terça-feira, 9 de julho de 2024

O LXXXV ANIVERSÁRIO DA BANDA LIRA OPERÁRIA BONJESUENSE, por Alfonso Castro Escalante

 



**1939 - 9 DE JULHO - 2024**


Hoje, 9 de julho de 2024, a Banda "Lira Operária Bonjesuense" celebra seu LXXXV aniversário de fundação. Fundada em 9 de julho de 1939, há 85 anos, atualmente é dirigida pelo Maestro Nilo Rodrigues de Oliveira.

Para Antônio Soares Borges, "aquele ano de 1939 marcaria para sempre a história de Bom Jesus, finalmente emancipado e independente. O novo município, desde o primeiro dia do ano, tinha ares diferentes, indisfarçáveis e contagiantes, e a necessidade de contar com uma corporação musical permanente, que pudesse animar e congregar o povo nas mais diversas comemorações festivas e atos de civismo e devoção religiosa".

Revendo a história, encontrei nos arquivos da sede da Lira Operária Bonjesuense um escrito intitulado "Este sim vai fazer a diferença", de autoria da Professora Vera Maria Viana Borges. Ela relata grande parte da história da Banda "Lira Operária Bonjesuense", descrevendo que, ao visitar Bom Jesus, encontrou a sede da Banda num casarão onde funcionava o "El Varejão", em frente à lateral da Igreja Matriz. Supõe-se que seja onde hoje está o Supermercado Aeroporto. O maestro era Sebastião Ferreira, conhecido na época como Professor Bastião. Ela menciona muitos cadernos e partituras que entusiasmavam com suas retretas. Relembra Vicentino carregando as pastas com partituras e os rapazes, depois dos bailes no Aero Club, acompanhando a "Furiosa", como chamavam a Banda, nas tradicionais festas de agosto.

No dia 9 de julho de 1939, na loja de móveis do Sr. Manoel Ferraz de Oliveira, na rua 15 de novembro desta cidade, reuniram-se os senhores Osório Carneiro, Esio Martins Bastos, Felipe Luiz, Olívio Bastos, Sebastião Alfreu da Silva e Antônio Gonçalves para a constituição da Banda de Música de Bom Jesus de Itabapoana. Fundada, foi registrada em 2 de maio de 1940 com o nome de "Sociedade Musical Unidade Operária". Em assembleia de 12 de agosto de 1941, após muitas discussões, foi aprovado e alterado seu nome para "Lira Operária Bonjesuense", proposta apresentada pelo Sr. Antônio Tinoco de Oliveira, com sede própria na rua Arlindo Saboia.

A Professora Vera Maria Viana Borges destaca que na década de 80 a Lira Operária passou por maus momentos, chegando a parar completamente, ficando sem uniformes, instrumentos e, principalmente, músicos. Em 1982, o Maestro Nilo Rodrigues de Oliveira assumiu a direção, arregaçando as mangas e começando a dar aulas para crianças. Hoje, tem mais de 22 músicos formados e muitos alunos, a maioria jovens.

Depois de 19 anos, chegou à conclusão de que a diretoria deveria ser composta pelos próprios músicos. A sede foi reformada, recebeu um teto sobre a laje e um muro com três portas, móveis novos, dois tipos de uniformes e vários instrumentos. Há uma galeria no salão de ensaios, onde figuram os retratos dos fundadores. Muitas vezes pagou contas de água e luz do próprio bolso. Conta apenas com pequenas quantias recebidas por apresentações, divididas entre os músicos conforme o instrumento que tocam e a antiguidade.

A autora do escrito descreve o Maestro Nilo Rodrigues de Oliveira como "um homem de garra e determinação, otimismo e um ideal maior que seu porte e coração". Em sua biografia, ela o identifica como filho de Pedro Rodrigues e Amélia Bartolomeu Pires, nascido em Barra de Ribeirão Alegre, em 2 de outubro de 1933. Aos 8 anos, iniciou os estudos na Escola "Pereira Passos", que funcionava onde hoje é o "Big Hotel". Ia à escola a pé, depois de ajudar em todas as tarefas domésticas e rurais, como tirar leite da vaca e roçar pastos.

Os estudos de música começaram aos 18 anos, na sede da Lira Operária, com o Professor Sebastião Ferreira. Diz-se que vinha à noite a cavalo, enfrentando frio e chuva, esperando várias vezes que as tempestades acalmassem para retornar ao lar. Começou tocando clarinete, depois passou ao saxofone. Domina todos os instrumentos. Casou-se em 1955 com Anezia Teixeira de Oliveira, teve 5 filhos legítimos e um adotivo, Eliton Souza Polverine, que o acompanha na Lira como subdiretor e toca saxofone alto. Como pai, orgulha-se do desempenho do filho, dizendo "ele toca muito".

O cotidiano de Don Nilo começa cedo. Às 5 da manhã já está saindo de casa para caminhar, e duas vezes por semana joga futebol no Campo Bella Vista. Sua preparação física permite acompanhar todas as procissões, como a Coroa do Divino Senhor Bom Jesus, e as alvoradas por todos os bairros da amada cidade durante as festas de agosto, às vezes sob a chuva.

