Jornal fundado por Ésio Martins Bastos em 25 de dezembro de 1946 e dirigido por Luciano Augusto Bastos no período 2003-2011. E-mail: onortefluminense@hotmail.com
terça-feira, 31 de outubro de 2023
segunda-feira, 30 de outubro de 2023
Reminiscência
Wilma Martins Teixeira Coutinho |
Quanta saudade eu sinto
Daqueles dias fagueiros
Passados em Bom Jesus
Que passaram tão ligeiros
Quero matar a saudade
Que ficou enraizada
Naquele rincão tão bonito
Cidade tão politizada!
Na Cultura e no saber
Crianças tão pequeninas
Já estão comprometidas
Têm um farol que as ilumina!
Wilma
domingo, 29 de outubro de 2023
O DIA DE FINADOS E O PADRE ANTÔNIO FRANCISCO DE MELLO DE BOM JESUS DO ITABAPOANA – RJ
Libaneses: sua História e sua Influência no Desenvolvimento de Bom Jesus do Itabapoana, com Reginaldo Teixeira Chalhoub
IRMÃOS TAVARES
Antonio Gabriel de Figueiredo |
Existem pessoas que morrem deixando saudades imorredouras para seus entes queridos, principalmente os nossos que partiram para a eternidade, outros, deixando uma lacuna jamais preenchida quer para os parentes quer para um grande número de amigos.
Outros falecem deixando uma tristeza imensa para seus familiares e para toda a coletividade, dado a civilização de cada um e ao modo gentil de tratar toda a humanidade. Neste último caso, quero me referir aos Irmãos Tavares, pois observando a fineza no trato que cada um dispensava a seus amigos, recordei-me de uma história antiga que li sobre a Suíça, no tempo ainda dá Confederação.
Acontece que viajavam em um trem vários passageiros. Tendo que levantar, um dos passageiros ao passar de um banco para o outro pisou nos pés de um cidadão ao seu lado. O referido senhor perguntou: Foi de propósito que fizestes isso? Respondeu o que pisou: Estamos dentro da Suíça. Quis dizer: estamos dentro de um país civilizado.
Assim eram os Irmãos Tavares que eu conheci. Traziam na alma a educação do povo campista, implantando um exemplo a toda a humanidade.
Eram os seguintes: Orioswaldo Bastos Tavares; Rodoval, este conhecido apenas de vista; Dermeval (Santinho); Manoel, ainda resta-nos com a graça de Deus, uma irmã, viúva do nosso respeitável amigo Chiquinho Borges e sogra do Dr. Luciano Bastos, e, dos homens, ainda nos resta um dos mais novos, no Rio de Janeiro, que não tive aínda a felicidade de conhecer.
Na hora do sepultamento de Rodoval, casualmente me achava na praça São Salvador, em Campos. Tinha gente da Praça ao Cemitério do Caju. Assim sendo, perguntei ao amigo: É algum Usineiro que estão sepultando? Respondeu-me: É o Rodoval Tavares. Trata-se de um lutador igual a nós, mas ele conseguiu um vasto círculo de relações que dificilmente um dono de Usina conseguiria. Ele era relacionado nas escolas de samba, nos meios esportivos, no comércio, na indústria e em todo o ponto onde tivesse atividade humana.
Fiquei conhecendo mais as qualidades humanas de Rodoval, que eram as mesmas dos outros irmãos.
(Extraído do livro "Céus do Outono", 1990)
APRESENTAÇÃO DO LIVRO
Esta singela obra constitui-se de uma série de artigos de autoria do meu Pai, publicados nos semanários bonjesuenses "A Voz do Povo" e "O Norte Fluminense".
A mesma não exterioriza qualquer pretensão literária, até porque o Autor tão somente objetivava relembrar fatos acontecidos na Bom Jesus do início do século e outros contos da cultura popular que ficaram gravados na sua memória.
A deliberação de editar o livro foi dos filhos, à revelia do Autor. É uma modestíssima homenagem a quem soube sempre dar um exemplo de honestidade e retidão de caráter em todos os atos de sua vida.
Espero que este livro possa agradar e ser útil aos diletos leitores, levando a todos uma mensagem de amor, fé e esperança.
