sexta-feira, 9 de julho de 2021

PARTICIPOU O ALFERES DO MOVIMENTO LIBERAL DE 1842?

 

Desembargador Antônio Izaías da Costa Abreu


De igual sorte, no que diz respeito à noticiada participação do alferes Silva Pinto e do guarda-mor Fernando Antônio Dutra no movimento liberal eclodido em 1842, em Minas Gerais, liderado pelo Cônego Marinho; Teófilo Otoni e Antônio Paulino Limpo de Abreu, o Visconde de Abaeté, não se sustenta pelas mesmas razões já apresentadas. As inúmeras e sucessivas atividades desempenhadas pelo Alferes Silva Pinto na região foram registradas, e delas não consta um lapso temporal que indique qualquer afastamento de suas terras, pelo contrário.

Como se sabe, o movimento pouco durou e foi logo sufocado pelo jovem ten. Luiz Alves de Lima e Silva (futuro Duque de Caxias) que, em 20 de agosto daquele ano, derrotou as tropas insurgentes em Santa Luzia-MG. Os insurgentes presos foram encaminhados para a capital da província em Ouro Preto, onde foram submetidos a julgamento, resultando em suas condenações. O cel. José Feliciano Pinto Coelho da Cunha, o Barão de Cocais [7], que havia sido aclamado Presidente Provisório da Província de Minas, em Barbacena, e Comandante-chefe da Revolução Liberal em Minas Gerais, fugiu, tendo os seus direitos políticos cassados e seus bens confiscados. Todavia, pouco mais de um ano e meio depois, foram todos anistiados por D. Pedro II. Os nomes do alferes e do guarda-mor não constam entre os dos feridos, presos e julgados, o que, afasta a possibilidade de haverem participado no referido movimento.

Dos que foram para a região do vale, apenas o cel. José Dutra Nicácio (que se instalou no sul da província do Espírito Santo) fundador do Arraial do Calçado, na margem esquerda do Rio Managé, atual Itabapoana, deu apoio ao movimento. O município, para homenagear o seu fundador, perpetuou o seu nome em uma das principais praças da cidade.

O professor Paulo Roberto de Gouvêa Medina, um dos mais respeitados historiadores de Minas Gerais, na atualidade, menciona a participação do cel. Dutra Nicácio no movimento, entretanto não indica a participação do alferes, o que só confirma que este, nunca se ausentou de suas terras. Também Celso Falabella de Figueiredo Castro, estimado sócio do Instituto Histórico de Minas Gerais -  João Pinheiro, ao qual este autor deve sua indicação para o ingresso naquele templo de cultura histórica, nunca se referiu às participações do alferes Silva Pinto e de seu cunhado Fernando Antônio Dutra no movimento deflagrado em Santa Luzia.


[7] Espada e Ouro no Império Brasileiro- Rubens César de Souza, 2013, Monografia reconhecida pela Lei Municipal Nº 1677 de 12 de Maio de 2014.

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