quinta-feira, 30 de julho de 2015

DEVOLVAM-NOS NOSSA RELÍQUIA!

Palacete de Malvino de Souza Rangel, em Bom Jesus do Itabapoana


Palacete foi transformado, posteriormente, em sede do Fórum de Bom Jesus do Itabapoana  (Acervo de Adilson Figueiredo)

Tempos depois, este "caixote" foi construído no lugar  do palacete, e serviu como sede do Fórum por vários anos. Hoje, neste prédio, só há comodato de salas para a Prefeitura Municipal de Bom Jesus e para a Justiça Eleitoral


Em uma das páginas do jornal A Voz do Povo da década de 1930, sob o comando de Osório Carneiro, encontramos uma matéria sob o título “BOM JESUS E AS SUAS COUSAS”,  que se refere ao palacete construído por Malvino de Souza Rangel. Diz o texto:



O presente clichê mostra o bello palacete de propriedade do sr. Malvino de Souza Rangel, onde o mesmo reside, com sua família. Está situado á praça Governador Portella, annexo a esta redação, e é um dos melhores prédios de Bom Jesus, construído que foi dentro dos moldes da architetura moderna”.


Jornal  A Voz do Povo da década de 1930



Na década de 1940, referido palacete já integrava o patrimônio do Estado, tendo se tornado a sede do Fórum no município. Foi ali, consoante notícia do jornal A Voz do Povo do mencionado ano, que Getúlio Vargas Filho foi recepcionado quando visitou a nossa terra. Foi neste prédio, também, onde ocorreu o 1º Júri de nossa comarca, onde atuou como advogado de defesa Boanerges Borges da Silveira, pai dos governadores Roberto e Badger Silveira. Trata-se, portanto, de prédio histórico que, lamentavelmente, restou demolido para a construção de novo prédio do fórum.

Não se sabe, no momento, as mentes que tiveram a infeliz ideia de demolir nossa relíquia arquitetônica.

Cresce, contudo, o movimento para resgatar a fachada histórica deste prédio, mesmo que mantendo-se o comodato por parte do Estado para o Município e para a Justiça Federal. 

Por outro lado, o espaço destinado à Biblioteca Municipal, neste prédio, não cumpre sua finalidade. Tal biblioteca não tem espaço para receber qualquer livro. As prateleiras estão lotadas e as caixas de livros recebidas ficam lacradas, impossibilitando a consulta das obras remetidas.

Este espaço destinado à Biblioteca poderia servir perfeitamente para a implementação do Museu do Poder Judiciário em Bom Jesus do Itabapoana, por exemplo. Ou então, de um Museu do Piano. Ou, ainda, da sede do ILA (Instituto de Letras e Artes dr. José Ronaldo do Canto Cyrillo).

Com este procedimento, daríamos mais um passo para resgatar nossa rica história.
 
João del'Fiume, conhecido como João Vermelho, considera possível a restauração da fachada



De acordo com João Del'Fiume, conhecido como João Vermelho, especialista em arte de arquitetura, em Guaçuí (ES), "é possível restaurar a fachada do prédio onde está situado o antigo Fórum de Bom Jesus do Itabapoana. Coloco-me à disposição dos bonjesuenses para apoiar na restauração".



Croqui para a recuperação da fachada do antigo Fórum de Bom Jesus do Itabapoana,  realizado por João del Fiume

Descrição de itens do croqui elaborado por João Vermelho


Para que isso ocorresse, seria necessária uma parceria entre a Prefeitura Municipal de Bom Jesus do Itabapoana e o Governo do Estado.

Entendemos ser perfeitamente possível que isso venha a ocorrer algum dia.

Por isso, lutamos, desde agora, por essa ideia.







