quarta-feira, 17 de setembro de 2025

Por que querem nos matar?

 


Paulo Cruz 


“O nível elevado das ciências e das aptidões só é acessível aos talentos superiores, e os talentos superiores são dispensáveis! Os talentos superiores sempre tomaram o poder e foram déspotas. Os talentos superiores não podem deixar de ser déspotas, e sempre trouxeram mais depravação do que utilidade; eles serão expulsos ou executados.” (Piotr Vierkhoviénski, personagem de Dostoiévski em Os Demônios)

Charlie Kirk, assassinado em 10 de setembro, foi o fundador da Turning Point USA, organização conservadora presente em mais 3, 5 mil instituições de ensino americanas. (Foto: Cristobal Herrera-Ulashkevich/EFE/EPA)

O brutal assassinato do ativista conservador Charles James Kirk – mais conhecido como Charlie Kirk –, no último dia 10 de setembro, nos lembrou de algo que jamais deveríamos esquecer: a esquerda nasceu do ressentimento e, a partir disso, fomenta o ódio. Sim, porque o surgimento da esquerda moderna (se isso não for um pleonasmo) no mundo está ligado ao sentenciamento de um modelo de sociedade que Karl Marx considerava maligno. A classe dominante, a burguesia, precisava ser destituída de sua posição. E destituir, aqui, carrega o por quaisquer meios necessários.

Agora, para além do poder econômico, um dos aparatos de dominação da burguesia, segundo a teoria marxista, é a ideologia – claro, no sentido marxista de ideologia (não no sentido tratado por mim). Como diz Marx, em A ideologia alemã: “Os indivíduos que compõem a classe dominante possuem, entre outras coisas, também consciência e, por isso, pensam; na medida em que dominam como classe e determinam todo o âmbito de uma época histórica, é evidente que eles o fazem em toda a sua extensão, portanto, entre outras coisas, que eles dominam também como pensadores, como produtores de ideias, que regulam a produção e a distribuição das ideias de seu tempo; e, por conseguinte, que suas ideias são as ideias dominantes da época”.

A violência da esquerda não é fortuita, é um projeto.

Então, destituir as classes dominantes de sua posição de poder é, também, combater as suas ideias. Por isso ele diz, no Manifesto Comunista: “A revolução comunista é a ruptura mais radical com as relações tradicionais de propriedade; não admira, portanto, que no curso de seu desenvolvimento se rompa, do modo mais radical, com as ideias tradicionais”. Notem a ênfase: de modo mais radical. Ou seja, a violência da esquerda não é fortuita, é um projeto.

No sentido de combater a hegemonia ideológica da classe dominante – claro, segundo a visão de mundo comunista –, a esquerda tem de fazer como pregou o militante comunista (e agora celebridade digital) Jones Manoel, odiar: “Uma das tarefas fundamentais da gente é estimular o ódio de classe. Tem que acordar todo dia querendo esfolar o patrão [...]. Tem que ver uma foto e ter raiva, ter vontade de cuspir, tem que odiar a burguesia brasileira e seus representantes”. Daí é só um passo para a violência política explícita.

Mas não se trata de qualquer violência, gratuita; é uma violência autorizada, pois não é direcionada a um indivíduo – quer dizer, é, exceto na cabeça de um esquerdista –, mas como representante das ideias de uma classe. Nem precisa ser um membro da classe dominante, basta que seja um dos propagadores de sua “ideologia”. Como diz Gabriel Liiceanu – já trazido a essa coluna mais de uma vez: “não se odeia uma pessoa isolada, odeia-se uma pessoa como agente de uma categoria”. Ou seja, “nem o que odeia é uma pessoa isolada (mas membro de um grupo, de uma organização, de um partido, de um ‘movimento’ etc.), nem o que é odiado é isolado, mas pertence a uma categoria (de classe, de raça, de nação, de religião)”. Nesse sentido, o vocabulário é fundamental, como diz Liiceanu:

“Os que, pelo ódio programado, são ʻexcluídosʼ decaem de fato do estatuto da humanidade e se lhes aplica depois um regime dos verbos de aniquilação. A coisa terrível é que o que se profere no calor das palavras, o que, em primeira instância, parece ser um simples emprego figurado e metafórico da linguagem, passa a ser, como parte da prática política, ou seja, do ódio aplicado, a linguagem própria que se traduz em atos. Os verbos liquidar, esmagar, aniquilar, explodir, jogar ao mar abundam em qualquer manifesto de ódio e ʻcoloremʼ o estilo de qualquer texto ideológico pelo qual o ódio é transformado num programa.”

