁRIA BONJESUENSE.
Maestros:     José Cirino Júnior;Alberto Peçanha; Levy Xavier;Nilo Constantino da Silva;Ramon Rodrigues; Álvaro Nunes Fiori eNilo Rodrigues de Oliveira.
                                  
Primeiros Componentes que a memória registra:
Criveland Araújo;José Elias de Moraes;Ronaldo Silveira Araújo;Samuel Cerqueira Xavier;José Marques;Walter Boechat;Walter Rosa;Antonio Raimundo;Arlindo Silva;Roldão dos Santos;Cornélio Teixeira;Itamar S. Xavier;José Pendé.

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NOTA ESPECIAL DE 2018
Vale ressaltar, emocionado, a vitoriosa trajetória dessa briosa Lira Operária Bonjesuense, berço da formação de grandes músicos ao longo de sua quase centenária existência.
Meu fraterno abraço ao amigo Maestro Nilo, condutor atual da nossa querida “Furiosa”.
           

Élcio Xavier e o Maestro Nilo Rodrigues


Em 2018, Élcio Xavier brindou o jormal O Norte Fluminense com outro belo texto histórico, esclarecendo sobre a personagem de Tenente José Teixeira, que dá nome a uma de nossas principais ruas,
 assim como demonstrou a importância  do prédio do atual Big Hotel, como se verifica a seguir.

MEMÓRIAS DE BOM JESUS


O BAILE DA PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA

Elcio Xavier

         Bom Jesus era um pequeno Arraial com forte espírito republicano, razão pela qual a Proclamação da República em 1889 foi motivo de grande júbilo para a população local, comemorada de maneira muito especial: forte agitação cívica, grande queima de fogos de artifício e um estrondoso baile, realizado na bela residência do Tenente José Teixeira e sua esposa Dona Roza Alves Teixeira, em prédio construído na Praça Governador Portela, no ano de 1875 (atualmente ocupado pelo Big Hotel).
         Para esse baile foram abertos três salões do imponente solar, onde recebeu as famílias dos habitantes do Arraial e das fazendas do Vale do Itabapoana, que dançaram até o raiar do dia ao som de valsas, polcas (“2 de março” – “Uma coisa que rói”), tangos brasileiros (“Quem comeu da vaca...” – “Partindo para Mato Grosso”), executados pelo Conjunto Musical organizado pelo competente professor de música do Arraial, Maestro Feliz (Feliz Joaquim de Souza).
         É de se ressaltar que as moças usavam graciosos vestidos azuis com enfeites vermelhos ou vestidos brancos com adornos vermelhos ou azuis. Os jovens, bem aprumados, levavam sobre o paletó um cuidadoso laço de fita vermelho ou azul, dentre os quais se destacavam Dr. Abreu Lima, Coronel Pedroca, Arthur Vitorino, os irmãos Vieira de Rezende – Luiz, Pedro e Oscar, Francisco Bifano, Carlos Xavier, seu filho Carlos Xavier Júnior e seus genros os irmãos Joaquim e José Bastos.

Prédio do Big Hotel foi construído em 1875, pelo Tenente José Teixeira, proprietário de uma área, no entorno, muito religioso, e pai de numerosa prole

Élcio Xavier também lavrou importante testemunho sobre Padre Mello, de quem foi coroinha na Igreja Matriz Senhor Bom Jesus, extraído de seu livro de memórias, a ser lançado.
ÉLCIO XAVIER

Élcio Xavier e túmulo de Padre Mello, no interior da Igreja Matriz, no dia 02/05/2014



PINÇADOS DE “LEMBRANÇAS”*
Pág.5
.................
“Minha brusca mudança para Bom Jesus aos sete anos estava envolta em ligeiro mistério e muita curiosidade. De repente deixara o valão de águas inquietas; o canário do oitão da casa que ficava azul quando a chuva banhava suas alvas paredes; as estripulias pelo campo de distantes horizontes montado no leal parceiro “Ventania”... Ganhara uma residência com alpendre e alçapão sem luz; o morro para empinar papagaios; o fabuloso pomar de meus avós; a Escola (Ah! A Escola!) onde aflorou a timidez que levarei ao túmulo; e a Igreja com suas velas bruxuleantes e um Padre, figura sóbria de gestos e um olhar de paz, metido numa batina preta. Um padre, o Padre Mello, do qual me ocupo antes da Escola, por sua influência, silenciosa e quase imperceptível,que balizou meus dias de menino: o catecismo, o Círculo São Luiz de Gonzaga com suas opas vermelhas, a primeira subida à torre, onde em plácida quietude estavam os sinos que ora chamavam, estrepitosos, para as missas ou as ladainhas, ora murmuravam nas Ave Marias ou espalhavam o cantochão da morte para a derradeira viagem.
         Era um orgulho especial vestir a opa na Sacristia da Igreja, cercado pelos colegas e logo em seguida estar no altar durante a ladainha. Mas frustrava-me não acender o turíbulo para espargir o perfume do incenso pelo templo.
         Certa vez, já no ginasial, procurei Padre Mello e lhe pedi um artigo para o jornalzinho que fundáramos no colégio, uma escola de um protestante, o competentíssimo Professor Orlando. Recebeu-me com aquele jeito tranquilo, indagou do nosso propósito e ordenou que o procurasse na manhã seguinte. E, de fato, duas laudas sobre “QUE” nos aguardavam, além do sorriso puro e um abraço que ainda me comove. Padre Mello era um verdadeiro homem de Deus, um ecumênico, pleno de saber e amor ...”


