Jornal fundado por Ésio Martins Bastos em 25 de dezembro de 1946 e dirigido por Luciano Augusto Bastos no período 2003-2011. E-mail: onortefluminense@hotmail.com
sábado, 30 de janeiro de 2016
sexta-feira, 29 de janeiro de 2016
Fachada do Memorial se inspirou no antigo Fórum onde atuou Boanerges Borges da SIlveira
A fachada do Memorial Governadores Roberto e Badger Silveira, cuja planta foi elaborada pelo engenheiro Paulo Sérgio do Canto Cyrillo, e que será construído no Sítio Rio Preto, será similar à do palacete de Malvino Rangel que, posteriormente, se transformou no Fórum do município. Foi ali que Boanerges Borges da Silveira, pai dos ex-governadores, atuou como 1° advogado a realizar um Júri da Comarca.
PARCERIA PÚBLICO PRIVADA PODE SALVAR PATRIMÔNIO HISTÓRICO
Desapropriação do prédio que pertenceu aos avós dos governadores Roberto e Badger Silveira contaria com o apoio da comunidade |
Parceria público privada pode salvar o que resta da Casa da Farinha, prédio do século XIX que pertenceu a Antônio Ignácio, avô dos governadores Roberto e Badger Silveira, e que teve mais uma de suas paredes derrubadas pelos fortes ventos decorrentes de outra tempestade.
Caso o município realizasse a desapropriação do imóvel, uma campanha da sociedade civil mobilizaria a comunidade para obter o material necessário para a restauração deste emblemático patrimônio histórico.
UM SONHO QUE SE TORNA REALIDADE: O MEMORIAL GOVERNADORES ROBERTO E BADGER SILVEIRA
O engenheiro Paulo Sérgio do Canto Cyrillo concluiu o projeto do Memorial Governadores Roberto e Badger Silveira, que será edificado no Sítio Rio Preto, distrito de Calheiros, onde nasceram os ex-governadores.
Trata-se de uma importante contribuição para o resgate da linda história da Silveirada, como era chamada a reunião dos membros da família Silveira.
Segundo Cintia Nunes, a diretora do Memorial, "objetivamos inaugurar, com o apoio da comunidade, a parte baixa do prédio no dia 7 de agosto, ocasião em que celebraremos dois anos do lançamento da pedra fundamental de nossa entidade".
Cíntia de Oliveira Santos Nunes é a diretora do Memorial |
Cintia Nunes é filha de Manoel Araújo dos Santos, o Neneco, o amigo de infância dos ex-governadores, e doou o terreno, juntamente com seu marido Alessandro, para a construção do prédio.
VEJAM OS DISCURSOS FEITOS NO LANÇAMENTO DA PEDRA FUNDAMENTAL DO MEMORIAL, NO DIA 10/08/2014
DISCURSO DE WILMA MARTINS TEIXEIRA COUTINHO
Wilma Martins Teixeira Coutinho
Wilma Martins Teixeira Coutinho
Wilma Martins Teixeira Coutinho |
Meus queridos
amigos que eu acabei de conhecer aqui em Bom Jesus.
Levo comigo
nesta despedida uma grande saudade e agradecimento pelo carinho como fui recebida
nesta cidade, especificamente ao Dr. Gino pela determinação “QUEREMOS WILMA”.
Falar de
Roberto Silveira e Badger Silveira creio que os brilhantes oradores já
retrataram tudo que eu teria que falar.
É de
conhecimento público os projetos e anseios que essas personagens representaram
no cenário político de nosso Estado, que não concretizou, em parte pela trágica
morte prematura e criminosa que o impediu de continuar o seu governo. EU ESTAVA
LÁ, sofri com a família e com o povo fluminense. Presenciei a dor da querida
Ismélia quando fui abraçá-la. Foi uma perda irreparável, deixando-nos órfãos.
O saudoso Badger: eu trabalhava na Secretaria de Educação, no Gabinete, quando ele tomou posse como
Secretário de Educação, interino, do Governo de seu irmão Roberto. Ao deixar a Secretaria,
levou-me para o Palácio, Gabinete Civil, onde permaneci até o Golpe Militar,
vivenciando todo aquele tormento da votação na Assembleia, naquela madrugada de
Agosto, terminando por cassá-lo. Ele se negava a renunciar, pois fora eleito
pela vontade do povo, numa eleição limpa e honesta. As forças ocultas o traíram
numa armadilha política, tramaram sua retirada, afastando-o da vida pública.