A violência da esquerda não é fortuita, é um projeto

Então, destituir as classes dominantes de sua posição de poder é, também, combater as suas ideias. Por isso ele diz, no Manifesto Comunista: “A revolução comunista é a ruptura mais radical com as relações tradicionais de propriedade; não admira, portanto, que no curso de seu desenvolvimento se rompa, do modo mais radical, com as ideias tradicionais”. Notem a ênfase: de modo mais radical. Ou seja, a violência da esquerda não é fortuita, é um projeto.

No sentido de combater a hegemonia ideológica da classe dominante – claro, segundo a visão de mundo comunista –, a esquerda tem de fazer como pregou o militante comunista (e agora celebridade digital) Jones Manoel, odiar: “Uma das tarefas fundamentais da gente é estimular o ódio de classe. Tem que acordar todo dia querendo esfolar o patrão [...]. Tem que ver uma foto e ter raiva, ter vontade de cuspir, tem que odiar a burguesia brasileira e seus representantes”. Daí é só um passo para a violência política explícita.

Mas não se trata de qualquer violência, gratuita; é uma violência autorizada, pois não é direcionada a um indivíduo – quer dizer, é, exceto na cabeça de um esquerdista –, mas como representante das ideias de uma classe. Nem precisa ser um membro da classe dominante, basta que seja um dos propagadores de sua “ideologia”. Como diz Gabriel Liiceanu – já trazido a essa coluna mais de uma vez: “não se odeia uma pessoa isolada, odeia-se uma pessoa como agente de uma categoria”. Ou seja, “nem o que odeia é uma pessoa isolada (mas membro de um grupo, de uma organização, de um partido, de um ‘movimento’ etc.), nem o que é odiado é isolado, mas pertence a uma categoria (de classe, de raça, de nação, de religião)”. Nesse sentido, o vocabulário é fundamental, como diz Liiceanu:

“Os que, pelo ódio programado, são ʻexcluídosʼ decaem de fato do estatuto da humanidade e se lhes aplica depois um regime dos verbos de aniquilação. A coisa terrível é que o que se profere no calor das palavras, o que, em primeira instância, parece ser um simples emprego figurado e metafórico da linguagem, passa a ser, como parte da prática política, ou seja, do ódio aplicado, a linguagem própria que se traduz em atos. Os verbos liquidar, esmagar, aniquilar, explodir, jogar ao mar abundam em qualquer manifesto de ódio e ʻcoloremʼ o estilo de qualquer texto ideológico pelo qual o ódio é transformado num programa.”

Ela, de novo: a violência política

E por falar em violência política...

No Manifesto, encontramos coisas como: “É natural que o proletariado de cada país deva, antes de tudo, liquidar a sua própria burguesia”, e “Os proletários nada têm de seu a salvaguardar; sua missão é destruir todas as garantias e seguranças da propriedade privada até aqui existentes” (grifos meus).

O processo de demonização de Charlie Kirk não começou agora e foi o que levou ao seu assassinato. Numa pesquisa rápida, é fácil encontrar muitos textos acusando-o de “extremista”, “supremacista branco”, “racista” etc., mesmo sendo amigo próximo de muitos influenciadores negros conservadores americanos – como Candace Owens e Brandon Tatum (e não importa como pensam, são negros e não negam isso). Um texto recente, publicado na página da California State University, Northridge, de título “Charlie Kirk should not be allowed on campus” (“Charlie Kirk não deveria ser permitido no câmpus”) – ou seja, querendo proibir uma pessoa de debater num câmpus universitário –, diz que Kirk costumava “espalhar crenças racistas em seus eventos”, e afirma:

“Kirk compartilha essa crença com outras personalidades notáveis, como o conspirador de extrema direita Alex Jones, o supremacista branco Pat Buchanan, o nacionalista branco Kevin MacDonald, o terrorista neonazista Anders Breivik, o professor caído em desgraça Jordan B. Peterson, o ex-estrategista de Trump Steve Bannon, e o cofundador da Heritage Foundation Paul Weyrich. Não tenho certeza de qual benefício a universidade recebe ao dar uma plataforma a um indivíduo que mantém tal companhia.”

