quarta-feira, 30 de junho de 2021

NATUREZA JURÍDICA DAS TERRAS APOSSADAS PELO ALFERES

 

Desembargador Antônio Izaías da Costa Abreu


Como já se tem ciência, o alferes Silva Pinto, assim como os demais pioneiros, detinha a posse de terras devolutas (que são terras públicas, sem destinação pelo poder público, que em nenhum momento integraram o patrimônio de um particular) ainda que não regularizadas, pois os posseiros não possuíam os títulos, das mesmas, apenas concessões. Eles só os teriam se as áreas fossem oriundas de sesmaria, enfiteuse, compra e venda, doações etc.

A Lei das Terras, nº 601 de 18/09/1850, regulamentada em 30/01/1854 pelo Imperador Pedro II, foi instituída para organizar a propriedade privada, no Brasil, estabelecendo que as terras só poderiam ser adquiridas por compra e venda ou por doação do Estado e vedava a aquisição por meio de posse, denominado usucapião. A única exigência era a pessoa residir na terra e nela produzir. Ao fim, o que efetivamente se pretendia era a extinção do trabalho escravo e a adoção do assalariado, incentivando, em consequência, a imigração do trabalhador livre, europeu e asiático, principalmente.

Portanto, somente a partir de 1854, com o advento da regulamentação, o alferes Silva Pinto adquiriu o título de propriedade das terras, podendo então aliená-las. Contudo, já havia transferido, informalmente, algumas glebas, a determinados pretendentes, em 1853, como por exemplo, ao Sr. João da Costa Soares e sua mulher, cuja escritura só foi lavrada dez anos depois, segundo informa Zico Camargo.

Cabe salientar que alguns termos relativos a modos de ocupação de terras são usados, especialmente, em Bom Jesus de forma elástica. Isso ocorre com o termo posse, que lá tem um significado bem mais abrangente que o que lhe é conferido pelos dicionários. E está tão arraigado à cultura local que, para grande parte dos bonjesuenses, toda área de terra urbana, é posse. Lá, diz-se: “comprei uma posse”; “vendi uma posse”; “transferi uma posse”... Até os corretores de imóveis, tempos atrás, utilizavam-no em seus anúncios. Seja prazo, data, lote, chácara etc, tudo é denominado posse.

terça-feira, 29 de junho de 2021

1855: ano do registro da Fazenda do Bálsamo


A Fazenda do Bálsamo foi uma das mais importantes de nosso município, em 1939

No dia 11 de dezembro de 1855, o Alferes Francisco da Silva Pinto realizou o registro da Fazenda do Ribeirão do Bálsamo, conforme documento obtido pela pesquisadora Maria Cristina Borges. Consta do mesmo o seguinte:

"O abaixo assinado, em virtude da Lei da terra e do regulamento, leva ao registro huma fazenda de terras de cultura, no lugar denominado Ribeirão do Bálsamo, tendo a mesma fazenda a extensão de duas sesmarias, pouco mais ou menos, é situada no segundo distrito de Santo Antônio dos Guarulhos, no município de Campos, e dividem as ditas terras com Francisco José Diniz, Felizberto Antônio Gonçalves e Antônio Rodrigues Cézar. Barra do Pirapetinga, onze de dezembro de mil oitocentos e oitenta e cinco - Francisco da Silva Pinto".

A pesquisadora Maria Cristina Borges tem obtido importantes documentos que trazem luz à história de Bom Jesus



A região do Bálsamo foi posseada pelo Alferes Francisco da Silva Pinto, assim que chegou em nossa região, acompanhado de Fernando Antônio Dutra e os irmãos José e Antônio Dutra de Nicácio.

Foi Francisco da Silva quem deu início à povoação de Bom Jesus, entre 1847 e 1850. Ele construiu a primeira casa da nossa cidade.

Foi com o Coronel João Alt, contudo, que a fazenda  tornou-se, em 1939, uma das mais importantes da região, criando gado bovino. O café foi outra atividade econômica relevante. Por ocasião da emancipação de Bom Jesus, em 1939, o jornalista Porphirio Henriques Filho editou uma revista comemorativa, onde  procurou "retratar todos os aspectos da vida cultural e econômica deste recanto da tera brasileira".

Posteriormente, a fazenda passou a ser propriedade de Abílio de Sá Viana.

Um dos administradores da fazenda, nessa época, foi Sebastião Deascanio, conhecido como Sebastião Domingos. Ele morou por cerca de 40 anos na região. Disse ele, em anterior reportagem de O Norte Fluminense, que "Abílio de Sá Viana possuía cerca de 150 alqueires de terra, sendo 30 alqueires só com café. Na fazenda, plantava-se milho, feijão e arroz, além da criação de 500 cabeças de gado".

       Sebastião Deascanio: "Abílio tinha amor pelos pássaros"


"Abílio tinha amor pelos pássaros.Ele mandou construir no terreiro um 'cochinho' para os canários da terra se alimentarem. Abílio não gostava de prender as aves. Gostava de vê-las livres", lembra Sebastião.

                 Abílio de Sá Viana

Abílio de Sá Viana havia cedido, em época passada, uma  área de outra fazenda para a instalação da escola pública Escola Mista Humaitá, que fora dirigida pela professora Altiva Alt dos Santos. Foi, também, vereador nas duas primeiras legislaturas de Bom Jesus do Itabapoana, entre os anos de 1947 e 1951 e entre 1951 e 1955.

