terça-feira, 2 de julho de 2024

Livro monumental sobre a Família Vieira tem capa e textos de Adílson Figueiredo, um gênio de nossa cultura

                                          

O bonjesuense Adilson Figueiredo, um dos gênios de nossa cultura, concebeu a capa da magnífica obra sobre a Família Vieira 


Uma obra monumental sobre a Família Vieira foi lançada em Vitória (ES), no dia 22 de junho. Intitulado "Família Vieira, de Ramalde a São José do Calçado", o livro tem a autoria de Carlos José Vieira Filho, Vera Maria Rezende Vieira e Carlos José Vieira. Adilson Figueiredo, um gênio da nossa cultura, confeccionou a extraordinária capa, além de contribuir com três primorosos textos, um dos quais é publicado nesta postagem.

O texto de Adilson Figueiredo foi escrito em função dos seus ascendentes Vieira que, por 6 gerações, eram carpinteiros. Só os dois primeiros que vieram para o Brasil não seguiram a profissão de carpinteiro, e tornaram-se comerciantes; foram donos de uma hospedagem na Rua das Laranjeiras, no Rio de Janeiro, onde morou o escritor Machado de Assis.

O JONF (Jornal O Norte Fluminense) saúda a família Vieira e cumprimenta os autores e colaboradores desta grandiosa obra, destinada à eternidade!


O OFICIO DE CARPINTEIRO EM PORTUGAL E NO BRASIL COLONIAL


                                           Adilson Figueiredo 


O oficio de carpinteiro era regido pelas licenças das irmandades de São José, tanto em Portugal como no Brasil, de modo que essa irmandade reunia marceneiros, pedreiros e canteiros, nos séculos XVIII e XIX. Tais ofícios eram praticados por homens livres, isto é, não escravizados, e também por escravizados forros. A irmandade do Rio de Janeiro se reunia na Igreja de São José, na Rua Primeiro de Março, no centro da cidade. Sua primeira capela foi erguida em 1608 e reconstruída em 1633. O edifício atual foi concluí do em 1842. Convém assinalar que essa irmandade se caracterizava, não só pela devoção ao santo, mas, também, por ser uma irmandade de ofícios; regulava, portanto, a aprendizagem e, inclusive, o comércio daqueles produtos, frutos das oficinas de marcenaria.

A irmandade de São José data de 1749, de modo que sua história se confunde com a de sua congênere homônima, a de Lisboa, em Portugal. Os artífices do Rio de Janeiro, que compunham e administravam a irmandade, enviaram ao reino um requerimento para fazer uso do mesmo compromisso dos carpinteiros e pedreiros de Lisboa e também solicitavam o direito de eleger seus próprios juízes. A guisa de informação, o cargo de juiz era um dos principais ofícios da irmandade; a ele se atribuía a autorregulação, a análise das obras e petições junto à Câmara.

A demanda, registre-se, foi parcialmente atendida e o Compromisso Lisboeta de 1709 passou a ser adotado, também, no Rio de Janeiro. Os mestres artífices de Porto também eram comprometidos e regulados pela Irmandade de São José, em verdade, a Casa dos Vinte e Quatro. Essa casa congregava as 24 bandeiras dos santos patronos e representantes das corporações de ofício. Os Vieira que vieram de Ramalde, Porto, e as gerações destes, para ser mais específico, mantiveram a tradição em Portugal; a carpintaria fora conservada como profissão. Ressalte-se, ainda, que, naturalmente, todos foram examinados e aprovados pela corporação da cidade do Porto. Interessante salientar destas várias que pessoas famílias tinham "José" no nome, ora como primeiro nome, ora como apelido. E aqui vai uma interessante observação: em Portugal, o substantivo "apelido" significa sobrenome.

A história constante neste livro se iniciará com Joaquim José Vieira, que sai de Ramalde, Porto, em 1839, e vem para o Rio de Janeiro, onde encontra seu irmão, Antônio José Vieira, já estabelecido no Brasil. Os irmãos, embora carpinteiros, não exerceram o ofício. Tornaram-se comerciantes ou, como se costumava dizer, "Caixeiros-viajantes". Essa profissão lhes garantiu fortuna. Este livro ainda traz importantes subsídios acerca da integração social e econômica, quando se debruça sobre a imigração dos portugueses, ocorrida entre os séculos XVIII e XIX, também registra um pouco do modo de vida desses descendentes portugueses e de suas famílias. Trata-se, portanto, de um olhar etnográfico sobre o processo. Lança-se luz sobre as estratégias de sobrevivência dos emigrados; suas sagas, desde a saída do Porto, em Portugal, até a chegada e vivências no Rio de Janeiro, a ida para a região serrana do estado do Rio, e, posteriormente, a ida para Jardim e São José do Calçado, no Espírito Santo, onde foram acolhidos.

Por fim, registro, emocionado, a minha alegria em escrever essa apresentação, posto que os fatos e a história me são caros e encontram lugar junto ao meu coração.



Adilson Figueiredo entregando a pintura original da capa do livro ao seu primo Carlos José Vieira Filho, que muito se esmerou na pesquisa, como também seu pai, Carlos José Vieira Resende, e sua tia Vera Vieira Rezende.




Adilson Figueiredo escreveu sobre sua mãe Alcione Junger Vieira Figueiredo

Adilson Figueiredo escreveu também sobre seu avô Diomário José Vieira


Momento histórico do lançamento do livro sobre a Família Vieira 




Nenhum comentário:

Postar um comentário