segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Darci Boniolo: a história de Bom Jesus através das fotografias




Darci Boniolo


Darci Boniolo de Egídio, filho de Vitório de Egídio e Jovanina Boniolo de Egídio, italianos procedentes de Rodeio de Ubá (MG), nasceu em 26/12/1937, em Bom Jesus do Itabapoana.

Fotógrafo desde 1956, trabalhou inicialmente com o fotógrafo Renée Chalhub. Posteriormente, foi funcionário da Photo Gráfica, dirigida por Esio Martins Bastos e seu irmão Luciano Augusto Bastos. Em seguida, juntamente com seu irmão Humberto Boniolo, fundaram a Foto Real, localizada na Praça Governador Portela, que se destaca, em nosso município, desde sua fundação. 

Embora aposentado, continua realizando serviços de fotografia para fregueses fiéis. Além disso, possui em seu acervo dezenas de fotografias antigas que acaba disponibilizando para os interessados, permitindo, assim, o resgate de nossa história.



domingo, 30 de agosto de 2015

"Figueiredo que não gosta de música, não é Figueiredo"





Júlia Maria Figueiredo


Esta frase costumava ser dita pelo maestro José Carlos Figueiredo, de Muniz Freire (ES). 
Quem nos conta a respeito é sua filha Júlia Maria Figueiredo (Paulucio). Deixemos que ela relate um pouco dessa história:  "Meu avô Antônio Carlos de Figueiredo veio de Portugal no início do século XX e acabou fixando-se em Divino Carangola (MG), onde casou-se com minha avó Maria. Foi ali que nasceu meu pai. Quando este tinha dois anos de idade, meus avós se mudaram para  uma área de terra que tinham recebido do Governo, localizada na Fazenda Menino Jesus, em Muniz Freire. Vieram em tropa, levando meu pai na cabeça do arreio. Foi nesta fazenda que nasceram meus tios Pedro, Antônio Carlos, Rosa e Francisca", salienta.

Júlia e um móvel da antiga residência dos pais

Continua Júlia: "Meu pai cresceu na roça e casou-se com Maria Lina Ribeiro Soares, tendo, além de mim, os filhos: Cecília, Hercília (freira), Maria da Penha, Inês e Mário. Certa vez, apareceu um homem na fazenda e ensinou meu pai, quando este era criança, a tocar as primeiras notas musicais. Meu pai, quando cresceu, comprou vários livros de música. A partir daí, passou a tocar instrumentos musicais. O seu preferido era o bombardino. Formou, então, uma banda de música composta só de familiares.  Meu irmão Mário também se tornou músico e chegou a tocar na Sala Cecília Meireles, no Rio de Janeiro. Meu pai passou a exercer a função de carcereiro e, depois, foi convidado a mudar-se para a cidade para ser maestro da Lira Muniz-Freirense. Hoje, o nome da Lira de Muniz Freire é uma homenagem a meu pai: Lira Muniz-Freirense Maestro José Carlos Figueiredo".



Casa da Cultura de Muniz Freire possui importante acervo do município



João Bosco Figueiredo Côgo, neto do maestro José Carlos, e residente em Guaçuí (ES), fundou, neste município, em 2013, o Museu da Saudade, que conta, entre várias relíquias, com os instrumentos musicais e partituras de seu avô.
  
João Bôsco Figueiredo Côgo, neto do maestro José Carlos Figueiredo, estabeleceu o Museu da Saudade, em Guaçuí (ES), onde reside


Bosco diz: “Meu avô materno aprendeu a tocar flauta e clarinete aos 8 anos de idade, quando vivia no distrito de Menino Jesus, em Muniz Freire. Mais tarde, ele formou a Banda de Música Euterpe Figueiredo, com integrantes da família e agregados. Ele era seleiro e carcereiro. Quando mudou-se para a sede do distrito, em 1934, passou a ser maestro da Lira Muniz-Freirense”.

Banda Eutepe Figueiredo (1921). José Carlos Figueiredo é o segundo da primeira fila, da esquerda para a direita

Mário Figueiredo mudou-se para Guaçuí (ES) em 1963, a convite da prefeitura, para ser maestro a Lira Santa Cecilia. Ele  é o musico de óculos que está à frente, ao lado do menino. José Carlos Figueiredo, seu pai, está com a tuba próximo ao numero 5. Foto de 1972.
 

