sexta-feira, 12 de setembro de 2025

O aniversário de Clério José Borges: Comendador da Palavra e Guardião da Cultura Capixaba

 

Clério José Borges de Sant'Anna na praça Governador Portela em Bom Jesus do Itabapoana, RJ


No calendário dos dias, há datas que não são apenas números: são marcos, são faróis.

O 14 de setembro se ilumina assim, pois celebra a vida de um homem que fez da palavra o seu estandarte e da memória o seu legado: Clério José Borges de Sant’Anna, o Comendador.

Nascido em 15 de setembro de 1950, em Aribiri, Vila Velha, é cidadão canela-verde de origem, mas tornou-se, pela trajetória e pela devoção à cultura, cidadão de muitas cidades e de todos os corações que cultivam a literatura.

Casado com Zenaide Emília Thomes Borges, pai de Clérigthom Thomes Borges e de Cleberson José Thomes Borges, Clério soube semear não apenas versos, mas também heranças de sabedoria e amor.

Historiador, poeta, trovador, ele é também fundador da Academia de Letras e Artes da Serra (ALEAS) e atual presidente da Academia Capixaba de Letras e Artes de Poetas Trovadores (ACLAPTCTC), sucessora do Clube dos Trovadores Capixabas (CTC). Desde 1981, sua mão firme e sua voz clara conduzem Seminários e Congressos Brasileiros de Poetas Trovadores, eternizando a trova, essa jóia breve de quatro versos, que contém o infinito.

A sua grandeza foi reconhecida em solenidade histórica na Assembleia Legislativa do Espírito Santo, no dia 7 de julho de 2015, quando, por indicação da Deputada Luzia Toledo, recebeu a Comenda Mérito Legislativo Rubem Braga, tornando-se oficialmente Comendador.

Mas não é apenas de títulos que se constrói sua história. Clério é Cidadão Serrano, honraria recebida em 1994, Cidadão Cariaciquense, título concedido em 2022, e permanece para sempre filho de Vila Velha, terra natal que lhe deu o primeiro sopro de poesia.

Seu percurso é um fio de luz entre cidades, pessoas e versos. Onde chega, florescem academias, renascem memórias, levantam-se vozes. É um homem que faz da cultura ponte, e da palavra, eternidade.

Celebramos não apenas o seu aniversário. Celebramos o homem que transforma o tempo em poesia, o historiador que preserva a memória de um povo, o poeta que canta o Espírito Santo e o Brasil.

Parabéns, Clério José Borges.

Parabéns à Serra, a Vila Velha, a Cariacica.

Parabéns ao Espírito Santo.

Parabéns ao Brasil, que tem em ti um guardião da palavra, um arauto da cultura, um Comendador da poesia.


"Quando há muitos homens sem decoro, há sempre outros que têm em si o decoro de muitos homens"

 


“Quando há muitos homens sem decoro, há sempre outros que têm em si o decoro de muitos homens" (José Marti)

Entre Açores e Brasil: A Carta Silenciada de 1981

Missiva do Padre João Caetano Flores, de Ribeira Chã, ilha de São Miguel, Açores, à Diocese de Campos dos Goytacazes, datada de 17 de agosto de 1981


No dia 17 de agosto de 1981, uma carta atravessou o Atlântico.

Partiu da pequena Ribeira Chã, ilha de São Miguel, onde o mar embala silêncios e a fé se confunde com o vento.

O remetente era o Padre João Caetano Flores, pastor das almas na Igreja Paroquial de São José.

Seu pedido era singelo, mas carregava o peso da devoção e da memória: uma fotografia de Padre Antônio Francisco de Mello, e algumas notas que iluminassem a vida do sacerdote-poeta, também ele filho dos Açores, levado pelas marés da vocação até terras do Brasil.

Mas a carta, embora escrita com a tinta da esperança, não encontrou resposta.

Nem retrato, nem palavra.

O silêncio atravessou os anos, um silêncio mais profundo que o mar.

Padre Flores morreu sem ver o rosto estampado em papel,sem poder adornar com novas memórias o texto que preparava para o seu Boletim Paroquial.

Ficou a interrogação no tempo: terá sido publicado? Terá ficado guardado numa gaveta de madeira, entre papéis amarelados e sonhos suspensos?

Décadas mais tarde, em 2017, a carta ressurgiu.

Não mais no caminho do correio, mas nas páginas do jornal O Norte Fluminense, de Bom Jesus do Itabapoana, e no livro "Obras Selecionadas de Padre Mello", publicada pela editora O Norte Fluminense, em 2018, em segundo edição. A acolhemos como quem recolhe uma mensagem em garrafa, lançada ao mar da história.

