quinta-feira, 21 de julho de 2016

MAIS UMA HISTÓRIA SOBRE A ANTIQUÍSSIMA FAMÍLIA XAVIER

Lenice Xavier







 



O capitão mor Manoel Francisco Xavier foi um fazendeiro brasileiro e em suas fazendas ocorreu a revolta de Manuel Congo, a maior revolta de escravos do Vale do Paraíba. Nasceu na Ilha do Faial, Açores, filho de Felipe José Xavier e Mariana Rosa da Trindade. Diziam, à época, que era parente de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, fato que veio a ser confirmado recentemente, por meio das pesquisas de seus descendentes, que vem avançando cada vez mais.
Casou-se em 4 de setembro de 1804 com Francisca Elisa Xavier, que depois de sua morte foi agraciada com o título de baronesa da Soledade, a única do nome. Não teve filhos com sua esposa, entretanto, acolheu diversas crianças que foram abandonadas em suas fazendas. Ao que se contava naquela época, estas crianças eram seus filhos com outras mulheres. Foram estes filhos adotivos que acabaram herdando seus bens. A Casa Grande da Fazenda Freguesia, atual Aldeia de Arcozelo, Paty do Alferes, Rio de Janeiro, como era conhecida, foi sede de sua fazenda principal, onde residiu por toda a vida.
Tornou-se um rico proprietário que possuía três fazendas em Paty do Alferes: Freguesia (atual Aldeia de Arcozelo), Maravilha e Santa Tereza, além do sítio da Cachoeira. O inventário dos bens deixados em herança, feito em 1840, dois anos depois da revolta de Manuel Congo, relaciona 449 escravos dos quais 85% eram homens (mulheres não eram agraciadas), e, destes, 80% eram africanos.
Os testemunhos da época contam que era uma pessoa extremamente irascível e teve muitos conflitos judiciais com vizinhos. Entrou em disputa política com o sargento-mor, que depois tornou-se padre, Inácio de Sousa Vernek, o qual herdara terras naquela região e fora residir na fazenda Piedade. A briga familiar, que durou até 1824, fez com que vários colonos deixassem a região.
Em 1816, o Ouvidor da comarca do Rio de Janeiro decidiu criar uma nova vila no interior, ainda pouco ocupada, localizada entre as Minas Gerais e a então sede do reino. Para isto, escolheu erigir a freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Roça do Alferes em vila, pois era o local de convergência de estradas que vinham das Minas Gerais. Manuel Francisco Xavier opôs-se, pois a sede da vila ficaria em suas terras e muito próxima do seu engenho de açúcar, mas ofereceu um outro local, além da quantia de 1:000$000 réis (um conto de réis) para auxiliar na construção da igreja matriz. O ouvidor da comarca de Angra dos Reis, da Ilha Grande, forçou a criação da nova vila na Roça do Alferes porque era o local mais central e apropriado. Apesar disto, ainda foi nomeado capitão-mor das ordenanças da nova vila de Nossa Senhora da Conceição do Alferes.
Em 1838, os escravos de suas fazendas Freguesia e Maravilha se revoltaram, fugiram em massa e atraíram os cativos de outras fazendas próximas. A rebelião de Manuel Congo espalhou o medo em toda a região dos municípios de Vassouras, Valença e Paraíba do Sul, que, então, vivia um grande crescimento econômico com as plantações de café. Cinco dias depois do início da fuga em massa, houve um combate com os escravos fugitivos e, quase todos foram recapturados. Dezesseis escravos de Manuel Francisco Xavier foram julgados e Manuel Congo foi enforcado.
O coronel Francisco Peixoto de Lacerda Vernek, que comandou a repressão da revolta de Manuel Congo, escreveu na época, vários memorandos ao presidente da província do Rio de Janeiro. Em um deles, explica as causas da revolta em curso escrevendo: "há muito tempo que se receava o que hoje acontece, por fatos que se tem observado entre esta escravatura" (...) "homens brancos, feitores e capatazes, foram espancados e até assassinados pelos escravos" (...) ""escravos foram castigados até morrer" (...) [ocorrem] "iniqüidades, falta de ordem e falta de pulso". Segundo Francisco Peixoto de Lacerda Vernek, o capitão-mor não sabia tratar seus escravos, sendo às vezes muito leniente, e, em outras, extremamente severo.

Foi um dos beneméritos da construção da igreja matriz de Paty do Alferes, onde ainda pode ser visto o seu retrato na Galeria dos Fundadores. A construção da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, em 1840, foi a partir de uma doação de terras e recursos do Capitão-mor de Ordenança Manoel Francisco Xavier e de sua esposa D. Francisca Elisa Xavier. 

