sábado, 26 de setembro de 2020

A dor que a minha alma sente...


 A dor que a minha alma sente...

Não a saiba toda a gente...

Que estranho caso de amor...

Que desejado tormento...


Que venha a ser avarento,

Das dores da minha dor!


Por me não tratar pior,

Se sabe ou se sente, não a digo a toda a gente!


Minha dor e a causa dela.

A ninguém ouso falar.


Que seria aventurar,

A perder-me ou perde-la,

Pois só em padece-la a minha alma está contente.


Viva no peito escondida... Dentro da alma sepultada...

Ou me mate... Ou me dê vida...

Ou viva eu triste ou contente,

Não quero que saiba a gente!


Luís de Camões


Enviado por Antonio Soares Borges

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