quinta-feira, 31 de julho de 2014

CONTADORA DE HISTÓRIAS RECEBE COMENDA




Maria Elvira Tavares Costa



A Contadora de Histórias cachoeirense, Maria Elvira Tavares Costa, foi agraciada com a Comenda Rubem Braga pela Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo no dia 12 de julho passado.

 

Num total de 30 pessoas agraciadas em sua primeira edição, a homenagem foi iniciativa do Deputado Estadual Glauber Coelho.

Entre os homenageados, consta Maria Elvira Tavares Costa, participante do Circuito Cultural Arte entre Povos, de Bom Jesus de Itabapoana (RJ).



Contadora de Histórias, Maria Elvira é fã incondicional e estudiosa da vida e da obra do cronista cachoeirense Rubem Braga. Escritora, desenvolve trabalhos junto às Comunidades Quilombolas de Cachoeiro de Itapemirim, sua cidade natal, tendo escrito o livro “No tempo da onça” (2012), onde reconta as historias tradicionais da Comunidade Quilombola de Vargem Alegre; organizado o livro “Todas as faces de Maria” (2012), de autoria de Genildo Coelho, sobre a Mestra de Caxambu e líder comunitária Maria Laurinda Adão, da Comunidade Quilombola de Monte Alegre. 


 

Criadora do projeto “Olha do Braga sobre Cachoeiro”, que teve sua primeira versão – cartões postais, e a segunda - sinalização viária, desenvolvidas com o patrocínio do SEBRAE, como realização da I e II Bienais Rubem Braga – 2006 e 2008. A versão livro, desenvolvida em parceria com a equipe da Editora Cachoeiro Cult, como última etapa de seu projeto, teve sua publicação em 2013, em comemoração ao centenário de Rubem Braga.  O projeto apresenta seleção das crônicas em que Rubem, amorosamente, trata de sua cidade natal.

Também de sua autoria o livro “Manual da Bondade – eu faço a minha parte”, do ano de 2010, fruto do trabalho desenvolvido pela primeira dama do município, Auxiliadora Casteglione, em apoio às entidades filantrópicas de Cachoeiro.

Maria Elvira tem ainda artigos e textos publicados em revistas, jornais e livros de outros autores.












CURRICULUM VITAE DE MARIA ELVIRA TAVARES COSTA

Brasileira, contadora de histórias, escritora e agente cultural. Graduações: Licenciatura em Sociologia; Administração de Empresas. Especializações: Psicopedagogia; Psicodrama.

Publicações:
- Livro: “No tempo da Onça”, reconto de histórias tradicionais da Comunidade Quilombola de Vargem Alegre. Autoria. 2013.
- Livro: “Todas as Faces de Maria”. Organização. Autoria: Genildo Coelho Hautequestt Filho. 2013.
- Livro: “Olhar do Braga sobre Cachoeiro”. Idealização, seleção de crônicas. Parceria com a equipe da Editora Cachoeiro Cult, 2013.
- Opúsculos: “Bernardo Horta” e “Nelson Sylvan”, publicações do Instituto Newton Braga.
Organização. 2012, 2011.
- Manual da Bondade – história das entidades filantrópicas de Cachoeiro de Itapemirim. 2010. Autoria do texto. Trabalho desenvolvido pela Prefeitura Municipal de Cachoeiro de Itapemirim.

Atividades Culturais:
- Projeto “Leitura no Embornal”, de formação de leitores – autoria e desenvolvimento. Parceria Associação de Folclore de Cachoeiro de Itapemirim – Ponto de Cultura do Folclore; Instituto Newton Braga; EMEB São Vicente (Biblioteca Comunitária de Vargem Alegre); EMEB Monte Alegre (Biblioteca Comunitária de Monte Alegre). Terceiro ano consecutivo.
- Circuito Cultural “Arte entre Povos”, realização ECLB – Espaço Cultural Luciano Bastos, Bom Jesus de Itabapoana, RJ. Edição 2013.
- Apresentações diversas.

