domingo, 1 de setembro de 2013


TRADIÇÃO DE ORIGEM INDÍGENA EM VARRE-SAI (RJ)





Artesanato com brejaúba: beleza e qualidade



Aparecida Maria Rampazzi é descendente de italiano, português, índio e negro. Seu pai se chamava Aelércio Mariano Rampazzo, e sua mãe Maria Alvim Rampazzo.

Ela nasceu na Fazenda da Onça, em Varre-Sai (RJ). Possui duas filhas: Caroline, com 12 anos, e Conceição, com 22 anos.

Ela é a última descendente de gerações de uma família que utiliza os brotos da palmeira brejaúba para confeccionar artesanatos de alta qualidade.

O fruto da brejaúba costuma ser utilizado como medicamento, enquanto sua madeira chegou a ser utilizada pelos índios na confecção de arcos e flechas.Os índios tupis utilizavam as folhas da brejaúba para realizar a cobertura de suas construções.


Palmeira brejaúba, em Varre-Sai


"Meu avô, Felicio Rampazzi, que era italiano, casou-se com Isaura, que era descendente de índio. A mãe dela foi caçada a laço. Meus avô materno, Sebastião de Paula Alvim, era português, e minha avó materna, Maria Ferreira Alvim, era descendente de negros", conta ela.


Os pais de Aparecida: Maria Ferreira Alvim e Sebastião Alvim, em Porciúncula, em 09/09/1975


Foi um tio-avô da família Alvim quem ensinou a técnica à família, na década de 1920. "Inicialmente, ele utilizou o sapê. Posteriormente, a família passou a utilizar os brotos da brejaúba. Infelizmente, não me recordo do nome desse tio-avô. Aprendi a trabalhar com a brejaúba, graças a minha mãe, quando eu tinha 12 anos de idade.  Hoje, eu sou a única pessoa da família que mantém a tradição. Meus tios, que produziam o artesanato, ultrapassaram os 80 anos, e já não se dedicam à atividade", explica.

Tio José Geraldo manteve a tradição


Prossegue ela: " A importância da brejaúba é porque pode-se retirar alguns brotos sem prejudicar a palmeira. Tempos depois, os brotos surgem de novo, tornando a atividade autossustentável. Não é fácil, contudo, retirar os brotos da árvore, porque possuem espinhos. Além disso, com a chegada do eucalipto e os desmatamentos, a brejaúba está desaparecendo na região", reclama.


Aparecida, com a retirada dos brotos da brejaúba...

... confecciona o artesanato


Aparecida fabrica bolsas, lembranças, cestas de todos os modelos e até vassouras. Já participou de exposição na Merconoroeste, realizada em Itaperuna (RJ), e também no Rio de Janeiro. Além disso, ministrou oficina de artesanato.


A filha Caroline, que possui a idade da mãe, quando esta aprendeu a lidar com a brejaúba, mostrou-se interessada em aprender a técnica, e é a esperança de que a tradição familiar não venha a morrer.

Contatos: 22-92682014  e 22-92579309



Aparecida e sua filha Carolina: esperança na continuidade da tradição familiar



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