NOSSA TRADICIONAL FESTA DE AGOSTO


Lenice Xavier

                                         
É chegado o tão esperado mês de agosto pelo povo
É o bonjesuense que comemora mais uma festa
Tradição que faz parte de suas vidas e chega de novo
É a alegria que se instala e todo o povo atesta  

Seus dias oficiais são mesmo 13, 14 e 15 de agosto
Mas seu ponto alto é o dia 15, porém pode esticar
E este ano para a felicidade de muitos, senão todos
Ainda se tem o fim de semana inteiro para desfrutar

Tem diversão para todas as idades e gostos
Shows, desfile escolar e encontro de bandas
Exposições, comidas, cultura e boa música
E para os que gostam, até as barraquinhas


Tem papel muito importante a banda local
Que faz a diferença tocando sempre a alvorada
Talvez seja sua missão e seu objetivo principal
O que agrada aos velhos e também à rapaziada


É tempo de encontros e reencontros
E o momento é de confraternização
Que nesses dias anuais e especiais
As pessoas esqueçam suas diferenças
E tenham todos a mesma motivação


Parabéns Bom Jesus do Itabapoana
Esse vale banhado por um grande rio
Que um dia lhe deu tão belo nome
Parabéns a esse povo hospitaleiro
Que se orgulha de ser brasileiro





LENICE XAVIER, a nova articulista de O Norte Fluminense






Lenice Xavier de Almeida é a nova articulista de O Norte Fluminense. Pertence à antiga e tradicional família Xavier de Bom Jesus, filha do casal Inah Caldeira Xavier/Levy de Aquino Xavier, neta de Baldina/Samuel de Aquino Xavier. Aos 16 anos foi estudar em Niterói/RJ, tendo seu pai falecido logo após, naquela mesma cidade, razão por ter ali permanecido para concluir seus estudos, dar início à vida profissional e constituir família. 

No ano de 1989, transferiu-se para a cidade de Vitória/ES, por razões profissionais, tendo ingressado na Assembleia Legislativa do Espírito Santo em 1991 e encerrado suas atividades no serviço público em novembro de 2012.

Desde a adolescência teve inclinação para a escrita, dom que herdou de seu pai Levy, que se identificava com poesias e contos. Ainda na adolescência gostava de escrever textos de cunho filosófico, talvez por ter sido uma criança irrequieta, atenta e curiosa, criada em meio a adultos e idosos, mas dava seus primeiros passos na poesia, quando a de título “Por que a vida?” sua primeira no estilo livre, foi publicada pelas Letras Fluminenses no ano de 1986.

A partir do momento que seu principal ofício em locais de trabalho foi a redação de documentos oficiais, não filosofava ou poetizava com muita frequência. Seguiu escrevendo poemas, e, a certa altura, adotou o estilo de crônicas, no qual permaneceu por muitos anos, tendo publicado algumas peças em jornais e revistas regionais sem muita expressão.

Há dois anos, ao retornar para as suas origens, na terra do Senhor Bom Jesus, afeiçoou-se e se deteve mais na observação da natureza, em seus mais amplos aspectos, tendo ficado surpresa com a diversidade de pássaros da região, o que lhe tem emprestado muita inspiração. A partir dessa nova fase, intensificou suas reflexões sobre a vida, os sentimentos, a natureza, estando, desde então, escrevendo textos que considera muito simples, de fácil leitura e compreensão, permanecendo mais nessa linha, em detrimento de inspirações sobre a vida cotidiana e, em alguns casos, por atingir pessoas que se identificam com tal tendência. Segue seu primeiro artigo escrito para o nosso jornal.


 
Lenice Xavier



Com a permissão do meu querido primo Elcio Xavier, publico esta peça de sua autoria, escrita no ano de 2000 para o Encontro da Família Xavier em Bom Jesus do Itabapoana/RJ, em homenagem ao meu saudoso e tão amado pai Levy Xavier.
 

"A VIDA MUSICAL DE LEVY XAVIER

Levy de Aquino Xavier, filho de Samuel e Baldina, neto dos irmãos Carlos e Júlio, foi o grande herdeiro dos dotes musicais da Família Xavier, cujos descendentes sempre se sobressaíram com brilhantismo na arte de APOLO, dentre os quais, de passagem, podemos incluir Júlio de Aquino Xavier, o filho, excepcional músico, grande maestro; Samuel e seu bombardino; Baldina, jovem pianista, que a dura labuta doméstica impediu seu progresso musical; Candoca, o preferido dos maestros com quem tocou, Euclides e Juvenal, seus irmãos; Homero e Bininho, irmãos de Levy, e seus sucessores, entre os quais se sobressaem Samuel Cerqueira Xavier, o sobrinho, e Arthur, sobrinho de Samuel, de apenas 15 anos e já o primeiro piston da banda de música de Laje de Muriaé. 

