domingo, 3 de agosto de 2025

Letras que libertam

 



Era uma noite comum, dessas em que a lua derrama seu ouro sobre Bom Jesus do Itabapoana, quando algo extraordinário se revelou: passos firmes e curiosos ecoaram pela III FLICbonjê (Feira Literária e Cultural de Bom Jesus do Itabapoana). Eram os alunos da EJA (Educação de Jovens e Adultos), da Escola Municipal dr Francisco Baptista de Oliveira, conduzidos com ternura e sabedoria pela professora Milvanete - atendendo solicitação da secretaria municipal de educação - navegando pelas páginas do conhecimento como quem reencontra o rumo de um sonho antigo.

Não chegaram de mãos vazias, nem de olhos apagados. Trouxeram na alma a sede da descoberta e na fala, o brilho do recomeço. Leram, com voz firme e coração pulsante, notícias do lendário O Norte Fluminense, aquele jornal plantado por Ésio Martins Bastos em pleno 25 de dezembro de 1946 — como se o Natal da palavra escrita fosse presente perene para a cidade.

Folhearam obras da Editora O Norte Fluminense com a reverência de quem abre portas. E foram além: viajaram pelas páginas de livros organizados por Alessandra Abreu, que não apenas edita livros, mas semeia futuros. Em cada leitura, um mundo. Em cada linha, uma conquista. Eram alunos, mas também autores do próprio destino.

Ali, entre livros e sonhos, tornaram-se prova viva de que a educação pode acontecer a qualquer hora da vida — e que nunca é tarde para se fazer presente no tempo da sabedoria. Eram mais que estudantes: eram evidência viva do poder da inclusão, da força do ensino transformador, da delicadeza com que a professora Milvanete cultiva esperanças como quem cuida de um jardim.

Ao final da jornada, sorriram em uma fotografia que mais parecia pintura: ladeados por Alessandra Abreu, pelo escritor Saulo Soares, e por André Luiz de Oliveira, presidente do Instituto de Menores Roberto Silveira. Ali, naquela imagem, não estavam apenas pessoas. Estavam promessas. Estavam sonhos. Estavam futuros.

Um deles — talvez todos — confessaram o desejo de se tornarem colunistas de O Norte Fluminense. E quem ousaria duvidar? A pena já está em suas mãos. A voz, agora, tem página. E a vida, finalmente, ganhou título.










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