Ele saiu
abatido mas, de cabeça erguida, escoltado que fora pelas forças armadas, MAIS
UMA VEZ EU ESTAVA LÁ, chorando com todos os funcionários do Palácio que
aprenderam a respeitá-lo e amá-lo.
Foram os dois
Governadores mais honestos que eu conheci na minha vida funcional, não se ouvia
falar em corrupção, só de projetos e ações em prol do bem comum do seu povo.
Não se via
ganância “o vai lá dá cá”, como se vê hoje nessa política vergonhosa que
corrompe este país.
Hoje estou
aqui cheia de felicidade, no berço onde nasceram essas pessoas por quem tive
tanto carinho e o privilégio de conviver, que até hoje se estende aos seus
familiares e lá se vão cinqüenta anos.
Agora
imaginem vocês a ironia do destino, hoje já em fase terminal, faço o inventário
de Badger, que já tem cinco volumes, não tem mansões, jatinhos nem aviõezinhos,
somente 5 carros virando sucata, e uma merreca de poupança porque os bens que
ele amealhou durante sua existência ele doou em vida.
ESTE ERA O
GOVERNADOR BADGER SILVEIRA.
DEUS O TENHA.
Quero
parabenizar todos os que contribuíram para este evento, o artista pela sua
majestosa obra do quadro que revela a tragédia sofrida pelo saudoso ex-Governador Roberto
Silveira. Impressionante!!!
Boa tarde.
Local onde será construído o Memorial Governadores Roberto e Badger Silveira, no Sítio Rio Preto, em Calheiros |
DISCURSO DE CINTIA DE OLIVEIRA SANTOS NUNES
BOA TARDE.
EM
NOME DA FAMÍLIA DE MANOEL ARAÚJO DOS SANTOS, O NENECO, AMIGO DE
INFÂNCIA DOS GOVERNADORES ROBERTO E BADGER SILVEIRA, ASSIM COMO DE JOSÉ
TEIXEIRA SILVEIRA, MARIA DA PENHA E DINAH, SEUS IRMÃOS, VENHO COMO FILHA
DE NENECO E REPRESENTANDO MEUS IRMÃOS SÔNIA, CILÉA, LEONÍDIA, MARILENE,
BENEDITO, JUAREZ E JOSÉ ABREU, ASSIM COMO REPRESENTANDO MINHA MÃE,
GEORGINA DE OLIVEIRA SANTOS, SAUDAR A TODOS OS PRESENTES E, EM ESPECIAL,
AOS FAMILIARES DOS HOMENAGEADOS, ASSIM COMO A WILMA MARTINS TEIXEIRA
COUTINHO, AMIGA DA FAMÍLIA SILVEIRA QUE PARTICIPOU DOS GOVERNOS DE
ROBERTO E BADGER SILVEIRA.
DINAH SILVEIRA, A IRMÃ DE ROBERTO E BADGER SILVEIRA, COSTUMAVA ESCREVER POESIAS E RECITÁ-LAS NAS REUNIÕES DE FAMÍLIA.
ASSIM,
HOMENAGEANDO-A, TOMO A LIBERDADE DE LER UMA POESIA ESCRITA POR WILMA
MARTINS TEIXEIRA COUTINHO NO DIA 28 DE JULHO PASSADO, QUANDO SE LEMBRAVA
DESTE MOMENTO HISTÓRICO.
À MEMÓRIA DE ROBERTO SILVEIRA E BADGER SILVEIRA
Bom Jesus do Itabapoana
Terra rica do saber
Deu dois filhos governadores
Deus os levou pra no Céu viver
Estão olhando por nós
Neste momento tão nobre
Em que lembramos seus atos
Voltados sempre pro pobre
Seus governos só visavam
O bem-estar social
Muitos projetos na mente
Não esqueceu de Rosal
Bela cidade estou vendo
Com a igrejinha na praça
Ornada de belas rosas
Catita cheia de graça
DEVO DIZER, AINDA, QUE DINAH SILVEIRA COSTUMAVA NOMEAR AS REUNIÕES DA FAMÍLIA COMO “SILVEIRADA”.