*Trechos extraídos de “Lembranças...”, livro de memórias de Elcio Xavier.

Fotos históricas foram doadas também por Élcio Xavier ao Espaço Cultural Luciano Bastos, como a que integra a contracapa do 3o. CD de Música Bonjesuense produzido pela Editora O Norte Fluminense que segue adiante. A foto se refere a 20 juntas de bois, de Samuel de Aquino Xavier, transportando enorme tora de peroba rosa para sua serraria, em 1917, na Praça Governador Portela.



A par disso, doou sua preciosa biblioteca ao Espaço Cultural Luciano Bastos, assim como o da sua saudosa filha Raquel, ao que foi seguido também por seu primo, o Brigadeiro do Ar Sérgio Xavier Ferolla.
Élcio Xavier doou sua preciosa biblioteca ao ECLB: " quero transformá-la na mais qualificada da região"

Entre as relíquias doadas à entidade bonjesuense constam ainda o mapa de Bom Jesus do Itabapoana, produzido por Padre Mello na década de 1940, e os primeiros exemplares originais do jornal A Voz do Povo, tidos como

ADEUS A GEDÁLIA LOUREIRO XAVIER
Edição de 23 de outubro de 2008




Queridos amigos, nesse sábado, às 18:30h, Mãe Dala (minha querida avó) foi descansar ao lado do Pai.

Na próxima sexta-feira, dia 26 de setembro de 2008, às 20:00 h, será celebrada missa de sétimo dia, na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no bairro de Guaratiba, na cidade do Rio de Janeiro.

Aos 88 anos, com 62 de casada com o Pai Elcio (meu querido avô), ela deixou seu marido, 5 filhos, 12 netos e um bisneto, para descansar ao lado do Pai e reencontrar sua filha Rosália, seus pais, avós, irmãos e amigos que já se foram.

Sem inimigos, uma pessoa boníssima, que se preocupava com todos e rezava por todos sem esquecer ninguém.

Sua fé inabalável e sua força de viver são exemplos para muitos.

Eu sei que ela está bem melhor agora, mas não consigo imaginar como seguiremos sem ela por aqui...

Mãe Dala, muito obrigada por seu exemplo de vida, todos os seus ensinamentos, suas poesias, suas canções, suas histórias, as aulas de tricô e crochê, sua paciência infinita, seu sorriso sempre presente, sua maneira única de nunca reclamar de nada e nem de dor, suas receitas deliciosas, as raspas dos bolos na batedeira, os enxovais dos recém-nascidos, os fins de semana alegres com os primos no sítio, os "bom dia", "boa noite", "vai com Deus" e "Deus te abençoe" de todos os dias, o espelho nosso amigo, as novenas do Pai Eterno. Seus olhos lindos que me olharam até hoje com um brilho tão lindo não saem de minha cabeça.

Fecho os olhos e ouço "Deus te abençoe, minha filha".

Deus te abenço, minha mãezinha querida.

Mãe Dala, descansa em paz!

Um dia nos encontraremos e receberei novamente a sua bênção. Sentiremos sua falta, sentiremos muita saudade, não consigo nem imaginar. Mas prometo com todas as minhas forças fazer o que a senhora me pediu.

Por favor, amigos, rezem por ela.

Buscarei forças pra cuidar do Pai Elcio, da minha mãe, do meu pai, dos meus irmãos e do meu marido.

Beijos grandes...

Ranny 



ELCIO XAVIER lança  "O VÉU DA MANHÃ", no ECLB, EM NOITE MEMORÁVEL
(postagem neste blog em 1º/12/2013)

Élcio Xavier


Em noite memorável, Élcio Xavier, considerado o maior poeta bonjesuense de todos os tempos, e dos grandes do país, lançou, no dia 16 de novembro, no ECLB (Espaço Cultural Luciano Bastos), em Bom Jesus do Itabapoana (RJ), a 2a. edição do célebre livro "O VÉU DA MANHÃ".

O Véu da Manhã, em 2a edição

Amigos, parentes e admiradores marcaram presença no ECLB, em uma noite repleta de emoções.





 


 


Regina Loureiro Xavier, filha de Elcio, ao piano: uma noite de encantos





O blog do Espaço Cultural Luciano Bastos (www.espacoculturalluicianobastos.blogspot.com) fez o seguinte registro sobre o evento:

"Ao lado de amigos e familiares, o escritor Elcio Xavier lançou o livro O Véu da Manhã pela Editora O Norte Fluminense, em segunda edição, neste sábado, no Espaço Cultural Luciano Bastos.

     Após agradecer a presença de todos e relembrar emocionado os momentos mais marcantes de sua vida, Elcio Xavier recebeu homenagem carinhosa da sobrinha e afilhada Iara Loureiro Laborne, de Gino Bastos e das primas Maria José e Lenice Xavier.