Projetos:
- “Olhar do Braga sobre Cachoeiro”, sinalização viária. Idealização, seleção de textos e localização de placas. Co-autoria, com Genildo Coelho Hautequestt Filho. Realização Prefeitura Municipal de Cachoeiro de Itapemirim, I Bienal Rubem Braga, 2006. Patrocínio SEBRAE.
- “Olhar do Braga sobre Cachoeiro”, cartão postal. Idealização, seleção de textos, seleção de fotos.  2007. Realização Prefeitura Municipal de Cachoeiro de Itapemirim. Patrocínio SEBRAE.
- “Coisas de Mestre” – calendário, cartões postais e exposição, 2008. Realização Prefeitura Municipal de Cachoeiro de Itapemirim. Patrocínio SEBRAE.
- “Velhas Histórias gerando Nova Vida”, projeto de contação de histórias e re-contação de vidas.
Terceira Idade. Centro de Convivencia para Idosos, Prefeitura Municipal de Marataízes, 2013. ALES – Assembleia Legislativa do Espírito Santo, Escola Cidadã, 2004.


















9a. Exposição de Obras de Arte: 7 a 9 de agosto



Há nove anos atrás, ocorria num prédio da Praça Governador Portela, gentilmente cedido pelos Supermercados Varejão, a 1a. Exposição de Obras de Arte.

Cinco anos depois, agregava-se à Exposição, a 1a. Feira de Livros, e implementava-se o 1o. Circuito Cultural Arte Entre Povos.

Em 2014, a Exposição de Obras de Arte retorna à Praça Governador Portela, em um prédio histórico.







terça-feira, 29 de julho de 2014



PRÉDIO DA ÉPOCA EM QUE VIVERAM OS GOVERNADORES ROBERTO E BADGER SILVEIRA SERÁ TRANSFORMADO EM MUSEU
DESCENDENTE DO BARÃO DE AQUINO PRESERVA PATRIMÔNIO HISTÓRICO NA FAZENDA SAO TOMÉ, EM BOM JESUS DO ITABAPOANA

Prédio centenário da época de infância de Roberto e Badger Silveira

Flávio de Aquino Ferreira é o atual proprietário de uma parte da Fazenda São Tomé, onde viveram parte da infância os irmãos governadores do Estado do Rio de Janeiro, Roberto e Badger Silveira.

Entrada da Fazenda São Tomé

Flávio conta que a propriedade pertenceu a Boanerges Borges da Silveira, pai dos governadores. Depois, passou a ser propriedade de Chichico das Areias, seu avô, que é filho do Barão de Aquino. Este, por sua vez, era filho do Visconde de Pinheiro, oriundo de Sumidouro (RJ). 


Sede atual da Fazenda São Tomé foi construída há cerca de 70 anos

Segundo Flávio, a atual sede da Fazenda foi construída há cerca de 70 anos, ao lado do prédio centenário.

 Flávio de Aquino Ferreira, descendente do Barão de Aquino: preservação da História

"Tenho preservado este patrimônio e pretendo futuramente transformar em museu este prédio centenário", registrou Flávio.




Flávio e o prédio centenário da época de infância dos governadores Roberto e Badger Silveira


A outra parte da Fazenda São Tomé pertence ao irmão de Flávio, Fábio de Aquino Ferreira. Outro prédio, também centenário, embora reformado, mantém os traços da sua história.

Segundo Fabio, foi Manoel Português quem construiu a fazenda, tendo Belarmino como carpinteiro
.

Fábio de Aquino Ferreira é proprietário da outra parte da Fazenda São Tomé e mantém...

...os traços do outro prédio centenário da Fazenda São Tomé


O livro ROBERTO SILVEIRA, A PEDRA E O FOGO, do jornalista José Sérgio Rocha, faz várias referências à Fazenda São Tomé. Eis algumas:

À página 43:

"As notícias de que os primeiros posseiros, Antônio Neném e o alferes Silva Pinto, haviam encontrado terras boas para plantio chamaram a atenção do açoriano Francisco Teixeira de Siqueira, que morava com a mulher, Felícissima Rosa d'Oliveira, numa fazenda em Rio Pomba, em Minas Gerais. Com a morte deles, dez dos 14 filhos - alguns migraram para Monte Alegre (depois rebatizada de Bom Jesus do Itabapoana) e, outros, para São José do Calçado, no Espírito Santo.

