segunda-feira, 19 de julho de 2021

AMOR, SUBLIME AMOR

 

Desembargador Antônio Izaías da Costa Abreu


Foi no final da década de 1960, creio, do século anterior, que Hélio Bastos Borges, Promotor de Justiça Substituto, da Comarca de Bom Jesus, convidou-me a ir ao Distrito de Calheiros, pois sentia-se orgulhoso de mostrar-me o túmulo de sua ancestral D. Francisca de Paula Figueiredo, por ele descoberto e recuperado.

Pensei comigo: homens como o Hélio, voltado para a preservação da memória familiar e histórica, que dá tanto valor àquele jazigo próximo a completar uma centúria de anos, são raros.

Fluído meio século, ao inteirar-me da vida do casal Francisco da Silva Pinto e D. Francisca de Paula Figueiredo, passei a admirar ainda mais o par, principalmente a esposa, nascida em Vila Rica (atual Ouro Preto), descendente de uma das mais respeitadas e consideradas famílias da Província de Minas Gerais, que, na flor dos anos, coberta de esperança e participando da elite social da capital, apaixonou-se por um jovem adventista, com ele se casou, provavelmente em 1823, e renunciou a todo aquele fausto para participar de uma aventura de incerteza e temeridade. Deixou o recém-nascido, Carlos, aos cuidados de seus genitores, cuja saudade deve ter lhe apertado, sobremodo, o coração.

Por todo o narrado, o amor da jovem Francisca há de ser considerado tão grandioso como o de Raquel e Jacob; Julieta e Romeu; Isolda e Tristão; Marília e Dirceu e de Mariana Pereira e Tiradentes.

A pedido deste autor, a Drª Kátia Maria Nunes Campos desvendou que o alferes Francisco da Silva Pinto estava enterrado ao lado de sua amada, ao encontrar uma correspondência do Padre José Guedes Machado, endereçada à irmã do falecido, D. Leonor Assunção, residente em São José do Calçado, e a seu filho, Comendador Carlos Pinto de Figueiredo.

O casal permanece unido por toda a eternidade pois a morte não os separou. Estão juntos, lado a lado, no mesmo jazigo em Calheiros, 2º Distrito, na projeção de um amor, sublime amor.

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