Niterói, 3 de junho de 1990
ANTONIO CARLOS DE FIGUEIREDO
A Academia MARIA ANTONIETA TATAGIBA - Artes - História - Letras, do Sítio Histórico de São Pedro do Itabapoana, em Mimoso do Sul/ ES e o DIA NACIONAL DO LIVRO
A Academia MARIA ANTONIETA TATAGIBA - Artes - História - Letras, no Sítio Histórico de São Pedro do Itabapoana, em Mimoso do Sul/ ES, PARABENIZA todos que fazem dos LIVROS sua forma de expressão e de aprendizagem, pelo DIA NACIONAL DO LIVRO - 29 de Outubro.
Com grande satisfação e reconhecimento, apresentamos a Capa do Livro FRAUTA AGRESTE, publicado em 1927, o primeiro a ser publicado com Obra Poética de uma Poetisa Capixaba, MARIA ANTONIETA TATAGIBA, nascida no Município de São Pedro do Itabapoana /ES (1887 a 1930), posteriormente, Mimoso do Sul.
Por seu pioneirismo, pela sua qualidade poética e um rico existir em apenas três décadas, propomos uma ampla e vasta divulgação de sua VIDA e OBRA.
Dr Pedro Antônio de Souza.
Presidente da Academia
sábado, 28 de outubro de 2023
GOTINHAS DE HISTÓRIA
Isabel Menezes |
Quando cursava minha faculdade, uma das leituras foi o livro "Onda negra, medo branco", de Celia Maria Marinho De Azevedo. Essa autora descreveu com maestria a relação entre brancos e negros, no século XIX, o receio que a população branca possuía, em relação ao aumento da população de cor negra no Brasil, já que no Haiti, os negros se rebelaram, fazendo a independência do país.
Os negros eram recrutados na África, pelos traficantes de escravos, em um negócio bastante lucrativo. Eles faziam acordos com os chefes de tribos africanas, que negociavam não só seus prisioneiros de guerras tribais como também seus subalternos, por qualquer motivo torpe que fosse. Assim, eram embarcados para o Brasil, amontoados em navios negreiros ou tumbeiros, onde viajavam em precárias condições. Não eram poucos os que morriam na viagem, ou adquiriam doenças.
No poema navio "Negreiro", Castro Alves entoa para nossa triste lembrança: “Era um sonho dantesco... O tombadilho/ Que das luzernas avermelha o brilho,/ Em sangue a se banhar. /Tinir de ferros... estalar de açoite.../ Legiões de homens negros como a noite,/ Horrendos a dançar... / Negras mulheres, suspendendo às tetas! /Magras crianças, cujas bocas pretas,/ rega o sangue das mães: /Outras moças, mas nuas e espantadas, /no turbilhão de espectros arrastadas,/ em ânsia e mágoa vãs!”
E assim transportados, os que conseguiam chegar eram encaminhados às praças de negócios, onde permaneciam acorrentados até que um fazendeiro os arrematassem como se fosse um animal. Muitos senhores eram tementes a Deus e tratavam bem seus escravos, com a dignidade condizente à época, pois a escravidão já vinha da grande África e era permitida legalmente no mundo. Como professora de História, aprendi a não julgar os acontecimentos históricos com os conhecimentos atuais, já que não vivi em tal época, mas todo tipo de escravidão é algo inaceitável, com a mentalidade que temos hoje em dia.
O livro "Onda negra, medo branco", é ainda hoje muito atual e merece ser lido, pelos amantes da literatura. Claro, com uma leitura crítica. “O que fazer com o negro quando a escravidão terminar? Ou então, como impedir um final brusco da escravidão, deixando à solta e sem nenhuma regra uma imensa população de negros e mestiços pobres em país regido por uma minoria de ricos proprietários brancos?" Em "Onda negra, medo branco", encontraremos um intenso debate em torno destas questões senhoriais travado por abolicionistas e imigrantistas ao longo do século dezenove. Decerto esse debate ainda se arrastaria pelo tempo não fosse a intervenção dos próprios escravos com suas ações autônomas e violentas, aguçando os medos da ´onda negra´, imagem vívida forjada no calor da luta por elites racistas.
Todo tipo de escravidão é um ultraje, uma desumanidade, pois não existem raças e sim a RAÇA HUMANA, na qual todos somos iguais diante de Deus. A consciência de cada um deve ser bem instruída quanto a dignidade de filhos de Deus, herdeiros do céu, dignidade esta, que cada ser humano se encontra revestido.