Antes de Neném fundar o vilarejo, outro pioneiro, o tenente Felisberto Gonçalves Dutra, separou 15 alqueires de sua propriedade para criar, em 1840, o povoado de Santo Antônio do Rio Preto. Vinte anos depois vendeu algumas fazendas, uma delas a São Tomé, comprada em sociedade pelos capitães Cândido Soares Calheiros e José da Costa Santos".


À página 48

"Badger era adolescente quando viu o mulato septuagenário, espigado e bem-falante aparecer pela primeira vez na sede da fazenda São Tomé, para uma prosa com seus pais. Costumava visitá-los aos sábados. Ficava algum tempo na varanda conversando com Boanerges e Maria do Carmo Silveira, conhecida como Biluca. Ambos se divertiam com as histórias daquele agregado que parecia sempre de bem com a vida". 


À página 50:

Numa tarde, fim dos anos 30, Boanerges Borges da Silveira foi cumprimentado à moda antiga por um idoso, na porteira da São Tomé: - Sôs Cristo! (corruptela da expressão Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo). - Louvado seja! Dizendo que havia encontrado o caminho seguindo uma estrela, o sabido João chegava a Calheiros, distrito de Itaperuna, depois parte de Bom Jesus... Antônio Ignácio, seu amigo que o livrara de tanta agruras, morrera de câncer nos rins aos 75 anos. Maria Borges Silveira, a esposa oficial, falecera antes do marido. Restavam os filhos dela, a outra e os filhos dele com a outra, dona Sinhá. João, ou Fidélis, soube pelo filo do protetor que este, ao chegar a Bom Jesus do Itabapoana abrira umaçougue para sustentar os filhos. Entendeu perfeitamente: - Era só com a carne humana que vosso pai não queria negócio". 

À página 75:

"Em Bom Jesus, um português rico, Manuel Seródio, fazia as vezes de casa bancária, empestando a juros de 12% ao ano. Boanerges negociou a hipoteca e saiu da casa de Seródio para fechar negócio nas terras altas do Faustino. Nascia a nova São Tomé. O novo dono da São Tomé sabia gastar".


À página 77:

 "Cinco anos depois de instalado na São Tomé, Boanerges derrubara a mata e espalhara café. A São Tome produzia de tudo. A caldeira alemã punha em funcionamento as máquinas de pilar café e de debulhar o arroz, além do moinho de fubá. A produção de café passava das mil sacas e, tal e qual o avô, Boanerges abriu um armazém para vender o que plantava.

Vivia confortavelmente numa casa de cinco quartos, duas salas e varanda, ao lado de um quintal cheio de pés de laranja lima. Na sala de visitas, móveis de palhinha, cadeira de balanço, mesinhas de mármore, cantoneiras e lampiões da Bélgica".

À página 78:

 "Trinta famílias roçavam em parceria com o dono da São Tomé e em cada casa havia um afilhado de Boanerges e Biluca".

 À página 79:

"Um dia, ele (Roberto Silveira) perguntou a Boanerges como nascera. O pai tinha a resposta na ponta da língua. Badger foi achado na porteira da São Tomé, Zequinha numa moita de bananeira e o caçula (a mais nova era Penha) junto à pedra".




segunda-feira, 28 de julho de 2014

MEDALHA COMEMORATIVA DO 1o. ANIVERSÁRIO DO GOVERNO DE ROBERTO SILVEIRA



Suelena Fiori, filha de Áureo Fiori, músico bonjesuense que, em 1950, foi motorista de Roberto Silveira, por duas oportunidades, quando o mesmo era candidato a deputado estadual, envia-nos fotos da medalha comemorativa do primeiro aniversário do Governo Roberto Silveira.




Segundo Suelena, "essa medalha tem 5cm de diâmetro.
Foi achada há 42 anos, quando uma criança brincava na rua Gonçalves da Silva depois da ponte, na enxurrada após a chuva, quando a citada rua ainda era sem pavimentação e os postes de madeira
".






