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Relatório preliminar de auditoria apontou irregularidades no Hospital São Vicente de Paulo |
Relatório preliminar da Secretaria Estadual de Saúde, que apontou diversas irregularidades obradas no Hospital São Vicente de Paulo, causou surpresa aos munícipes.
De acordo com o relatório, os serviços de
fisioterapia, que eram terceirizados para a empresa F5, incidiram em irregularidades, que apontam para a área criminal. Entre as irregularidades, constam: a) procedimentos com
data de realização anterior à data da autorização do pedido; b)
comprovantes de sessões de fisioterapia com assinatura dos pacientes
anexos aos pedidos médicos pertencentes a outro requerente; c)
procedimento com assinatura de paciente ou responsável com datas de até
mais de 6 meses entre a realização do procedimento e a realização do
mesmo; d) comprovante com mais de um tipo de assinatura do mesmo
paciente; e) comprovante da realização do procedimento com assinaturas
diferentes do nome do paciente e/ou do responsável, sem justificativa;
f) pedido para atendimento em fisioterapia sem data; g) rasura nas
folhas de assinatura da realização do procedimento; h) data de início de
tratamento (folha de assinatura) diferente da data aa ficha de registro e
paciente. Tais irregularidades demandaram a devolução de R$152.429,28,
acrescidos de R$104. 074,10.
Por outro lado, no que tange
aos prontuários do tratamento ambulatorial, foram constatadas falta de
assinatura, assinaturas ilegíveis e sem data do médico atendente, sem
informação do histórico do paciente, sem informações de enfermagem,
informação de realização de curativo, de aplicação de medicamentos
injetáveis sem atendimento médico e com receita de atendimento médico
particular.
O documento assinalou, ainda, cobrança de diária de UTI em 2012, embora a mesma estivesse desativada no referido ano.
Sobre essas e outras irregularidades, a presidenta do Hospital Ivana dos Santos Gomes encaminhou ao jornal a manifestação que segue.
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Ivana dos Santos Gomes, presidenta do Hospital São Vicente de Paula |
Esclarecendo os fatos
Houve uma auditoria no Hospital São Vicente, realizada
pela Secretaria de Saúde do Estado, concernentes aos anos de 2012 e primeiro
semestre de 2013, que relatou não conformidades no nosocômio. Todos os
responsáveis foram notificados individualmente para prestarem esclarecimentos e
se defenderem, o que ocorreu logo após o recebimento do relatório. A seguir, a
equipe de auditoria analisou as justificativas emitiu um relatório conclusivo
não restando mais opção de correção, a não ser via judicial, pois com algumas
irregularidades ou não os serviços foram prestados. Não obstante as várias não
conformidades tenham sido consideradas de responsabilidade dos Presidentes, do
Diretor Técnico ou dos Proprietários de firmas terceirizadas que prestam
serviços à Entidade, há não conformidades que são as seguintes:
irregularidades na
fisioterapia
Este serviço era terceirizado,
e com isso toda a responsabilidade técnica competia à mesma, sendo todos os
procedimentos realizados com autorização do órgão competente, Secretaria
Municipal de Saúde. Todas as irregularidades apontadas resultaram em devolução
de todo o serviço prestado e não apenas dos atendimentos julgados irregulares;
Acionamos nosso Jurídico para as devidas orientações e ações.
Quanto ao fato do sócio-proprietário fazer parte integrante do
Conselho Deliberativo e hoje estar na condição de Presidente, os conselheiros
irão se reunir para deliberarem sobre o assunto, uma vez que é competência
exclusiva dos mesmos.