E nela se renovou a ponte entre dois padres, dois conterrâneos separados pelo oceano e pelo esquecimento, mas unidos pela poesia da fé.

E nós, leitores tardios dessa travessia epistolar, ouvimos no papel o eco de uma busca inacabada: a busca pela memória que resiste ao tempo, pela palavra que não morre, pela fotografia que, mesmo ausente, revela um retrato maior: o retrato da saudade.

NOTA: Na próxima postagem, será publicado o texto “O Sacerdote-Poeta”, escrito por Padre João Caetano Flores em memória de Padre Antônio Francisco de Mello.

A 2ª edição do livro "Obras Selecionadas de Padre Mello", lançada no dia 2 de abril de 2018, no Espaço Cultural Luciano Bastos, contém a missiva de Padre João Caetano Flores 


O retrocesso da razão


                                      Por Gino Martins Borges Bastos 


Vivemos em uma sociedade dividida. Os polos se enfrentam com discursos inflamados, mas basta olhar para trás para perceber que muitos que hoje defendem uma posição ontem estiveram no lado oposto. A troca de lugares não dissolve a polarização, ela apenas a repete, com novas cores e slogans.

As vozes que hoje se erguem em uníssono não pedem reflexão, pedem rendição. Querem que troquemos o peso do pensamento pelo conforto da obediência. Mas o ser humano só floresceu quando ousou duvidar. A dúvida foi o motor da ciência, a centelha da arte, a alma da civilização.

Nesse cenário, o cidadão comum é arrastado por forças que não convidam ao pensamento, mas à submissão. É mais fácil seguir a linha imposta do que sustentar a solidão de uma reflexão própria. E assim, pouco a pouco, vamos abdicando daquilo que nos fez humanos: a capacidade de duvidar.

A história nos mostra que nenhum avanço, seja científico, artístico ou social, nasceu da aceitação passiva.

Tudo o que conquistamos como civilização foi fruto de perguntas incômodas, da recusa em tomar o “óbvio” como definitivo. Foi a dúvida que abriu mares, ergueu cidades, inventou caminhos.

Hoje, porém, o questionamento é tratado como ameaça. Vozes dominantes impõem verdades prontas, transformando o debate em trincheira, a crítica em inimiga. De ambos os lados, exige-se adesão cega. E nesse movimento, o que se perde é a própria condição humana que se vê mutilada.

Estamos, portanto, diante de um retrocesso civilizatório. Não aquele que se mede por estatísticas ou indicadores, mas o que se sente no ar: a renúncia da dúvida, o silêncio da consciência, a corrosão do pensamento crítico.

Ainda assim, não é o fim da história. O tempo de sombras também registra resistências. Elas não aparecem em palavras de ordem, nem em frases prontas de redes sociais, mas nos gestos discretos de quem insiste em pensar, em questionar, em amar a humanidade pela via da dignidade.

Porque nenhuma polarização é capaz de calar para sempre a voz íntima da consciência. Ela pode ser abafada, ridicularizada, adiada, mas voltará, como a aurora que ressurge, inevitável, após a noite mais longa.

E talvez seja exatamente esse o nosso compromisso com o presente: não entregar o futuro às certezas impostas, mas devolvê-lo à dúvida que nos mantém vivos.



quinta-feira, 11 de setembro de 2025

NÃO SE ACOSTUME – FERNANDO PESSOA, por Rogério Loureiro Xavier

 


Olá 🖐 pessoa amiga e do bem. 


*"NÃO SE ACOSTUME – FERNANDO PESSOA"*


Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.

Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.

Se achar que precisa voltar, volte!

Se perceber que precisa seguir, siga!

Se estiver tudo errado, comece novamente.

Se estiver tudo certo, continue.

Se sentir saudades, mate-a.

Se perder um amor, não se perca!

Se o achar, segure-o!


*"Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido. (Fernando Pessoa)"*


*"✍️ ... Rogerio Loureiro Xavier"*

quarta-feira, 10 de setembro de 2025

Há 130 anos, Padre Antônio Francisco de Mello embarcava na ilha Terceira em direção ao Brasil

 

Há cento e trinta anos, no dia 11 de setembro de 1895, o jovem Padre Antônio Francisco de Mello, filho de camponeses da ilha de São Miguel, nos Açores, embarcava, no porto da ilha Terceira rumo ao desconhecido. No navio alemão Argentina, acompanhado de sua irmã Mariquinha Mello e de Dona Cândida Correia, partia para o Brasil. Era um adeus sem promessa de retorno: deixavam atrás de si o solo natal e atravessavam ondas em busca de um mundo novo a ser construído.