À MEMÓRIA DE ROBERTO SILVEIRA E BADGER SILVEIRA




Bom Jesus do Itabapoana

Terra rica do saber

Deu dois filhos governadores

Deus os levou pra no Céu viver



Estão olhando por nós

Neste momento tão nobre

Em que lembramos seus atos

Voltados sempre pro pobre



Seus governos só visavam

O bem estar social

Muitos projetos na mente

Não esqueceu de Rosal



Bela cidade estou vendo

Com a igrejinha na praça

Ornada de belas rosas

Catita cheia de graça





 Wilma Martins Teixeira Coutinho

28.07.2014

Wilma Martins Teixeira Carvalho participou dos Governos de Roberto Silveira, até sua trágica morte, e de Badger Silveira, até o triste episódio do Golpe Militar

UM ALEMÃO EM BOM JESUS DO ITABAPOANA


Wolfgang Gerstlberger

O alemão Wolfgang Gerstlberger, de Munich, pode ser visto com certa frequência em Bom Jesus do Itabapoana.

É que ele é casado com a bonjesuense Maria Adelaide Dutra Viestel, bisneta de Pedro Gonçalves da Silva, o primeiro prefeito de Bom Jesus do Itabapoana durante a primeira emancipação ocorrida em 25 de dezembro de 1890.

Wolfgang conheceu Maria Adelaide na Alemanha, há cerca de dez anos, nas férias da bonjesuense. São casados há cinco anos.

Ele é, atualmente, professor de Economia da Universidade Federal da Dinamarca e desenvolve projetos especialmente na área de energia. Por conta disso, virá ao Brasil, no próximo ano, trabalhar na Universidade Federal do Rio Grande do Sul por cerca de seis meses.

" O Brasil possui um rico potencial para a energia renovável e para o aproveitamento do lixo, que não tem sido utilizado como poderia ser. O Brasil é um dos dez países de maior interesse para a Dinamarca, assim como para a Alemanha", assinala.


Igreja Matriz do Senhor Bom Jesus...

...encantou Wolfgang
Em relação ao nosso país, assinala que "aqui as relações familiares são mais intensas do que na Alemanha, onde há muito formalismo. Aqui há mais calor humano. Em Bom Jesus do Itabapoana me encanta a beleza da Igreja Matriz e a natureza. Me agrada muito também estar na Panificadora Família Borges", finaliza.

Maria Adelaide e Wolfgang na Panificadora Família Borges
Os olhos verdes e azuis bonjesuenses


Os irmãos João Octavio e Isabella

Olhos verdes e azuis podem ser vistos com frequencia em Bom Jesus do Itabapoana.

A família do casal Israel Rezende Cabral, de olhos verdes claros, descendente de holandeses, e Ornela Jacomini Cardoso Cabral, de olhos cor de mel, descendente de italianos, é um exemplo.



João Octávio Jacomini Cabral, de 10 anos: olhos verdes


Isabella Maria Jacomini Cabral, 5 anos: olhos azuis


João Octavio Joaquim Cabral, de 10 anos, com olhos verdes, e Isabella Maria Jacomini Cabral, de 5 anos, de olhos azuis, são filhos do casal.

Israel Rezende Cabral: olhos verdes claros

Israel, militar, é diácono permanente da Arquidiocese Militar do Brasil e auxilia na Paróquia de São José, na Matriz do Senhor Bom Jesus e em São Pedro de Aldeia (RJ). Seus bisavós maternos são holandeses, enquanto o bisavô paterno, João Lopes Cabral, é português da Ilha da Madeira.


Ornela Jacomini Cardoso Cabral: olhos cor de mel

Os avós da mineira de Belo Horizonte, Ornela Jacomini Cardoso Cabral, por outro lado, são os italianos Belarmino e Rosa Jacomini.

Israel e Ornela formaram, em Bom Jesus do Itabapoana, uma família com os olhos das cores do mar e do céu.


