Desembargador Antônio Izaías da Costa Abreu |
Foi no final da década de 1960, creio, do século anterior, que Hélio Bastos Borges, Promotor de Justiça Substituto, da Comarca de Bom Jesus, convidou-me a ir ao Distrito de Calheiros, pois sentia-se orgulhoso de mostrar-me o túmulo de sua ancestral D. Francisca de Paula Figueiredo, por ele descoberto e recuperado.
Pensei comigo: homens como o Hélio, voltado para a preservação da memória familiar e histórica, que dá tanto valor àquele jazigo próximo a completar uma centúria de anos, são raros.
Fluído meio século, ao inteirar-me da vida do casal Francisco da Silva Pinto e D. Francisca de Paula Figueiredo, passei a admirar ainda mais o par, principalmente a esposa, nascida em Vila Rica (atual Ouro Preto), descendente de uma das mais respeitadas e consideradas famílias da Província de Minas Gerais, que, na flor dos anos, coberta de esperança e participando da elite social da capital, apaixonou-se por um jovem adventista, com ele se casou, provavelmente em 1823, e renunciou a todo aquele fausto para participar de uma aventura de incerteza e temeridade. Deixou o recém-nascido, Carlos, aos cuidados de seus genitores, cuja saudade deve ter lhe apertado, sobremodo, o coração.
Por todo o narrado, o amor da jovem Francisca há de ser considerado tão grandioso como o de Raquel e Jacob; Julieta e Romeu; Isolda e Tristão; Marília e Dirceu e de Mariana Pereira e Tiradentes.
A pedido deste autor, a Drª Kátia Maria Nunes Campos desvendou que o alferes Francisco da Silva Pinto estava enterrado ao lado de sua amada, ao encontrar uma correspondência do Padre José Guedes Machado, endereçada à irmã do falecido, D. Leonor Assunção, residente em São José do Calçado, e a seu filho, Comendador Carlos Pinto de Figueiredo.
O casal permanece unido por toda a eternidade pois a morte não os separou. Estão juntos, lado a lado, no mesmo jazigo em Calheiros, 2º Distrito, na projeção de um amor, sublime amor.
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