(Isabel Menezes - Professora de História e Ensino Religioso, estudiosa social e escritora de Varre-Sai/RJ)
sexta-feira, 27 de outubro de 2023
"Recordar bons momentos é 10!", por Rogério Loureiro Xavier
Olá 👋 pessoa amiga e do bem.
Recordar bons momentos é 10 !
Com meus 14 anos estudava no Colégio Estadual Professor Clóvis Monteiro/RJ. Era integrante do "Clube da Música do colégio e por várias vezes participei do Festival Interno Estudantil da Canção (MPB). Cantei na Rádio Riquete Pinto no programa do radialista Duque Estrada. Representei meu colégio, na TV Tupi, no programa João Roberto kelly. Infelizmente não fui vencedor mas as três vezes foram inesquecíveis... Cheguei a formar um Conjunto de Rock'n'Roll... "The Children"... Que tempo bom!! 👍🎙🎸✌
*"Prédio que foi o Cassino da Urca, também foi a emissora da TV Tupi canal 6, foto de 1976 - Bairro da Urca Rio de Janeiro."*
✍ ... amigo Roger LX
28 e 29 de outubro: Festa de São Pedro do Itabapoana
quarta-feira, 25 de outubro de 2023
Sem mais esperança
Sílvio Fontoura |
Eu não quero que saibas, nem sequer,
Suspeites que te adoro,
Esplêndida mulher,
Por quem de ciúmes, estremeço e choro.
É minha sina amar-te sem dizer
a ninguém, a ninguém! que te amo tanto
E que, amando-te assim, hei de morrer.
APLAUDINDO… (Texto Memorável da Profª Amália Teixeira Chalhoub, descoberto pelo jornal O Norte Fluminense)
Profª Amália Teixeira Chalhoub |
Amália Teixeira escrevia em "Bom Jesus-Jornal", de José Tarouquela de Almeida, em 1928, com o pseudônimo de "Rosen" (acervo do Espaço Cultural Luciano Bastos/ECLB) |
Amália Teixeira escrevia também em "A Voz do Povo", de Osório Carneiro, em 1930, com o pseudônimo "Rosen" |
O tempo
Wilma Martins Teixeira Coutinho |
O tempo passa para todo mundo na mesma quilometragem. Leva a dor, a tristeza e o sofrimento. Deixa marcas profundas, haja coração para suportá-las! Lenços para enxugar as lágrimas que desoprimem e aliviam a dor extensa. Tempo que teima em permanecer na lembrança. Tempo que dura meses, anos, todo o tempo que temos para esquecer. Só o Amor esse Tempo não apaga, porque para ele o Tempo é o proprio Amor!
Wilma
FEIRINHA DE ARTE E ARTESANATO DO CAFÉZIN
Saudando Padre Mello, na Serra do Tardin
terça-feira, 24 de outubro de 2023
Discurso proferido pelo acadêmico Nivaldo Xavier Valinho, em nome dos ex-alunos, nas comemorações do 75° aniversário de fundação do Colégio Rio Branco – Bom Jesus do Itabapoana – 17/11/95
Nivaldo Xavier Valinho |
Senhoras e Senhores:
“... HONRA E GLÓRIA...”
Não foi sem motivos que a visão transcendental do Pe. Mello, destacou no Hino do Colégio Rio Branco a mensagem imperecível destes vocábulos: Honra e Glória.
A força deste brado, tantas e tantas vezes entoado por nós, ultrapassou o tempo e nos acompanha vida afora.
Honra, segundo Aurélio Buarque, é a homenagem à virtude, ao talento, à coragem, às boas ações; Glória, é a fama por ações extraordinárias, grandes serviços às letras, às artes, à cultura, etc.
“HONRA E GLÓRIA”, pois, àqueles que ousaram, que tiveram talento e coragem, aqui fundando uma Escola dedicada à cultura, às letras, à educação. Uma escola que varou décadas e formou gerações de bonjesuenses, que sem ela, jamais poderiam ter tido as oportunidades que lhes foram concedidas.
Nesta noite, meus amigos, é preciso que voltemos no tempo 75 anos atrás; imaginemos uma Bom Jesus daquela época: um punhado de casas; um pequeno grupo populacional; uma pequena comunidade sequiosa de independência, de maioridade e, convenhamos, só o talento e a coragem de uns poucos visionários, poderiam ensejar à nossa terra tão grande incentivo à cultura, às letras e à educação: a fundação de uma Escola que viria marcar indelevelmente as gerações futuras de Bom Jesus.