Família Jacomini Cabral: olhos das cores do mar e do céu







domingo, 27 de julho de 2014



ENTREVISTA HISTÓRICA COM A VIÚVA DO EX-GOVERNADOR ROBERTO SILVEIRA (1a. parte)

Ismélia Saad Silveira e a foto com Roberto Silveira na residência em Bom Jesus do Itabapoana

O NORTE FLUMINENSE realizou, no dia 19 de abril, em pleno sábado de Páscoa, entrevista filmada com Ismélia Saad Silveira, a viúva do ex-governador Roberto Silveira. O vídeo histórico, com mais de uma hora de duração, integrará o acervo do Memorial Governadores Roberto e Badger Silveira.

O local da entrevista foi a bela residência construída pelo médico niteroiense Emmanuel Pereira das Neves e que, posteriormente, foi reformada pelo libanês Merhige Hanna Saad, pai de Ismélia, na década de 1950. Este prédio foi sede do governo do Estado nos anos de 1959 e 1960, pelo período de uma semana, por ocasião da Festa de Agosto, quando o governador Roberto Silveira vinha a Bom Jesus do Itabapoana trazendo toda a sua comitiva.

Acompanharam a entrevista as irmãs Marian Saad Sauma e  Maria Cristina Saad Gomes, além de Olga Borges Saad, viúva de José Antônio Saad.

A entrevista para o nosso jornal foi realizada, posteriormente, via e-mail e telefone.


Ismélia Saad Silveira teve 3 filhos com o Governador Roberto Silveira: Jorge Roberto, quatro vezes Prefeito de Niterói; Dôra, museóloga e historiadora; e Márcia, socióloga. Jorge é casado com Cristina Ramalho Silveira com quem tem um filho, já formado em Administração de Empresas, "chamado Roberto, é claro". Márcia é casada com o médico Alberto Domingues Viana, radiologista e professor da UFF. Eles têm um casal de filhos, João Alberto, médico como o pai, e Maria Roberta, que é administradora de empresa.



O NORTE FLUMINENSE:  Onde nasceu Roberto Silveira?

ISMÉLIA SAAD SILVEIRA:  No Sítio Rio Preto, em Calheiros, como todos os irmãos: Badger, Dinah e Zequinha.

O NORTE FLUMINENSE: No livro ROBERTO SILVEIRA, A PEDRA E O FOGO, de José Sérgio Rocha, há uma passagem em que Roberto Silveira, quando  criança, e já morando na Fazenda São Tomé, próxima ao Sítio Rio Preto, perguntou a Boanerges Borges da Silveira, seu pai, como teria nascido. A resposta foi que ele teria sido encontrado em uma pedra. Qual o motivo desta resposta?


 ISMÉLIA SAAD SILVEIRA: Em qualquer época, as crianças sempre fizeram perguntas de onde vieram. Hoje, a maior parte dos pais tenta explicar com outras metáforas ou falando a realidade de um modo simples. Mas, naquela época, numa fazenda, as explicações eram “você foi achado na porteira da fazenda, seu irmão num bananal”, etc. Como o Roberto era o caçula, o único lugar que sobrou para ele foi uma grande pedra próxima à casa. Daí, “Roberto, você foi achado ali, naquela pedra”. Essa pedra ainda existe intacta na Fazenda São Tomé.

 O NORTE FLUMINENSE: O referido livro diz, ainda, que Roberto costumava sair da Fazenda São Tomé, passar pelo Sítio Rio Preto para pegar o amigo Neneco, e irem estudar na escola na Barra do Pirapetinga, com a professora Olga Ebendinger. Sabe informar se eles iam a pé?


ISMÉLIA SAAD SILVEIRA:  Não. O que eu sei é que eles iam a cavalo para a escola e, quando batia a fome, eles raspavam um pão no suor do cavalo e comiam. Uma coisa horrorosa.



 O NORTE FLUMINENSE: O filho de Roberto, Jorge Roberto Silveira esteve, há mais de 10 anos, na Fazenda São Tomé. Sabe como foi esta visita?

ISMÉLIA SAAD SILVEIRA:  O Jorge esteve duas vezes na Fazenda São Tomé, em Calheiros, e sempre lembra como foi bem recebido pelos proprietários, com aquele carinho típico e tradicional dos bonjesuenses. 
 