Seu dia a dia também inclui estar às 6:30 na sua relojoaria "San José", fundada em 1960, onde presta serviço garantido, um ourives capaz de produzir as mais belas e encantadoras joias. Fecha o estabelecimento às 18:30. Os ensaios da banda são às quartas e sábados, as aulas são gratuitas, deixando o domingo livre. A Professora Viana Borges o descreve novamente como "um jovem peculiar com seu sorriso aberto e franco".

Depois de fechar a relojoaria às 18:30, às 19:00 ele chega à sede para dar aulas todas as noites de segunda, terça, quinta e sexta-feira, deixando as quartas e sábados para ensaios da banda.

O Maestro Nilo, com sua risada franca e mão amiga de 90 anos, está sempre animado para as festas de todo o entorno, levando a todos a alegria que lhe é conhecida. É um homem de fé cristã, cursilhista, participando de jornadas cristãs e frequentando a Paróquia de São Gerardo Majella em Bom Jesus do Norte.

O Maestro Nilo é exigente no cumprimento do dever, faz as reclamações quando as considera necessárias e mantém um controle rigoroso em seu caderno particular da assistência dos músicos aos ensaios, bem como das festas em que a Banda deve atuar, especialmente nas festas do Santo Padroeiro Senhor Bom Jesus de Itabapoana em agosto, no novenário dos "Símbolos Sagrados", procissões noturnas e as alvoradas correspondentes.

Pedimos a Nosso Senhor Jesus Cristo e à Santíssima Virgem que o mantenham saudável para que continue firme e vibrante em todas as festividades, levando alegria com suas marchas dobrados e peças do cancioneiro por muitos anos.

Segundo Antônio Soares Borges, a "Lira Operária Bonjesuense é Patrimônio Cultural e Histórico de Bom Jesus de Itabapoana, nascida na mesma época da realização do antigo sonho de autonomia de seu povo, fazendo com que esta associação musical se tornasse uma instituição que agrega a todos, ao longo destes anos, sendo considerada uma unanimidade, independentemente de idade, condição social, credo e/ou ideologia política". Ele considera o Maestro Nilo como "carismático e incansável", integrando a banda desde 1952, sempre garboso à frente de seus talentosos e dedicados músicos, a quem o povo de Bom Jesus devota imensa gratidão.

A atual diretoria da "Lira Operária Bonjesuense" para o período 2023-2025 é composta por:

- Presidente Honorário: Antônio Soares Borges

- Presidente Executivo: Maestro Nilo Rodrigues de Oliveira

- Vice-presidente Executivo: Jason Bonifácio da Silva

- Primeira Secretária Executiva: Queila Correa da Silva Borges

- Segundo Secretário Executivo: Marcus Bazarella de Oliveira

- Primeiro Tesoureiro: Eliton Souza Polverine

- Segundo Tesoureiro: Maycon Marinho Pereira

- Diretora Social: Luciana Monteiro de Oliveira Rangel

- Diretor de Patrimônio: José Aci Nobre de Oliveira

- Orador: Cecílio Rangel Junior


CONSELHO FISCAL:

1º Rubens Sergio de Oliveira Medeira

2º Sebastião Luiz Souza Barbosa

3º Antônio José Lacerda

4º Flávio de Souza Barbosa

5º Leonardo Lopes de Carvalho

Suplentes: Gisnely Dias Medeira, Douglas dos Santos Barbosa, Jovane da Silva Ribeiro.


A Lira Operária Bonjesuense também tem seus respectivos símbolos. Em um escrito sobre os 85 anos da Banda "Lira Operária Bonjesuense", Antônio Soares Borges destaca que a bandeira tem três listras horizontais nas cores verde, branco e azul. A cor verde simboliza esperança e alegria. A cor branca representa paz, tranquilidade, inocência e pureza. Na listra central está a representação musical de uma lira em vermelho, simbolizando intensidade, amor ou paixão e sacrifício da própria vida (martírio) pela música. A cor azul representa o trabalho e a labor do operário.

Para este LXXXV Aniversário por iniciativa e criatividade do nosso Presidente Honorário Don Antonio Soares Borges, a nossa sede foi pintada de amarelo, com a identificação de *"Lira Operária Bonjesuense"* com sua respectiva Bandeira, o que lhe dá uma identidade mais genuína e autêntica.

Esta noite nos reuniremos em nossa sede, em união e fraternidade, tocaremos algumas melodias e entoaremos o Parabéns a Você, e degustaremos um delicioso Bolo.


Alfonso Castro Escalante.

Relator Histórico da Lira Operária Bonjesuense.

Executante do Saxhorn.


Bibliografia Consultada:

Antônio Soares Borges. *Os 80 anos da Lira Operária Bomjesuense* Julho 2019.

Vera Maria Viana Borges. *Este sim vai fazer a diferença* S/F.

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