Francisca Elisa Xavier, primeira baronesa da Soledade, (Paty do Alferes, 1 de novembro de 1786 — Niterói, 12 de outubro de 1855) foi uma proprietária rural e nobre brasileira. Filha de José de Oliveira Ribeiro e Maria Vitória da Conceição. Era descendente de pioneiros moradores da região de Paty do Alferes, oriundos da capitania de São Paulo e integrantes da família Leme.
Casou-se em 4 de setembro de 1804 com o futuro capitão-mor Manuel Francisco Xavier. Seu marido foi proprietário das fazendas da Freguesia (atual Aldeia de Arcozelo), Maravilha e Santa Teresa, assim como do sítio Cachoeira. Os seus escravos realizaram a maior revolta de escravos ocorrida na região cafeeira do vale do rio Paraíba do Sul, e que foi liderada por Manuel Congo. Atribui-se à sua intervenção o fato de todas as escravas julgadas pela revolta terem sido absolvidas, incluindo Mariana Crioula, que era chamada de "rainha" de Manuel Congo.
Seu marido foi doador das terras onde se estabeleceu a então vila de Nossa Senhora da Conceição do Alferes.
Ela e seu marido foram os maiores benfeitores da igreja matriz e do cemitério de Paty do Alferes. Depois de enviuvar em 20 de agosto de 1840, ela ainda gastou 187:577$000 (cento e oitenta e sete contos e quinhentos e setenta e sete mil réis) para terminar as obras da igreja matriz iniciadas por seu marido e para prover as alfaias e mobiliários.
Não teve filhos, entretanto, ela criou oito crianças enjeitadas e abandonadas em suas propriedades, que dizia-se na época, serem filhos do seu marido. Um destes filhos adotivos, Gil Francisco Xavier, recebeu como legado as fazendas da Maravilha e Freguesia. Os outros sete filhos de criação receberam a quantia de vinte cinco mil réis em terras e escravos.
Depois de viúva, residiu em Niterói, onde possuiu uma propriedade urbana conhecida como Palacete da Soledade, atual residência dos arcebispos niteroienses e sede do Seminário Arquidiocesano São José.
Foi tornada titular do Império, em razão de suas obras de benemerência, através do decreto de Dom Pedro II, de 2 de dezembro de 1854. 

Referências bibliográficas:
Nobreza Brasileira de A a Z. Soledade. Visitada em 9 de novembro de 2008.  Bibliografia:
RAPOSO, Ignacio. Historia de Vassouras. Vassouras: Fundação 1º de Maio, 1935.Referências: TEIXEIRA, Milton. "Fazendas de Café: Vassouras". Sindicato Estadual dos Guias de Turismo do Rio de Janeiro; 2006. p.2. Visitado em 9 de novembro de 2008. Bibliografia:RAPOSO, Ignacio. Historia de Vassouras. Vassouras: Fundação 1º de Maio, 1935.SCISINIO, Alaôr Eduardo. Dicionário da Escravidão. Rio de Janeiro: Léo Christiano Editorial Ltda, 1997.GOMES, Flávio dos Santos. Histórias de Quilombolas. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.




Mais uma história sobre a antiquíssima Família Xavier 

O capitão-mor Manoel Francisco Xavier foi um fazendeiro brasileiro e em suas fazendas ocorreu a revolta de Manuel Congo, a maior revolta de escravos do Vale do Paraíba. Nasceu na Ilha do Faial, Açores, filho de Felipe José Xavier e Mariana Rosa da Trindade. Diziam, à época, que  era parente de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, fato que veio a ser confirmado recentemente, por meio das pesquisas de seus descendentes, que vêm avançando cada vez mais.
Casou-se em 4 de setembro de 1804 com Francisca Elisa Xavier, que depois de sua morte foi agraciada com o título de baronesa da Soledade, a única do nome. Não teve filhos com sua esposa, entretanto, acolheu diversas crianças que foram abandonadas em suas fazendas. Ao que se contava naquela época, estas crianças eram seus filhos com outras mulheres. Foram estes filhos adotivos que acabaram herdando seus bens. A Casa Grande da Fazenda Freguesia, atual Aldeia de Arcozelo, Paty do Alferes, Rio de Janeiro, como era conhecida, foi sede de sua fazenda principal, onde residiu por toda a vida.
Tornou-se um rico proprietário que possuía três fazendas em Paty do Alferes: Freguesia (atual Aldeia de Arcozelo), Maravilha e Santa Tereza, além do sítio da Cachoeira. O inventário dos bens deixados em herança, feito em 1840, dois anos depois da revolta de Manuel Congo, relaciona 449 escravos dos quais 85% eram homens (mulheres não eram agraciadas), e, destes, 80% eram africanos.
Os testemunhos da época contam que era uma pessoa extremamente irascível e  teve muitos conflitos judiciais com vizinhos. Entrou em disputa política com o sargento-mor, que depois tornou-se padre, Inácio de Sousa Vernek, o qual herdara terras naquela região e fora residir na fazenda Piedade. A briga familiar, que durou até 1824, fez com que vários colonos deixassem a região.
Em 1816, o Ouvidor da comarca do Rio de Janeiro decidiu criar uma nova vila no interior, ainda pouco ocupada, localizada entre as Minas Gerais e a então sede do reino. Para isto, escolheu erigir a freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Roça do Alferes em vila, pois era o local de convergência de estradas que vinham das Minas Gerais. Manuel Francisco Xavier opôs-se, pois a sede da vila ficaria em suas terras e muito próxima do seu engenho de açúcar, mas ofereceu um outro local, além da quantia de 1:000$000 réis (um conto de réis) para auxiliar na construção da igreja matriz. O ouvidor da comarca de Angra dos Reis, da Ilha Grande, forçou a criação da nova vila na Roça do Alferes porque era o local mais central e apropriado. Apesar disto, ainda foi nomeado capitão-mor das ordenanças da nova vila de Nossa Senhora da Conceição do Alferes.
Em 1838, os escravos de suas fazendas Freguesia e Maravilha se revoltaram, fugiram em massa e atrairam os cativos de outras fazendas próximas. A rebelião de Manuel Congo espalhou o medo em toda a região dos municípios de Vassouras, Valença e Paraíba do Sul, que, então, vivia um grande crescimento econômico com as plantações de café. Cinco dias depois do início da fuga em massa, houve um combate com os escravos fugitivos e, quase todos foram recapturados. Dezesseis escravos de Manuel Francisco Xavier foram julgados e Manuel Congo foi enforcado.
O coronel Francisco Peixoto de Lacerda Vernek, que comandou a repressão da revolta de Manuel Congo, escreveu na época, vários memorandos ao presidente da província do Rio de Janeiro. Em um deles, explica as causas da revolta em curso escrevendo: "há muito tempo que se receava o que hoje acontece, por fatos que se tem observado entre esta escravatura" (...) "homens brancos, feitores e capatazes, foram espancados e até assassinados pelos escravos" (...) ""escravos foram castigados até morrer" (...) [ocorrem] "iniqüidades, falta de ordem e falta de pulso". Segundo Francisco Peixoto de Lacerda Vernek, o capitão-mor não sabia tratar seus escravos, sendo às vezes muito leniente, e, em outras, extremamente severo.
Foi um dos beneméritos da construção da igreja matriz de Paty do Alferes, onde ainda pode ser visto o seu retrato na Galeria dos Fundadores. A construção da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, em 1840, foi a partir de uma doação de terras e recursos do Capitão-mor de Ordenança Manoel Francisco Xavier e de sua esposa D. Francisca Elisa Xavier. 