A primeira vez, ele foi com o Badger, que lhe mostrou a tal “Pedra” onde o Roberto teria sido “achado”. Essa história acabou inspirando o título da biografia de Roberto escrita por um jornalista muito talentoso chamado José Sérgio. A primeira fase da vida de Roberto se chamou “A Pedra” e, a segunda, quando ele entrou na vida política difícil, dura e cheia de obstáculos até a sua morte, “o Fogo”. “A Pedra e o Fogo” é um título que resume bem a história dele.


(continua)


A AFILHADA DE BOANERGES BORGES DA SILVEIRA E MARIA DO CARMO SILVEIRA, A BILUCA

Biluca e Luiza Abreu dos Santos, esposa de Manoel Araújo dos Santos, o Neneco,  amigo de infância de Roberto Silveira



                           
Leonídia Abreu dos Santos Silva, 61 anos, filha de Manoel Araújo dos Santos, o Neneco e Luíza Abreu dos Santos, é afilhada de Boanerges Borges da Silveira e Maria do Carmo Silveira, a Biluca. Segue seu depoimento:


 "Lembro-me sempre do Padrinho Boanerges e da Madrinha Biluca

Recordo-me que mamãe me trazia para vê-los, na casa localizada na Praça Governador Portela. Eles tinham um funcionário chamado Zezinho. Ele era baixinho. Quando chegávamos, padrinho Boanerges mandava o Zezinho comprar balas para mim. Eu tinha cerca de 8 anos. As balas vinham em sacola de papel. Eles sempre tinham um presente para mim. Biluca sempre dava um tecido para que minha mãe fizesse uma roupa para mim,. Minha mãe era costureira.

A primeira boneca que recebi foi dada por Biluca. O corpo dela era de pano. A cabeça, as pernas e os braços eram de louça. Foi uma imensa alegria quando, em uma dessas visitas, eu ganhei a boneca.



Leonídia e a boneca de pano que ganhou da madrinha Biluca

            

No Sítio Rio Preto havia uma bica de água, com um poço, nos fundos. Ao redor, havia plantação de inhame rosa. Recordo-me que Roberto Silveira chegava, pegava uma folha do inhame, dobrava e fazia um copo. Em seguida, bebia a água neste copo de folha de inhame. Eu sempre achava isso interessante.

Minha madrinha gostava muito de minha mãe. Minha mãe fazia café, comida e atendia todas as pessoas. Tinha muito paciência. Foi o braço direito de Neneco. Se minha mãe soubesse que havia uma pessoa doente, ela atuava insistentemente junto com Neneco para resolver o problema da pessoa. Ela faleceu de leucemia com 46 anos de idade.

Lá em casa fazia-se título de eleitor. Havia uma máquina grande para fazer as fotos das pessoas e, em seguida, confeccionavam os títulos. A máquina ficava no terreiro, na frente da casa. As pessoas faziam fila. Vinha gente do Cachoeirão e de Calheiros. Meu pai organizava tudo.
Eu achava muito curioso isso. A música da campanha eleitoral de Roberto Silveira tinha o seguinte refrão:
Tá tá tá tá na cabeceira
Neneco, Tito
E Roberto da Silveira



Todo ano, na época do Dia das Crianças, Roberto Silveira mandava, para meu pai, brinquedos que cabiam em um caminhão. Os brinquedos eram depositados num quarto de nossa casa e, depois, distribuídos para as crianças da região.

Tudo era só coisa boa. Corte de tecido para dar às mulheres e muito brinquedo, bonecas, carrinhos e brinquedos de soprar para fazer bolha.  Na época, na roça, só havia carrinho de sabugo e boneca de espiga de milho, cujas roupas eram feitas por nós. Quando os brinquedos de Roberto Silveira chegavam, todos ficavam malucos.


Nenhum brinquedo era dado aos filhos antes de serem distribuídos às crianças da região.

Recordo que, certa vez, sobrou para mim um palhacinho lindo, vermelhinho com bolinhas brancas. Depois, meu pai descobriu uma criança que não tinha recebido nenhum brinquedo. Meu pai pegou o palhacinho e deu para a menina. Chorei muito".