     A noite ficou mais especial ao som do piano de Regina Loureiro Xavier, filha do escritor, que contagiou os presentes e fez todos cantarem um repertório especialmente escolhido e dedicado aos familiares:

      Milidó, dedicada ao tio Levy Xavier (autor); Juntinho de Você, ao tio Samuel Xavier (autor); Suspiros e lágrimas, à bisavó Baldina Xavier; Rancho Fundo, ao avô Antonio Tinoco; Jangadeiro, à avó Maria da Conceição Loureiro; Branca, à avó Elvira Xavier; Boneca, à mãe Gedália Loureiro Pereira; Pobre Trovador, ao irmão Rogério Loureiro Xavier (autor); Chuvas de Verão, ao tio Celso Loureiro Pereira; Eu sonhei que tu estavas tão linda, à Maria José Rezende, mãe de Lucília Rezende e Perfídia, ao tio Haroldo Olive, marido da tia Shirley Loureiro
".








RAQUEL LOUREIRO XAVIER SOARES

Durante o evento histórico, Elcio Xavier lançou o livro escrito por sua filha Raquel Loureiro Xavier Soares, intitulado "ALMA INQUIETA", que retratou os momentos que lutou contra a doença que a acometeu, até seu passamento, em 2011.

Raquel Loureiro Xavier Soares, filha de Elcio Xavier e da bonjesuense Gedália Loureiro Xavier, foi escritora, poetisa, pintora, professora de inglês e literatura e jornalista com pós-graduação em Arte Dramática e Cinema. Conorme salientado na obra, "seu livro é o registro de sua luta contra a grave enfermidade que a abateu no seu melhor período de criação"

Poesias de Raquel Loureiro Xavier Soare retratam a "luta contra a grave enfermidade que a abateu no seu melhor período de criação"





O DISCURSO DE ÉLCIO XAVIER



"Boa noite, amigos e amigas!

É gratificante para mim ver este auditório repleto para um evento tão singelo: a entrega da segunda edição de um velho livro meu já esquecido no tempo.

Devo ressaltar que esta agradável reunião se deve ao persistente trabalho de persuasão do dinâmico Dr. Gino Bastos, superando os obstáculos que lhe antepus, sobretudo, o de rever meu passado de atividade literária.

Dessa batalha nasceu a segunda edição de "O Véu da Manhã". A este prêmio acrescento dois fatos relevantes:

1o.) a oportunidade de estar em Bom Jesus, neste templo da cultura - o antigo Colégio Rio Branco - hoje o vitorioso Espaço Cultural Luciano Bastos, que engrandece e valoriza de maneira altamente expressiva a tradição cultural de nossa cidade, e me apresentar aos meus conterrâneos, relembrando aquele tímido professorzinho-aluno do Instituto Euclides das Cunha;

2o.) o ensejo de esclarecer que a saída de minha terra natal naquele longínquo ano de minha mocidade, foi imposta pela necessidade de obter o certificado de reservista, sem o qual estava impedido de trabalhar. Vale lembrar que eu partira para meu exílio, mas levara comigo o puro amor da mais bela, mais culta e mais inteligente jovem bonjesuense: Gedália, professora brilhante, poetisa de grande inspiração, por quem clamo incessantemente.

Deixei esta cidade para uma ausência de dez meses, que se prolongou por três longos anos, em decorrência da Grande Guerra, retido no Forte de Copacabana. A saudade era cruel e nos transformara - Gedália e eu - em especiais autores de cartas, belas cartas, que ainda hoje me comovem e emocionam.

No Forte encontrei uma excelente biblioteca que me enchia as noites de um marulhar monótono e sem fim. Ali fiz bons amigos, também saudosos de suas terras, que me levaram aos sebos cariocas, grandes feiras de bons livros. Ali escrevi meus primeiros versos.

Em dezembro de 1944, após o término da Guerra, incluíram-me na primeira exclusão do contingente do quartel. Ocasião em que recebi a oferta de um emprego que me permitiria cumprir no Rio de Janeiro as juras de amor eterno com minha alma gêmea. Meu caminho no mundo das letras seguia com abundante produção e a convivência com amigos cuja amizade o tempo só reforçou.

Em 1945 já dispunha de dois livros montados, que transformei no "O Véu da Manhã". Publicá-lo foi muito difícil... sem recursos financeiros, amealhei por anos o capital para a primeira edição, que circulou em 1951, com ótima repercussão. O segundo, "Rosaquarium", fez parte da coleção de livros de poesia, conto e teatro, impressos em prelo manual, na sede da Revista Branca, grupo especial ao qual estive ligado por vários anos e onde fiz um círculo de amigos de grande fidelidade. Uma severa autocrítica me transformou em um poeta bissexto, reduzindo drasticamente minha produção, mas não impedirá que ainda lance meu novo livro.

Para concluir, reitero meu agradecimento ao dr. Gino e à sua irmã, dra. Cláudia, pela galhardia com que me receberam. Deixo também meu abraço fraternal ao Dr. Ayrthon, à Dra. Neumar, à Dra. Nísia, especiais membros da cultura bonjesuense e brasileira, assim como meu pleito de amizade e admiração pelos amigos não menos importantes Athos e Delton, bem como a outros autores de minha terra que escapam à minha velha memória.

Junto ao meu livro vocês receberão também o livro da minha filha Raquel, há dois anos longe de nós. Jornalista, professora de Inglês/Literatura, poetisa, contista premiada e, nas horas vagas, pintora de reconhecida inspiração, ela nos deixou este livro - "Alma Inquieta" - que é a história fiel do tormento que lhe causou sua grave doença, o lúpus eritematoso, que ora a deixava plena de alegria, seu temperamento normal, ora em profunda depressão.

