domingo, 29 de outubro de 2023

IRMÃOS TAVARES

 

Antonio Gabriel de Figueiredo 


Existem pessoas que morrem deixando saudades imorredouras para seus entes queridos, principalmente os nossos que partiram para a eternidade, outros, deixando uma lacuna jamais preenchida quer para os parentes quer para um grande número de amigos.

Outros falecem deixando uma tristeza imensa para seus familiares e para toda a coletividade, dado a civilização de cada um e ao modo gentil de tratar toda a humanidade. Neste último caso, quero me referir aos Irmãos Tavares, pois observando a fineza no trato que cada um dispensava a seus amigos, recordei-me de uma história antiga que li sobre a Suíça, no tempo ainda dá Confederação.

Acontece que viajavam em um trem vários passageiros. Tendo que levantar, um dos passageiros ao passar de um banco para o outro pisou nos pés de um cidadão ao seu lado. O referido senhor perguntou: Foi de propósito que fizestes isso? Respondeu o que pisou: Estamos dentro da Suíça. Quis dizer: estamos dentro de um país civilizado.

Assim eram os Irmãos Tavares que eu conheci. Traziam na alma a educação do povo campista, implantando um exemplo a toda a humanidade.

Eram os seguintes: Orioswaldo Bastos Tavares; Rodoval, este conhecido apenas de vista; Dermeval (Santinho); Manoel, ainda resta-nos com a graça de Deus, uma irmã, viúva do nosso respeitável amigo Chiquinho Borges e sogra do Dr. Luciano Bastos, e, dos homens, ainda nos resta um dos mais novos, no Rio de Janeiro, que não tive aínda a felicidade de conhecer.

Na hora do sepultamento de Rodoval, casualmente me achava na praça São Salvador, em Campos. Tinha gente da Praça ao Cemitério do Caju. Assim sendo, perguntei ao amigo: É algum Usineiro que estão sepultando? Respondeu-me: É o Rodoval Tavares. Trata-se de um lutador igual a nós, mas ele conseguiu um vasto círculo de relações que dificilmente um dono de Usina conseguiria. Ele era relacionado nas escolas de samba, nos meios esportivos, no comércio, na indústria e em todo o ponto onde tivesse atividade humana.

Fiquei conhecendo mais as qualidades humanas de Rodoval, que eram as mesmas dos outros irmãos.


 (Extraído do livro "Céus do Outono", 1990)




APRESENTAÇÃO DO LIVRO

Esta singela obra constitui-se de uma série de artigos de autoria do meu Pai, publicados nos semanários bonjesuenses "A Voz do Povo" e "O Norte Fluminense".

A mesma não exterioriza qualquer pretensão literária, até porque o Autor tão somente objetivava relembrar fatos acontecidos na Bom Jesus do início do século e outros contos da cultura popular que ficaram gravados na sua memória.

A deliberação de editar o livro foi dos filhos, à revelia do Autor. É uma modestíssima homenagem a quem soube sempre dar um exemplo de honestidade e retidão de caráter em todos os atos de sua vida.

Espero que este livro possa agradar e ser útil aos diletos leitores, levando a todos uma mensagem de amor, fé e esperança.

Niterói, 3 de junho de 1990

ANTONIO CARLOS DE FIGUEIREDO


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