“Pois Deus amou tanto o mundo, que entregou seu Filho único, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” João 3,16
É comum dizer da Semana Santa: recordação da paixão, morte e ressurreição de Cristo. De fato é. Entretanto, soa aos meus ouvidos como alguém que, perguntado sobre a água, respondesse apenas: H₂O, esquecendo-se de que a água é vida, que sem ela morreríamos de sede, que sem suas fontes não teríamos os rios, a beleza das cachoeiras, enfim. Portanto, mais do que a recordação de fatos ocorridos há longínquos e impessoais 2.000 anos, nós celebramos um mistério: o Mistério da nossa redenção e salvação, da vitória da vida sobre a morte, conquistada no altar da Cruz por Jesus Cristo, Nosso Senhor, em seu incomparável amor pela humanidade. Celebramos, precisamente, o Mistério do Amor de Deus por nós e o fazemos de forma litúrgica.
Antes de discorrer sobre Mistério e Liturgia - como exige o texto - é preciso reiterar com toda convicção que, para nós cristãos, Jesus não é “apenas” um profeta, um mestre que nos ensinou belas lições, um homem bom. Jesus é tudo isso, mas, antes e acima, é a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, o Verbo Eterno, que assumiu a nossa natureza humana; é o Filho de Deus humanado, nascido da Virgem Maria, Verdadeiro Deus e Verdadeiro Homem, Deus de Deus, Luz da Luz. Podemos seguramente dizer, com Pedro: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus Vivo” e, complementar, numa confissão pessoal e emocionada, como Tomé ante às chagas do Crucificado mantidas no corpo do Ressuscitado - para provar se tratar da mesma Pessoa -: “Meu Senhor e meu Deus!”
E por que reiterar a divindade de Jesus? Para que se compreenda que cada gesto, cada ato tem valor eterno. Tem o tamanho, o sentido, o relevo e a importância de um Deus que “tendo amado os seus, amou-os até o fim.”
É de Pascal a significativa frase: “Com a fé vejo mistérios, sem a fé vejo absurdos.” Mistérios de fé não são impenetráveis; são inesgotáveis. Na Semana Santa mergulhamos no Mistério Pascal. E aqui deixo falar o Catecismo da Igreja Católica: “Na liturgia da Igreja, Cristo significa e realiza principalmente seu mistério pascal. [...] O Mistério Pascal de Cristo, ao contrário, não pode ficar somente no passado, já que por sua morte destruiu a morte, o tudo o que Cristo é, fez e sofreu por todos os homens participa da eternidade divina, e por isso abraça todos os tempos e nele se mantém presente. [...] É por isso que a Igreja, particularmente no advento, na quaresma e sobretudo na noite de Páscoa, relê e revive todos esses grandes acontecimentos da história da salvação no “hoje” de sua liturgia. [...] A liturgia cristã não somente recorda os acontecimentos que nos salvaram, como também os atualiza, torna-os presentes. O mistério pascal de Cristo é celebrado, não é repetido; o que se repete são as celebrações; em cada uma delas sobrevém a efusão do Espírito Santo que atualiza o único mistério.” Pelo Mistério da Encarnação, meus irmãos, o Eterno entrou no tempo. Pela liturgia da Igreja o tempo entra no Eterno. “A Santa Missa é o Céu na Terra”, São João Paulo II.
“No serviço de Deus - dizia São Francisco de Sales - devem-se considerar mais os advérbios do que os verbos. Não está o nosso mérito em servir a Deus ou sofrer, mas em servi-Lo bem e sofrer bem.” Para bem viver a Semana Santa é preciso, então, “bem amar”. Deixar a nossa miséria ser envolvida pela Misericórdia Divina. Alegrar-nos com a entrada de Jesus em Jerusalém. Aprender a “lavar os pés” dos nossos irmãos. Saciar-nos com um Deus que, por amor aos homens, na Santa Eucaristia, fez-se Pão de Vida Eterna, penhor de salvação. Sentir a tristeza mortal do Senhor no Horto, a traição, a prisão, a flagelação, Doer-nos, profundamente, com os “Crucifica-o! Crucifica-o! ditos pela multidão, morrermos com Ele naquela Cruz e, finalmente, com Ele ressuscitar.
Saulo Soares Monteiro de Carvalho
Saulo,li tudo e gostei muito.Que o amor,a fé,a caridade,a esperança renasçam no coração e na mente de todo nós.Vamos viver como Jesus viveu,distribuindo amor e morrendo por nós na Cruz.
ResponderExcluirFeliz Páscoa, querida Trovadora! Obrigado por suas palavras!Deus abençoe!
ExcluirQuerido Saulo!
ResponderExcluirComo me emocionei com a profundeza da sua fala! Com que respeito e fé apurada você preparou-nos uma aula sobre o verdadeiro sentido da Semana Santa! Este rosto humano de Deus, a nós apresentado através da Segunda Pessoa da Santíssima Trindade,sem sombra de dúvidas é a grande prova do amor do Pai para com os filhos pecadores. É a esperança de uma vida nova que poderemos conquistar e a graça de fazermos parte da família dos filhos de Deus.
"A Santa Missa é o Céu na Terra", segundo São João Paulo II, então, que hoje, Quinta-feira Santa, dia da instituição da Eucaristia,abram os o nosso coração para trazer os o Céu até nossas casas, participando com devoção da Ceia do Senhor.
Parabéns pelo texto, parabéns pela sua fé contagiante, parabéns pelo grande cristão que você é. Exemplo de vida, de dignidade, de ser humano. Deus o abençoe grandemente. Feliz Páscoa! Abraço fraterno.
Também fiquei emocionado com suas palavras! Feliz Páscoa! Deus abençoe!
ExcluirExcelente! Expressa maturidade humana e de fé!!
ResponderExcluirMuito obrigado! CRISTO VIVE! FELIZ PÁSCOA!
ResponderExcluirGrande Saulo,
ResponderExcluirBelíssimo texto e sim, Jesus esta presente e sempre estará.
Basta orar e ele nos escutará.
Feliz Páscoa! Deus te abençoe!