O PROF. JOSÉ DA COSTA JÚNIOR, fundador do Colégio Rio Branco, acreditou no talento dos nossos jovens e na força comunitária de nossa gente e lançou a semente fecunda que o consagrou na História bonjesuense como benfeitor da cultura e da educação.
Há alguns anos atrás, no cinquentenário do Rio Branco, o PROF. MÁRIO BITTENCOURT, seu segundo proprietário, destacava o pioneirismo do Colégio, que além de um ensino esmerado e invejável, desenvolveu atividades então inexistentes na maioria dos municípios fluminenses: a instalação de uma escola de datilografia e a criação de um Tiro de Guerra e mais, confiando na capacidade de seus mestres e no talento dos alunos, fez com que o Rio Branco se tornasse o primeiro colégio da região a receber uma Banca Examinadora do Departamento Nacional do Ensino, para avaliar os alunos com vistas ao seu ingresso no Colégio Pedro II.
Despontaram nessa época, JOSÉ VIEIRA SERÓDIO, NAPOLEÃO TEIXEIRA, WALTER FIGUEIREDO, e vários outros, que brilharam nas escolas e Faculdades do Rio de Janeiro.
Apesar de todos esses avanços, entretanto, a falta do reconhecimento oficial se tornava obstáculo respeitável ao progresso da Escola, mas não o bastante para esmorecer o ânimo de uma figura notável de Bom Jesus, o PROF. CARLOS MARQUES BRAMBILA.
De secretário, após o professor JOSÉ CÔRTES COUTINHO passara a proprietário do Colégio, transformando-o em Ginásio oficializado, (uma proeza na época – 1936), mantendo regimes de internato e externato, ampliando a fama do educandário, fazendo-o abrigar alunos de vários Estados, atraídos pela excelência do ensino, que se constituía em valioso passaporte para os difíceis exames seletivos do Pedro II.
Mas, a História do Colégio Rio Branco não se dissocia da História de Bom Jesus: os mesmos momentos de ousadia; iguais tormentos de crises, mas sem esmorecimentos porque amparados um e outro no que esta terra possui de mais singular, ante os demais rincões brasileiros: a força de sua comunidade.
Bom Jesus possui esta virtude ímpar, que atravessa os tempos; seu povo sempre soube quando unir-se sob uma mesma bandeira, quando mais alto se descortina o interesse de todos.
Deparando instransponíveis exigências do MEC nas altas taxas para os educandários reconhecidos o Rio Branco soçobrava, perdendo sua oficialização, mas logo encontrou amparo na sobrevida quando uma JUNTA INTERVENTORA, constituída pelos valorosos homens da comunidade, OLÍVIO BASTOS, JOSÉ DE OLIVEIRA BORGES (então Prefeito) e JOSÉ MANSUR, passou a administrá-lo, restabelecendo sua oficialização e garantindo sua continuidade, sempre mantida a qualidade de seu ensino.
Iniciou-se aí uma administração duradoura, comandada por OLÍVIO BASTOS, e a era de uma Diretora que marcou a vida estudantil de gerações de bonjesuenses: MARIA DO CARMO BAPTISTA DE OLIVEIRA – a D. CARMITA.
Tinham tudo para fracassar numa convivência profissional: ele, quase um lord, um inglês por formação, dada sua convivência com os construtores da estrada de ferro: discreto, paciente mas indomável; D. CARMITA, toda ímpeto, dedicação integral e diuturna ao Colégio: disciplinadora inflexível.
Essa convivência, entretanto, varou décadas. “Seu Olívio” passou à história como o proprietário compreensivo e de grande visão administrativa. D. Carmita, soube adequar sua missão às diretrizes de Olivio Bastos, sem abdicar de sua forte personalidade e do temperamento dominador, que entretanto, visavam o progresso do Rio Branco e o futuro de seus alunos.
Certo, porém, quanto a ela, que nenhum de nós, ex-alunos da geração D. Carmita, não consegue permanecer silente em qualquer sala daquela Casa sem perceber seus passos firmes ao longo dos corredores; ainda hoje, esta sensação ocorreu-me, na sentimental visita feita à antiga Escola.
