EUA:
“País rico é país com pobreza”
Luciano Rezende*
Na
contramão do Brasil - que em apenas uma década (nos governos Lula e Dilma)
conseguiu retirar 36 milhões de brasileiros da linha de extrema pobreza -, os
Estados Unidos da América, o maior império da história da humanidade, registra
recorde no avanço da pobreza entre sua população. O número de pobres nos EUA
alcançou a triste marca de 46,5 milhões de cidadãos em 2013. São as
contradições intrínsecas do capitalismo que nem precisam ser espionadas, ou
seja, são públicas e notórias.
Importante
lembrar que ao lançar o lema “País rico é país sem pobreza”, que nortearia o
seu governo, a presidenta Dilma foi bastante criticada pela oposição,
ridicularizando-a com o suposto paradoxo. Hoje os brasileiros percebem claramente
a justeza desse slogan que muito mais que peça publicitária, simboliza o
gigantesco esforço nacional em se combater as desigualdades sociais no Brasil.
E
é justamente isso o que atesta a Organização das Nações Unidas (ONU) em seus
relatórios sobre o tema. De acordo com a ONU o Brasil está entre os 15 países
que mais conseguiram reduzir o déficit no Índice de Desenvolvimento Humano (que
avalia renda, educação e emprego), uma trajetória que o coloca no grupo de
“alto desempenho” em desenvolvimento humano. As conclusões são do “Relatório de
Desenvolvimento Humano 2013 – Ascensão do Sul: progresso humano num mundo
diversificado”,
lançado em março de 2013 pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(PNUD).
O
relatório da ONU afirma que a classificação de “alto desempenho” foi dada aos
países que: tiveram desenvolvimento humano significativo, pois, além de
experimentar aumento do rendimento nacional, registram valores superiores à
média nos indicadores de saúde e educação; reduziram o hiato necessário para
alcançar o teto do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) – igual a 1 –; e
tiveram desempenho melhor em relação a seus pares – países que se encontravam
em patamares semelhantes em 1990.
A
estratégia de política estrutural de longo prazo adotada pelo Brasil, com a
universalização do bem-estar social, foco na redução das desigualdades e
redução da pobreza, coloca o país em posição de destaque no Relatório deste
ano, ao lado de outras nações em desenvolvimento como China e Índia. “A
promoção da coesão e da integração sociais, um objetivo declarado nas
estratégias de desenvolvimento de países como o Brasil, tem por base o
manifesto impacto positivo que uma sociedade unificada tem sobre o
desenvolvimento. As sociedades mais igualitárias tendem a produzir melhores
resultados na maioria dos parâmetros relativos ao desenvolvimento humano",
diz o Relatório.
Em
contrapartida, os Estados Unidos apresentam dados que impressionam
negativamente. No seio do Império, quase 50 milhões de pessoas vivem na pobreza
e o aumento das desigualdades sociais no país aumentou em 6,1% nas últimas duas
décadas. Chama atenção também a porcentagem de estadunidenses que não têm
cobertura médica privada e nem do governo: 15,6%. O valor do Índice de Gini
americano, que mede a desigualdade, é o maior da série histórica no país do Tio
Sam.
Em
meio a esse cenário, Barack Obama parece estar mais “preocupado” com a
população síria, desviando as atenções da crise interna americana para outras
partes do mundo, como pode ser evidenciando em seu discurso de ontem (24/04) na
Assembleia Geral da ONU.
A
maior guerra a ser vencida pelo povo americano é contra um inimigo interno, o
imperialismo estadunidense, que a despeito de promover o saqueio das nações e a
pilhagem nos quatro cantos do mundo, é incapaz de abolir a pobreza interna
entre os seus cidadãos.
*Engenheiro agrônomo, mestre em Entomologia e Doutor em Fitotecnia. Professor do Instituto Federal Fluminense