irregularidades
na documentação de prontuários na assistência ambulatorial
São aqueles “papeizinhos”, BAM-boletim de atendimento médico, que
muitas pessoas não dão a menor importância, quando chegam no Posto de Urgência
(PU), todos eles têm que ser rigorosamente organizados e arquivados após o
faturamento, justamente para numa contagem, comprovar o que foi realizado, se a
equipe responsável pelos serviços não organiza, certamente vai ocorrer
esse conflito administrativo; os prontuários de pacientes internados, segue o
mesmo princípio, deve haver uma rigorosa organização de informações e
assinaturas dos responsáveis pelo atendimento, se não cumprem essas normas,
certamente os auditores cobrarão as correções e devolução dos pagamentos. Após
essa auditoria, começamos um rigoroso ajuste administrativo. Com isso,
colocamos em prática a constituição de comissões hospitalares, que são as
pessoas que têm o poder de acompanhar e fiscalizar alguns setores e serviços do
Hospital. Hoje, o processo administrativo organizacional está cumprindo
rigorosamente as normas exigidas.
cobrança de diária de UTI em
2012, embora a mesma estivesse desativada no referido ano
Eu não
ocupava a diretoria do Hospital na época.
falta de apresentação de licenças
da Superintendência de Vigilância Sanitária;
foi cumprido
no prazo dado para apresentação;
desatualização do cadastro do
Hospital no CNES; divergência de profissionais cadastrados no CNES com a
relação dos profissionais disponibilizados pelo HSVP;
Esse cadastro é parte integrante do sistema informatizado do
Ministério da Saúde, onde toda alteração de pessoal, patrimonial, de serviços
realizados nas entidades cadastradas, devem ser constantemente atualizadas; É
uma forma de manter as informações de cada entidade prestadora de serviços,
atualizada. Se a entidade não comunica as alterações, certamente haverá
divergência de informações. Hoje estamos ajustando as informações
trimestralmente;
inexistência de médico
plantonista;
foi devidamente esclarecido pelo Diretor Técnico do período e
acatado pelos auditores;
escala médica do Posto de
Urgência em janeiro de 2014, Escala de Serviço de Equipe de Enfermagem, em
janeiro de 2014, relação de profissionais de enfermagem, relação de
profissionais no serviço de saúde, relação do Corpo Clínico do HSVP, consulta
ao sistema CNES em 06/01/2014
Todos estes
ajustes administrativos foram e estão sendo cumpridos.
inexistência de Comissões de
Controle de Infecção Hospitalar e de Revisão de Prontuários e de Revisão de
Óbitos
Todas as
comissões foram devidamente compostas e registradas. Todas estão cumprindo suas
finalidades estatutárias.
empresa JC RADIMAGEM LTDA,
contratada pelo HSVP não possuía licença da Superintendência de Vigilância
Sanitária
Foi
apresentado no prazo dado pelos auditores.
O NORTE FLUMINENSE: O que levou o
Hospital a incidir em tais não conformidades? O que foi feito para sanear as
não conformidades mencionadas?
Desorganização administrativa, é só relembrar o que ocorreu no
período que certamente há de se concluir que não havia menor condição de se
cumprir as normas, funcionários com salários atrasados há mais de 08 meses,
paralisações, a ponto do Estado pagar 06 meses de salário dos mesmos. E quando
assumimos a direção da entidade, ainda estavam com 06 meses em atraso. Todo
nosso trabalho, inicialmente, foi focado em colocar o salário dos funcionários
em dia, e paralelo a isso outras ações foram sendo realizadas, como esse ajuste
administrativo, para se cumprirem as normas legais, o que está sendo
brilhantemente organizado pela equipe de responsáveis pelos setores
estratégicos do Hospital. Hoje podemos dizer que nossa equipe está de parabéns,
ainda temos muito a ajustar, mas temos certeza de que o próximo passo, que é a
implantação do prontuário eletrônico, a organização do hospital cumprirá
efetivamente as exigências legais de forma integral.
O NORTE FLUMINENSE: A reunião com
a comunidade, realizada pelo Hospital no dia 10 de julho passado, na Câmara dos
Vereadores, foi considerada positiva pelos que dela participaram. Que pontos
mais relevantes desta reunião poderiam ser ressaltados aqui?