Levy, o artista, por desmensurado amor à sua cidade natal, Bom Jesus, preferiu a vida provinciana às glórias de uma promissora carreira na cidade grande. Defendia seus ideais de maneira quase radical, com veemência, o que lhe ocasionou muitas decepções. Era de uma lealdade pura aos seus ideais e aos seus amigos, e seu coração sempre esteve repleto de amor e esperança. Um grande filho e um extremado pai, foram qualidades marcantes em Levy. Falemos dele como músico: Em 1920, aos 15 anos de idade, iniciou seus estudos musicais em Bom Jesus com o maestro Muylart. Como esse professor não era muito assíduo às aulas, pouco aproveitou na aprendizagem. 

Em 1921, conheceu um músico campista, Nilo Constantino da Silva, que reconhecendo sua aptidão nata para a música, ofereceu ensinar-lhe, sob a seguinte condição: “todo aquele que perder uma aula terá de pagar uma multa de mil réis, tanto o aluno como o professor.” Levy passou rápido pela Artinha e o Solfejo, cumprindo cinquenta lições em noventa dias, incorporando-se à banda de música local como primeiro piston. No ano de 1923 viajou para Juiz de Fora, quando se inscreveu na Academia de Comércio daquela cidade, e passou a integrante da banda escolar como pistonista. Infelizmente adoeceu e regressou à Bom Jesus. Após seu regresso passou a fazer parte da 1ª Orquestra Bonjesuense, sob a direção do maestro Leopoldo Muylart, e participou, nos anos de 1923 e 1924, das bandas de música organizadas para abrilhantar as festas locais. 

Em 1925, o maestro Leopoldo não quis organizar a banda para os festejos do mês de maio, alegando que o povo não valorizava música e não se criava uma corporação musical permanente. Diante da recusa do maestro, a comissão dos festeiros saiu batendo à porta dos músicos mais velhos, implorando que não deixassem o mês de maio sem música, mas não conseguiu comovê-los. Foram, então, ao jovem Levy Xavier que ficou surpreso com tal proposta recusando-a também. A pressão continuou, e ele acabou concordando em liderar um grupo, que, por ter sido criado em maio, recebeu o nome de “FLOR DE MAIO”, por indicação do Padre Melo. Este grupo durou apenas um ano, porque os instrumentos eram emprestados e uma nova banda estava em organização na vila. Era a LIRA FUTURISTA, fundada em 1926, tendo como regente o maestro Leopoldo Muylart, que obteve grande sucesso até agosto de 1926. Após a Festa de Agosto, tendo o maestro adoecido e necessitando procurar recursos médicos na cidade de Campos, chamou Levy e lhe fez a seguinte proposta: - “Toma conta da minha orquestra no Cinema Bom Jesus e mantém a banda em atividade. Se eu voltar, hei de ensinar-te tudo o que sei e, se eu morrer, lá da eternidade eu te ajudarei.”

Leopoldo morreu e seu sucessor veio de Campos: maestro Baetinha, competentíssimo, porém irrequieto, sendo logo substituído pelo maestro Clóvis Brandão. Durante todo esse tempo Levy foi o 1º piston, e nas folgas ia tocar em Rosal, Calçado, São Pedro e Santo Eduardo, onde sua presença era exigida por ser reconhecido como grande músico. Há um fato de grande realce na vida do nosso homenageado: Em 1925 deu seus primeiros passos como regente de banda, na cidade de São Pedro. Em 1928 ajudou a organizar as bandas de música de Boa Vista (Apiacá): Lira Santo Antônio e Lira Boa Vistense. Em 1929, organizou uma festa em Santa Angélica, a qual dizia ter-lhe dado muito trabalho e despesa, por ser uma festa cívica, em 7 de setembro, cabendo-lhe ensinar as crianças a marchar para o grande desfile militar, além de tê-las vestido de branco com um laço de fita verde e amarela no braço. Em setembro do mesmo ano foi chamado a Santo Eduardo para dirigir a banda local, a qual atravessava uma fase difícil. Reorganizou essa banda e em um ano e meio ela se tornou referência em qualidade na região. Em 1931, por necessidade financeira resolveu montar uma casa comercial em Mutum, logradouro às margens da rodovia Bom Jesus - Campos. 