ASSIM
SENDO, NESTE MOMENTO EM QUE OS MEMBROS DA FAMÍLIA SILVEIRA AQUI SE
ENCONTRAM PARA HOMEMAGEAR SEUS ANTEPASSADOS ILUSTRES, E, TENDO EM VISTA QUE
TODOS NÓS BONJESUENSES TAMBÉM NOS SENTIMOS COMO MEMBROS DA FAMÍLIA
SILVEIRA, PODEMOS DIZER, LEGITIMAMENTE, QUE ESTAMOS DIANTE DE UMA SILVEIRADA.
MINHA MADRINHA MAGNÓLIA COSTUMAVA DIZER QUE PASSADO É AQUILO QUE JÁ SE FOI MAS ESTÁ PRESENTE
NAS LEMBRANÇAS GUARDADAS EM
NOSSA MENTE, DESDE OS TEMPOS DE NOSSA INFÂNCIA.
ROBERTO
E BADGER SILVEIRA, ASSIM COMO SEUS IRMÃOS, JOSÉ TEIXEIRA SILVEIRA,
MARIA DA PENHA E DINAH, SEUS PAIS BOANERGES BORGES DA SILVEIRA E MARIA
DO CARMO SILVEIRA, A BILUCA, MEU PAI NENECO, LEONÍDIA ABREU DOS SANTOS E MEU AVÔ BENEDITO DOS SANTOS ESTÃO SEMPRE PRESENTES.
QUERO
AGRADECER À MINHA FAMÍLIA QUE NÃO ESTÁ MEDINDO ESFORÇOS PARA FAZER ESTA
REALIDADE ACONTECER E AO DR. GINO MARTINS BORGES BASTOS QUE É O GRANDE
INCENTIVADOR, IDEALIZADOR E COORDENADOR DESTE LANÇAMENTO DA PEDRA
FUNDAMENTAL GOVERNADORES ROBERTO E BADGER SILVEIRA.
Cintia de Oliveira Santos Nunes
COLABORE COM UM DOS ITENS ABAIXO PARA A EDIFICAÇÃO DA PARTE BAIXA DO MEMORIAL
Entrada para o Sítio Rio Preto |
COLABORE COM UM DOS ITENS ABAIXO PARA A EDIFICAÇÃO DA PARTE BAIXA DO MEMORIAL
a) 84 vergalhão 4.2
b) 420 vergalhão ¼
c) 100 vergalhão 3/8
d) 24 vergalhão ½
e) 10 vergalhão 5/8
f) 20 kg arame 18
g) 10 kg prego 18/30
h) 150 taipá
i) 350 sacos de cimento
j) 5.000 lajotas
k) 40 m3 areia lavada
l) 40m3 brita
Contatos para maiores informações: Cíntia Nunes, diretora do Memorial, cinttianunes@gmail.com e 022-999989395
e André Luiz de Oliveira, conselheiro, cel.: 022-998317343
Momento histórico: confraternização entre parentes dos ex-governadores Roberto e Badger Silveira com os parentes de Neneco, e com os membros da Associação dos Amigos do Memorial, no lançamento da Pedra Fundamental no Sítio Rio Preto, no dia 10 de agosto de 2014 |
IGREJA UNIVERSAL ESTARIA COMPRANDO O AERO CLUBE
Aero Clube: o fim próximo de um patrimônio histórico e cultural de nosso município |
Notícias correntes em nossa cidade dão conta de que a Igreja Universal do Reino de Deus estaria adquirindo o Aero Clube.
O atual proprietário do prédio teria solicitado aos expositores que mantêm material no interior do mesmo, desde a Festa de Agosto, a desocupação para a realização do negócio.
Um pouco da história do Aero Clube
O Aero Clube teve o início de suas atividades no dia 1o. de maio de 1942. Na ocasião, ele passou a funcionar em uma casa alugada localizada na rua Gonçalves da Silva, onde, mais tarde, foi instalado o Grupo Escolar Pereira Passos.
Posteriormente, com a aquisição de um prédio na Praça Amália Teixeira Chalhoub, ali foi instalada sua sede definitiva.
