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Benjamin Disraeli |
Vivemos cercados de estatísticas. Elas nos chegam embrulhadas em gráficos, tabelas e relatórios. A ciência que as produz é respeitável: recolhe, organiza, resume, interpreta. Busca decifrar a incerteza e prever o futuro. Quase uma cartomante com diploma acadêmico.
Planeja, mede, compara, estima. Diz o que já sabíamos e, às vezes, o que nunca aconteceu. Ajuda governos a decidir, empresas a planejar, mercados a apostar. Tudo em nome da precisão dos números.
Mas eis que surge Benjamim Disraeli, com sua sentença desconfortável: “Há três espécies de mentiras: mentiras, mentiras deslavadas e estatísticas.” Um exagero, talvez, mas daqueles que escondem mais verdades do que parecem.
Porque, se os números são neutros, as mãos que os coletam e as vozes que os divulgam nem sempre o são. Estatísticas, afinal, podem servir mais a quem contrata as pesquisas do que à sociedade que deveria ser servida por elas.
No fim, ficamos entre porcentagens e percentis, como se a vida pudesse ser reduzida a colunas de Excel. Mas a realidade, essa, continua a escapar: agita em cada coração, em cada sinal, em cada história que não cabe nas tabelas.
E talvez seja aí, fora das estatísticas, que resida a única verdade que nos interessa.
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