Uma escola estadual, hoje desativada, recebeu seu nome. Além disso, foi homenageado com o nome de uma rua no centro da cidade de Bom Jesus do Itabapoana e  no distrito de Rosal. Com o falecimento de Abílio, sucedeu-o seu filho Armando de Sá Viana, que prosseguiu o trabalho do pai, mas as circuntâncias levaram a uma crise na região, fazendo com que as atividades econômicas cessassem e a própria sede da fazenda viesse, posteriormente, literalmente ao chão.


  Base de pedra é o que restou da sede da Fazenda do Bálsamo


 Escola Estadual Abílio de Sá Viana: desativada

Os únicos sinais visíveis da fazenda, atualmente, são a base de pedra que sustentou a antiga sede e um muro de pedras.

A base onde foi edificada a antiga sede da Fazenda do Bálsamo ainda se mantém intacta, como a esperar que novos sonhos sejam sobre ela erguidos.



A SAGA DO ALFERES SILVA PINTO

 

Desembargador Antônio Izaías da Costa Abreu


Por volta de 1823, com dezenove anos, o alferes Francisco da Silva Pinto resolveu, com as irmãs Theodora Maria Assumpção e Antônia Maria da Assumpção, e seus respectivos maridos, Fernando Antônio Dutra e José Dutra de Castro, migrar para Vila Rica, à época, capital de Minas Gerais, onde veio a desposar a jovem Francisca de Paula Figueiredo, descendente de uma das mais respeitadas e consideradas famílias da província.

Homem inteligente e de grande visão, sabedor da existência de terras devolutas no Vale do Rio Preto (atual Itaboapoana), da Capitania de São Tomé, o alferes Silva Pinto decidiu lá empreender após o nascimento de seu primogênito Carlos Pinto de Figueiredo, em 1825. Juntamente com suas irmãs e genros já citados, os três casais e o cel. José Dutra Nicácio, se lançaram em uma grande jornada de mais de dois meses através do ínvio e temeroso sertão.

Ao chegarem, o alferes Francisco da Silva Pinto ocupou as terras à margem direita do Rio Preto e José Dutra Nicácio, a seu turno, as da margem esquerda do citado rio, onde criou o Arraial de São José do Calçado.

Oito anos mais tarde, a edição do Ato Adicional à Constituição de 25 de março de 1824 transformou as capitanias em províncias e a de São Tomé passou a constituir a Província do Rio de Janeiro e o Rio Itabapoana, a divisa física com a Província do Espírito Santo.

Pela Lei nº 601 de 18 de setembro de 1850, denominada Lei das Terras, ficou determinado que as terras devolutas do Império e as possuídas por título de sesmarias sem preenchimento das condições legais teriam o prazo de cinco anos para serem regularizadas. Foi, por meio do referido diploma, que o governo deu uma direção no sentido de resolver o problema fundiário no Império. Assim, o alferes Silva Pinto, obteve os títulos de propriedade, como também os demais posseiros.

ESQUENTAÇÃO


   Uma casa, da  época colonial, ainda se mantém, em "Esquentação"

 Sérgio José e família vivem do café e vigiam o prédio histórico

Sérgio José de Souza e Neuziane de Fátima de Silva Oliveira, com os filhos Eldianei,13, Eldinéia, 10 e Sidnei,4, moram em "Esquentação", região localizada acima da Fazenda do Bálsamo, zona rural de Rosal. Segundo Sérgio, que reside no local há cerca de 3 anos, antigamente, havia, na região, muitas casas e extensas lavouras de café. "Hoje, contudo, só há alguns vestígios dessas casas. Eu, por outro lado, sou o responsável pela lavoura de café que ainda é cultivada por aqui", ressalta



FRANCISCO DA SILVA PINTO

 

Desembargador Antônio Izaías da Costa Abreu

Não é possível contar a história de Bom Jesus do Itabapoana sem dar destaque ao alferes Silva Pinto, um dos primeiros a chegarem à região que adotou como lar e onde investiu muito trabalho e esforço para vê-la prosperar.


FRANCISCO DA SILVA PINTO nasceu em Barbacena-MG, foi batizado em 10.07.1804 e faleceu em 09.01.1882.

 

BISAVÓS

JOSÉ DA SILVA PEREIRA

MARIA PINTO GUEDES


AVÓS PATERNOS

LUIZ DA SILVA PINTO (Alferes)                  Faleceu em 13.08.1800

LEONOR PEREIRA DA SILVA                         Faleceu em 01.03.1798


PAIS

FABIANO PEREIRA DA SILVA                 Nasc. em 15.11.1762  Batizado em 15.11.1762

Casou em 29.08.1787

MARIA DA ASSUMPÇÃO                           nasc. 15.01.1766 em Campo do Carijó – MG


IRMÃOS

JOÃO PEREIRA DA SILVA

MANOEL PEREIRA DA SILVA Casou-se com Maria Antônio de Jesus

MARIA FRANCISCA ASSUMPÇÃO Casou-se com João Rodrigues Braga

CUSTÓDIA MARIA ASSUMPÇÃO

JOAQUINA MARIA ASSUMPÇÃO Casou-se com Francisco Celestino

CÂNDIDA MARIA DA ASSUMPÇÃO Casou-se com Manoel Pereira Neves

THEODORA MARIA ASSUMPÇÃO Casou-se com Fernando Antônio Dutra

ANA MARIA ASSUMPÇÃO Casou-se com José Alves Vieira (alferes)

ANTÔNIA MARIA DA ASSUMPÇÃO Casou-se com José Dutra de Castro


ESPOSA

FRANCISCA DE PAULA FIGUEIREDO

Natural de Ouro Preto Casou-se provavelmente em 1823 ou 1824, em Ouro Preto-MG

Filha de JOSÉ FRANCISCO DE FIGUEIREDO e D. DEOLINDA PINTO DE FIGUEIREDO e neta materna de CARLOS AUGUSTO PINTO COELHO CUNHA e D. JOANA FRANCISCO DE FIGUEIREDO NEVES.

