O Clube de Xadrez de Bom Jesus do Norte regressou à sua casa de origem: a Biblioteca Municipal Romeu Couto. Talvez não seja um retorno definitivo. A Casa da Cultura, que acolhia a agremiação, situada na praça principal, prepara uma exposição de maquetes confeccionadas pelos alunos da rede municipal e, para ornamentar o espaço, precisou ceder o lugar. Por isso, o Clube reencontrou-se, de modo improvisado, com as estantes da Biblioteca. Espera-se, contudo, que esse reencontro se torne permanência, ainda que sem abandonar a Casa da Cultura. A expectativa é que o Clube de Xadrez de Bom Jesus do Norte se estabeleça, futuramente, em dois endereços: a Casa da Cultura e a Biblioteca Romeu Couto, onde ficará guardado, inclusive, o seu acervo.
O xadrez, em Bom Jesus, tem assento de lei: é disciplina escolar, patrimônio pedagógico. À frente do Clube, o dedicado professor Fabio Sousa Vargas conduz as peças com a mesma firmeza com que conduz destinos.
Na cidade, tornou-se costume, quase rito: livros e tabuleiros lado a lado, numa comunhão sagrada. Romeu Couto, grande nome da literatura bonjesuense, cuja voz ressoou na cultura nacional, permanece vivo nesse gesto. Após sua partida, seus herdeiros confiaram a Delton de Mattos a missão de doar a preciosa biblioteca. Os livros repousaram primeiro no Colégio Rio Branco; depois, num gesto feliz e definitivo, chegaram às mãos do município, que batizou com seu nome a casa maior das letras.
E quando o xadrez se instalou entre as estantes, a tradição ganhou corpo. Hábito bonito, consagrado também pela presença frequente de Tino Marcos, o maior repórter esportivo da televisão brasileira, que deu ainda mais brilho ao convívio.
Agora, o xadrez regressa ao seu lar afetivo, com a esperança de manter viva a dupla morada: a Casa da Cultura e a Biblioteca. Afinal, o xadrez é arte-ciência-jogo. Entre livros e lances, nascem companheirismo, confraternização e vínculos que resistem ao tempo. Ali florescem cultura e esperança, na fé de que é possível erigir um mundo mais culto e mais civilizado.
Esse é o legado extraordinário que a pequena Bom Jesus do Norte oferece: à sua gente, à região e, por que não?, ao mundo.























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