Uma tarde, enquanto executava em seu piston, um trecho da Sinfonia do Guarani, passou de automóvel pela estrada o usineiro José Carlos Silveira Pinto. Ao ouvi-lo, parou o carro e foi ao seu encontro propondo-lhe organizar uma banda de música em sua usina. Levy fechou sua venda, para a qual não tinha muita aptidão, e foi para Santa Maria. Ali, em noventa dias, colocou na rua uma corporação musical brilhante, segundo diversas opiniões, quando ela desfilou garbosa pelas ruas de Bom Jesus. Por motivo de saúde foi forçado a deixar Santa Maria 18 meses após sua mudança para aquela usina, regressando a Bom Jesus. Mas a música em sua vida era mais forte que as condições físicas e, julgando-se curado, organizou em 1933, o Jazz Sorriso, que abrilhantou os bailes bonjesuenses até 1938, sobretudo os inesquecíveis carnavais de nossa terra. Finalmente, teve que ceder à precariedade física: seu coração impedia os esforços que seu instrumento exigia do corpo.

Recolhido à família, dedilhava sempre que podia seu violão, cantarolando suas composições musicais, cujo acervo vasto e valioso, está sob a guarda de seus filhos. Encerrou seus dias como um eterno sonhador e os anjos no céu devem tê-lo recebido com um majestoso coro de trombetas."


Os descendentes de Levy Xavier, meu amado pai, só tomaram conhecimento dessa sua trajetória primeira, ao ser contada de forma tão primorosa por seu querido sobrinho Elcio Xavier.

Este extraordinário músico não tem hoje, nenhuma referência na área musical na terra onde nasceu e viveu toda a sua vida...

Lenice Xavier

quarta-feira, 29 de julho de 2015

O escândalo da Biblioteca Municipal




Caixas de livros que chegam para a biblioteca permanecem lacradas, sob o argumento de que não há espaço para os mesmos

Talvez um dos pontos mais contundentes da falta de compromisso da prefeitura municipal de Bom Jesus do Itabapoana com a cultura  seja o tratamento dado à Biblioteca Municipal Rogério Gonçalves de Figueiredo.

A ênfase na cor branca não foi casual






Localizada na parte alta do prédio onde funcionou o antigo prédio do Fórum, no centro da cidade, o local é inadequado para o funcionamento da mesma.



Prefeitura não tem interesse que saibam que a Biblioteca Municipal funciona no prédio do antigo Fórum


A maioria das pessoas desconhece a existência desta Biblioteca e isso é do interesse da prefeitura, porque quem passa a conhecê-la não deixa de constatar a precariedade da instalação e o descaso do poder público com ela.



Há vários anos, caixas de livros que chegam à Biblioteca se amontoam, não sendo nem abertos, sob o argumento de que não há espaço para acomodarem as obras.





Além disso, o computador ali existente nunca funcionou.





Segundo comentários, assinaturas de presença seriam falsificadas para atestarem visitas de pessoas na mesma e darem impressão da biblioteca ser visitada. 





Não obstante isso, o site oficial exalta a Biblioteca Municipal como se fosse um local excepcional, devotado a atividades culturais. O site chega ao cúmulo de afirmar que a Biblioteca Municipal seria a única do município. Além disso, sem constrangimento algum, assinala que aulas de xadrez seriam ministradas às segundas e terças feiras na referida biblioteca, sendo que aulas de xadrez ocorrem do outro lado da ponte, na Biblioteca Romeu Couto, sob a coordenação da Secretaria Municipal de Educação e Cultura da Bom Jesus do Norte (ES). 