Francisca Elisa Xavier, primeira baronesa da Soledade, (Paty do Alferes, 1 de novembro de 1786 — Niterói, 12 de outubro de 1855) foi uma proprietária rural e nobre brasileira. Filha de José de Oliveira Ribeiro e Maria Vitória da Conceição. Era descendente de pioneiros moradores da região de Paty do Alferes, oriundos da capitania de São Paulo e integrantes da família Leme.
Casou-se em 4 de setembro de 1804 com o futuro capitão-mor Manuel Francisco Xavier. Seu marido foi proprietário das fazendas da Freguesia (atual Aldeia de Arcozelo), Maravilha e Santa Teresa, assim como do sítio Cachoeira. Os seus escravos realizaram a maior revolta de escravos ocorrida na região cafeeira do vale do rio Paraíba do Sul, e que foi liderada por Manuel Congo. Atribui-se à sua intervenção o fato de todas as escravas julgadas pela revolta terem sido absolvidas, incluindo Mariana Crioula, que era chamada de "rainha" de Manuel Congo.
Seu marido foi doador das terras onde se estabeleceu a então vila de Nossa Senhora da Conceição do Alferes.
Ela e seu marido foram os maiores benfeitores da igreja matriz e do cemitério de Paty do Alferes. Depois de enviuvar em 20 de agosto de 1840, ela ainda gastou 187:577$000 (cento e oitenta e sete contos e quinhentos e setenta e sete mil réis) para terminar as obras da igreja matriz iniciadas por seu marido e para prover as alfaias e mobiliários.
Não teve filhos, entretanto, ela criou oito crianças enjeitadas e abandonadas em suas propriedades, que dizia-se na época, serem filhos do seu marido. Um destes filhos adotivos, Gil Francisco Xavier, recebeu como legado as fazendas da Maravilha e Freguesia. Os outros sete filhos de criação receberam a quantia de vinte cinco mil réis em terras e escravos.
Depois de viúva, residiu em Niterói, onde possuiu uma propriedade urbana conhecida como Palacete da Soledade, atual residência dos arcebispos niteroienses e sede do Seminário Arquidiocesano São José.
Foi tornada titular do Império, em razão de suas obras de benemerência, através do decreto de Dom Pedro II, de 2 de dezembro de 1854.

Referências bibliográficas:
Nobreza Brasileira de A a Z. Soledade. Visitada em 9 de novembro de 2008.  Bibliografia:
RAPOSO, Ignacio. Historia de Vassouras. Vassouras: Fundação 1º de Maio, 1935.  Referências: TEIXEIRA, Milton. "Fazendas de Café: Vassouras". Sindicato Estadual dos Guias de Turismo do Rio de Janeiro; 2006. p.2. Visitado em 9 de novembro de 2008. Bibliografia:RAPOSO, Ignacio. Historia de Vassouras. Vassouras: Fundação 1º de Maio, 1935.SCISINIO, Alaôr Eduardo. Dicionário da Escravidão. Rio de Janeiro: Léo Christiano Editorial Ltda, 1997.GOMES, Flávio dos Santos. Histórias de Quilombolas. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.


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