Na “luta de classes” propagada pelo marxismo ou mesmo seus correlatos identitários – os novos oprimidos – da pós-modernidade, todo aquele que não é um agente revolucionário deve ser literalmente eliminado

Ou seja, pelos adjetivos, óbvio que teria de ser silenciado. Por mais controversas que fossem suas afirmações, ele não pregava a violência em nenhum aspecto e só foi transformado num monstro por esse processo de difamação a que foi submetido sistematicamente por dizer coisas diante de uma sociedade envenenada pelo sentimentalismo e pela retórica marxista de eliminação do inimigo que propaga ideias da chamada classe dominante. Morto por suas ideias, como foram Martin Luther King, Malcolm X, John Kennedy e tantos outros.

Por isso é importante não perder de vista esse que é um dos fundamentos da ideia de “luta de classes” propagada pelo marxismo ou mesmo seus correlatos identitários – os novos oprimidos – da pós-modernidade: todo aquele que não é um agente revolucionário deve ser literalmente eliminado. Que Deus nos ajude a não perder a intrepidez diante da violência política num momento em que a liberdade de expressão está em franco e sistemático ataque.


Paulo Cruz é professor e palestrante nas áreas de filosofia, educação e questões relacionadas ao racismo no Brasil. Formado em Filosofia e mestre em Ciências da Religião, é professor de Filosofia e Sociologia na rede paulista de ensino público. Em 2017 foi um dos agraciados com a Ordem do Mérito Cultural, honraria concedida pelo Ministério da Cultura, anualmente, por indicação popular, a nomes que se destacaram na produção e divulgação cultural. **Os textos do colunista não expressam, necessariamente, a opinião da Gazeta do Povo.


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SABERES TRADICIONAIS

 


 


 






Nomes que persistem: placas mudam, memórias ficam


 

Vargem Alegre é nome que persiste no coração e na memória dos pirapetinguenses

Há nomes que se inscrevem nos mapas, mas não se apagam da boca do povo.

São os nomes que resistem, mesmo depois dos decretos oficiais, como se guardassem no som das sílabas a alma de uma cidade.

Em Bom Jesus do Itabapoana, ainda se fala da rua dos Mineiros, embora ela tenha atravessado metamorfoses: já foi rua Vinte e Cinco de Dezembro e hoje atende pelo nome de Gonçalves da Silva.

Mas quem viveu, quem ouviu, quem caminhou por ali, continua a chamá-la pelo nome que palpita no coração.

Ao lado da rodoviária, há ainda quem se encontra no Alto da Santa Rita. O Largo guarda a lembrança da primeira capela, erguida entre 1851 e 1853, nascida de promessa e devoção.

Há também a antiga rua de Baixo, que virou Aristides Figueiredo, e o pedaço de chão chamado Barro Branco, agora Tenente José Teixeira.

O tempo corre, mas a memória brinca de permanecer.

No bairro Volta d’Areia, havia a vexatória rua dos Duzentos Réis. Os moradores, pobres mas orgulhosos, pediram ao padre Mello a troca do nome. O pároco, sensível, renomeou-a como rua da Esperança. E os homens e mulheres saíram batendo palmas, leves, como se também tivessem mudado de destino.

A avenida Padre Mello, antes aberta na capoeira como Avenida Mocidade, ganhou o nome definitivo após campanha do jornalista Sylvio Fontoura, fundador do primeiro jornal da cidade.

E a praça Governador Portela já foi simplesmente a Praça Municipal, no alvorecer da República.

Entre histórias sérias e memórias travessas, há quem ainda recorde a antiga rua da Guaxa, espaço marginal de prostituição.

