terça-feira, 16 de novembro de 2021

Dr Luiz Alberto Nunes da Silva: magistrado brilhante e notável escritor

 

Dr Luiz Alberto Nunes da Silva: magistrado brilhante e notável escritor

Além de brilhante magistrado, dr Luiz Alberto Nunes da Silva é um notável escritor. No dia 3 de outubro de 2015, por ocasião de grandiosa solenidade organizada pelo advogado dr. Sebastião Freire Rodrigues, na Câmara Municipal, ficou incumbido de homenagear um dos grandes intelectuais de Bom Jesus do Itabapoana de todos os tempos: Octacílio de Aquino. Na oportunidade, foram lançados quatro livros de autores bonjesuenses, incluindo Athos Fernandes, Romeu Couto e Padre Mello, frutos de esmerado trabalho de pesquisa de Delton de Mattos. "Antologia" foi a preciosa obra consistente dos inúmeros artigos escritos por Octacílio de Aquino, no jornal A Voz do Povo.

Segue o memorável texto do dr. Luiz Alberto Nunes da Silva.

Octacílio de Aquino

Amigo Chefe

Dr. Luiz Alberto Nunes da Silva


Tive a honra de conhecer e partilhar um pouco da vida de Athos Fernandes e de meu primo Delton de Mattos. Mas, de outro lado, não conheci Padre Mello, Romeu Couto, tampouco Octacílio de Aquino.


Sobre Octacílio de Aquino, recebi a importante missão de, nessa memorável noite de evento cultural, falar-vos sobre a vida deste ilustre bonjesusense, Advogado, Promotor de Justiça em São José do Calçado, no Estado do Espírito Santo.

Nasceu em 07 de dezembro de 1900, e faleceu em 14 de junho de 1959, em Niterói.

Em 1939, quando Bom Jesus era ainda termo judiciário, foi nomeado pretor substituto. Foi, ainda, Juiz de Direito Substituto nesta Comarca (uma vez nomeado em 27 de março de 1948). Brilhante escritor e poeta bissexto.

A função de Juiz de Direito foi exercida, com pequenas interrupções, até o seu falecimento.

Permitam-me, por favor, de dirigir a todos que aqui estão – chamando-os simplesmente de: “amigo chefe”. Inclusive não usando o plural. Isso tem um significado profundo, porque era assim, simplesmente, como Octacílio de Aquino, de forma muito carinhosa e leve, se dirigia às pessoas. E, dessa maneira, me foi passado pelas pessoas que o conheceu. Foi como também ouvi várias vezes pelos corredores do fórum desta Comarca, aliás, local, onde frequento e visito há décadas, ora como Serventuário, ora com Advogado, ora como Magistrado.

Amigo Chefe”: Romeu Couto, hoje também aqui homenageado, a seu respeito dizia: “Poeta bissexto, rigorosamente bissexto, é o meu amigo Octacílio de Aquino, o qual filho mais amoroso que nós outros, continuou em Bom Jesus, sem ter tido a necessária capacidade de – abro aspas – “ingratidão” – fecho aspas – para abandonar a comum terra”. 

Homem solteiro dedicava-se profundamente aos estudos e às atividades literárias. Escreveu e publicou um livro intitulado “Antes da Revolução” e, segundo sabemos, estava empenhada na confecção de um Dicionário Analógico, obra essa que, lamentavelmente, não concluiu.

Além dessas preciosas informações, poderíamos acrescentar que Octacílio de Aquino foi orador brilhante, pertenceu durante vários anos à Loja Maçônica Moreira Guimarães Terceira de Bom Jesus, tendo participado dos embates políticos mais importantes da nossa região e também de inúmeras apresentações culturais em Bom Jesus e Municípios vizinhos. Devendo-se, ainda, ressaltar o seu grande interesse pela literatura, especialmente pelas obras dos grandes autores brasileiros.

Octacílio de Aquino entrou para o mundo das letras muito cedo, por volta de 1914, quando esboçou seus primeiros sonetos para o primeiro jornal desta cidade de nome Itabapoana. Escreveu, ainda, para os jornais: A Paroquia (Parochia), A Cidade, Bom Jesus Jornal, O Momento, O Norte Fluminense e, depois, A Voz do Povo.