 Mário Figueiredo e o bisneto Gabriel Moreira Côgo, com 8 anos de idade, prosseguindo a tradição da família, em encontro de bandas em Alegre/ES (2011).





Uma das últimas fotos de Carlos Figueiredo, chamado de "Padrinho", por seus netos




Partituras e clarinete do Maestro José Carlos Figueiredo se encontram no Museu da Saudade



Segundo Júlia, "sei que os Figueiredo, ao chegarem de Portugal, se fixaram, inicialmente, em Minas Gerais e no Espírito Santo. Sempre me emociono quando encontro alguém que assina Figueiredo, pois somos todos uma família só", finaliza.

As irmãs Maria da Penha e Júlia Figueiredo: dedicação à família e às tradições

5º FESTIVAL DE CHORINHO E SANFONA DE ROSAL: 4/6 DE SETEMBRO






sábado, 29 de agosto de 2015

Boanerges, a Caldeira e os Engenheiros Alemães



Ana Maria Silveira


Boanerges acompanhava a tecnologia do tratamento do café, conseguindo assim melhor qualidade para o seu produto. O café, após a derriça, necessita de uma secagem bem conduzida para ser prontamente armazenado, conservando, desse modo, suas melhores características. Lá por 1920, a secagem era feita em terreiros, a céu aberto, totalmente dependente das condições climáticas. As chuvas representavam um desastre caso ocorressem no período das colheitas.
   
Certa ocasião Boanerges comprou, em uma exposição agropecuária, uma caldeira própria para a secagem do café.
A peça era alemã, de alta tecnologia. Foi um longo percurso até chegar a Bom Jesus. Mas um dia chegou!

Acompanhando vieram três engenheiros e outros tantos ajudantes para a montagem daquela coisa fantástica para a época.
Havia um pequeno problema: os alemães não falavam português e vice-versa.
Boanerges nutria um orgulho imenso pelos seus colaboradores, os empregados da sua fazenda São Tomé e do sítio Rio Preto.
Para ele não existiam trabalhadores mais caprichosos, interessados
nos serviços, criativos, alegres, musicais, educados, de caráter exemplar, inteligentes e, principalmente, amigos. Em contrapartida, tratava-os com muita consideração, carinho, respeito e admiração.

Todos tinham suas casas, terrenos para plantar, criar animais e o que mais fosse necessário para o sustento das famílias. Boanerges ainda promovia todo tipo de festas, festeiro que era, e todos participavam. Tudo isso gerava muito ressentimento em alguns outros fazendeiros, saudosos da época escravagista, que chegavam a dizer:
-O Boanerges trata esses negos dele com muito luxo. Isso é ruim para nós!

Boanerges tanto falou da máquina que quando esta chegou, a curiosidade tomou conta de todos. Seu povo acorreu ao local aonde seria instalada e ficaram em animada vigília até a engenhoca funcionar.
Os alemães foram devidamente acomodados na fazenda e o previsto no contrato era que a equipe deveria ficar de trinta a quarenta e cinco dias ensinando o manejo da caldeira ao novo proprietário. Aquilo era muito complicado. Num painel, uma quantidade enorme de mostradores - ponteiros que se deslocavam à direita e à esquerda - tinha de estar em perfeita harmoniapara que a coisa não explodisse.

Boanerges conseguiu um compadre como tradutor e selecionou uns cinco empregados para aprenderem o funcionamento da máquina, por medida de segurança, na sua ausência.

 Notou nos engenheiros uma atitude de arrogância, menosprezo e descrédito, dirigidos aos seus protegidos.  Perguntou do que se tratava.
-Disseram que são analfabetos, Boanerges, e tratando de quem se trata, não têm capacidade para aprender coisa alguma!

Boanerges sentiu-se injuriado em seu espírito humanitário pela discriminação contra seus amigos! Seu gosto por boas disputas aflorou imediatamente: propôs um desafio aos gringos. Se em 10 dias seus empregados não aprendessem aquele ofício, ele daria a máquina de presente aos alemães e estes poderiam levá-la para aonde quisessem. 