Essa reunião teve um objetivo específico, prestar contas à
comunidade de forma bem clara e objetiva, da real situação do Hospital. Nossa
diretoria sempre teve intenções claras e retas, e a comunidade, precisa
acompanhar e na medida do possível, entender que o Hospital sempre precisou de
ajuda de todos para se manter. É lembrar da história desde sua fundação, as
doações e as campanhas que eram realizadas para cobrir as despesas, que sempre
foram maiores que as receitas. A participação da comunidade, foi importante,
consciente e crítica; Cada cidadão presente, pode sentir o que estamos passando
para dar conta de manter o nosso único hospital aberto. Quando se planilha as
receitas e despesas de uma empresa e comprovadamente você tem um déficit como o
nosso, é público e notório que você deve fechar suas portas. Mas quando se
trata de um Hospital, e ainda mais sendo o único da cidade, você faz o quê?????
O que o SUS paga pelos serviços de cada paciente, não cobre as
despesas realizadas, e isso não é um problema só do Hospital de Bom Jesus, é de
todo o país. E quando mostramos claramente, que sempre fechamos no vermelho, é
para mostrar que sem ajuda externa não dá para continuar prestando os serviços.
Hoje, como há muitos anos atrás, manter as portas abertas significa aumentar o
prejuízo. E quem paga a conta do prejuízo??? O Centro Popular. Não queremos
lucro, mas que empate receita e despesa, e a Entidade possa honrar sua
finalidade estatutária.
O NORTE FLUMINENSE: Que avanços
considera ter havidos em sua administração?
Resgate da
contratualização dos serviços junto aos órgãos públicos, Estado e Município,
com as devidas prestações de contas mensal, sempre aprovadas;
Nossa
administração vem conseguindo ajustar o pagamento dos funcionários; dos
médicos; dos prestadores de serviços;
Conseguimos com a justiça trabalhista, um “acordo coletivo”, onde
todas as ações trabalhistas, aproximadamente 200, foram revistas e ordenadas.
Estamos cumprindo, mensalmente, a proposta do acordo; Com isso os bloqueio das
contas foram suspensos;
Realizamos um TAC (Termo de Ajuste de Conduta) com a Justiça Trabalhista
Federal, onde nos comprometemos com várias ações.
A organização, de forma geral, melhorou significativamente, basta
olhar os resultados da ouvidoria;
Melhoria nas instalações, na limpeza, na manutenção, na roupa
hospitalar, todas essas melhorias foram realizadas com recursos do PAHI.
Outro avanço que também é digno de reconhecimento, a participação
comprometida da equipe, que hoje, sabe que tem uma referência para se dirigir.
Estamos em processo de credenciamento de 10 leitos para tratamento
da Saúde Mental;
O comprometimento do corpo clínico que, mesmo com toda dificuldade
vem atendendo nossos pacientes de forma humana e respeitosa.
O NORTE FLUMINENSE: O que é
necessário para que o Hospital São Vicente de Paulo volte a ter funcionamento regular,
sendo referência na região?
Hoje, o conceito de referência foi substituído, ser referência
hoje é prestar um serviço específico e toda região vir buscar esse atendimento.
Exemplo: ser um hospital de oncologia, como o de Muriaé.
Nosso Hospital atende de forma geral, todas as clínicas, o que
dificulta sobremaneira os resultados, uma vez que precisaríamos ter todas as
especialidades.
Nosso Hospital está se programando para oferecer os serviços de
UTI, voltar com atendimento dos serviços de Hemodiálise, implementar o projeto
da Rede Cegonha, implantar os leitos de longa permanência, para pacientes que
precisam de tratamento prolongado, 30 a 60 dias.
Parcerias com prestadores de serviços para oferecimento de todos
os exames que não dispomos, para realização de um diagnóstico mais preciso.
Todas são ações que podem ser realizadas em curto e em médio prazo.