Na manhã inaugural da III FLICbonjê (Feira Literária e Cultural de Bom Jesus do Itabapoana), entre livros, sorrisos e o burburinho encantado de leitores e artistas, o tempo pareceu suspenso por um instante.
Sob os olhares atentos dos que acompanharam sua entrevista, a poetisa, trovadora, romancista, artista plástica e compositora bonjesuense Maria Terezinha Borges Coutinho, radicada em Vila Velha (ES), vestiu a alma de emoção.
Nas mãos, o livro "Pintando Palavras", recém-nascido em letras e afetos.
Nos olhos, o brilho de quem transforma a vida em arte, e a arte — em comunhão.
E quando sua voz, firme e doce, começou a declamar o poema “Coração”, algo se abriu ali, entre as páginas e o peito.
As palavras — bordadas com delicadeza e dor — iam traçando um caminho que tocava a todos: o amor que se cuida, o tempo que acolhe, a perda que marca.
E, ao final, não foram só versos que transbordaram.
Foram lágrimas.
Lágrimas sinceras de quem vive o que escreve.
De quem não apenas pinta palavras, mas as sente, as chora, as eterniza.
Naquele momento, Maria Terezinha não era apenas autora de um livro.
Era ponte entre corações.
Era memória viva de uma cidade que pulsa arte, e que guarda, com orgulho, o suave toc-toc de suas criações.
E assim, Bom Jesus do Itabapoana testemunhou o que há de mais bonito na literatura: a verdade que emociona.
Coração
Maria Terezinha Borges Coutinho
Me entregaste o teu coração
e eu, com todo jeitinho,
e com todo o cuidado,
e com todo o carinho,
guardei-o e o conservei
com dedicação e amor
bem juntinho do meu!
E o tempo foi passando
e eu bem feliz me sentia,
com o suave toc-toc
do teu meigo coração
a bater pertinho do meu!
Certo dia, sem razão,
numa estranha confusão,
levaste teu coração:
Lutei, lutei e lutei,
para que ninguém roubasse
o que muito bem guardei!
Hoje com muita tristeza
sinto uma enorme saudade
do teu meigo toc-toc
juntinho do meu coração.