Deixavam atrás o cheiro do pão da terra natal, as campinas verdes e a saudade ainda por nascer.

À frente, o Atlântico, largo, insondável, promissor.

As ondas embalavam não apenas corpos, mas um sonho: construir no Brasil uma nova vida, uma nova história.

Do Rio de Janeiro, o sacerdote foi enviado a servir em cidade distante. Seguiu para a cidade de Sapucaia, onde começou seu pastoreio. Em 18 de junho de 1899, foi enviado a Bom Jesus do Itabapoana, terra que adotaria como sua até o fim dos dias, em 13 de agosto de 1947.

Seu nome ecoa nas ruas, nas memórias, nas preces, um estrangeiro que se fez filho da terra.

Ali floresceu como sacerdote e homem de cultura. Ali lançou raízes mais fundas que as da terra açoriana, ali se fez pastor, educador, guia e luz.

E ali permaneceu até 13 de agosto de 1947, quando entregou à eternidade o fôlego derradeiro. Foi reconhecido como um gênio da civilização e da fé, venerado por muitos como Santo Antônio Mello de Bom Jesus.

Sua presença dignificou o município, que hoje o guarda na memória como herança viva. Também a pátria açoriana se orgulha de seu filho, que deixou ao Brasil uma história, um presente e um futuro.







FEIRA E EXPOSIÇÃO SÍTIO DAS ARTES: Entre Barros e Histórias

 



terça-feira, 9 de setembro de 2025

Garden Café, de Thiago Xavier, se consolida como ponto de encontro da juventude em Bom Jesus


O Garden Café, de Thiago Xavier, recebeu O Norte Fluminense pela segunda vez na semana.

Era a confirmação do que o murmúrio do boca a boca espalhava pela cidade: um refúgio para a juventude bonjesuense havia nascido.

No coração da cidade, na Rua 15 de Novembro, o espaço floresceu como jardim em meio ao concreto. Ali, a juventude se encontra rodeada de plantas, risos e corações que se reconhecem.

Ana Beatriz, com o brilho entusiasmado de quem descobre um tesouro, confidencia:

“O Garden Café é único na região. Os serviços têm qualidade, o ambiente é um aconchego, e o atendimento, um carinho. Aqui posso unir lazer e estudo."

Por outro lado, Rogério Loureiro Xavier, parente do empreendedor, e residente no Rio de Janeiro, assinalou em uma mensagem: "Na próxima vez que for à terra dos sonhos, música, etc e tal, faço questão de conhecer este belo empreendimento".

E assim, entre goles de café e sonhos acesos, os jovens bonjesuenses desenham seus caminhos. Caminhos de encontros, de fé no amanhã, e de café que desperta cada manhã.








Ana Beatriz é uma das jovens entusiastas do Garden Café 










Fotos exclusivas da Igreja Matriz do Senhor Bom Jesus, às 18h do dia 9/9/2025

 





segunda-feira, 8 de setembro de 2025

Governador entrega Fazenda Colubandê restaurada

 


São Gonçalo - O governador Cláudio Castro realizou, na manhã da última sexta-feira (5), a entrega de um dos mais belos cartões postais de São Gonçalo restaurado: a Fazenda Colubandê. Tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a Fazenda é considerada um dos conjuntos arquitetônicos mais importantes do período colonial, erguida em 1618. A cerimônia de entrega da Fazenda restaurada contou com a presença do prefeito Capitão Nelson; do vice-prefeito João Ventura; do secretário de Estado das Cidades, Douglas Ruas; e do deputado federal, Altineu Côrtes, entre outras autoridades do Estado, vereadores e representantes da segurança pública estadual e da Polícia Militar.

As obras de restauro foram executadas pela Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro (EMOP-RJ) e tiveram como foco a reforma da casa-grande, a senzala e a capela de Sant'Ana. A obra teve início em outubro de 2022. O serviço de restauro seguiu as orientações e pareceres do Iphan, preservando a identidade original do espaço. Na Fazenda, foi restaurado o casarão, dividido entre o pavimento térreo (onde antes ficava o senhor de engenho), o porão (destinado à senzala dos escravos) e o depósito da casa-grande. A edificação, construída na época com pedra, cal e tijolo, tem cerca de 700 m², com paredes de 1,5 metro de espessura. A capela possui torre, nave, capela-mor e sacristia. Ao todo, foram investidos R$ 11,2 milhões nas obras de restauro.

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Rua da Música: a disputa musical das ruas 21 de Abril e 15 de Novembro


                               Por Gino Martins Borges Bastos 


Em Bom Jesus do Itabapoana, na rua 21 de Abril há duas Escolas de Música: a JEMAJ e a MusicArt.

