Ao entardecer encantado da III FLICbonjê, quando a praça Governador Portela se vestia de livros, poesia e sorrisos, algo mais sutil e profundo pairava no ar: o som da memória viva de um povo. E quem deu voz a essa emoção foi o Grupo Musical Amantes da Arte — o GMAA —, presença luminosa e sonora que se tornou uma das grandes atrações de um evento já memorável.
Foi como se a árvore antiga do Pau-Ferro da praça reconhecesse os primeiros acordes. Como se cada nota reencontrasse seu ninho no coração de Bom Jesus do Itabapoana. Não era apenas música. Era história. Era pertencimento.
Fundado em 16 de junho de 1990 pela incansável e inspirada Ana Maria Baptista Teixeira, o GMAA nasceu do desejo de fazer da arte um bem comum, acessível, presente e essencial. Naquela noite inaugural, durante a 1ª Noite de Cultura e Arte organizada pela professora Maria José Martins, poucas poderiam imaginar que ali começava uma jornada de décadas. Trinta e cinco anos depois, o grupo não apenas resistiu ao tempo — ele o preencheu com harmonia.
O GMAA canta Bom Jesus com a mesma verdade com que os rios cantam seus leitos. E, ao fazê-lo, cumpre em plenitude o que Tolstói apontou com sabedoria: “Se queres ser universal, começa por pintar tua própria aldeia.” O GMAA não canta para impressionar. Canta para expressar. Não procura o mundo — convida-o a vir ouvir.
Mais do que música, o grupo é um gesto de afirmação cultural. Um escudo contra a homogeneização das vozes, contra a tentativa de apagar o que é único em nome de uma falsa unidade. Em tempos de desenraizamento, o GMAA canta as raízes. E isso é um ato de resistência — e de amor.
Com seus 38 membros, o grupo é carinhosamente chamado de “a Alma Bonjesuense”. E, de fato, o é. Porque sua música carrega o que há de mais profundo no espírito de uma comunidade: fé, beleza, saudade, orgulho e esperança. Cada apresentação é uma celebração da cultura que nos forma e da liberdade que nos mantém de pé.
Sob a presidência de honra de Ana Maria Baptista Teixeira, a liderança firme de Ideildes Muniz Galo, a regência sensível de Martha Lucia Figueiredo Salim, e com os talentosos instrumentistas Gutenberg Machado de Mello e Graziela D. L. de Rezende, o grupo mostra que talento e compromisso caminham juntos quando o amor pela arte é o motor da caminhada.
E o tempo, sempre atento aos que deixam marcas, reconheceu o valor do GMAA. A editora O Norte Fluminense, fundada por Luciano Bastos, eternizou sua força musical em registros que são hoje preciosidades culturais. O CD "Bom Jesus de Corpo e Alma", lançado em 2017 para celebrar os 25 anos do grupo, é um convite ao reencontro com a essência musical da cidade. Já em 2019, com o CD "Retratos e Canções, Bom Jesus e sua História", o GMAA eternizou a canção “Juntinho de Você”, do consagrado Samuel Xavier, mais uma prova de que nossa aldeia canta com voz própria.
Na FLICbonjê, o palco se fez altar. E o GMAA, com sua harmonia serena, transformou o entardecer em uma oferenda à cultura, ao afeto e à união. Aquela apresentação não terminou com o último acorde. Ela segue ecoando, silenciosa e profunda, nas esquinas da cidade e nos corações que a ouviram. Foi mais do que um espetáculo. Foi um farol.
E Bom Jesus, de corpo e alma, agradece.
É um privilégio ouvi-las cantar! Parabéns ao GMAA por compartilhar seu talento conosco!
ResponderExcluirVocês abrilhantaram ainda mais a III FLICbonjê!👏👏🏻👏🏻👏🏻
É de causar inveja ( boa!) em ver um grupo tão lindo, de belas cantoras, ricamente espiritualizadas que se colocam a serviço da comunidade, trazendo-lhe belíssimas canções. Que sorte desse municipio ter vocês! Parabéns!!
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