Para Romeu Couto
Jacy Pacheco |
Que a morte seja o fim, ninguém me persuade.
Que a vida continua além, eu acredito.
Mas como dói pensar nessa continuidade
do solitário ser, espectral e aflito!
Como sobreviver, se na imortalidade
não ouvirmos, sequer, o som do próprio grito?
Terrível deve ser vagar na imensidade
do deserto sem fim do éter infinito!
Senhor, dai-me um fanal! Se vivo num tumulto
de vozes e emoções, a morte faz-me estulto,
impondo solidão e trevas e ansiedade!
Ó Pai, que andais no céu, apascentando estrelas!
No abismo sideral deixai-me sempre vê-las!
Integrai-me na luz da vossa eternidade!
***
Em cada amigo que morre,
morre um pouco do meu ser.
E assim a vida transcorre:
ver morrer... até morrer.
Nota do jornal O Norte Fluminense: Jacy Pacheco ocupou a Cadeira nº 18 da Academia Bonjesuense de Letras, patronímica de Joaquim Padilha Vaz (Pádua Filho)
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