Ou a rua 16 de Janeiro, no Pimentel Marques, que em certo tempo ficou conhecida como rua dos Velhacos.

O maestro Áureo Fiori, com humor, explicou o apelido: “Alguns compravam fiado no armazém do José Bastos e, para não pagar, desviavam pelo atalho. A rua ficou sendo a dos velhacos, e pronto!”.

Os distritos também guardam seus nomes secretos.

Pirapetinga ainda é, para muitos, Vargem Alegre.

Carabuçu, para outros tantos, permanece sendo Liberdade.

E assim se revela um traço humano: decretos podem mudar placas, mas não mudam corações.

A língua da gente insiste em preservar aquilo que um dia fez sentido.

Porque a memória não se escreve em atas oficiais, mas sim na lembrança dos encontros, nas histórias contadas, na vida que se repete.

Os nomes persistem.

E enquanto persistirem, Bom Jesus continuará a ser mais do que ruas e praças: será território de apegos, mapa invisível escrito na alma de seus habitantes.



Marcele Azevedo Lima: quando a arte cura

 



Em Casimiro de Abreu, terra de versos e rios, floresce uma voz que não escreve com tinta, mas com cores, formas e gestos: Marcele Azevedo Lima, arteterapeuta que transforma a arte em espelho da alma.

Profissional dedicada à saúde mental, Marcele descortina caminhos onde a dor se converte em expressão, e o silêncio encontra linguagem. Pincéis, argila, tecidos ou tintas: cada recurso é uma chave que abre portas interiores, revelando emoções guardadas e a força serena do autoconhecimento.

Recentemente, ela incorporou ao seu trabalho a magia do barro moldado, aprendendo com o mestre Daniel de Lima, artesão e regente das formas, criador do ateliê Filhos do Barro, na histórica Fazenda Visconde. Sob suas lições, o barro já não é apenas matéria: é memória, é corpo que respira e se reinventa nas mãos criativas de Marcele.

Casimiro de Abreu se engrandece com essa dupla de talentos: Daniel, maestro das formas terrenas, e Marcele, terapeuta das formas da alma. Juntos, sonham projetos de exposição e oficinas, onde as peças de barro e a arteterapia se entrelaçam, unindo cura e beleza, expressão e vida.

Porque a arte é sempre libertação. Ela acolhe o indizível, dá voz ao silêncio, transforma lágrimas em cores, cicatrizes em esculturas, dores em poemas. Não importa a estética da obra, mas o gesto que a gerou, o coração que se abriu para criar.

Na escuta sensível de Marcele, o barro se torna metáfora: maleável, vivo, capaz de renascer em novas formas, assim como cada pessoa que ousa se reconhecer diante do espelho da criação.

E é assim que, entre raízes e asas, Casimiro de Abreu reafirma sua vocação de berço da poesia, agora também da arteterapia.

 














Vaga de Bibliotecário Jr- Fábrica de Cultura

 


Vaga de Bibliotecário Jr- Fábrica de Cultura Brasilândia

Responsabilidades da Oportunidade

Realizar ações de tratamento técnico, pesquisa e extroversão das coleções bibliográficas das fábricas de cultura, em consonância com as diretrizes da Supervisão de Acervos, da Coordenação Técnica e da Superintendência das fábricas de cultura, da POIESIS e da Secretaria de Cultura, Economia e Indústrias Criativas do Estado de São Paulo.


Salário: R$ 3.477,21


Benefícios: VR/ou VA, Assistência Médica, Assistência Odontológica e Credencial Plena SESC 

Jornada de Trabalho: Segunda a Sexta das 08h30 às 17h30, com 1 hora de intervalo

Escolaridade: Graduação em Biblioteconomia, com registro no Conselho Regional de Biblioteconomia (CRB).

Metodologias/Conhecimentos Específicos: Conhecimento dos Processos e Rotinas da área de atuação – Avançado

Sistemas de gestão de dados – Avançado

Arte/Literatura – Intermediário

Catalogação – Avançado

Museologia – Intermediário

Conhecimento em Pacote Office – Intermediário

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