Faleceu em 10.11.1874 Calheiros, 2º Distrito de Bom Jesus do Itaboapoana– RJ


FILHOS

CARLOS PINTO DE FIGUEIREDO Nasceu em 1825, em Ouro Preto, foi casado por três vezes, com D. Isabel Augusta Soares, D. Anna Euphrosina Caldeira Brant e D. Judith de Figueiredo Coimbra. Faleceu em 29.06.1912, Rio de Janeiro

JOSÉ PINTO DE FIGUEIREDO Nasceu no atual Bom Jesus do Itaboapoana. Casou-se com Carlota Celestino da Fonseca

FRANCISCO D’ASSIS PINTO FIGUEIREDO Nasceu no atual Bom Jesus do Itaboapoana. Casou-se com Maria Carolina D’Oliveira Campos

ANTONIO PINTO DE FIGUEIREDO Nasceu no atual Bom Jesus do Itaboapoana. Casou-se com Virgínia Maria de Jesus

MARIA MAGDALENA PINTO DE FIGUEIREDO Nasceu no atual Bom Jesus do Itaboapoana. Casou-se com Carlos Rodrigues Firmo

HENRIQUETA AUGUSTA PINTO DE FIGUEIREDO Nasceu no atual Bom Jesus do Itaboapoana. Casou-se com José Basílio Furtado.


É importante um esclarecimento acerca da época da chegada do alferes e sua esposa ao lugar em que fixaram moradia, atual distrito de Rosal, na fazenda que foi por ele nomeada de Bálsamo, distante mais de cinco léguas do local onde assenta-se a cidade de Bom Jesus do Itabapoana, pois sobre o ano pairava uma distorção.

O primogênito do alferes, Carlos Pinto de Figueiredo, natural de Ouro Preto, àquela época único filho, ainda muito pequeno não tinha condições de enfrentar a árdua viagem, assim, permaneceu aos cuidados de parentes, enquanto os pais foram em busca de um futuro promissor para a família. E, tendo o menino nascido em 1825, evidente é que a chegada de seus genitores ao Vale do Itabapoana não pode ter sido anterior a este ano, pois a mãe deu à luz em Ouro Preto.

O ano de nascimento do filho Carlos foi esclarecido quando da ciência da data de seu falecimento, que ocorreu em 1912, quando ele contava com 87 anos. Assim foi possível deduzir que seus pais partiram de Ouro Preto em data posterior.

Sendo o alferes, figura de tamanha importância para a história de Bom Jesus, foi necessário esse ponto que havia permanecido obscuro por décadas e que, em uma pesquisa mais focada, foi possível desvendar. Porém outros, além da época em que ele chegou à região, ainda pairavam sem esclarecimento, tais como: se o alferes teria permanecido ininterruptamente no local em que fixou moradia; se ele participou do movimento eclodido em Santa Luzia em 1842; seu paradeiro após o falecimento de sua mulher e, outrossim, com relação à sua descendência, especialmente acerca do seu primogênito, Carlos Pinto de Figueiredo e de seus ancestrais.

domingo, 27 de junho de 2021

Hoje é o dia universal da poesia

Vale ler esse texto do grande escritor português Fernando Pessoa dedicado aos amigos 

Fernando Pessoa



 "Meus amigos são todos assim: metade loucura, outra metade santidade.


 Escolho-os não pela pele, mas pela pupila, que tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.


 Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta. Não quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria.Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.


 Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.


 Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.


Não quero amigos adultos, nem chatos.Quero-os metade infância e outra metade velhice.Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto, e velhos, para que nunca tenham pressa.


Tenho amigos para saber quem eu sou, pois vendo-os loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a normalidade é uma ilusão imbecil e estéril".

  

Fernando Pessoa

sábado, 26 de junho de 2021

FAMÍLIA SILVA PINTO – ORIGEM

 

Desembargador Antônio Izaías da Costa Abreu


O alferes Luiz da Silva Pinto, filho de José da Silva Pereira e de Maria Pinto Guedes, ele natural de Santa Maria de Olivais, e ele, da Freguesia de Santo André de Medim do Panaguião, ambas do Bispado do Porto. Recebeu, Luiz da Silva Pinto, o batismo em 15.07.1728, vindo a se casar com Leonor Pereira da Silva filha de Antônio Nogueira Viana, do Arcebispado de Braga e sua genitora Thereza Maria da Silva, natural de Lessa do Bispado do Porto.


Dessa união (Luiz e Leonor) resultou numerosa prole, constituída de treze filhos, todos nascidos em Barbacena-MG onde, atualmente, residem muitos de seus descendentes.


