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Rita Côgo |
A injustiça dói.
Dói muito.
Ela nos açoita a alma.
Que geme, grita, indigna.
A injustiça nos impõe e nos coloca no lugar de vítima.
E nos tornamos um andarilho perdido dentro de nós mesmos.
A injustiça desperta em nós a mais profunda dor e não encontramos nem razão, e até mesmo a consolação.
Somos impulsionados a viver nas lamas dos nossos piores sentimentos devastadores, passamos a ser presas vulneráveis e num golpe ficamos paralisados com uma profundidade de dor.
E só nos resta sentir a dureza do golpe, permitir que as lágrimas lavem a nossa alma, que os sangues escorram e acolher, sem muitas vezes entender e julgar tamanho sofrimento.
Que o tempo, assim como os ventos, move as folhas e também leva os lamentos e gemidos de uma injustiça que um dia nos arrebatou...
Que o silêncio cala boca, a distância diminuiu gradativamente a dor, e o consolo de que tudo é passageiro, que o tempo leva aquilo que a injustiça estraçalhou.
E o que fica são memórias de uma dolorosa experiência de vida, que nossa alma se libertou...
Ah, injustiça! Tu és tão cruel.
Tens um poder de roubar a nossa paz e questionar a grandeza da vida e a gratuidade do amor.
Mas nossa alma resistente ganha nova forma e vida ao regenerar de uma profunda dor...
A I N J U S T I Ç A é uma escuridão cruel que só uma autorregeneração com a verdade e perdão é capaz de devolver luz nessa escuridão e ressignificar a grandeza da nossa própria vida que merece ser vivida com oblação.
Mesmo correndo o risco de sermos açoitados e levados pela dor de uma injustiça e desolação.
Ser um humano nos faz passar por golpes de injustiça e momentos de escuridão.
Encontrar no divino e no humano a força na vida e vivê-la em suas dualidades e magnetismos.
E compreender que só cabe a nós, em nosso íntimo, proteger o genuíno que floresce e transcende o nosso próprio jeito de ser e viver.
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