Leonídia Abreu dos Santos, afilhada de Boanerges Borges Silveira e Maria do Carmo Silveira, a Biluca


DIRETORIA DA ASSOCIAÇÃO DOS AMIGOS DO MEMORIAL GOVERNADORES ROBERTO E BADGER SILVEIRA

Foi fundada, no dia 28 de junho passado, no Sítio Rio Preto, a Associação dos Amigos do Memorial Governadores Roberto e Badger Silveira. Em ambiente de euforia, pela consciência do momento histórico do qual participam, os participantes aclamaram a diretoria da entidade, que ficou assim constituída:


1.GEORGINA DE OLIVEIRA SANTOS (Presidenta)
2.GISELIA FERREIRA RIBEIRO TENÓRIO (1a. Vice-presidenta)

3. ERALDO SALUTTO REZENDE (2o. Vice-presidente)
4. CILÉIA ABREU DOS SANTOS  (1o. Secretário)
5. SANDRA REZENDE NUNES  (2o. Secretária)
6.ALESSANDRO SANTOS NUNES (1o.Tesoureiro)

7. JOSÉ ALVES MOREIRA (2o. Tesoureiro)
8  EDESIO MACHADO DE SOUZA (Conselho Fiscal)
9. ANDRÉ LUIZ DE OLIVEIRA (Conselho Fiscal)
10. SÔNIA DOS SANTOS BARTTHOLAZZI (Conselho Fiscal)
11. LUIZ DIAS RIDOLPHI (Suplente do Conselho Fiscal)
12. SILVANA TOLEDO (Suplente do Conselho Fiscal)
13. JOÃO LUÍS CARREIRO (Suplente do Conselho Fiscal


Da Série Depoimentos sobre os Governadores Roberto e Badger Silveira (II)




LUÍS ANTÔNIO DA SILVA


Luís Antônio da Silva: "Roberto poderia estar vivo, hoje, no meio da gente"


Luis Antônio da Silva, com 82 anos de idade, se recorda de Roberto Silveira: "Ele  só trabalhava para o povo, ajudando todo mundo. Ele construiu a Usina Franco Amaral. Todos gostavam muito de Roberto. Quando ele faleceu, eu fui ao enterro em Niterói. Ele podia estar vivo, hoje, no meio da gente".




FRANCISCO ALVES PEREIRA

Francisco Alves Pereira: "Boanerges, Roberto e  Badger se foram, mas deixaram saudades"

Francisco Alves Pereira, com 76 anos de idade, aposentado da Usina Santa Isabel, se recorda que seu pai, André Alves Pereira, contava que "Boanerges Borges da Silveira era um homem honesto e lutador. Meu pai dizia que ele saiu da lavoura e criou a família com muito sacrifício e dignidade, construindo, com sua esposa Biluca, uma família que deixou exemplo para todos".

Em relação a Roberto Silveira, ele se recorda quando ele inaugurou a primeira barragem na Usina Franco Amaral: " Eu estive lá, juntamente com uma multidão. Foi um momento muito importante para Bom Jesus", assinala.

Chiquinho conta mais: "certa vez, Roberto chegou a Bom Jesus do Itabapoana acompanhado de Badger, de Antonio Carlos Pereira Pinto e de José Carlos Pereira Pinto. Eles desceram de carro na altura do atual Colégio Estadual Padre Mello e nós fomos recebê-los e acompanhá-los até à Praça Governador Portela".

Em relação a Badger, ele se recorda perfeitamente do jingle que levou o bonjesuense à vitória nas urnas em 1962:


O PAPAI VAI VOTAR
NO SENHOR
BADGER, BADGER!

ROBERTO É BOM
O PAPAI DO CÉU LEVOU
FICOU O BADGER
PARA SER O GOVERNADOR!


"Na hora de Roberto Silveira fazer tudo para Bom Jesus, aconteceu aquele estranho acidente com helicóptero. Depois, Badger veio para cumprir todas as promessas de Roberto, mas infelizmente foi cassado pela ditadura militar. Eles se foram mas deixaram saudade", lamenta.