Vejam o que diz o site oficial:
 

Biblioteca Municipal Rogério Gonçalves Figueiredo


A única biblioteca de Bom Jesus do Itabapoana possui um acervo com cerca de 2 mil volumes. Com livros infantis, didáticos, técnicos, acadêmicos e coleções de clássicos da literatura, a Biblioteca Pública Municipal Rogério Gonçalves de Figueiredo é procurada, principalmente, pelos estudantes bonjuenses, que respondem por 90% do total de pesquisas realizadas. Além de disponibilizar seu espaço para eventos como lançamentos de livros e cafés literários, a biblioteca oferece, durante as noites de segunda e terça-feira, aulas gratuitas de xadrez.
Endereço: Rua Expedicionário Paulo Moreira, 67, Centro, Bom Jesus do Itabapoana, Rio de Janeiro

http://www.bomjesus.rj.gov.br/site/biblioteca_municipal_rogerio_goncalves_figueiredo-pagina-46-2-46








Presidenta do Hospital se manifesta sobre irregularidades que surpreenderam os munícipes

Relatório preliminar de auditoria apontou irregularidades no Hospital São Vicente de Paulo


Relatório preliminar da Secretaria Estadual de Saúde, que apontou diversas irregularidades obradas no Hospital São Vicente de Paulo, causou surpresa aos munícipes.

De acordo com o relatório, os serviços de fisioterapia, que eram terceirizados para a empresa F5,  incidiram em irregularidades, que apontam para a área criminal. Entre as irregularidades, constam: a) procedimentos com data de realização anterior à data da autorização do pedido; b) comprovantes de sessões de fisioterapia com assinatura dos pacientes anexos aos pedidos médicos pertencentes a outro requerente; c) procedimento com assinatura de paciente ou responsável com datas de até mais de 6 meses entre a realização do procedimento e a realização do mesmo; d) comprovante com mais de um tipo de assinatura do mesmo paciente; e) comprovante da realização do procedimento com assinaturas diferentes do nome do paciente e/ou do responsável, sem justificativa; f) pedido para atendimento em fisioterapia sem data; g) rasura nas folhas de assinatura da realização do procedimento; h) data de início de tratamento (folha de assinatura) diferente da data aa ficha de registro e paciente. Tais irregularidades demandaram a devolução de  R$152.429,28, acrescidos de R$104. 074,10.

Por outro lado, no que tange aos prontuários do tratamento ambulatorial, foram constatadas falta de assinatura, assinaturas ilegíveis e sem data do médico atendente, sem informação do histórico do paciente, sem informações de enfermagem, informação de realização de curativo, de aplicação de medicamentos injetáveis sem atendimento médico e com receita de atendimento médico particular.

O documento assinalou, ainda, cobrança de diária de UTI em 2012, embora a mesma estivesse desativada no referido ano. 

Sobre essas e outras irregularidades, a presidenta do Hospital Ivana dos Santos Gomes encaminhou ao jornal a manifestação que segue.

Ivana dos Santos Gomes, presidenta do Hospital São Vicente de Paula



 

Esclarecendo os fatos

 
Houve uma auditoria no Hospital São Vicente, realizada pela Secretaria de Saúde do Estado, concernentes aos anos de 2012 e primeiro semestre de 2013, que relatou não conformidades no nosocômio. Todos os responsáveis foram notificados individualmente para prestarem esclarecimentos e se defenderem, o que ocorreu logo após o recebimento do relatório. A seguir, a equipe de auditoria analisou as justificativas emitiu um relatório conclusivo não restando mais opção de correção, a não ser via judicial, pois com algumas irregularidades ou não os serviços foram prestados. Não obstante as várias não conformidades tenham sido consideradas de responsabilidade dos Presidentes, do Diretor Técnico ou dos Proprietários de firmas terceirizadas que prestam serviços à Entidade, há não conformidades que são as seguintes:

 
irregularidades na fisioterapia 
 
Este serviço era terceirizado, e com isso toda a responsabilidade técnica competia à mesma, sendo todos os procedimentos realizados com autorização do órgão competente, Secretaria Municipal de Saúde. Todas as irregularidades apontadas resultaram em devolução de todo o serviço prestado e não apenas dos atendimentos julgados irregulares; Acionamos nosso Jurídico para as devidas orientações e ações.
 