Agradeço a presença de todos, pedindo desculpas pelas falhas de minha memória nonagenária".         



UMA CARTA DE ELCIO XAVIER



Da coluna de DELTON DE MATTOS, publicada em O Norte Fluminense, na edição de 04 de setembro de 1994

QUILÔMETROS DE LIVROS
...

"Rio.30.7.94. Meu prezado amigo Delton.

Nesta tarde sonolenta e triste deste último sábado de julho, cercado por pesado silêncio, revia papéis no meu arquivo quando deparei com seu inspirado artigo "Quando a lua ainda existia..." publicado no "Norte Fluminense".

Inapelavelmente voltei aos primeiros anos de minha vida para reencontrar nossa Serra do Tardin.

Revi-me menino de oito anos diante de minha casa muito branca, que assumia um tênue e belo azul quando as águas da chuva lavavam suas paredes.

Cavalguei célere, pelos pastos de longos horizontes meu dócil corcel trotão, Ventania, ora pastoreando o gado, ora cumprindo tarefas domésticas até a venda do sr. Dão, no pé da Serra.

Revivi os banhos nas cachoeiras e açudes do nosso valão, o futebol do negro Fulô e as aventuras plenas de pureza e alegria, junto aos quase irmãos da família Furtado, filhos de Dona Eufrázia, santa mulher; e os bailes na escola pública da Cachoeira, ao som da velha sanfona, onde jamais pude vencer a timidez que me impediu de aproximar das meninas do nosso pequeno e imorredouro mundo juvenil.

Nossos lugares eram extraordinariamente belos e graças ao Senhor ainda ilumina as nossas noites.

Passado o enlevo da longínqua juventude, responsável pelo lirismo que nos encheu a alma de perfumes e cores, desçamos no presente.

Vale aqui reiterar minha calorosa felicitação por sues atuais artigos no "Norte Fluminense", como já o fizera por telefone. Lamento apenas que não tivesse obtido o registro de sua candidatura, posto que já cabalava bons votos na minha aldeia, que é numerosa, para o amigo. Perde Bom Jesus e perde o Brasil, neste período tão crítico de nosso legislativo, um parlamentar culto e competente, alicerçado em ilibado caráter.

Seria gostos encontrá-lo agora em Bom Jesus, para matarmos saudades. Entretanto, estou de viagem marcada para Goiás na próxima semana. Sobre a Festa de Agosto, que poderia ser um elemento aglutinador para mim, não me atrai e posso lhe assegurar que me causou profunda decepção quando lá estive há dois anos.

Bom Jesus de hoje perdeu seu encanto e sua poesia: o Itabapoana está moribundo, a bela ponte é um monstrengo, o Calvário favelizou-se, a praça (nossa praça) é um terreiro de cimento, a majestosa igreja matriz está gradeada como fortaleza onde o cristão só penetra com hora marcada...

Nossa terra, meu caro amigo, perdeu suas tradições, o encanto e as luas do nosso passado. Teríamos condições de revivê-los?

Receba o afetuoso abraço deste seu velho amigo Elcio
".


NOTA DE DELTON DE MATTOs - Nunca é demais lembrar: Elcio Xavier é um primoroso poeta, um dos mais puros e refinados que este país já produziu. Se não tivesse deixado de escrever tão cedo, logo depois da publicação do seu notável livro "O Véu da Manhã", com toda certeza teria sido um dos nomes mais festejados da chamada "Geração de 45", ao lado, até com vantagem de um Geir Campos, Ledo Ivo e João Cabral de Mello Neto, dentre outros.

Que posso eu dizer de sua linda carta, que tanto me honra? Revejo-me em cada uma de suas linhas, na infância e na juventude.

Quando fala do seu corcel "Ventania". traz-me imediatamente o meu fogoso "Monarca". Companheiro das madrugadas em busca do Rio Branco, e quando se vê nos bailes da escola pública de Cachoeira, que eu tanto frequentei, relembro-me ali, também solitário, porém soberbo, envergando pela primeira vez o uniforme branco de botões dourados, costurado habilmente pelas mãos maternas.

Relembro também as lindas irmãs Furtado, queridas colegas minhas, que já se foram deste mundo... Não sei como retribuir ao Elcio o brinde dessas emoções.

Em todo caso, reproduzo abaixo o seu belíssimo poema "Pobre Jardim de Aldeia", que tive a satisfação de publicar em maio de 1950, às págs. 18 e 19, do no. 3 da revista ALLIANCE, por mim dirigida em São Paulo,além do mais com uma belíssima ilustração de Geraldo de Barros, mais tarde festejado pintor da Paulicéia, com vitoriosa exposição até em Paris:

POBRE JARDIM DA ALDEIA

Pobre jardim da aldeia
onde deixei meus oito anos
junto ao chafariz de trevos:
leva-me ao teu grande mar
neste solitário fenecer!
Quero rever o castelo marinho,
a tempestade, o primeiro encontro,
as rosas-fadas que me amaram
e as queixas dominicais
de tuas sombras frescas.
Falta-me o azul de tuas tardes
e sinto que não verei o luar.
Não encontro meu sangue
nas lutas que partem da noite,
Não tenho memória dos tempos nem vejo meu rosto na lagoa.
O mundo sucumbirá num suspiro se minha infância não regressar.


sábado, 20 de maio de 2017



NOITE HISTÓRICA EM HOMENAGEM A ÉLCIO XAVIER - LANÇAMENTO DA 2a. EDIÇÃO DE "ROSAQUARIUM"


                                 O dia 6 de maio de 2017 constituiu-se em outra data histórica para nosso município.

