Inaugurada a Casa dos Açores do Espírito Santo, a 7ª no Brasil
Nesta segunda-feira, dia 25, foi inaugurada a Casa dos Açores do Espírito Santo – Caes. A Instituição Associativa Cultural pretende promover a preservação e divulgação da Memória Cultural, Religiosa e Histórica da Imigração Açoriana no Estado do Espírito Santo.
Essa é a 7ª Casa dos Açores do Brasil, representativa da Região Autónoma dos Açores, e junta-se às outras 16 Casas dos Açores já existentes também no Canadá, EUA, Bermuda, Uruguai e Portugal continental.
A nova instituição tem sede no município de Apiacá, mas reúne os municípios do Vale do Itabapoana que tiveram influência açoriana no norte do Rio de Janeiro: Bom Jesus de Itabapoana, Bom Jesus do Norte e São José do Calçado, e o município de Viana, na grande Vitória-ES.
Presente esteve uma comitiva composta pelo Dr. José Andrade, em representação do Presidente do Governo dos Açores, Dr. José Manuel Bolieiro, e os Presidentes das Casas dos Açores no Brasil, que foram homenageados com cerimônia de boas vindas.
Participaram da comitiva representantes de todas as Casas do Brasil que integram o Conselho Mundial das Casas dos Açores. O presidente da Casa dos Açores de Santa Catarina, Prof. Doutor Sérgio Luiz Ferreira; a presidente da Casa dos Açores do Rio Grande do Sul, Dra. Viviane Peixoto Hunter; o vice-presidente da Casa dos Açores de São Paulo, Dr. Roberto de Melo Correia; o diretor cultural da Casa dos Açores do Rio de Janeiro, Dr. Marcos Godinho Borba. Além do conselheiro da diáspora açoriana eleito pelo RJ, Dr. Daniel Evangelho Gonçalves.
Na intervenção do Diretor Regional das Comunidades na cerimônia de inauguração em Apiacá, José Andrade declarou que “inaugurar oficialmente a Casa dos Açores do Estado do Espírito Santo, é uma das maiores honras da minha vida”. “Hoje é um dia histórico para a afirmação da açorianidade no mundo. Sempre que nasce uma Casa dos Açores, a nossa identidade cultural chega mais longe e fica mais forte” afirmou.
A primeira Casa dos Açores foi fundada em Lisboa há 95 anos, em 1927. Em 1952, chegou ao Brasil, com a Casa dos Açores do Rio de Janeiro, que acaba de comemorar 70 anos de fundação.
Segundo ele, a Casa dos Açores do Espírito Santo “nasce num Estado que ostenta o nome da mais representativa devoção açoriana. Nasce num tempo que comemora os 180 anos do povoamento, também açoriano, deste Vale de Itabapoana, que lhe serve de berço. Nasce da vontade genuína de um grupo empenhado de açordescendentes e amigos dos Açores, graças ao espírito empreendedor e à capacidade concretizadora do seu principal fundador e primeiro presidente, o Dr. Nino Moreira Seródio. Presto-lhe aqui uma justa homenagem, com o devido agradecimento, em nome do Presidente do Governo dos Açores. Sou testemunha do seu entusiasmo na condução deste processo” defendeu.
O primeiro presidente da CAES é neto de açorianos, da família Vieira Seródio, da vila da Povoação, na ilha de São Miguel. O seu bisavô, Joaquim Vieira Seródio, veio para o Brasil em 1886. Desembarcou no porto do Rio de Janeiro com três filhos. Como tantos açordescendentes, Nino conseguiu reconstituir a sua árvore genealógica com pesquisa pessoal no Arquivo Regional de Ponta Delgada, quando pisou terra açoriana 126 anos depois a partida do seu bisavô.
Em 2013, iniciou o projeto Memorial do Imigrante, no Vale do Itabapoana, resgatando a história de uma colonização com forte influência açoriana. E contou com outros descendentes de famílias açorianas, como António Borge e Gino Bastos.
Ao final do seu discurso, Andrade nomeou toda diretoria participante da Caes. “A todos e a cada um, muito obrigado por tudo o que fizeram e por tudo o que farão. Este agradecimento é do Governo dos Açores, mas é também, e sobretudo, um agradecimento do Povo dos Açores. Somos um arquipélago com uma décima ilha deste lado do Atlântico. O mar que banha o Estado do Espírito Santo é o mesmo que embala as outras nove ilhas da nossa terra comum”.
A sede da nova casa está a 6 quilômetros da divisa com o Estado do Rio de Janeiro, para abranger, institucionalmente, todo o Estado do Espírito Santo, incluindo, especialmente, o Município de Viana, de profunda relação açoriana.
A prefeitura de Viana, que doou para o acervo um kit de quadros em tecido da artesã Ruimara retratando monumentos históricos da cidade, destacou na altura o trabalho do presidente da CAES, Nino Moreira Seródio, na junção de documentos e registros para recuperar história.
Viana carrega o nome do pioneiro Paulo Fernandes Viana, que, no ano de 1813, trouxe dos Açores 53 famílias que contribuíram para o povoamento do município. Os primeiros que chegaram receberam terrenos, casas, ferramentas, carros de bois ou cavalgaduras. Eles se instalaram nas proximidades do Rio Jucu e seus afluentes, Formate e Santo Agostinho, e iniciaram o cultivo de plantas. Cerca de 210 anos depois da chegada das primeiras famílias açorianas, Viana ainda carrega traços da imigração, seja na cultura, religiosidade e até mesmo nas pessoas, informa a prefeitura.
Já o personagem mais ilustre de Bom Jesus de Itabapoana foi o padre Antônio Francisco de Mello, nascido na Achada, Nordeste, Ilha de São Miguel, que foi pároco de Bom Jesus de 1899 a 1947, construindo a igreja matriz do Bom Jesus e desenvolvendo o culto do Divino Espírito Santo.
A comunidade açoriana no Brasil teve uma semana muito especial, começando dia 22 com a solenidade comemorativa dos 70 anos da Casa dos Açores do Rio de Janeiro, a segunda mais antiga do mundo. No dia 23, foi aberto III Encontro Açores-Brasil, com as Casas dos Açores e os Conselheiros da Diáspora Açoriana dos Estados de Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Maranhão e Espírito Santo. No dia 24, um convívio de açorianos e açordescendentes marcou os 70 anos da Casa do Rio com o seu Grupo Folclórico Padre Tomás de Borba. Na segunda, dia 25, a inauguração da nova Casa dos Açores em Apiacá, foi seguida no dia 26 por uma inauguração do Monumento aos Açores, no Município de Viana, ES.
Orlando Lima Machado, 12 anos, filho de Fábio Machado da Silva e Luzia Helena Andolfi de Lima, será o Menino Imperador, na Festa deste ano, que preserva a memória cultural e religiosa de Bom Jesus. |
Prof. Heliton Dias Pimentel |
Capela Cristo Rei, idealizada por Padre Mello, no Monte do Calvário Foto: Rosângela Figueiredo |
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Wanderson Borghardt Bueno, prefeito de Viana, entregou títulos de cidadão ao Dr José Andrade e ao Dr Nino Moreira Seródio, no dia 26 de julho |
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