Paulo Xavier |
METRÓPOLE
Meu coração
é uma cidade sombria
com muitas esquinas
e vias vazias
túneis escuros
escadas e muros
vielas e becos
que nem eu conheço
velhos umbrais
e antigas janelas
catedrais de lembranças
colunas partidas
e o vento
do tempo
a soprar entre elas
murmúrio de vozes
em praças esquecidas
sons de batalhas
hálito da morte
e de outras vidas
Meu coração
é uma velha cidade
perdida
daquelas das lendas
antigas
ruínas apenas
que ao pó voltarão
mais cedo ou tarde
e um dia então
haverá uma floresta
em meu coração
PAULO XAVIER
VERMELHA
Há sangue
em minhas veias
e nas tuas
Há sangue
nos becos
e nas ruas
Há sangue
nos cantos
das praças
Há sangue
nos bancos
do bonde que passa
Há sangue
no couro
das botas
Há sangue
do músico
nas notas
Há sangue
no ouro
dos cofres
Há sangue
respingado
nos postes
Há sangue
entre os destroços
Há sangue
dos corpos
nos rostos
Há sangue
dos vivos
nos mortos
Há sangue
do sangue
no sangue
PAULO XAVIER
Nenhum comentário:
Postar um comentário