Neste dia, foi comemorado, no Auditório Dona Carmita, do ECLB (Espaço Cultural Luciano Bastos), o aniversário de Elcio Xavier, o maior poeta bonjesuense de todos os tempos, e um dos grandes vates do país, que completou 97 anos no dia 3 de maio. 




Para o evento festivo, aqui vieram, acompanhando seu pai, que reside em Guaratiba, no Rio de Janeiro,  os filhos Rogério Loureiro Xavier, Rita de Cássia Loureiro Xavier Kisukuri, Regina Loureiro Xavier e Rosete Loureiro Xavier Nascimento.




Na oportunidade, Elcio Xavier foi recepcionado calorosamente pelo público que lotou as dependências do ECLB. Em seguida, Gino Bastos saudou o mestre e leu para o público texto de Adonias Filho, membro da Academia Brasileira de Letras, que, em artigo intitulado "Poetas em Primavera", assinalou que o poeta bonjesuense "precisa ser lido no livro marcante que é O Véu da Manhã". Este texto está assentado no final desta postagem.


Os irmãos Gino e Claudia Bastos recepcionaram Elcio Xavier


Na noite festiva, ocorreu, ainda, o lançamento do livro ROSAQUARIUM, em segunda edição, outra obra de destaque de Elcio Xavier, patrocinado pela Editora O Norte Fluminense.


"ROSAQUARIUM" foi lançado em sua 2ª edição, pela editora O Norte Fluminense



Foram entregues, ainda, as premiações do concurso literário "Elcio Xavier e O Véu da Manhã", organizado pelo jornal O Norte Fluminense.

Colaboraram para o êxito do concurso a Academia Calçadense de Letras, através dos poetas Vera Maria Viana Borges, Edson Lobo e Maria Dolores Pimentel. Vera Viana, que é escritora, trovadora, sonetista e compositora bonjesuense, se fez presente, e, após declamar, com o brilho que lhe é peculiar, poesias em homenagem a Elcio Xavier, anunciou os premiados, que receberam do homenageado as medalhas e certificados. 

Vera Viana declamou e encantou Elcio Xavier


Elcio Xavier e Vera Maria Viana Borges: encontro histórico de dois grandes poetas bonjesuenses


Tereza Cristina de Lima Nazareth de Jesus, do Colégio Estadual Luiz Tito de Almeida, do distrito de Rosal, conquistou o 1º lugar com a poesia "Elcio Xavier - Além dos olhos"


Suelyr Reis da Silva alcançou o 2º lugar com a poesia "O Ecologista"


Abraham Novaes Alves, do Colégio Estadual Padre Mello, conquistou o 3º lugar com a poesia "O VÉU DO AMANHÃ"

Kasthiliane Aparecida Brambila Rabelo, do Colégio Estadual Governador Roberto Silveira, recebeu Menção Honrosa com a poesia "Elcio Xavier"


Elcio foi celebrado, também, pela Lira Operária Bonjesuense, comandada pelo Maestro Nilo de Souza, que levou os músicos para festejarem o aniversário do mestre.


Elcio Xavier e sua filha Rosete
 recepcionaram a Lira Operária Bonjesuense na chegada ao ECLB




Lira Operária Bonjesuense, comandada por Nilo de Souza, homenageou Elcio Xavier, no pátio do ECLB


A Escola de Música JEMAJ, dirigida por Anizia Pimentel, levou Elcio Xavier a emocionar-se diante da apresentação dos jovens músicos e da declamação da diretora da entidade.



Escola de Música JEMAJ homenageou e emocionou Elcio Xavier


Anizia Maria Pimentel, diretora da Escola de Música JEMAJ, declamou poesia de Elcio Xavier



Os filhos de Elcio Xavier aproveitaram o evento para homenagear o ECLB, com o discurso abaixo.



Família Xavier prestou homenagem ao ECLB

          Boa noite!

         Hoje, neste dia especial, em que nosso pai é homenageado com o lançamento da 2ª edição do seu livro “ROSAQUARIUM” pela Editora O NORTE FLUMINENSE, como também a premiação aos vencedores do concurso “ELCIO XAVIER e o VÉU DA MANHÔ,queremos agradecer ao ESPAÇO CULTURAL LUCIANO BASTOS.

Agradecer por sua existência, por este trabalho lindo que tem feito pelo Município de Bom Jesus do Itabapoana, resgatando a história e a cultura deste que é o berço de muitas histórias e personagens de grande valor.

         E como agradecer a tudo isso? Pedindo a Deus que continue abençoando a todos vocês, dando saúde e força para que continuem com essa obra magnífica que leva cultura a todos, bonjesuenses ou não, através de diversas atividades de alta qualidade, com suas exposições, concursos literários, recitais, saraus e tudo mais.

Agradecemos ao Dr. Gino, às suas irmãs Cláudia e Paula, e a todos os colaboradores, que têm dedicado seu tempo para homenagear o nosso pai, Elcio Xavier.