1 – Antônio Silva Pinto


Casou-se com Maria Josefa de Jesus


Em 27.11.1780 – Campo do Carijó - MG


2 – Manoel Pereira da Silva


Casou-se com Maria Antônia de Jesus


Em 07.02.1785 – Campo do Carijó - MG


3 – Valentim da Silva Pinto


Casou-se com Ana Maria de Souza


Em 26.02.1781 – Campo do Carijó - MG


4 – Joaquina Maria da Silva


Casou-se com Felício José de Figueiredo


Em 27.02.1786 – Campo do Carijó - MG


5 – Roza Maria da Silva


Casou-se com Francisco Lopes de Faria


Em 29.03.1780 (por volta de) – Campo do Carijó – MG


6 – Fabiano Pereira da Silva


Casou-se com Maria da Assumpção


Em 29.08.1787 – Campo do Carijó - MG


7 – Lourenço Pereira da Silva


Casou-se com Joana Maria da Assumpção


Em 01.07.1790 - Queluz – MG


8 – Maria Luiza da Silva


Casou-se com Domingos Fernandes da Costa


Em 10.02.1792


9 – Ignácio da Silva Pinto


Casou-se com Leonor Pereira de Jesus


Em 04.02.1792 – São João d’El-Rei – MG


10 – Luiz da Silva Pinto


Casou-se com Leonor Maria da Assumpção


Em Queluz – MG


11 – João da Silva Pinto


Casou-se com Maria Bernardes de São José


Em 13.02.1804 – Santa Luzia do Sabará – Queluz – MG


12 – Felizarda Maria da Silva


Casou-se com João Alves Ribeiro


Em 08.02.1796 – Conselheiro Lafaiete – MG


13 – Simão Silvestre da Silva


Nascido em 28.10.1776

quinta-feira, 24 de junho de 2021

CONTEXTO HISTÓRICO

 

Desembargador Antônio Izaías da Costa Abreu

A intensa e contínua retirada do ouro nas Gerais durante uma centúria de anos causou, como era de se esperar, o esgotamento do ciclo econômico, já no final do século XVIII, com o consequente desinteresse pela mineração, o que motivou a maior parte dos exploradores a buscar outras atividades lucrativas. Eis que ocorre, à época, a alvissareira notícia da cultura do café, cujo produto mostrava-se tão valioso quanto o ouro e mais lucrativo. Assim, após 1825, partiram de Ouro Preto os pioneiros desbravadores, alferes Francisco da Silva Pinto, sua mulher, D. Francisca de Paula Figueiredo, sua irmã D. Theodora Maria D’Assunção, e seu cunhado, o guarda-mor Fernando Antônio Dutra, a buscarem terras férteis e devolutas à margem de um grande rio, ao norte da província do Rio de Janeiro e ao sul da do Espírito Santo. Esses intrépidos retirantes que deixaram a mais nobre cidade da província de Minas não acossados pela miséria e a fome, mas em busca do fausto e da riqueza nas entranhas de temeroso sertão. Mais tarde, outros vieram para a mesma região.


Importante salientar que as terras do Vale do Rio Managé, atual Itabapoana, encontravam-se dentro do território da Capitania de São Tomé, concedida a Pero Góis da Silveira, em 1536.


Essa situação perdurou até a promulgação da Constituição de 1824, que transformou as Capitanias Hereditárias em Províncias, passando a divisa imaginária a ser representada por uma física, no caso, o Rio Itabapoana. Definição imposta pelo Ato Adicional de 1834.



COMPLEMENTANDO OS REGISTROS HISTÓRICOS - UMA BREVE CONTRIBUIÇÃO À HISTÓRIA DE BOM JESUS DO ITABOAPOANA

 

Desembargador Antônio Izaías da Costa Abreu


O Dr. Luciano Bastos, estimado e saudoso amigo, ao conhecer a obra “A Morte de Koeler, a tragédia que abalou Petrópolis”, de minha autoria, em que realizei uma investigação criminal retrospectiva sobre o assassinato do major Julio Frederico Koeler, solicitou-me:  “Dr. Antônio Izaías, constituindo um mistério, até hoje, a morte do alferes Francisco Silva Pinto e o local onde seu corpo repousa, seria de grande e inestimável valia para os seus descendentes, para a comunidade bonjesuense, e, outrossim, para a historicidade fluminense, desvendar esse enigma”.


Como foi apontado, na referida obra, uma quase homonímia indicou o escrivão Francisco Alves de Brito Maia como o assassino, quando, na verdade, o autor do trágico evento foi, Francisco Alves de Brito, o amigo e hóspede da vítima. Durante quase século e meio permaneceu obscuro o fato, sem que a verdade histórica fosse resgatada.  Mas, neste caso, cabe confirmar ser o lapso temporal irrelevante, pois o injusto é sempre injusto, no presente ou ao longo dos séculos, tornando-o lastimoso e imprescritível, até que a verdade, algum dia, venha demonstrá-lo.


Dr. Luciano Bastos ficou bastante impressionado, disse-me ele: “Espero que o amigo abrace essa tarefa, pois receberá sempre apoio de minha parte”. Para honrar o pedido de pessoa tão estimada, digna de minha profunda admiração, divulgarei tudo o que apurei a partir da solicitação dele. Para tanto, os resultados de minha pesquisa serão aqui veiculados, em textos diários (de segunda a sexta). Espero que os amigos e os conterrâneos apreciem e possam conhecer um pouco sobre a trajetória de personagem tão relevante para a história de Bom Jesus do Itabapoana, assim como outros que, igualmente, constam dos registros históricos dos primórdios do local em que hoje se encontra o município.

quarta-feira, 23 de junho de 2021

O Arraiá do Coronel Abelhudo, por Rogério Loureiro Xavier

 


Olá pessoa amiga e do bem.


Nada na vida é eterno, devemos aproveitar ao máximo todos bons momentos da vida. 