Desde então, todas as atividades relevantes da sociedade bonjesuense passaram a ser desenvolvidas no Aero Clube.
Artistas de renome nacional se apresentaram em seu palco, como Nelson Gonçalves, Jamelão, Celi Campelo, Virgínia Lane, Carlos José, Orquestra Tabajara e Orquestra Severino Araújo, entre outros.
Em seu salão ocorreram festas de reveillon e de carnaval, festas do Olympico FC e do Ordem e Progresso FC, festas de formatura, bailes de coroação da Rainha da Festa de Agosto, bailes da saudade e bailes de debutantes.
O G. R. E.S. do Uriçu e o Bloco do Barra Pesada se apresentavam na quadra do clube, onde ocorriam festas juninas.
Apuração dos votos e visitas de governadores também ocorriam em seu salão.
O Aero Clube constitui um patrimônio histórico e cultural de Bom Jesus do Itabapoana.
(Fontes de pesquisa: Livro de atas do Aero Clube e Ercília Borges do Carmo)
ATÉ QUANDO, OUTROS AYLANs?
Norberto Seródio Boechat |
Há 43 anos, a foto da menina Kim Phuc, flagrada nua pelo
fotógrafo Hunk Cong Ut, fugindo do ataque napalm, no Vietnan, mostrando indescritível
horror na fisionomia escandalizou o mundo. Foi um momento de conscientização
universal.
E neste ano, em setembro, a foto do menino Aylan, de três
anos, encontrado morto numa praia turca estarreceu o mundo. A cena, chocante,
abalou. O homem deve ter reformulado conceitos, juízos, horrorizado com o
inaceitável absurdo dos conflitos no Levante.
Em sua curta vida em Kobani, na Síria, o garoto e o irmão
assustaram-se inúmeras vezes com o barulho de bombas e visão de labaredas e
fumaça. É provável que em seus três aninhos, quando os impulsos são dirigidos
aos mais profundos afagos do amor e às brincadeiras infantis, não tenha
compreendido porque sua cidade era modificada a cada dia, por que ouvia gritos
à noite? E, mais dramático, o que terá sentido no pequeno barco, junto ao irmão
Galip no colo dos pais, Abdullahe Rehanna, tentando desesperadamente permanecer
juntos na inquietação do frágil bote? De repente, soltou-see mergulhou o
mergulho da inocência no mar histórico.
Aylan é uma tentacular vítima, não só da guerra civil em sua
pátria, mas da complexidade de seus vizinhos, acossados por embates étnicos,
políticos e econômicos. A família Assad, que governa seu país há décadas,− ejá
teve filhos iguais a ele− , somente elaé responsável pela morte de mais de 270
mil pessoas.
Destino pré-concebido por jogo de poder entre vizinhos e
outras potências mundiais, num tabuleiro de incongruências:
A Arábia Saudita, suavizinha,
é aliada dos EUA no Oriente Médio. Predominantemente sunita. Sede de grandes
centros de peregrinação religiosa, em Meca e Medina, paradoxalmente abriga
importantes escolas ultraortodoxas do islamismo como o WAHABISMO, doutrina
fundamentalista. Concorda com os EUA e aliados nos ataques aéreos à Síria e no
Iraque,vizinho, contra o Estado
Islâmico (EI).
Os EUA querem a renúncia de Bashar al-Assad, o ditador
sírio, mas este, de família ALAUITA, (sub grupo xiita), tem apoio da Rússia que
bombardeia posições rebeldes a Assad, argumentando, também,visar o EI. Aylan
não cresceu para entender para entender posições antagônicas descarregando
bombas sobre seu país.
Vladimir Putin, da Rússia, quer um papel relevante no
Oriente Médio e, por isso, está ao lado de Assad, fornecendo armas.
Turquia, vizinha,
de maioria sunita, apoia a coalizão liderada pelos EUA e as forças rebeldes
sírias. Permite que os EUA usem bases aéreas em seu território.
Noutro sentido, negociações sobre programas nucleares entre
EUA e Irã causaram mal-estar entre os
principais aliados dos americanos na região: Israel, vizinho, e Arábia Saudita.