Homem simples, avesso a grandes homenagens, mas que não tenham dúvida, está muito emocionado com tudo que vocês têm feito por ele.

É uma honra para a nossa família estar aqui hoje.

         Obrigada!Obrigada pelo carinho com o papai!



Família Loureiro Xavier



Bom Jesus do Itabapoana, 06 de maio de 2017.


Elcio Xavier: ícone da nossa literatura






Élcio Xavier, emocionado, agradeceu a homenagem a todos, e leu o discurso que segue. 



        DISCURSO DE ÉLCIO XAVIER


               Boa noite para todos!

            Faltam-me palavras para me expressar diante desta extraordinária acolhida em minha terra natal, quando me propus estar aqui apenas para lhes oferecer meu pequeno livro. Não sei proferir discursos vibrantes, eloquentes, mas um especial agradecimento, saído do coração de um idoso que escreve poesias, e se habituou na convivência singela com os amigos ao longo dos anos que o Criador lhe tem presenteado.

            Nesta oportunidade lembro-lhes que jamais quis ser o maior, mas apenas dar o melhor de mim naquilo que faço para usufruir do reconhecimento dos amigos.

           Emocionam-me profundamente os acordes de nossa veterana e querida Lira Operária.Sou membro de uma família de músicos de real valor. Tenho a música no sangue.

           Obrigado, amigo Nilo! Só posso lhe pagar esta alegria, aqui, agora, com um fraternal e apertado abraço.

        Aos membros da Escola de Música JEMAJ, belo exemplo de competência e bom gosto, com bela e impecável apresentação, meus agradecimentos e o abraço fraternal a cada um dos seus músicos.

                Queridos jovens poetas:

         Vocês me transportam à minha juventude, quando escrevi meus primeiros poemas.

              É o início de um belo caminho, via que raramente tem retorno e nunca terá fim, onde as flores estarão misturadas aos espinhos, mas conforta a alma.

               A poesia tem me alimentado e me afagado ao longo de minha vida.E sempre encheu meus momentos de graça ou de tédio, de forma silenciosa, íntima, fluindo sem a interferência do cérebro. Não sei viver sem ela, que transborda de minha alma.

           “A poesia acontece. ” – como disse João Gaspar Simões. Nós não a inventamos; ela é um estado de graça, que nos presenteia com o poema.

           Fico, realmente vaidoso ao ver que meu velho “O Véu da Manhã” serviu de tema para vocês se expressarem de forma tão brilhante. Aos premiados e todo o grupo, apresento meu mais caloroso voto de alegria por sentir que a poesia sobrevive apesar dos percalços que nos envolvem e das previsões sombrias do futuro.

         Escrevam, sem se preocupar com a crítica, que costuma ser ingrata, mas não seca os corações dos poetas. Leiam, leiam muito, posto que a leitura é o berço que embala nossos sentimentos.

           Recebam cada um de vocês meu fraternal abraço com os votos de que de seus corações sairão muitos poemas.

  Felicito os colegas acadêmicos calçadenses Maria Dolores Pimentel, Edson Lobo e Vera Maria Viana Borges, pelo resultado do difícil trabalho que é julgar poesias entre 19 concorrentes demonstrando especial sensibilidade poética.

         Felicito e louvo também o Norte Fluminense ao criar este concurso, forma pura e indiscutível de promover a cultura de nossa juventude. E homenageio este especial Centro de Cultura, de que deve se orgulhar nossa Bom Jesus, ao se igualar aos melhores polos do saber das grandes capitais.

         Muito obrigado a todos!



Élcio Xavier, 06/05/2017

Ao final, cantou-se parabéns para o vate, que soprou as velinhas do bolo.


Elcio Xavier soprou as velinhas do bolo

Vejam outras fotos do evento histórico.












Elcio Xavier e Maria Beatriz, diretora do Centro Cultural Maria Beatriz, de Laje do Muriaé (RJ)




Elcio Xavier, entre Anizio e Anizia



    

Três gerações saúdam o mestre: Gisele Magalhães, Ciléia Abreu e Beatriz de Fátima



Tereza Cristina de Lima Nazareth declama a poesia vencedora para Elcio Xavier


FEIRA LITERÁRIA DE PIRAPETINGA, EM 2019, FOI EVENTO DE REPERCUSSÃO NACIONAL



O encontro entre dois grandes nomes da literatura nacional, Élcio Xavier e dr. Norberto Seródio Boechat,  por ocasião da FLIPir, tendo, ao fundo, o imponente casarão do século XIX, em Pirapetinga de Bom Jesus

A homenagem que a 2ª FLIPir (Feira Literária de Pirapetinga), ocorrida no distrito de Pirapetinga de Bom Jesus, entre os dias 03 a 05 de maio, prestou a um dos maiores poetas brasileiros, o bonjesuense Elcio Xavier, serviu como ocasião para um encontro histórico com um dos maiores cronistas brasileiros, o bonjesuense/pirapetinguense dr. Norberto Seródio Boechat.