Quanto ao fato do sócio-proprietário fazer parte integrante do Conselho Deliberativo e hoje estar na condição de Presidente, os conselheiros irão se reunir para deliberarem sobre o assunto, uma vez que é competência exclusiva dos mesmos.

 

irregularidades na documentação de prontuários na assistência ambulatorial

 
São aqueles “papeizinhos”, BAM-boletim de atendimento médico, que muitas pessoas não dão a menor importância, quando chegam no Posto de Urgência (PU), todos eles têm que ser rigorosamente organizados e arquivados após o faturamento, justamente para numa contagem, comprovar o que foi realizado, se a equipe responsável pelos serviços não  organiza, certamente vai ocorrer esse conflito administrativo; os prontuários de pacientes internados, segue o mesmo princípio, deve haver uma rigorosa organização de informações e assinaturas dos responsáveis pelo atendimento, se não cumprem essas normas, certamente os auditores cobrarão as correções e devolução dos pagamentos. Após essa auditoria, começamos um rigoroso ajuste administrativo. Com isso, colocamos em prática a constituição de comissões hospitalares, que são as pessoas que têm o poder de acompanhar e fiscalizar alguns setores e serviços do Hospital. Hoje, o processo administrativo organizacional está cumprindo rigorosamente as normas exigidas.

cobrança de diária de UTI em 2012, embora a mesma estivesse desativada no referido ano
 
Eu não ocupava a diretoria do Hospital na época.

 
falta de apresentação de licenças da Superintendência de Vigilância Sanitária;
 
foi cumprido no prazo dado para apresentação;

 
desatualização do cadastro do Hospital no CNES;  divergência de profissionais cadastrados no CNES com a relação dos profissionais disponibilizados pelo HSVP;
 
Esse cadastro é parte integrante do sistema informatizado do Ministério da Saúde, onde toda alteração de pessoal, patrimonial, de serviços realizados nas entidades cadastradas, devem ser constantemente atualizadas; É uma forma de manter as informações de cada entidade prestadora de serviços, atualizada. Se a entidade não comunica as alterações, certamente haverá divergência de informações. Hoje estamos ajustando as informações trimestralmente;

  

inexistência de médico plantonista;
 
foi devidamente esclarecido pelo Diretor Técnico do período e acatado pelos auditores;

 
escala médica do Posto de Urgência em janeiro de 2014, Escala de Serviço de Equipe de Enfermagem, em janeiro de 2014, relação de profissionais de enfermagem, relação de profissionais no serviço de saúde, relação do Corpo Clínico do HSVP, consulta ao sistema CNES em 06/01/2014
 
Todos estes ajustes administrativos foram e estão sendo cumpridos.

 
inexistência de Comissões de Controle de Infecção Hospitalar e de Revisão de Prontuários e de Revisão de Óbitos
 
Todas as comissões foram devidamente compostas e registradas. Todas estão cumprindo suas finalidades estatutárias.

  

empresa JC RADIMAGEM LTDA, contratada pelo HSVP não possuía licença da Superintendência de Vigilância Sanitária

 
Foi apresentado no prazo dado pelos auditores.

 


O NORTE FLUMINENSE: O que levou o Hospital a incidir em tais não conformidades? O que foi feito para sanear as não conformidades mencionadas?

 

Desorganização administrativa, é só relembrar o que ocorreu no período que certamente há de se concluir que não havia menor condição de se cumprir as normas, funcionários com salários atrasados há mais de 08 meses, paralisações, a ponto do Estado pagar 06 meses de salário dos mesmos. E quando assumimos a direção da entidade, ainda estavam com 06 meses em atraso. Todo nosso trabalho, inicialmente, foi focado em colocar o salário dos funcionários em dia, e paralelo a isso outras ações foram sendo realizadas, como esse ajuste administrativo, para se cumprirem as normas legais, o que está sendo brilhantemente organizado pela equipe de responsáveis pelos setores estratégicos do Hospital. Hoje podemos dizer que nossa equipe está de parabéns, ainda temos muito a ajustar, mas temos certeza de que o próximo passo, que é a implantação do prontuário eletrônico, a organização do hospital cumprirá efetivamente as exigências legais de forma integral.