Os fatos recentes mostraram que não se concretizaram os
propósitos democráticos da “primavera árabe”. O que se viu foi o desmoronar de
países do Oriente Médio, estabelecidos há décadas, como Iraque, Afeganistão,
Líbia e sua Síria, além de outros sob ameaça, tais comoIêmen, Jordânia,
Turquia, Arábia Saudita. O garoto Aylan certamente cresceria sem compreender a
razão do envolvimento de tantas e tão desconcertantes forças, impedindo-o de
vislumbrar horizontes através suas fronteiras.
Maomé. Sunitas.
Xiitas.
A absoluta maioria muçulmana é pacífica e ordeira frente a
uma minoria de fanáticos que se lança ao terror em nome do Alcorão. No entanto,
este não convida os crentes a matar, mas sim ao respeito e o bem entre os
homens. A história do islamismo ou islã começou numa caverna na Arábia. (Uma
outra, foi em manjedoura). Segundo a tradição, o arcanjo Gabriel (o mesmo que
revelou a Isabel) apareceu a Maomé e o orientou a falar sobre princípios
divinos. Isso teria ocorrido por volta de 610 d.C. Maomé nasceu em Meca,
provavelmente em 570 d.C. Seus escritos deram origem ao Alcorão, o livro
sagrado dos muçulmanos. Após sua morte, houve disputa quanto à sucessão, quando
duas correntes se tornaram majoritárias, os xiitas e os sunitas. Os xiitas, formados
pelos seguidores de Ali, primo e genro de Maomé. Os sunitas, mais numerosos e
mais radicais, acreditavam que o profeta não deixara herdeiros legítimos.
Maomé, por certo, jamais imaginou que seus ensinamentos
poderiam redundar em lutas e, muito menos que em seu nome um grupo terrorista
colocasse o mundo ocidental em alerta máximo.
O Estado Islâmico surgiu da rivalidade entre muçulmanos
xiitas e sunitas. Sem importante significado bélico, no entanto, em pouco tempo
evoluiu para uma ameaça global, conquistando um território do tamanho da
Itália. Em sua formação, há um personagem, o terrorista jordaniano Abu Musab
al-Zarqawi que, ligado a ex-funcionários da ditadura de Saddam Hussein, deu os
primeiros passos para sua formação. Foi morto em 2006 por ataques aéreos
americanos. A partir de 2011, a guerra civil na Síria deixou um vácuo de poder
em muitas áreas do país. Os integrantes do EI, sob novo líder, Abu Bakr al-Baghdadi,
aproveitaram esse momento, cruzaram a fronteiram e ocuparam espaço. Bashar
al-Assad, ditador sírio, foi conivente e ignorou a invasão, contando com o
grupo para lutar contra os rebeldes que tentam derrubá-lo. O EI estabeleceu,
assim, sua sede em Raqqa, na Síria. Em seguida, 2014, invadiu as cidades ao
norte do Iraque, criando um governo baseado na charia, a lei islâmica. Enquanto
isso, Aylan e Galip cresciam. O ambiente
de caos foi propício ao EI. Acresce-se que ele projeta calcadas esperanças aos
muçulmanos: defesa dos sunitas, sobretudo no Iraque onde eram opressores, e
agora oprimidos pela maioria xiita nesse país; a promessa de formação de um Estado
de fato nos territórios ocupados; o questionamento de partilhas territoriais em
1920, quando da derrocada do Império Otomano; e, finalmente, a grande busca de
reconhecimento internacional por sua identidade. Dessa maneira, a perspectiva de
alcançar taispropósitos torna o EI simpático a milhões de muçulmanos em todo o
mundo. Na verdade, trata-se de um processo de grande arcabouço histórico e
cultural, provavelmente de difícil resposta a soluções armadas.
Convivemos, então, impotentes com uma luta pluralizada, de
complexos objetivos, levando por calcinar ainda mais a terra árida, um dos berços
da civilização. E o combustível é volátil, já queentranhado
no “patriotismo” de “estados” os mais diversos, tribos, seitas, etnias,
crenças. Aylan, nesse meio, igual a Kim Phuc foi um gigante. Virou símbolo da
crise migratória. Em imagem entre areia e mar, seu pequenino corpo sobrepujou a
imprensa universal que, antes, jamais conseguiu mostrar de maneira tão clara o
cinzento horror da paisagem, contrastando com sua camisinha vermelha.
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