Na rua 15 de Novembro, outras duas: a Escola de Música Cristo Rei e a Escola de Música da Karol.

E como se não bastasse, diante da Escola de Música da Anizia, na própria rua 21 de Abril, abriu-se um restaurante e churrascaria que promete temperar os pratos com atrações musicais. Já na rua 15 de Novembro, ao lado da Escola de Música Cristo Rei, nasceu o Garden Café, que abriga um piano como quem oferece sombra e frescor aos passantes.

A rua 21 de Abril, assim, prepara-se para ser conhecida afetuosamente como a Rua da Música. Não pretende mudança por lei nem por placa oficial e sim por uma referência carinhosa, de memória e de afeto. Mas a rua 15 de Novembro, ao que tudo indica, almeja igualmente esse título, e já afina seus acordes.

No livro Noites Brancas, Dostoievski nos dá a imagem de casas que parecem avançar para a rua, cumprimentando o caminhante com suas janelas, como quem diz:

"Bom dia, como vai sua saúde? Eu estou bem. Graças a Deus, e em maio vão me aumentar um andar..."

Pois bem: para tirar a prova dos nove, proponho um experimento.

Numa manhã de sábado, que todos os pianos das duas ruas sejam levados para as calçadas, cada um com seu pianista. As casas de Dostoievski se inclinariam, curiosas, não para ouvir a música em seu interior, mas pela primeira vez do lado de fora, na plena respiração da rua.

Registraríamos tudo: a quantidade de pianos, de pianistas, de músicas tocadas e de ouvintes presentes, inclusive as casas, que também fariam parte da plateia.

Há ainda um detalhe que confere peso simbólico a essa disputa:

O 21 de Abril é celebrado no Brasil como o Dia de Tiradentes.

O 15 de Novembro é a data da Proclamação da República.

Duas ruas, duas datas, dois marcos da nossa história.

Mas no fim, em meio à rivalidade musical, só haveria um verdadeiro vencedor: o ser humano, que se eleva espiritualmente através da música.



Tomaz Xavier inaugura o Garden Café: Onde o Piano Respira Café

 



Na rua 15 de Novembro, ergueu-se um refúgio de notas e aromas. Tomaz Xavier, neto da pianista Marise Xavier, proprietária da Escola de Música Cristo Rei, abriu as portas do Garden Café, ao lado da casa da avó, e era inevitável que um piano repousasse em seu interior, à espera de dedos que o despertem.

Entre o tilintar das xícaras e o sussurro das conversas, os fregueses descobrem também os grãos especiais do Café Garden, que se tornam companhia perfeita para a música que flutua pelo ar. O sucesso não se mede apenas pelo movimento, mas pelo brilho discreto de aprovação nos olhos dos que se demoram nas mesas.

A rua 15 de Novembro, com seus sons e passos, agora dialoga com a rua 21 de Abril. Ambas competem, se é que se pode chamar assim, pelo título de Rua da Música. Mas é uma disputa doce: não há rivalidade, e sim celebração de uma mesma chama que se alastra de piano em piano, de escola em escola.

E assim, no coração da cidade, a música cresce como jardim, entrelaçando-se com o perfume suave do café, como se cada acorde fosse também um gole quente e memorável.































 

Dilma Yara: A Bailarina dos Infinitos Passos em Santa Maria Madalena




Na manhã do dia 6 de setembro, a bailarina e escritora Dilma Yara esteve em Santa Maria Madalena. Dilma esteve com mulheres maravilhosas em uma aula experimental de dança cigana artística. Um encontro inesperado que logo reuniu 35 adeptas, num momento único de troca e resgate do feminino. Entre passos e sorrisos, um projeto nasceu. Em outubro, as manhãs do Clube dos Leões passarão a ser palco desses encontros mensais, onde a dança florescerá como rito e celebração.

No prefácio de seu livro de memórias, "Eu... e meus infinitos passos", Carlos Augusto Souto de Alencar não hesitou em chamá-la de “bailarina dos infinitos passos”. E é assim que ela se revela: dançando com a vida, no palco e na escrita, transformando lembranças em coreografia de alma.

“Para mim, dançar é viver em poesia”, diz Dilma. E quem a vê, percebe: ela gira em gratidão, rodopia em palavras, move-se com a leveza de quem já dançou sob chuva e sol, em silêncio e em aplausos.

Dilma é, afinal, bailarina também das palavras e da vida, e em cada gesto, em cada frase, ela nos lembra que viver é sempre dança e poesia.