quinta-feira, 15 de agosto de 2024

Os 106 anos da data natalícia de Zequinha Silveira e um emocionante depoimento

    

José Teixeira da Silveira, o Zequinha Silveira, 
foi vereador, deputado estadual, deputado federal pelo Paraná e primeiro prefeito do município de Nova Esperança (PR)

Hoje, dia 15 de agosto, são comemorados os 106 anos da data natalícia de José Teixeira da Silveira, conhecido como Zequinha, açordescente, bisneto de Manuel Ignácio da Silveira, nascido na ilha de Pico, nos Açores, neto de Antônio Ignacio da Silveira e filho de Boanerges Borges da Silveira e Maria do Carmo Teixeira da Silveira, a Biluca, e irmão dos ex-governadores Roberto e Badger Silveira, além de Dinah e Maria da Penha.

Nascido em nosso município, no Sítio Rio Preto, no dia 15 de agosto de 1918, estudou na Escola Municipal da Barra do Pirapetinga, com a professora Olga Ebendinger. Posteriormente, estudou com a professora Amália Teixeira, na Escola Bom Jesus, e no Colégio Rio Branco, em nossa cidade.


Zequinha Silveira estudou na Escola Bom Jesus, com a profª Amália Teixeira Chalhoub, no sobrado localizado na praça que leva o nome da mestra 


Zequinha Silveira estudou, também, no Colégio Rio Branco, em nossa cidade 

José Roberto Ferraiolo Silveira e Badger Silveira Filho, filhos do ex-governador Badger Silveira Filho, Herval José Silveira, filho de José Teixeira Silveira, ex-deputado federal pelo Paraná, e Geraldo Silveira, filho de Maria da Penha Silveira, em uma das salas do antigo Colégio Rio Branco, em Bom Jesus do Itabapoana, no dia 1º/11/2014


Os registros de matrículas no Colégio Rio Branco e fotos de José Teixeira Silveira, o Zequinha, Badger Silveira e Roberto Silveira constam do acervo do Espaço Cultural Luciano Bastos


Dr Herval Silveira, filho de Zequinha Silveira, Geraldo Silveira, filho de Maria da Penha Silveira, Badger Silveira, filho de Badger Silveira, e José Roberto Ferraiolo Silveira, estiveram no Sítio Rio Preto, onde nasceram seus pais, no dia 1º/11/2014

Memorial Governadores Roberto e Badger Silveira foi inaugurado em 7 de agosto de 2016

Praça Três Irmãos (Roberto Silveira, Badger Silveira e Zequinha Silveira), em Calheiros, obra da Associação dos Amigos do Memorial Governadores Roberto e Badger Silveira, foi inaugurada no dia 5 de agosto de 2019

Cursou medicina na Faculdade Fluminense de Medicina a partir de 1943. Foi vereador entre 1935 e 1937, no município de Cambuci (RJ). Exerceu, ainda, o mandato de vereador, entre 1947 e1951, no município paranaense de Mandaguari.

Foi eleito o primeiro prefeito de Nova Esperança (PR), cargo que exerceu entre 1951 e 1954. Foi eleito, ainda pelo Paraná, deputado estadual, cargo que ocupou entre 1955 e 1959 e deputado federal, cargo que exerceu até 1963, ocasião em que abandonou a vida política, em decorrência da morte de seu irmão Roberto Silveira, em atentado ocorrido no dia 28 de fevereiro de 1962. Durante o período em que seu irmão Roberto esteve internado, dedicou todas as suas forças e energias para a sua recuperação.

José Teixeira da Silveira casou-se com Auta Silveira, tendo os seguintes filhos:

1) Heleno José da Silveira, advogado, médico e fazendeiro. Faleceu ainda jovem deixando dois filhos: Ana Caroline Milhomem Silveira, com 20 anos de idade, e Caio Milhomem da Silveira, com 12 anos. Sua mulher: Renata Milhomem;

2) Herval José da Silveira, médico casado com Diane de Lima Silveira, médica, com dois filhos: Herval José da Silveira Filho, médico, e Bruna de Lima Silveira;

3) Roberto da Silveira Sobrinho, médico.

Zequinha Silveira, assim como seus irmãos, foi fruto de educação esmerada de seus pais Boanerges e Biluca. Foi um homem, tal qual seus irmãos, que soube conciliar a dedicação à família, com a vida devotada à construção da família da humanidade. Faleceu no dia 16 de agosto de 2009, mas permanece presente na memória e no coração de todos os que acreditam na construção de um mundo diferente.

Zequinha Silveira foi o 1º prefeito de Nova Esperança, no Paraná 


UMA CORRESPONDÊNCIA DE ZEQUINHA SILVEIRA PARA LUCIANO BASTOS


Edição de O Norte Fluminense, de agosto de 2002

Em 2001, Zequinha Silveira, ex-deputado federal pelo Paraná, e um dos mais brilhantes irmãos da Silveirada, como costumava ser chamada a reunião dos irmãos Roberto, Badger, Zequinha, Dinah e Maria da Penha Silveira, enviou correspondência para Luciano Bastos, diretor do jornal O Norte Fluminense e do antigo Colégio Rio Branco, informando sua biografia.