Que tempo bom, sinto saudade. 

Recordando um passado não muito distante. 👏👏👏👏


Arraiá do Coronel Abelhudo. 


Hoje temos festa, é noite de São João! 

É amor! Que a noite seja de alegrias...

Viva São João! Viva! Viva!

No Sítio do Papai tem muito Amor, Paz e Natureza exuberante! Festa de São João não pode faltar! Todos os anos nos reunimos para celebrar as bênçãos de São João. Tem fogueira, dança de quadrilha, comidas e bebidas típicas. Às 18h a imagem de São João é erguida no mastro, permanecendo ali até o final das Festas Juninas. 

Tradição da família que perpetuamos a várias décadas.


Roger LX





terça-feira, 22 de junho de 2021

VIVA AS FESTAS JUNINAS E JULINAS!! por Rogério Loureiro Xavier

 


OLÁ PESSOA AMIGA E DO BEM. 


VIVA AS FESTAS JUNINAS E JULINAS!!


VIVA, VIVA!!!


"SANTO ANTÔNIO CASA,

SÃO JOÃO BATIZA,

PARA ENTRAR NO CÉU...

SÃO PEDRO É QUEM AUTORIZA."


(Imagem da Festa Junina em homenagem à São João - 23/06/1969. Sítio do Papai - Guaratiba - Rio de Janeiro-RJ. Pai Élcio Xavier e Mãe Dála, Gedália Loureiro, e seus convidados).


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Roger LX

domingo, 20 de junho de 2021

Padre Mello e sua ideia de desviar o rio Itabapoana


Raul Travassos


Inventaram o município de Itaperuna, de uma hora para outra, uma vila que sequer dispunha de uma paróquia,  visando apenas as riquezas que podiam escoar pela linha do trem.

Na nossa terra sesquicentenária, ingenuamente nos contentamos com uma estação terminal do lado capixaba.  Isso nos derrubou.

A vila, a sudoeste, por sua vez lucraria muito com os nossos cafezais extensos. E com a bagagem cultural enorme de que já dispúnhamos. 

Foi isso.

Pe. Mello, logo que chegara, já percebera e se propunha a desviar o nosso rio pela rua do Ordem e Progresso Futebol Clube, com isso, encampando a nossa estação ferroviária.

sábado, 19 de junho de 2021

O legado da Fábrica de Manteiga da Barra do Pirapetinga

Fazenda da Barra, em 1948. À direita, a Fábrica de Manteiga fundada em 1910

Em 1910, Messias Borges Ribeiro, cunhado de Quinca Reis (Joaquim Teixeira Reis), fundou uma fábrica de manteiga, localizada na Fazenda da Barra.

Ismael Borges de Alvarenga, seu neto, trabalhou na mesma com o avô. Após o falecimento de Messias, o filho deste, Antônio José Borges, com 17 anos de idade, assumiu a direção da fábrica, com o apoio dos demais irmãos.

Contabilidade da fábrica de leite, em 1949

No ano de 1949, foram produzidos 95.322 kg de manteiga. Os fornecedores de creme de leite foram os seguintes: Valter Teixeira Borges, 5.062 kg; Manoel Teixeira da Costa, 2.338kg; José Teixeira de Moraes, 1.075 kg; Oliveira Vieira Seródio, 945 kg;  Maria Francisca dos Reis, 735 kg; Corintho Rodrigues, 459 kg; Antônio Ramos. 135 kg e dr. José Moraes Ribeiro, 122kg.

Após a fundação da CAVIL                  (Cooperativa Agrária do Vale do Itabapoana), em 1954, e, após a morte de Antônio José Borges, seus filhos adentraram nos quadros da Cooperativa e levaram para lá a fórmula da manteiga, que ganhou o Prêmio Nacional  de Qualidade, em 1995, quando Fernando Nogueira era o seu presidente.

A famosa manteiga da CAVIL, tão procurada por fiéis consumidores, tem sua origem, portanto, na Fazenda da Barra, no início do século XX.

(Com informações da memorialista Maria Cristina Borges)

A memorialista Maria Cristina Borges





 

Lino Nunes Xavier, o fiel que desafiou Padre Mello

 

Lino Nunes Xavier desafiou Padre Mello, atuando como se fosse padre

A memorialista Maria Cristina Borges encontrou na secretaria da Igreja Matriz, foto e texto sobre a Capela Nossa Senhora Aparecida, que relata sobre a pessoa de Lino Nunes Xavier.

Segundo o documento, a primeira capela de Nossa Senhora Aparecida, localizada na parte alta de Calheiros, foi construída nas terras de José Carlos Tinoco. 

Devido, contudo, à dificuldade na transferência da propriedade e da realização dos ofícios religiosos, decidiu-se pela construção de uma outra capela. Foi assim que reuniram-se construtores, tendo à frente Lino Nunes Xavier, e, após a demolição da capela, com o material oriundo da demolição, construiu-se a nova Capela de Nossa Senhora Aparecida em terras do próprio Lino, no ano de 1916.

Lino Nunes Xavier era prático em farmácia. Solteiro, apreciava a leitura e a poesia. No dia 1o. de julho de 1921, compôs versos para sua irmã Corina Alves Xavier, em decorrência de seu falecimento:

 "Só no túmulo,                             

debaixo do chão                                  

 é que deixou de ser devota             

da Virgem da Conceição"

Ele dedicou, ainda, outros versos para Corina:

"Neste mundo injusto e traidor   

 todos nós somos pobres          

  porém, só no reino da Glória,   

 todos nós seremos nobres".