Reverenciamos a figura de D. CARMITA pelo tanto dedicou ao Colégio Rio Branco e ao nosso aprimoramento educacional.
Sem a visão de futuro que ela inegavelmente possuía, quantas e quantas vezes me rebelei a cada “indicação voluntária” que me era feita para declamações, teatros, grupos de canto, monólogos, etc. etc. nas festivas reuniões do “Grêmio Humberto de Campos”, atividades que mais tarde me valeriam – e muito – na vida profissional a que a vocação me conduziu.
Assim comigo, igual a tantos e tantos outros colegas.
Possuía D. CARMITA o dom de descobrir em cada qual uma virtude às vezes oculta, que, trabalhada, se transformava numa qualidade desconhecida do próprio aluno.
De seu turno, Sr. OLÍVIO BASTOS, consolidou o Colégio Rio Branco, deu-lhe pujança, renome, transformando-o num dos maiores colégios do Estado do Rio de Janeiro.
Tamanho patrimônio e tantas tradições não poderiam ser entregues a mãos inábeis e nem transferidos senão a quem o igualasse no idealismo, no trabalho e no esforço de preservar, não um patrimônio familiar, mas um verdadeiro patrimônio bonjesuense.
Por isso, há quase 40 anos o DR. LUCIANO AUGUSTO BASTOS vem conduzindo e mantendo o Colégio Rio Branco e só Deus, e seus familiares, e ele, sabem com que sacrifícios o faz.
As transformações sócio-culturais que atingiram nossa juventude ao longo desse período, tornou a mais árdua de todas, a tarefa de que foi incumbido LUCIANO BASTOS.
Qualquer outro não teria resistido ao cerco imobiliário, às tentações de mercado, não fosse um vocacionado, um idealista, um guardião fiel das quase centenárias tradições do RIO BRANCO.
O êxodo para os grandes centros dos jovens bem aquinhoados; e o desesperado apelo dos menos favorecidos por uma matrícula menos onerosa, por certo têm sido o grande dilema deste Continuador.
Inevitável o choque entre o empresário e o idealista; entre o homem-executivo e o homem-comunidade; entre o administrador e o mestre.
Poucos teriam a fibra de LUCIANO BASTOS para manter viva a chama que aqueceu os ideais de COSTA JÚNIOR, de MÁRIO BITTENCOURT, de COSTA SOBRINHO, de CÔRTES COUTINHO, de MARQUES BRAMBILA e de OLIVIO BASTOS.
No feliz dizer do Profª. Nisia Campos, LUCIANO pode ser visto “como um milenar cedro libanês que embora as intempéries, não tomba; sente as tempestades à sua volta, mas não se abala”.
Dificilmente, sem ele, digo eu, poderíamos agora olhar daqui e encontrar aquele mesmo Rio Branco de nossa juventude, de nosso início, de nossa saudosa época estudantil.
Justo, assim que felicitemos o Instituto de Letras e Artes "Dr José Ronaldo do Canto Cyrillo", os Poderes Legislativo e Executivo por esta iniciativa, de promover esta solenidade.
Agradeço a fraternal imposição que me trouxe a falar em nome dos ex-alunos. Lembrou-me a escolha, às “indicações voluntárias” de D. CARMITA nos tempos-menino das reuniões do Grêmio. Confortou-me, porém, a honraria: daqueles bancos escolares saíram centenas e centenas de bonjesuenses hoje ilustres figuras no cenário nacional, que melhor poderiam ter vindo aqui dizer da nossa Escola.
Não me move, portanto, falsa modéstia; sinto-me orgulhoso de ter sido o escolhido, porque palpita o coração de um ex-aluno e ex-professor que tanto deve ao Colégio, e que por falar de coração, sente-se à vontade para saudá-lo em nome de todos, de todas as gerações nesta comemoração que não é só do RIO BRANCO, mas de todo o Vale do Itabapoana.
Nota do jornal O Norte Fluminense: Nivaldo Xavier Valinho, Desembargador pelo Estado do Espírito Santo, ocupou a Cadeira nº 16, patronímica de Francisco Ribeiro (Pastor)
A PLANTINHA DA BEIRA DA ESTRADA
Carmen Boechat Alt da Costa Santos
Uma plantinha qualquer
à beira da estrada...