Acervo do ECLB 

Acervo do ECLB 


Acervo do ECLB 

Ali, ele confirma que nasceu em Calheiros, na época conhecida como Santo Antônio do Rio Preto, narrando fatos relevantes de sua vida.

O bonjesuense Zequinha Silveira é, como toda a Silveirada, um exemplo de que uma política e um mundo diferentes são possíveis!


DR. JOSÉ SILVEIRA (um depoimento pessoal)


Francisco Verdan Corrêa Neto


Por volta de 1939, chegou a São José de Ubá o médico Dr. José Silveira, era o primeiro médico da localidade. Recém formado, trazia consigo um termômetro, um estetoscópio e um aparelho para medir a pressão arterial, e muita vontade de trabalhar.

Uma senhora viúva - Dª Bajuta, filha de libaneses - lhe alugou parte da sua casa para moradia e instalação do seu consultório: a sala dela passou a ser a sala de espera do consultório, um quarto ao lado foi convertido no consultório propriamente dito. Outro cômodo passou a ser o quarto de dormir do Dr. José Silveira, e Dª Bajuta lhe proporcionou também as refeições. Acomodações bem espartanas.

O Dr. José Silveira arranjou um pedaço de tábua e ele mesmo ali pintou "Consultório Médico" e a afixou à janela do seu improvisado consultório.

A notícia se espalhou. São José de Ubá nunca tivera um médico, apenas um farmacêutico, e os clientes começaram a chegar; uns pagavam com galinhas, outros com ovos, outros com produtos de roça... A falta de dinheiro para consultas não era obstáculo para atendimento. Quem ficou mais feliz foi o farmacêutico, pois sua drogaria cresceu potencialmente.

Poucas semanas depois a esposa de um fazendeiro estava muito mal, e ele mandou alguém a cavalo levando outro cavalo arreado, chamar o Dr. José Silveira. Assim este chegou à fazenda, examinou a doente, escreveu uma receita (que deve ter assustado o farmacêutico) e determinou fosse ela imediatamente aviada São José de Ubá (que acordasse o farmacêutico e que não retornasse o portador sem os remédios. Telefone não havia. Pagamento, depois.

Isso demoraria algumas horas, e enquanto aguardava, o Dr. José Silveira fez-se de enfermeiro e foi tomando outras providências urgentes.

Quando os remédios chegaram, o Dr. José Silveira passou o resto da noite controlando o tratamento, e só depois a sair no dia seguinte quando a paciente demonstrou reais melhoras, com a recomendação de aparecer dias depois no consultório.

Então a surpresa: O fazendeiro em pagamento lhe ofereceu o cavalo (aquele que o conduzira na véspera) arreado, para que o Dr. José Silveira pudesse atender a sua clientela a domicilio. E o Dr. Silveira passou a ser um "santo milagreiro".

Dias depois uma pessoa estava castrando porcos numa casa ao lado , e lá estava o Dr. Silveira observando a operação. Depois de vir castrar um macho e uma fêmea, ele disse: " Agora é comigo!" e ele começou a castrar outros e outras, sob a admiração dos presentes e de quantos ou vários a história (onde já se via um médico castrando porco!?). E ele era veterinário também.

Naqueles tempos eu tinha uns 8 anos e morava na zona rural do alto Cubatão (Município de Itaperuna), a uns 500 m da divisa com São José de Ubá. Da minha casa a São José de Ubá são 9 km e para Itaperuna 15 Km. Isto posto, em toda aquela região fronteiriça tudo se fazia em São José de Ubá: registro de nascimento, batizados, casamentos, sepultamentos e pequenas vendas e compras (galinhas, ovos, sal, querosene, aviamentos de costura, minha mãe era costureira, roupas etc.).

Em Itaperuna só a venda de colheita, banco e compras de vulto.

Naqueles dias, a minha irmã Dalva estava com 2 anos e adoeceu gravemente. Os remédios caseiros e os de 3 farmacêuticos (Osvaldo Natividade, do Limoeiro, Rui Leite, do Toiama e o farmacêutico de São José de Ubá) nada resolviam, parecia que o óbito era certo.

Foi quando apareceu em São José de Ubá o Dr. José Silveira. Durante meses ele visitou a nossa casa para cuidar de minha irmã. Foi a primeira vez que ouvimos falar em sulfa, que curou a minha irmã.

Por volta de 1950 o Dr. José Silveira mudou-se para o Paraná. O resto é história.

Creio que pouca gente ficou sabendo o seu nome completo.

São José de Ubá ainda não resgatou a dívida que tem com o seu primeiro médico: a perpetuação do seu nome numa rua da atual cidade de São José de Ubá, rua Dr. José Teixeira da Silveira. 

Zequinha Silveira

ZEQUINHA SILVEIRA VIVE!

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