Dedicou a ela, ainda, a seguinte prosa:

"Em meu peito, guardarei constantemente o teu nome saudoso, escrito com a pena da dor e com a tinta da saudade, depositando no teu gélido túmulo uma coroa de violetas, banhadas em copioso pranto com tributo de recordação imorredoura".

Para Antônio Alves Xavier, que faleceu a 15 de julho de 1930, e era o fogueteiro da Virgem Aparecida, ele escreveu:

"Sobre seu túmulo, 

expargirei constantemente,                                

 As flores violáceas da saudade         

E as lágrimas sentidas da recordação".

No início, Padre Mello realizou celebrações, por diversas vezes, na capela. Ocorre que, com o passar do tempo, Lino passou a não seguir as orientações do vigário, atuando como se fosse o dono da capela. Padre Mello resolveu, então, se afastar,  deixando de realizar ali os ofícios religiosos.

Lino passou, então, a se vestir como padre, usando uma capa preta, rezando terços, novenas e ladainhas, sem submeter-se à autoridade eclesiástica.

Atrás de uma foto em que aparece Lino, consta o seguinte escrito:         

" 23/08/36. Lino N. Xavier. Padre da Capela N. S. C. Aparecida". 

Após sua morte, a família resolveu doar o terreno para a Mitra Diocesana, o que ocorreu no dia 12 de janeiro de 1959. O Padre Francisco Apoliano, que assumiu a capela,  seguindo ordens do bispo diocesano, determinou a retirada de duas enormes imagens do Coração de Jesus e do Coração de Maria, que Lino mandara fazer em cimento armado, em tamanho natural, e "com feições horrorosas", que "causavam medo e pavor". Ambas as imagens foram "enterradas". A primeira missa realizada, posteriormente, ocorreu no dia 11 de maio de 1959, pelo próprio padre Francisco Apoliano.









quinta-feira, 17 de junho de 2021

Quinca Reis, um visionário de Bom Jesus do Itabapoana

 



Joaquim Teixeira Reis, o Quinca Reis



Joaquim Teixeira  Reis, que ficou conhecido como Quinca Reis, filho de Joaquim Teixeira de Siqueira Reis, nasceu em 25/03/1892. Foi um homem visionário que colaborou decisivamente para o desenvolvimento de Bom Jesus do Itabapoana. Ele ajudou a fundar a CAVIL, em 1954. Com os filhos de Antonio José Borges adentrando para os quadros da Cooperativa, levaram para lá a fórmula da manteiga que ganhou o Prêmio Nacional de Qualidade em 1990, quando Fernando Nogueira era o seu presidente.

Quinca Reis possuía contato com pessoas de todo o Brasil, e ficava sempre atualizado com as novidades tecnológicas do seu tempo. Ele chegou a arrendar uma área em Santo Eduardo (RJ) para estocar mercadorias para serem embarcadas em trens.

Quinca Reis nasceu em Bom Jesus do Itabapoana, oriundo de família de Minas Gerais. Casou-se em primeiras núpcias, com Teresa Cristina Moraes,  tendo os filhos José Reis de Moraes e Maria Reis de Moraes. Em segundas núpcias, após tornar-se viúvo, casou-se com Maria Teresa, sua cunhada, conhecida como Dona Mulata, e tiveram os filhos Margarida,  Teté, Terezinha, Juraci e Colombino.

O sítio do Sacramento pertence à 4a. geração.

Quinca Reis possuía cerca de 16 anos de idade, em 1913, quando iniciou atividades no comércio. Aprendeu a ler sozinho e com 19 anos já era comerciante. Emprestava dinheiro e com 22 anos se tornou a pessoa mais rica da região. Estocava carne de porco, de boi e milho. As pessoas pagavam as dívidas com arroz e feijão, pois não havia dinheiro na época.

Contabilidade da Usina Santo Antônio, construída por Quinca Reis e seu sobrinho Antônio José Borges, por volta de 1950


Na casa de Quinca Reis foram encontrados livros de Machado de Assis e "Os Lusíadas", de Camões. Além disso, foi um dos primeiros a utilizarem o telefone para o comércio. A Usina Santo Antônio, a 1a. Hidrelétrica de Bom Jesus, também foi construída por Quinca Reis e seu sobrinho Antônio Borges por volta de 1950. O objetivo era iluminar a Barra, casas e promover a iluminação pública. A ideia foi de Quinca Reis, que comprou o equipamento.

A Casa da Manteiga, de Messias Borges Ribeiro, cunhado de Quinca Reis, pertencia  à fazenda da Barra. Com o falecimento de Messias, seu filho, Antônio José Borges, com 17 anos, assumiu, junto com os irmãos, a administração da Casa.

Na Fazenda Sacramento, havia uma bica que era utilizada para pilar café. A água, deslocada cerca de 3 km para a então Fazenda Sacramento, era utilizada para mover uma pedra que pilava o café. A construção era também feita com cauim. "Monjolo" seria o nome dado à pedra que, movida pelas águas, pilava o café. Posteriormente, tropas e carros de boi levavam as mercadorias para Santo Eduardo, onde eram embarcadas em trem para Rio de Janeiro e Minas.

Até hoje, Quinca Reis é lembrado como um dos grandes empreendedores e visionários de nossa região.

(Contribuiu com o texto a pesquisadora Maria Cristina Borges. Foto cedida por Thadeu de Moraes Almeida).