Os engenheiros insistiram: era difícil o manuseio da máquina. Em outros países, pessoas bem preparadas não conseguiram manejar a caldeira, logo aquele bando de negros analfabetos não tinham condições de aprender coisa alguma.

Boanerges pediu ao compadre: -Diga a esses estúpidos que meus companheiros são analfabetos, e muito! MAS BURROS, NÃO!

E assim foi feito. Entre os cursos da engrenagem os visitantes conheceram a plantação de café, de cana, pomares, animais silvestres, carneiros d´agua, comidas e bebidas típicas, os pagodes nos finais de semana com suas músicas e danças, o jongo e o caxambu...

Os prepotentes professores devem ter sido muito bons, pois os desdenhados alunos não precisaram de mais de uma semana para controlar com perfeição o manejo da caldeira. Ninguém soube o que foi maior: o espanto dos alemães com a inédita aprendizagem ou o orgulho que Boanerges sentia pela capacidade dos seus colaboradores.


Quando foram embora, junto com as desculpas, os abrasileirados estrangeiros pediram para que a Biluca cozinhasse mais um daquele delicioso frango ao molho pardo, acompanhado da deliciosa aguardente que produziam na fazenda.


30/07/2015


Ana Maria Silveira é filha do ex-governador Badger Silveira                                                 

Histórias Incríveis na Ponte do Araçá




Fazenda São João na localidade conhecida como Ponte do Araçá, em Ibitirama (ES)

Construída há cerca de 100 anos, a Fazenda São João, localizada em Ibitirama, sul do Espírito Santo, liga-se à rodovia principal através da Ponte José Gonçalves Ferreira, conhecida como Ponte do Araçá, que passa sobre o rio Norte, e dá nome à região.

Juraci Gonçalves Ferreira, o Nengo







Juraci Gonçalves Ferreira, conhecido como Nengo, é o proprietário que recebeu a fazenda por herança de seu pai, José Gonçalves Ferreira, que dá nome à ponte. Segundo ele, "José Olímpio foi quem construiu esta fazenda. Meu pai adquiriu-a e a reformou em 1955. Em 1978, a propriedade alcançava 400 alqueires de terra. Hoje, eu dividi a fazenda com meus filhos".

Ponte, conhecida como Ponte do Araçá, dá nome à região


Ponte José Gonçalves Ferreira


Juraci nasceu na própria fazenda no dia 08/10/1944. O nome da propriedade se deve ao córrego São João, que corta a propriedade. Sua mãe, Iriundina de Freitas Ferreira, é oriunda de Cataguases (MG). São 10 irmãos: Altamira, Antônio, Rita, Oliraci, Maria, Maria da Penha, Maria Joana, Maria Aparecida, Maria José e Luís Carlos. 

Nengo e o caçula João Ézio, no interior do casarão, com fotos da família

Nengo conta, com orgulho, que possui 33 (trinta e três) filhos. Suscitado a nomeá-los, aceitou o desafio: " Lembro-me o nome de quase todos, inclusive dos caçulas que nasceram dos meus relacionamentos. Com minha primeira mulher, Maria Aparecida Vieira, tive 8 filhos: Maria Luzia, Antonio Norberto, Rosângela, Rosa, Umbelo, José Maria, João Batista e Maria Aparecida.  Foram 7 com Sebastiana: José Devanete, Dejandira, Gilsimar, Maria José, Jânice, Rosilene e José Augusto. Com Lúcia, tive a Jéssica. Com Maria Aparecida, tive 5 filhos: Jucélia, Jucinéia, Jucilene, Licínio e João Wesley. Com Maria de Lourdes, tive Elineida, Maria e Ediana. Prefiro, contudo, não falar sobre os demais filhos, para não dar problema", salienta. 

Nengo solicitou uma foto na sacada



Sobre suas mulheres, ele relata: "quando eu assumia uma mulher, fazia questão de comprar uma propriedade para ela morar, mas eu nunca comentava com uma mulher sobre as outras. Eu costumava dizer que tinha de viajar, tomar conta do café, do curral, entre outras desculpas. Às vezes, uma morava cerca de 100km distante da outra. Todas as mulheres eram da zona rural e elas cuidavam da roça".

