Gratidão. Como é
importante sermos gratos e como, invariavelmente, amigos, esquecemos de sê-lo.
Dizem que os muçulmanos têm para a palavra “ser humano” a tradução: “aquele que
se esquece”. E para Deus: “Aquele que se lembra”. Por essa razão, eles,
variadas vezes ao longo dos seus dias, voltam-se para a cidade sagrada de Meca,
para simplesmente lembrar-se Dele.
Recordo-me de Jesus.
Continuamente dando graças ao Pai. A propósito: Eucaristia significa “ação de
graças”, agradecer. Antes de realizar o milagre da multiplicação dos pães –
assim como na ceia derradeira – Ele eleva os dons e... agradece ao Pai. Daí
então se segue o milagre. O milagre é sucedâneo ao agradecimento.
Já nos demos conta de
quantos “milagres” podemos realizar com pequenos gestos de gratidão? O quanto
de bondade, de paz e harmonia podemos “multiplicar” em nossos relacionamentos,
no nosso ambiente familiar e de trabalho?
Não, não sou daqueles que
pretendem desmistificar os milagres de Jesus, de fazer reducionismos e dar
outras versões. O que Ele fez foi, de fato, um milagre. Ponto. Sem duplas
interpretações. O que pretendo dizer é: quantos ensinamentos podemos retirar
dos milagres por Ele realizados. O mínimo agradecido pode multiplicar-se e
tornar-se o “máximo”; pode a muitos “alimentar” com o pão da esperança e do bom
convívio.
O que pensei pela manhã
ficou comigo o dia inteiro. Multiplicou-se. Agradecer é reconhecer, no
favor e gratuidade do outro, o próprio outro que se oferece. Agradecer é tornar
agradável o ar que se respira em comum.
Agradecimentos e, em
contraparte, reclamações. Murmuramos exageradamente... Sei disso; também sou
assim. Basta um pequeno tropeço, uma mínima contrariedade para deixarmos claro
nosso descontentamento. Esquecemos, rapidamente, a “montanha” de benefícios
recebidos e os depositamos diante de uma “pedrinha” de aborrecimentos.
Parece termos uma espécie de “memória
seletiva”. Apta e pronta para recordar o mal, porém frágil e débil para a
lembrança do bem recebido. Esmaecida para a gratidão e em vivas tintas para
sentimentos como a vingança e a falta de perdão.
Bela é a oração de Santo
Inácio, que ora transcrevo: “Toma, Senhor, e recebe toda a minha
liberdade e a minha memória também. O meu entendimento e toda a minha vontade,
tudo o que tenho e possuo Tu me deste com amor. Todos os dons que me deste com
gratidão Te devolvo. Dispõe deles, Senhor, segundo a Tua vontade. Dá-me somente
o Teu amor, tua graça. Isso me basta, nada mais quero pedir”.
O que pensei pela manhã,
da semana passada, ficou comigo até o presente momento. Como um trigo que se
planta, colhe, tritura, amassa, fermenta, coze e se transforma em pão. Graças a
Deus!
Obrigado a todos vocês que
agora me lêem e tem lido. Sou-lhes muito grato, de coração. Grande abraço!
Nenhum comentário:
Postar um comentário