ECLB de Bom Jesus é selecionado em programa para Museus Fluminenses

 


O Espaço Cultural Luciano Bastos (ECLB), de Bom Jesus do Itabapoana, foi selecionado, entre os 10 primeiros colocados, no Programa de Educação, Preservação e Acessibilidade de Museus Fluminenses, do Estado do Rio de Janeiro. 

O ECLB alcançou a 4a. colocação, projetando, com méritos, o nome de nosso município.






Os dois Joaquim Teixeira de Siqueira Reis





 Três personagens com o nome de Joaquim Teixeira de Siqueira Reis estão registrados em nossa história.

 O primeiro é retratado pelo  historiador Zico Camargo, em sua obra "Bom Jesus do Itabapoana". Segundo ele, "em 1863, estando o menino Pedro Teixeira Reis gravemente enfermo, seus pais, Joaquim Teixeira de Siqueira Reis e Dona Jovita Umbelina Teixeira (descendentes do casal Francisco e dona Felicíssima), prometeram ao Divino Espírito que, se o curasse, vesti-lo a caráter como Imperador do Guarda da Coroa e do Cetro.

Conseguindo a cura do menino, a promessa foi cumprida, tendo o pai do menino, Joaquim Teixeira de Siqueira Reis, ido comprar a roupa na corte. Lá, adquiriu a febre amarela, que então grassava. Voltou para casa e ainda assistiu à Festa do Divino, mas foi a primeira vítima da febre amarela na região".

Ele foi intendente por ocasião da primeira emancipação de Bom Jesus ocorrida no dia 25 de dezembro de 1890.

A pesquisadora Maria Cristina Borges encontrou a certidão de óbito do primeiro Joaquim Teixeira de Siqueira Reis



 De acordo com a certidão de óbito, cuja cópia foi obtida pela pesquisadora Maria Cristina Borges, Joaquim faleceu no dia 23 de agosto de 1891. Consta do documento: "Aos 14 de setembro de 1891, compareceu nesta Vila de Itabapoana, Antônio José Borges, empregado de comércio, residente na Barra do Pirapetinga, desta Freguesia e 1o. Distrito, e declarou que no dia 23 de agosto do corrente ano, pelas cinco horas da manhã, faleceu nesta Vila, o cidadão Joaquim Teixeira de Siqueira Reis, fazendeiro, residente na Barra do Ribeirão Sacramento, sem testamento... casado com D. Juvita Umblina Teixeira, deixando quatro filhos menores, Maria, Francisco e Bárbara...atestado médico do Dr.  Duque Estrada Meyer..."

O segundo Joaquim Teixeira de Siqueira Reis é retratado no livro  "ROBERTO SILVEIRA, A PEDRA E O FOGO", de José Sérgio Rocha, editado pela Casa Jorge, na página 71. Consta do livro:


"O fazendeiro Joaquim Teixeira de Siqueira Reis casou-se com Felicíssima Teixeira, a Ciça, quando esta tinha 13 anos. Foram dois os filhos: Maria do Carmo Teixeira, conhecida como Biluca, e João Teixeira de Siqueira, o Tote.


Após cinco anos de casamento, contudo, Joaquim faleceu, deixando uma fazenda de herança para os dois filhos. Uma fazendola que foi dividida ao meio. [Metade pertencia a Tote, metade à irmã.

Essa propriedade passou a ser conhecida, por esse motivo, como Fazenda do Meio. Outra corrente diz que o nome da Fazenda se deu pelo fato dela estar situada entre Barra do Pirapetinga e Calheiros]

O sogro de Ciça, João Teixeira de Siqueira, aconselhou-a a arranjar marido, escolhendo, então, para a nora, o administrador de sua fazenda, o mineiro Duarte Vieira Fraga, que era proprietário de uma olaria e fabricava um fumo de rolo grosso, só vendido na região.

O tempo passou e Boanerges Borges da Silveira, filho de Antônio Ignácio da Silveira e Maria Borges da Silveira, passou a gostar de Biluca.


Ocorre que Duarte não permitia o relacionamento, porque o mineirão detestava almofadinhas. 

Boanerges Borges da Silveira


Boanerges acabou indo para o Rio de Janeiro e ingressou na faculdade de engenharia, mas largou os estudos e foi trabalhar numa tipografia e, posteriormente, em uma gráfica. Arranjou emprego público e retornou a Calheiros, maior de idade, disposto a pedir a mão da enteada do homem que não suportava mãos sem calos.

Após muita insistência, contudo, Duarte acabou cedendo e autorizando o matrimônio entre ambos.


Por ocasião do casamento de Biluca com Boanerges, para mostrar a todos que ela não era uma órfã desprotegida, Duarte organizou a maior festa de casamento já vista em Bom Jesus. Foi a partir desse gesto generoso que Biluca passou a chamá-lo de pai.

Duarte guardava uma carta na manga. Já que ia pagar a conta do casório, escolheu o local da festança. Foi num sítio em Barra de Pirapetinga, justamente o pedaço de terra destinado a Biluca na partilha de bens feita muitos anos atrás, quando da viuvez de Ciça Teixeira.  

No dia seguinte, Duarte viu Boanerges se aprontando para voltar para Bom Jesus e, de lá, para o Rio de Janeiro, onde pretendia morar com a mulher. Chamou-o num canto: - Tomei conta das coisas da sua mulher até hoje. Agora a terra não é mais só dela. É sua também. Eu não quis o casamento. E, sendo agora sua propriedade, não tomo mais conta dela. Você não vai para o Rio. Vai é ao Banco Hipotecário, em Campos, porque lá está todo o dinheiro do sítio".