  Foto: Frederico Sueth
Elcio Xavier e dr Norberto Seródio Boechat, na paradisíaca residência deste, em Pirapetinga de Bom Jesus: o encontro de dois monstros sagrados da literatura brasileira


Adonias Filho, membro da Academia Brasileira de Letras, escreveu sobre Elcio Xavier: "Este poeta, que insisto, precisa ser lido no livro marcante que é o Véu da Manhã, não se projeta apenas no lirismo simples, na espontaneidade que denuncia em seus poemas como atos inevitáveis. É um poeta que penetra na análise, sempre simples e humana, mas investiga aquele subsolo que caracteriza a poesia como uma descoberta. Extraordinário sem a menor dúvida... Elcio Xavier é um poeta à margem das escolas e dos grupos..."

O dr. Norberto Seródio, por sua vez, homenageado na 1ª Edição da FLIPir, integra o consagrado PEN (Poesia, Ensaio ou Narrativa) Clube, uma associação mundial de escritores, fundada em Londres, em 1922, que congrega cultores da palavra em 150 centros do mundo. No Brasil, Nélida Pinon, da Academia Brasileira de Letras, integra a entidade.

Nascida a partir de um movimento popular, através do grupo "Resgatadores da Cultura, Pirapetinga de Coração", integrado por Mariana Cypriano, Júlia Machado, Juliana Machado, Anizia Maria Pimentel, Júlio César Barbosa, Daniel do Valle, Lauro Amaral e Bruno Cypriano, a Feira Literária mostrou toda a sua força em sua segunda edição, com o apoio da Prefeitura Municipal, da Secretaria de Cultura e de diversos colaboradores.


Uma programação rica e variada brindou o público que teve o privilégio de participar desses momentos acenadores para um futuro de esperança na formação de um povo culto.

A abertura do evento, realizada no dia 3 de maio, contou com o lançamento de três livros escritos por alunos da Escola Municipal Seródio Boechat: "Plantas Medicinais", com orientação das professoras Thaís e Ana Paula, "Releitura do livro ABC - Coleção Mais Cores", sob orientação da professora Maria José, e "O meu livro é assim...", sob orientação da professora Sandra Borges, inspirado no livro da professora Rita Côgo, de Muniz Freire (ES).

A noite ofereceu a todos os presentes um grande espetáculo apresentado por Beto Travasso, no acordeon, Herbert Cock, ao violino, e Allan Lara, na percussão.

Na manhã ensolarada do dia 4, chegou Élcio Xavier, que completara 99 anos no dia anterior. Ele foi recebido, juntamente com filhos e amigos, pelo dr. Norberto Seródio Boechat, que os acompanhou, primeiramente, até o precioso Museu da Imagem, fundado por este e seus irmãos no dia 2 de dezembro de 1993. Em seguida, Elcio foi levado até à paradisíaca residência do dr. Norberto, onde ambos puderam trocar suas ricas experiências.

O início da homenagem a Élcio Xavier ocorreu com alunos da Escola Municipal Iracema Seródio recitando suas poesias, e com a narrativa de sua trajetória de vida. 

O vate, emocionado, ao usar da palavra, acabou abandonando o texto que preparara, e relatou episódios de sua infância na Serra do Tardin, e sobre a sua ida ao Rio de Janeiro para prestar o serviço militar, época em que passou a ter contato com nomes importantes da literatura nacional, o que fez com que se devotasse à poesia.

Ao final, Élcio surpreendeu, homenageando os homenageadores com uma placa de reconhecimento e agradecimento.

A jovem escritora bonjesuense Ana Caroline Barroso, que fez sucesso nacional com o livro infanto juvenil "Marcas de Sangue", esteve presente ao momento histórico, e anunciou que está captando recursos para o lançamento de sua nova obra, que promete repetir o êxito da primeira. Tratou-se de um encontro memorável entre gerações de escritores bonjesuenses.





Mariana Cypriano, Juliana Machado, Anizia Maria Pimentel, Júlio César Barbosa, Élcio Xavier, Daniel do Valle, Lauro Amaral e Bruno Cypriano: o homenageado, Elcio Xavier, homenageou os homenageadores 

Foto: Rogerio Loureiro Xavier


Foto: Rogerio Loureiro Xavier








Elcio Xavier e Ana Caroline Barroso: encontro memorável entre duas gerações de grandes escritores bonjesuenses, com suas obras sobre a mesa

Foto: Rogerio Loureiro Xavier












Foto: Frederico Sueth
Laércio Andrade de Souza, bonjesuense da Academia Itaperunense de Letras, e Élcio Xavier
















A bonjesuense Eliane Reis é autora de diversos livros para crianças

Dr Norberto Seródio Boechat transmite o grande legado que recebeu às novas gerações







      Foto: Rogério Loureiro Xavier

   







Élcio Xavier na residência do Dr Norberto Seródio Boechat



       Foto: Rogério Loureiro Xavier

     Fotografia: O Norte Fluminense

      Foto: Rogério Loureiro Xavier
 Foto: O Norte Fluminense

   Foto: O Norte Fluminense


     Fotos: Rogério Loureiro Xavier











Élcio Xavier no Museu da Imagem


   Fotos: Rogério Loureiro Xavier








  Fotos: O Norte Fluminense


               









      Foto: Rogério Loureiro Xavier




Na Festa de Agosto de 2019, a Tenda Cultural Élcio Xavier realizou merecida homenagem ao vate bonjesuense. O jornal O Norte Fluminense publicou a seguinte matéria.