Vivendo de uma gota de orvalho,
à sombra de antigo carvalho,
sufocada, às vezes, por tantas outras,
vencendo o calor, as espertezas do solo,
foi crescendo... foi vivendo...
Caiu a chuva, refrescou a terra...
Gotinhas abençoadas a alcançaram,
jeitosas mãos ali a protegeram...
E a plantinha da beira da estrada... cresceu!...
Uma plantinha qualquer à beira da estrada...
A chuva bondosa emprestou-lhe ânimo...
Umas gotas de Amor em mãos carinhosas...
foram gotas... abençoadas... vivificantes...
E a plantinha da beira da estrada... floresceu!...
Era uma plantinha qualquer...
Mãos carinhosas a colheram...
Alguém a levou para enfeitar-lhe a vida...
Mãos jeitosas... Trazendo Amor... foram suas...
A plantinha agora enfeita-lhe os dias...
A plantinha da beira da estrada... sou EU!...
Nota do jornal O Norte Fluminense: a saudosa professora Carmen Boechat Alt da Costa Santos, que utilizava em suas poesias o pseudônimo de Carmen de Rosal, ocupou a cadeira nº 6 da Academia Bonjesuense de Letras, patronímica de Amélia de Azevedo Costa.
SAUDADE
Nílton Serpa Kelly
Saudade! Nunca a avaliei como merece.
É uma mistura de sentimentos caros,
É a angústia,
A sensação de perda,
A impotência diante da distância.
Enfim, é um confundir-se de sentimentos.
Emocionante!
Imprevisível também.
Saudade, como defini-la?
Para saber o que é a saudade,
Antes temos que experimentar
Um grande amor.
Mas também
Sentir o que é solidão, ternura,
Alegria, tristeza, lágrimas, melancolia.
E, principalmente,
Tirar do coração as recordações.
E, por fim, tornar à vida.
Assim, viveremos uma saudade,
Pois vivemos um grande AMOR!
Nota do jornal O Norte Fluminense: o saudoso Dr Nilton Serpa Kelly, conceituado advogado de nosso município, ocupou a Cadeira nº 9 da Academia Bonjesuense de Letras, patronímica de Antônio Francisco M. Wanderley.
CAMPOS ANTIGA
Walter Siqueira |
Por tuas ruas de árvores antigas,
O orvalho alvíssimo as manhãs acolhem
E abrem-se, a cada instante, mãos amigas
Que, em velhas conchas, velhas lágrimas recolhem.
Ouvindo, no arrebol, tuas cantigas,
Talvez ipês e acácias se desfolhem.
O céu azul é o pálio em que te abrigas
Quando as tormentas teus olhos tolhem.
Cidade sem muralhas montanhosas,
De clima tropical, plana, virente,
Revejo-te num círculo de rosas.
De longe, uma saudade que me prende
- Faz rebrilhar o claro olhar da gente,
- No coração novo fervor acende.
Nota do jornal O Norte Fluminense: Walter Siqueira ocupou a Cadeira nº 34 da Academia Bonjesuense de Letras, patronímica de Raymundo José de Araújo
ÁRIA SERESTEIRA
Alba Mello de Oliveira
Um olhar - longes tempos - de saudade
percorre a pequenina vila inserta
no vale ensolarado - Liberdade -
as janelas ingênuas, mas desertas
Nas horas do mormaço - após meio-dia -
Casario em fileiras, lado a lado.
As festas - Santo Antônio - e as alegrias...
Procissões de estandarte iluminado...
Um tango ao "Despertar (ao claro-escuro)
da Montanha" - fazendas de café...
O verde-azul-violeta, o céu, a terra.
Poeira avermelhada... um sonho puro...
Quando a lua-luar - cimo ao sopé -
seresteira, prateia a minha terra!...
Nota do jornal O Norte Fluminense: Alba Mello de Oliveira, saudosa Professora Estadual, nasceu no distrito de Carabuçu e foi Membro Correspondente da Academia Bonjesuense de Letras
Duas vidas predestinadas ao amor
Ayson Janones de Oliveira
Neste mundo, quando aqui cheguei,
Aquariano, vi a luz primeira,
Você também chegou, alma gêmea;
O destino com suas artimanhas
Tramava algo, envolvendo nossas vidas,
Colocando um elo forte entre nós,
Nosso entrelaçamento, e convivência.