O NORTE FLUMINENSE: A reunião com a comunidade, realizada pelo Hospital no dia 10 de julho passado, na Câmara dos Vereadores, foi considerada positiva pelos que dela participaram. Que pontos mais relevantes desta reunião poderiam ser ressaltados aqui?

Essa reunião teve um objetivo específico, prestar contas à comunidade de forma bem clara e objetiva, da real situação do Hospital. Nossa diretoria sempre teve intenções claras e retas, e a comunidade, precisa acompanhar e na medida do possível, entender que o Hospital sempre precisou de ajuda de todos para se manter. É lembrar da história desde sua fundação, as doações e as campanhas que eram realizadas para cobrir as despesas, que sempre foram maiores que as receitas. A participação da comunidade, foi importante, consciente e crítica; Cada cidadão presente, pode sentir o que estamos passando para dar conta de manter o nosso único hospital aberto. Quando se planilha as receitas e despesas de uma empresa e comprovadamente você tem um déficit como o nosso, é público e notório que você deve fechar suas portas. Mas quando se trata de um Hospital, e ainda mais sendo o único da cidade, você faz o quê?????

O que o SUS paga pelos serviços de cada paciente, não cobre as despesas realizadas, e isso não é um problema só do Hospital de Bom Jesus, é de todo o país. E quando mostramos claramente, que sempre fechamos no vermelho, é para mostrar que sem ajuda externa não dá para continuar prestando os serviços. Hoje, como há muitos anos atrás, manter as portas abertas significa aumentar o prejuízo. E quem paga a conta do prejuízo??? O Centro Popular. Não queremos lucro, mas que empate receita e despesa, e a Entidade possa honrar sua finalidade estatutária.

 
O NORTE FLUMINENSE: Que avanços considera ter havidos em sua administração?
 
Resgate da contratualização dos serviços junto aos órgãos públicos, Estado e Município, com as devidas prestações de contas mensal, sempre aprovadas;
 
Nossa administração vem conseguindo ajustar o pagamento dos funcionários; dos médicos; dos prestadores de serviços;

Conseguimos com a justiça trabalhista, um “acordo coletivo”, onde todas as ações trabalhistas, aproximadamente 200, foram revistas e ordenadas. Estamos cumprindo, mensalmente, a proposta do acordo; Com isso os bloqueio das contas foram suspensos;
 
Realizamos um TAC (Termo de Ajuste de Conduta) com a Justiça Trabalhista Federal, onde nos comprometemos com várias ações.

A organização, de forma geral, melhorou significativamente, basta olhar os resultados da ouvidoria;

Melhoria nas instalações, na limpeza, na manutenção, na roupa hospitalar, todas essas melhorias foram realizadas com recursos do PAHI.
 
Outro avanço que também é digno de reconhecimento, a participação comprometida da equipe, que hoje, sabe que tem uma referência para se dirigir.

Estamos em processo de credenciamento de 10 leitos para tratamento da Saúde Mental;
 
O comprometimento do corpo clínico que, mesmo com toda dificuldade vem atendendo nossos pacientes de forma humana e respeitosa.

 
O NORTE FLUMINENSE: O que é necessário para que o Hospital São Vicente de Paulo volte a ter funcionamento regular, sendo referência na região?
 
Hoje, o conceito de referência foi substituído, ser referência hoje é prestar um serviço específico e toda região vir buscar esse atendimento. Exemplo: ser um hospital de oncologia, como o de Muriaé.
 
Nosso Hospital atende de forma geral, todas as clínicas, o que dificulta sobremaneira os resultados, uma vez que precisaríamos ter todas as especialidades.
 
Nosso Hospital está se programando para oferecer os serviços de UTI, voltar com atendimento dos serviços de Hemodiálise, implementar o projeto da Rede Cegonha, implantar os leitos de longa permanência, para pacientes que precisam de tratamento prolongado, 30 a 60 dias.

Parcerias com prestadores de serviços para oferecimento de todos os exames que não dispomos, para realização de um diagnóstico mais preciso. Todas são ações que podem ser realizadas em curto e em médio prazo.