A Tenda Imortalizada de Elcio Xavier



Élcio Xavier: um dos grandes poetas do país participou de um Bate-papo histórico


Se uma tenda pode ser entendida como uma barraca desmontável, a Tenda Cultural Elcio Xavier, estabelecida na Praça Governador Portela, por ocasião da Festa de Agosto, pode ser compreendida, pelas dimensões de sua repercussão, como uma uma Tenda Imortalizada.


A escolha do Secretário de Cultura,  Turismo e Urbanismo, Bob Flávio, e  do prefeito Roberto Tatu do nome do prestigioso poeta, com 99 anos de idade, não poderia ter sido mais adequada. Com efeito, Élcio Xavier é um bonjesuense considerado um dos grandes poetas do país.


Viúvo da saudosa professora Gedália Loureiro, filha de Mário Loureiro, coletor estadual de Bom Jesus do Norte (ES) e Maria da Conceição Loureiro, teve cinco filhos: Regina, psicóloga, Rogerio, funcionário da Petrobrás, Raquel, jornalista, Rosete, arquiteta, e Rita de Cássia, médica, com inúmeros netos e bisnetos.


No Bate-papo com Elaine Borges, Antonio Soares Borges e Gino Martins Borges Bastos, às 14h do dia 17/08, Elcio discorreu sobre a chegada da família Xavier à nossa região, no final do século XIX, e falou sobre o início da formação de Bom Jesus do Norte.

Segundo Élcio, o seu bisavô, Carlos de Aquino Xavier, mineiro de Mar da Espanha, se instalou em 1872 à margem esquerda do rio Itabapoana, em Bom Jesus do Norte (ES), estabelecendo a fazenda Jardim. Carlos teve 15 filhos, entre os quais a sua avó Baldina, que se casou com o seu primo Samuel, avô e filho de Júlio Aquino Xavier.


Élcio recordou que, em 1885, foi inaugurada a ponte de madeira sobre o rio Itabapoana, em que parte da mão de obra e todo o madeirame foi fornecido por Carlos Xavier.


Madeirame da ponte de madeira foi cedida por Carlos Xavier


Lembrou do tempo em que residiu na Serra do Tardin, com recordação especial do seu cavalo Ventania, perenizado em uma de suas poesias.

Recordou-se, ainda, da época em que estudou no Instituto Euclides da Cunha, em Bom Jesus, do professor Orlando Azevedo, ocasião em que aprendeu a manusear um prelo manual.

Sua saída de Bom Jesus ocorreu para prestar o serviço militar no Rio de Janeiro, aos 18 anos de idade, no Forte de Copacabana, ocasião em que despertou para o gosto pela literatura, sendo apresentado a escritores como Adonias Filho, Otávio de Faria e Lúcio Cardoso, entre outros. Não obstante isso, seu coração por aqui ficou, apaixonado pela "mais bela mulher que conheci", a sua futura esposa: Gedália.


Recordou-se de Delton de Mattos, outro grande escritor bonjesuense, e falou sobre as qualidades para se tornar um poeta.

Élcio se disse emocionado por duas ocasiões. Uma, quando observou a apresentação das crianças da Escola de Música JEMAJ Musical, comandadas por Anízia Maria Pimentel: "foi uma apresentação digna, que emociona, com as crianças apresentadas como elas são". A outra foi quando conheceu o Memorial do Imigrante, uma obra "de primeiro mundo".


O público também participou ativamente do Bate-papo, interrompendo o mestre com comentários e perguntas.


As inúmeras atividades culturais qualificadas, que ocorreram na Tenda Cultural Elcio Xavier, durante a Festa de Agosto, constituíram um todo harmônico, como se fosse uma grandiosa sinfonia de Beethoven.


Com Élcio Xavier, o ser incomum é descoberto, pelo público, com o brilho que sua própria imagem revela.


Élcio Xavier é um convite ao mundo para que também sejamos incomuns, como ele.





Bate-papo com Elcio Xavier foi concorrido


Elaine Borges, Antonio Soares Borges e Gino Martins Borges Bastos participaram do Bate-papo com Elcio Xavier


Élcio Xavier, Antonio Soares Borges e Jailton da Penha, da Academia Bonjesuense de Letras e a historiadora Elaine Borges




Elcio Xavier foi homenageado pelo Secretário de Cultura, Turismo e Urbanismo, Bob Flávio


BANDA REIVAX



Após o Bate-papo, a Banda Reivax (Xavier ao contrário), da família Xavier, apresentou um grande show, que encantou a todos. 

Deve ser ressaltada a música "Canção para o Pai Élcio", que contagiou o público. Ela foi composta pelo seu genro Valter Kisukuri, médico de São Paulo, casado com Rita de Cássia Loureiro Xavier, quando Elcio completou 97 anos. 

 O compositor assinalou, na época:            "música composta em comemoração aos 97 anos do nosso amado pai Élcio, pelo seu genro Valter Kisukuri e família".


Através da palavra e da música, a família Xavier dá provas de que a construção de um mundo diferente é possível!

Os sonhos de Élcio Xavier, em um  período histórico  de graves retrocessos socioculturais em que vivemos, são atuais e essenciais, como instrumentos de transformacão da sociedade. O Norte Fluminense parabeniza, com orgulho, Élcio Xavier, desejando a ele muitos anos de vida!!

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