 


 



O MOTORISTA DE ROBERTO SILVEIRA



Áureo Fiori foi motorista de Roberto Silveira em duas ocasiões


Quando Roberto Silveira foi candidato a deputado estadual, em 1950, Áureo Fiori foi seu motorista em duas oportunidades. O pai deste, Walter Fiori, residente no distrito de Rosal, determinou que ele levasse Roberto a vários locais no "fordeco", um Ford 1929. Deixemos que Áureo dê seu relato:

" Fui motorista de Roberto Silveira em duas oportunidades. Ele ia  de Bom Jesus até Rosal, onde eu morava. Como eu era motorista de meu pai, recebi a missão de levá-lo, a partir de Rosal, às localidades de Água Limpa e Arraial Novo. Em Arraial Novo, visitamos Quinca Bento. Na Água Limpa, fomos às casas das famílias de Privato Capaccia, Degli Esposti, Alípio Brasil,  Astrogildo de Paula, Guilherme Degli Esposti e Chico Nazaré. Na outra ocasião, fomos ao Monte Azul, Bálsamo, Piedade, Santa Rita do Prata, Cruz da Ana e Varre-Sai".

Roberto Silveira em uma fábrica de doces em Bom Jesus do Itabapoana, ao lado do prefeito Gauthier Figueiredo (D) (Acervo de Adilson Figueiredo)

Prossegue Áureo Fiori: "Roberto era uma pessoa carismática, muito simpática e carinhosa. Com ele não havia distinção de pessoas, rica ou pobre, branco ou negro. Era muito extrovertido. Ele puxou Boanerges, assim como Zequinha. Já Badger era mais reservado, como sua mãe, a Biluca", assinalou. 

Roberto Silveira  na Praça Governador Portela
 
Áureo se recorda que, na primeira visita de campanha, Roberto acabou almoçando cerca de 5 vezes: "Quando Roberto chegava nas casas, tudo era festa e as famílias faziam questão de prepararem um prato para ele. Assim é que Roberto acabou comendo taioba, torresmo, angu e feijão, além de tomar café de garapa, em cinco das casas visitadas. Após sairmos da residência de Chico Nazaré, a última casa percorrida, Roberto teve, contudo, uma diarréia. Eu tive de parar o carro na estrada para ele entrar no mato", conta, sorrindo.

Na outra viagem de campanha, Áureo se recorda de ter visitado, na região do Monte Azul, " Tião Gonçalves, o comércio de Manoel Motta, o Tutuca, filho do Sinhorinho Motta, a Fazenda do Farol, Fioravante, da família Guaris, Tiaguinho Vargas, Germano, da família Peroca, em Santa Fé, e Chico Gomes, da família de Loló Pimentel".

"Roberto Silveira só conversava coisa boa, tinha saída para todo o tipo de conversa. Era super comunicativo. Meia hora de conversa com ele, e a gente se afeiçoava. Importante lembrar que Roberto fazia a campanha sem qualquer recurso financeiro. Os carros em que ele fazia campanha, por exemplo, eram cedidos pelo Tito Nunes e por Vitalino, irmão de Neneco", salienta Fiori.

De acordo com Áureo, "naquela época, eleição era coisa séria e as pessoas tinham que escrever o nome do candidato escolhido, na hora de votar. Recordo-me que, quando votei para presidente da República, votei: Dr. Getúlio Dorneles Vargas, do PTB".

Walter Fiori, pai de Áureo Fiori, possuía dois veículos (Acervo de Áureo Fiori)


Áureo Nunes Fiori nasceu no dia 7/12/1933, em Rosal. Filho de Walter Fiori e Zenith Nunes Fiori, seus avós paternos são Elpídio Estêvão Fiori e Emília Fonseca Fiori, enquanto os avós maternos são Anselmo Nunes e Leopoldina Nunes. Os bisavós maternos são Francisco Nunes e Leopoldina, enquanto seu bisavô paterno veio da Itália. Posteriormente, tornou-se músico e maestro. Em 2012, O NORTE FLUMINENSE realizou entrevista com Áureo Fiori, que pode ser acessada em http://onortefluminense.blogspot.com.br/2012/01/o-trombone-de-rosal.html