Crescemos juntos, brincamos, sem a noção
Dos nossos sentimentos, ainda ingênuos,
O tempo, célere, passava...
Da infância, juventude, adolescência,
A amizade se transforma, nos faz sonhar...
Sentimento novo aflora em nossos corações,
Imaturos, sem conhecer ainda a vida
Em sua plenitude, ficamos perplexos.
No peito uma chama acesa, viva...
Despertando dois jovens em ascensão,
Como uma flor desabrochando.
Era o amor, forte, sublime, impetuoso...
Nos madrigais de nossa existência,
Sonhos, devaneios, fé, esperança,
E o que há de mais belo no amor.
No casamento, partilhamos nossas vidas,
Construindo uma família, um lar,
Nosso orgulho, mercê de Deus!
De nossos pais, que se foram desta vida,
Tivemos verdadeira lição na caminhada,
Amor, compreensão, respeito, tolerância;
Filhos, genros, nora, netos, queridos,
Uma dádiva de Deus, graças divinas.
Volvendo nossos pensamentos aos céus,
Agradecemos ao Pai celestial as graças
Concedidas ao longo do tempo!
Bom Jesus do Itabapoana, janeiro de 1997
Nota do jornal O Norte Fluminense: o saudoso escritor Ayson Janones de Oliveira ocupou a Cadeira nº 4 da Academia Bonjesuense de Letras, patronímica de Amador Pinheiro Alves
ADEUS, MÃE!
Edson de Oliveira Chaves
O que dizer quando se perde alguém
a quem se ama com intensidade?
E me pergunto: o que fazer, também,
com tanta dor parceira da saudade?
O sofrimento que daí provém
de tal maneira o coração invade
que só nos resta a esperança além
de um reencontro lá na eternidade.
O adeus à mãe é sempre doloroso;
no desenlace é muito pesaroso,
tornando bem sofrida a despedida.
Como exprimir o sentimento forte
senão dizendo quando ocorre a morte:
- Com Deus descanse em paz, ó mãe querida?!
(Lida pelo autor por ocasião do sepultamento da sua mãe Edna de Oliveira Chaves, em 29/9/1995)
Nota do jornal O Norte Fluminense: Edson de Oliveira Chaves ocupou a cadeira nº 35 da Academia Bonjesuense de Letras, patronímica de Renato Wanderley
CASA ABANDONADA
Yvonne Diniz Miguel
Volvendo àquela casa abandonada,
de tristonho jardim, sem uma flor,
tendo a roseira apenas isolada
perto da bomba d'água, sem motor
Aquela hortinha... outrora bem tratada
dava repolho, alface, couve-flor,
agora, uma tapera desolada,
retalho triste dum distante amor...
Patente estava o nada desta vida.
A meditar naquela soledade,
palmilhei, tristemente comovida,
todo o quintal... e o coração ferido,
pelos rudes acúleos da saudade,
chorou meu velho sonho ali perdido.
Nota do jornal O Norte Fluminense: Yvonne Miguel Diniz ocupou a Cadeira nº 26 da Academia Bonjesuense de Letras, patronímica da Professoral Olga Ebendinger Ferreira
HISTÓRIA DA RUA FORMOSA
ETERNIDADE
Para Romeu Couto
Jacy Pacheco |
Que a morte seja o fim, ninguém me persuade.
Que a vida continua além, eu acredito.
Mas como dói pensar nessa continuidade
do solitário ser, espectral e aflito!
Como sobreviver, se na imortalidade
não ouvirmos, sequer, o som do próprio grito?
Terrível deve ser vagar na imensidade
do deserto sem fim do éter infinito!
Senhor, dai-me um fanal! Se vivo num tumulto
de vozes e emoções, a morte faz-me estulto,
impondo solidão e trevas e ansiedade!
Ó Pai, que andais no céu, apascentando estrelas!
No abismo sideral deixai-me sempre vê-las!
Integrai-me na luz da vossa eternidade!
***
Em cada amigo que morre,
morre um pouco do meu ser.
E assim a vida transcorre:
ver morrer... até morrer.
Nota do jornal O Norte Fluminense: Jacy Pacheco ocupou a Cadeira nº 18 da Academia Bonjesuense de Letras, patronímica de Joaquim Padilha Vaz (Pádua Filho)
Recordando o meu tempo de autoridade
Osório Carneiro |