A FAZENDA DO MEIO 

Tulha da época dos escravos ainda permanece de pé, na Fazenda do Meio

A respeito da Fazenda do Meio, Atalibia Boechat,  nascida em 24/11/1945, filha de Amélia Boechat Borges e Antônio José Borges, da Barra do Pirapetinga, lembra que seu avô Marciano Domingues adquiriu-a de Boanerges. Conta ela: 

"Meu avô, Marciano Domingues, era companheiro de Boanerges em negócios envolvendo café. Ele era chamado de Pai Eta. O apelido se deu pelo fato de vovô morar na Fazenda do Leite, próximo a Mirindiba. Como nós, quando crianças, não sabíamos pronunciar a palavra 'leite' corretamente, acabávamos dizendo 'eta'. Assim, passamos a chamar nosso avô de Pai Eta e nossa avó, Atalibia Boechat Domingues, de Mãe Eta" .

Atalíbia Boechat: resgate da história da Fazenda do Meio


Atalíbia diz que sua mãe Amélia gostava de contar histórias para ela e sua irmã Ana. "Mamãe contava que meu avô Marciano comprou a Fazenda do Meio, que ficava entre Barra do Pirapetinga e Calheiros, e que pertenceu a Boanerges Borges da Silveira, pais dos governadores Roberto e Badger Silveira. A compra foi feita 'com porteira fechada,'  o que significa dizer que tudo o que estava dentro da fazenda foi adquirida".

Prossegue ela: " No primeiro dia em que minha mãe foi dormir na Fazenda do Meio com os doze irmãozinhos, juntamente com os avós, todos ficaram muito contentes, pois cada um passou a ter seu quarto. Por volta das duas horas da madrugada, contudo, alguns irmãos disseram que viram assombração. Foi uma gritaria geral na Fazenda e todos acabaram indo dormir no quarto dos meus avós.
   
Assim que a Fazenda do Meio foi vendida para meu avô Domingues, minha madrinha Carolina Domingues Boechat, que era minha tia, acabou ficando com alguns móveis que pertenciam a Boanerges e Biluca. Posteriormente, os móveis foram transmitidos para meus pais Antônio José Borges e Amélia Boechat BorgesEsse guarda-roupa que, com satisfação, permutei com a Associação dos Amigos do Memorial Governadores Roberto e Badger Silveira é um deles", finaliza Atalíbia.

Guarda-roupas que pertenceu a Joaquim Teixeira de Siqueira Reis, na década de 1890, e a Boanerges Borges da Silveira 


Biluca herdara a Fazenda do Meio.

Boanerges Borges da Silveira, pai dos governadores Roberto e Badger Silveira, foi proprietário, em sua vida, de três propriedades rurais, todas em Calheiros, Bom Jesus do Itabapoana: a primeira foi a Fazenda do Meio, resultado de herança de sua esposa Maria do Carmo Silveira, a Biluca, tendo em vista o falecimento de seu pai, Joaquim Teixeira de Siqueira Reis.


 

quarta-feira, 16 de junho de 2021

16 de junho: 31 ANOS DO GRUPO MUSICAL AMANTES DA ARTE



No dia 16 de junho, o Grupo Musical Amantes da Arte comemora 31 anos de existência.

O Grupo foi fundado pela musicista Ana Maria Teixeira Baptista, que compôs, com seus pais Tertuliana Teixeira e Oliveiro Teixeira, um dos clássicos de nossa música: Rio da Minha Terra.

Há seis anos, a Editora O Norte Fluminense, fundada por Luciano Bastos, produziu um CD em comemoração aos 25 anos de fundação do Grupo: Bom Jesus de Corpo e Alma, da Coleção de Músicas Bonjesuenses.


Canções que integram o CD:

Marcha a Bom Jesus-Hino de Bom Jesus- (Salim Darwich Tannus/Arranjo do Maestro Bastião), 

Amantes da Arte (Gutenberg Mello/Marisa Teixeira Valinho), 

Bom Jesus Cidade (Padre Argemiro/Arranjo: Newton Perissé Duarte),

Bom Jesus, Orgulho do Meu Brasil (Samuel Xavier), 

Bom Jesus do Itabapoana (Marcha dedicada a Roberto Silveira) (Lusbelino Bovolenta), 

Hino do Colégio Rio Branco (Padre Mello),

Morrer Sonhando - Hino do Colégio Padre Mello (Padre Mello/Marisa Teixeira Valinho), 

Semeando Primavera (Homenagem a Boanerges Borges da Silveira) (Gino Martins Bastos), 

Cidade de Bom Jesus (Levy Xavier/Samuel Xavier), 

Bom Jesus Tem de Tudo (Oliveiro Teixeira/Zita Simão Teixeira) 

Rio da Minha Terra (Oliveiro Teixeira/ Zita Simão Teixeira/ Ana Maria Teixeira Baptista-Arranjo: Martha Salim),

Hino da Alva Pomba (Padre Delgado, da Ilha de São Miguel).

O Norte Fluminense parabeniza todos os integrantes do Amantes da Arte, que, com amor e idealismo, mostram ao mundo a grandeza da música bonjesuense.


Editora O Norte Fluminense produziu o precioso CD em comemoração aos 25 anos de fundação do Grupo Musical Amantes da Arte










Grupo Musical Amantes da Arte é um patrimônio de Bom Jesus do Itabapoana