Profª Amália Teixeira Chalhoub |
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Não há, realmente, nada mais confortador para a nossa alma de cristãos que dar um pouco de alegria aos que sofrem.
Então as crianças, essas flores humanas recém-saídas das mãos do Criador, como já disse alguém, em cujos olhos paira ainda a visão do paraíso, são as que mais merecem a nossa solicitude.
Natal, dia de Jesus, todas as crianças têm, trazido pelo velho Papai Noel, os seus doces, os seus brinquedos e os seus beijos… Só as pobrezinhas que não têm, às vezes, um pedaço de pão e um pobre vestido que lhe cubra o corpo, é que não recebem os presentes de Noel, o bom velho que só visita os lares ricos, e que, muitas vezes gera nessas alminhas em flor o gérmen da revolta, contra as diferenças sociais.
É por isso que a sugestão de João José, me tocou o coração. Bato palmas à sua ideia.
Os nossos petizes pobres terão um Natal de festas, se os valores intelectuais da nossa terra quiserem. O Pe. Mello se quisesse (e disso não duvido eu) nos daria uma hora de arte, deixando apreciar a sua cultura rica de ensinos cristãos e rica de poesia. Seria um encanto… O Octa-Quino (Octacilio de Aquino) poderia deixar falar o seu coração, encheria de prazer a nossa alma bonjesuense, saudosa dos seus versos e da sua palavra; o Lyrio da Solidão viria com o seu entusiasmo nobre, estimular os ânimos fracos; as senhorinhas da nossa sociedade emprestariam a sua graça e a sua mocidade a esta festa de beleza. E não seria só isso… Se os intelectuais quisessem, trabalhariam com suas inteligências fulgurantes… e nós, mulheres, trabalharíamos com nossas mãos, enviando flores, doces, brinquedos e roupinhas para as crianças pobres …
A minha opinião, sem valor e sem graça, é, creio firmemente, o ecoar da voz que fala nos corações das minhas conterrâneas, que pulsariam todos no mesmo ritmo de fé e caridade.
ROSEN
JORNAL “A VOZ DO POVO” - BOM JESUS DO ITABAPOANA (E. do RIO DE JANEIRO) 18 DE OUTUBRO DE 1930
Nota do jornal O Norte Fluminense: A Profª Amália Teixeira Chalhoub é Patrona da Cadeira nº 10 da Academia Bonjesuense de Letras. Educadora humanista e visionária, nasceu no dia 02 de julho de 1907. Fundou a Escola Bom Jesus, onde estudou os ex-governadores Roberto e Badger Silveira. Faleceu, jovem, aos 33 anos, em 1940. Filha do Capitão João Manoel Teixeira e Regina Teixeira, era esposa do libanês Elias Melhin Chalhoub. Amália escrevia seus textos em jornais bonjesuenses, sob o pseudônimo de "ROSEN", derivado de "Rosa", sobrenome que ostentava quando era solteira. Essa informação foi dada por Reginaldo Teixeira Chalhoub, filha de Amália. A descoberta de seus textos só foi possível graças à pesquisa ao rico acervo dos jornais de Bom Jesus do Itabapoana que se encontram no Espaço Cultural Luciano Bastos (ECLB), especialmente em "Bom Jesus-Jornal", de 1928, de José Tarouquela de Almeida, e "A Voz do Povo", de Osório Carneiro, de 1930.
Amália Teixeira escrevia em "Bom Jesus-Jornal", de José Tarouquela de Almeida, em 1928, com o pseudônimo de "Rosen" (acervo do Espaço Cultural Luciano Bastos/ECLB) |
Amália Teixeira escrevia também em "A Voz do Povo", de Osório Carneiro, em 1930, com o pseudônimo "Rosen" |
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