Continua ele: "Às vezes, eu comprava um móvel para uma de minhas mulheres, e a loja entregava na casa de outra mulher. Eu era então questionado, pois este móvel já existia na casa. Eu arranjava uma desculpa e respondia apenas que era minha vontade ter um outro móvel idêntico na casa".

Segundo Nengo, "além de criar meus filhos, criei seis irmãos pequenos, quando meu pai faleceu. Meu pai teve também várias mulheres e me dizia: 'Ter várias mulheres é fácil, a questão é saber se você vai ter condições de cuidar delas'. Criei também cerca de 14 filhos de colonos. Nunca dei tapa em ninguém, e tenho satisfação em saber que meus filhos nunca tiveram desavença entre si", diz com olhos lacrimejados. 

Nengo e a mercearia-bar-lanchonete


Nengo tem, contudo, um dissabor: "houve uma época em que eu passei a ser comerciante, vendendo propriedades e gado. Certo dia, quando saí de carro, dirigido por um motorista, dispararam dois tiros contra o veículo, e fui atingido na parte de trás da cabeça. Por sorte, não tive sequelas. Dias depois, dois homens apareceram na propriedade, e me perguntaram onde estaria Dengo. Eu disse que era irmão dele, e, depois, avisei à polícia, pois observei que estavam armados. Descobri que eles queriam me matar para ficar com a fazenda. Pouco tempo depois, um filho de criação pediu para conversar comigo. Abri a porta, conversamos e fui dormir. Assim que eu deitei, ele disparou seis tiros contra mim. Ele acertou apenas um disparo, que atingiu minha coluna. Meu filho Antônio Roberto ouviu os tiros e foi me acudir. Ao me ver deitado, ensanguentado, perguntou: '-Pai, como está?". Eu respondi: '-Estou bem, mas atirado!'.

Marca do tiro no assoalho do cômodo onde Nengo dormia


Prossegue Nengo: " Fiquei desenganado pelos médicos e cheguei a dizer os créditos e débitos que eu possuía. Fiquei em cadeira de rodas por cerca de dois meses e, depois, consegui ir me recuperando. Hoje, preciso de ajuda para andar. Sobre este triste episódio, contudo, prefiro me calar, e decidi levar este fato para o cemitério, porque não quero deixar nenhum problema para meus filhos. Fiquei sabendo, depois, que o atirador teria sido morto".

Dengo, João Ézio e as mudas de plantas nativas que vende para a região


Nengo, João Ézio e as mudas de flores


Nengo tem orgulho de suas mudas de plantas nativas e de flores, que vende para a região. Dedica-se, ainda, à mercearia-bar-lanchonete a que deu o nome de Bar de João Ézio, nome de um de seus filhos caçulas.

João Augusto, filho de Dengo, produz blocos para construção  

Outro filho, José Augusto, fabrica, na propriedade, blocos para construção de casas há cerca de um ano. "Estou trabalhando para crescer cada vez mais", salienta. Quanto aos problemas financeiros, diz que "entendo que sente a crise quem mexe com banco. Eu só lido com dinheiro, tanto para comprar como para receber. Por este motivo, não sinto os efeitos da falada crise", registra.

Interior da Capela de São João Batista, na Ponte do Araçá, com os líderes da comunidade

Entre os dias 26, 27 e 28 de agosto, ocorreu, na Capela de São João Batista, localizada na Ponte do Araçá, o tríduo e, hoje, é o dia de festa em honra ao santo.

A Capela se desponta no alto do morro da Ponte de Araçá, e é como se renovasse para todos, a cada momento, o chamamento à consagração e à pureza do coração preconizado pelo santo.


A Capela de São João Batista se desponta no alto do morro da Ponte do Araçá























































quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Os 91 anos do Pastor Augustinho

Pastor Augustinho Souza


Completará amanhã, 91 anos de vida, o Pastor Augustinho Souza, nosso amigo e assinante. A humildade e simplicidade é sua marca, fazendo-o pessoa querida por todos, e exemplo para as novas gerações. O Norte Fluminense deseja ao Pastor Augustinho muitos anos de vida!