O bonjesuense Adilson Figueiredo, um dos gênios de nossa cultura, concebeu a capa da magnífica obra sobre a Família Vieira |
Uma obra monumental sobre a Família Vieira foi lançada em Vitória (ES), no dia 22 de junho. Intitulado "Família Vieira, de Ramalde a São José do Calçado", o livro tem a autoria de Carlos José Vieira Filho, Vera Maria Rezende Vieira e Carlos José Vieira. Adilson Figueiredo, um gênio da nossa cultura, confeccionou a extraordinária capa, além de contribuir com três primorosos textos, um dos quais é publicado nesta postagem.
O texto de Adilson Figueiredo foi escrito em função dos seus ascendentes Vieira que, por 6 gerações, eram carpinteiros. Só os dois primeiros que vieram para o Brasil não seguiram a profissão de carpinteiro, e tornaram-se comerciantes; foram donos de uma hospedagem na Rua das Laranjeiras, no Rio de Janeiro, onde morou o escritor Machado de Assis.
O JONF (Jornal O Norte Fluminense) saúda a família Vieira e cumprimenta os autores e colaboradores desta grandiosa obra, destinada à eternidade!
O OFICIO DE CARPINTEIRO EM PORTUGAL E NO BRASIL COLONIAL
Adilson Figueiredo
O oficio de carpinteiro era regido pelas licenças das irmandades de São José, tanto em Portugal como no Brasil, de modo que essa irmandade reunia marceneiros, pedreiros e canteiros, nos séculos XVIII e XIX. Tais ofícios eram praticados por homens livres, isto é, não escravizados, e também por escravizados forros. A irmandade do Rio de Janeiro se reunia na Igreja de São José, na Rua Primeiro de Março, no centro da cidade. Sua primeira capela foi erguida em 1608 e reconstruída em 1633. O edifício atual foi concluí do em 1842. Convém assinalar que essa irmandade se caracterizava, não só pela devoção ao santo, mas, também, por ser uma irmandade de ofícios; regulava, portanto, a aprendizagem e, inclusive, o comércio daqueles produtos, frutos das oficinas de marcenaria.
A irmandade de São José data de 1749, de modo que sua história se confunde com a de sua congênere homônima, a de Lisboa, em Portugal. Os artífices do Rio de Janeiro, que compunham e administravam a irmandade, enviaram ao reino um requerimento para fazer uso do mesmo compromisso dos carpinteiros e pedreiros de Lisboa e também solicitavam o direito de eleger seus próprios juízes. A guisa de informação, o cargo de juiz era um dos principais ofícios da irmandade; a ele se atribuía a autorregulação, a análise das obras e petições junto à Câmara.
A demanda, registre-se, foi parcialmente atendida e o Compromisso Lisboeta de 1709 passou a ser adotado, também, no Rio de Janeiro. Os mestres artífices de Porto também eram comprometidos e regulados pela Irmandade de São José, em verdade, a Casa dos Vinte e Quatro. Essa casa congregava as 24 bandeiras dos santos patronos e representantes das corporações de ofício. Os Vieira que vieram de Ramalde, Porto, e as gerações destes, para ser mais específico, mantiveram a tradição em Portugal; a carpintaria fora conservada como profissão. Ressalte-se, ainda, que, naturalmente, todos foram examinados e aprovados pela corporação da cidade do Porto. Interessante salientar destas várias que pessoas famílias tinham "José" no nome, ora como primeiro nome, ora como apelido. E aqui vai uma interessante observação: em Portugal, o substantivo "apelido" significa sobrenome.
A história constante neste livro se iniciará com Joaquim José Vieira, que sai de Ramalde, Porto, em 1839, e vem para o Rio de Janeiro, onde encontra seu irmão, Antônio José Vieira, já estabelecido no Brasil. Os irmãos, embora carpinteiros, não exerceram o ofício. Tornaram-se comerciantes ou, como se costumava dizer, "Caixeiros-viajantes". Essa profissão lhes garantiu fortuna. Este livro ainda traz importantes subsídios acerca da integração social e econômica, quando se debruça sobre a imigração dos portugueses, ocorrida entre os séculos XVIII e XIX, também registra um pouco do modo de vida desses descendentes portugueses e de suas famílias. Trata-se, portanto, de um olhar etnográfico sobre o processo. Lança-se luz sobre as estratégias de sobrevivência dos emigrados; suas sagas, desde a saída do Porto, em Portugal, até a chegada e vivências no Rio de Janeiro, a ida para a região serrana do estado do Rio, e, posteriormente, a ida para Jardim e São José do Calçado, no Espírito Santo, onde foram acolhidos.
Por fim, registro, emocionado, a minha alegria em escrever essa apresentação, posto que os fatos e a história me são caros e encontram lugar junto ao meu coração.
Adilson Figueiredo escreveu sobre sua mãe Alcione Junger Vieira Figueiredo |
Adilson Figueiredo escreveu também sobre seu avô Diomário José Vieira |
Momento histórico do lançamento do livro sobre a Família Vieira |
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