Embora não tenha casado, teve lá seus amores, notadamente um linda jovem, irmã de um antigo e conhecido farmacêutico de Bom Jesus do Norte.

Em homenagem às suas musas, certa vez, escreveu:

Começou por querer matá-la”. A mão
Preme, brandindo o gládio protetor.
Mas, de súbito, hesita e, num torpor,
"Deixa rolar o gládio pelo chão”.


E finalizou:


“Tenho direito de chorar por ele!

Exclama. E aproximando-se, divina,

Beijando os lábios de Tristão, morreu...

(conforme consta de seu primoroso poema ISOLDA, procurando descrever o amor fenecido com a morte de Tristão).

Amigo Chefe,


Nesse momento de reflexão sobre um pouco da vida de Octacílio de Aquino, devo-vos confessar que após a “intimação” do Doutor Sebastião Rodrigues para essa importante missão – fiquei apreensivo. O que vou fazer, amigo chefe?

LEMBREI-ME do Desembargador Antônio Izaías da Costa Abreu, também notável homem de letras, bonjesuense como Octacílio.

Izaías é o Titular da Cadeira número 07, da Academia Bonjesuense de Letra, da qual o patrono é o próprio Amigo Chefe, valer dizer, o poeta Octacílio de Aquino. E dele me vali. Aliás, um socorro de imediato, sem empecilho. Isto é, fui prontamente atendido.

Ainda com o beneplácito da Doutora Nísia Campos, mestre e poetisa de renome, ilustre Presidente do ILA desta cidade, franqueou-me a famosa pasta ‘verde’, dita por Antônio Izaías, mas que na verdade é grande cor ‘azul’, aliás, como o céu, o céu de esplendor, pelo seu magnífico conteúdo. Ali se encontra, verdadeiramente, a biografia cuidadosa, lapidada, de Octacílio de Aquino, na qual pude pincelar os trechos acima.

À Doutora Nísia, meus agradecimentos pela gentileza. Ao Desembargador  Izaías, minha enorme gratidão, porque valeu apena.

Senhores,

Antes de encerrar, desejo, por justiça, fazer um pequeno relato. Octacílio de Aquino morreu pobre. Ficou doente. Era muito amigo de Roberto Silveira, então governador deste Estado. Roberto, sabedor da doença do amigo e de suas condições não só financeiras, mas também de saúde, levou-o para se tratar em Niterói, então capital do nosso Estado, onde, diante da gravidade de sua enfermidade, veio a falecer. Mas, cercado de todo carinho, aparato médico e hospitalar, aliás, como me foi passado. Graças à intervenção direta do Governador Roberto Silveira.

Prossigo.

Doutor Luciano Bastos, ainda era vivo. Fui procurado por ele e pelo doutor Sebastião Rodrigues. Iniciamos um movimento que, aliás, logo de pronto, a ele aderiam:  Antônio Izaias, o doutor Michel Saad, de Niterói,  a senhora Prefeita de Bom Jesus e o Presidente do Rotary local. Era nossa intenção trazer os restos mortais de Octacílio de Aquino para Bom Jesus.

De início, houve um degrau a ser ultrapassado: por exigência, aliás,  legal, da Prefeitura de Niterói: um parente de Octacílio tinha que autorizar o translado. O que é mais do que compreensível. Os integrantes desse projeto, então, começaram a se mover nesse sentido.

Porém, o movimento sofreu um profundo abalo. Perdemos o Historiador e Doutor Luciano Augusto Bastos. Com isso, o grupo passou a  vivenciar o impacto da morte de Luciano. E, de minha parte, mais uma vez, confesso e registro: houve, por isso, um sentimento semelhante a uma nau que, ainda, não achou seu rumo certo...

Mas vamos, se DEUS quiser, concluir esse projeto, isto é, de ter de novo o Amigo Chefe, o Otacílio de Aquino, entre nós.

Muito Obrigado! 










Nenhum comentário:

Postar um comentário